Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 32
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Oie!!
Hoje finalmente irei atender um dos pedidos que vocês mais me fazem. Tipo, vocês pediram MUITO mesmo, mas eu já tinha planejado colocar nesse ponto da história, então demorou um tantinho, sorry.
Espero que gostem!

Beijos,
Mavelle



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No fim das contas, Anthony não tinha precisado de sorte. Ele simplesmente chegou em casa, jantou e, depois de colocarem Charlotte para dormir, explicou para Kate a possibilidade da compra das ações de Peter. Por um momento, ela ficou em silêncio, mas então respirou fundo e lhe disse para fazer aquilo. Não tinha nenhum indicativo de que a empresa iria mal nos próximos meses ou anos e, com a taxa de crescimento que estavam alcançando, o investimento podia ser recuperado em seis meses.

— Eu não sei porque estou surpreso de você ter feito esse cálculo antes que eu. - ele disse.

— Eu estava entediada hoje de tarde e a Mary me mandou uma mensagem avisando que Peter iria vender as ações dele. - Kate respondeu. - Aí eu fiz uma projeçãozinha, que pode muito bem estar errada, aviso logo.

— Aproveitando que estamos no tópico Mary, porque você nunca comentou que ela era sua madrinha?

— Ela é minha madrinha? - ela parecia confusa, o que confundiu Anthony ainda mais.

— Ela disse que era. Foi essa a justificativa que ela usou quando disse que não precisávamos nos preocupar em comprar a parte dela porque ela ia passar para você.

— O QUE? - Kate praticamente gritou, se levantando do sofá.

— Você não sabia disso?

— Claro que não. Eu teria dito “amor, uma antiga amiga do meu pai acabou de me oferecer um presente que provavelmente vale algumas centenas de milhares de libras”.

— Ela disse que enviou um modelo de como seriam os termos.

— Ela mandou dois documentos com o nome quase igual e eu só abri o primeiro, pensando que eram a mesma coisa. Por que ela mandaria de uma forma tão disfarçada?

— Eu não sei. Vocês tem muito contato?

— Não. - ela sentou de novo no sofá. - Ela fala comigo uma vez a cada dois meses, sei lá, me mandando alguma coisa que encontrou do meu pai quando era jovem ou algo do tipo. Ela é de Somerset e era muito amiga dele enquanto os dois cresciam. Nos encontramos no enterro dele e, desde então, ela fala comigo de vez em quando, dizendo que está de olho em mim e que ele gostaria disso.

— Será que ela realmente é sua madrinha e não te disse?

— Eu não sei. - ela respirou fundo. - Será que eu devia aceitar isso?

— Bom, você pode ler os termos dela e ver se ela diz por que está fazendo isso.

— Seria bom se eu aceitasse, certo? - ela percebeu que ele hesitou. - Quero total honestidade e desrespeito pelos meus sentimentos e dúvidas, por favor. - Anthony sorriu de lado.

— Falando de uma maneira 100% objetiva e fria, sim, seria bom se você aceitasse. Eu não acho que ela venderia para Araminta, mas ela definitivamente vai demonstrar interesse quando souber que estão à venda.

— E se ela tiver mais que 15% das ações pode reivindicar um cargo executivo na empresa, o que daria a ela muito mais poder do que o cargo que ela tem como coordenadora de vendas. - ele olhou surpreso para Kate, que sorriu. - O que foi?

— Por que você sabe disso?

— Queria ser uma primeira-dama funcional, não só um objeto decorativo. - ela deu de ombros. - Achei que um bom lugar para começar seria estudando o estatuto da empresa.

Ele apenas a encarou por um momento.

— Você está tornando minha vida muito difícil agora.

— Por que?

— Porque você pediu especificamente para eu não te beijar e, neste momento, eu queria muito te mostrar de todos os jeitos o quanto eu te amo.

— Bem… - ela começou.

— Bem?

— Eu não senti mais nada hoje. Só fiquei em casa porque estava com o atestado, mas, para falar a verdade, estou me sentindo muito bem. Não acho que ainda esteja transmitindo o que quer que eu tivesse.

— Isso me parece muito com uma desculpa esfarrapada, mas, como principal beneficiário da desculpa, vou aceitar.

Ela simplesmente o puxou mais para perto e colou os lábios nos dele. Ele aprofundou o beijo e a deitou no sofá, apoiando o peso nos braços para ficar por cima dela.

— Como que eu aguentei passar tanto tempo perto de você sem te beijar e sem enlouquecer no processo?

— Só foram 3 dias, exagerado. - ela disse, rindo e passando a mão pelo cabelo dele. Ainda não estava grande o suficiente para que ela pudesse segurar, mas chegaria lá. Talvez mais uns dois ou três meses.

— Eu digo antes. Como eu morei quase um mês na mesma casa que você sem te beijar ou te tocar? Como eu vivi a minha vida inteira antes disso tendo você sempre por perto e sem perceber que você era tudo o que eu poderia querer um dia?

— Às vezes as coisas mais difíceis de perceber são aquelas que estão bem na nossa frente.

Ele voltou a beijá-la, mas, quando tentou se levantar para tentar levá-la para o andar de cima, ela simplesmente passou suas pernas ao redor do quadril dele e o prendeu ali.

— Kat, temos que subir.

— A Lottie está dormindo, Newton está do lado de fora e eu mudei o lugar do sofá para que não desse pra ver do topo da escada, se por acaso ela acordasse. Não tem nada nos impedindo de ficar exatamente aqui.

— Você estava entediada de verdade hoje, né?

— Eu fiz isso tem uma semana, mas ainda não tivemos oportunidade de testar. Vamos ficar.

— Você está tentando me matar aos poucos, não está? - ele perguntou, mas dava para perceber que sua resistência a ficar tinha acabado.

Ela sorriu.

— Claro que não. Ainda quero viver muitos anos com você.

— Muitos anos? - ele tinha um sorriso no rosto.

— Muitos e muitos anos.

***

— Ela finalmente se convenceu que não tem monstros debaixo da cama dela e concordou tentar dormir. - Kate disse enquanto entrava no quarto deles e fechava a porta. - Eu não acho que ela saiba que a consulta com a médica é amanhã, mas de alguma forma ela sabe.

Anthony sorriu e colocou o livro que estava lendo na mesinha do lado da cama.

Já tinha se passado mais de uma semana desde que tinham recebido a proposta de Mary, que ainda estava sendo analisada, mas aquilo não era a prioridade deles naquele momento. Na semana anterior, tinham levado Charlotte para fazer os exames que comprovariam se ela estava bem ou não e, na sexta-feira, tinham participado da Cerimônia de Agradecimento da Cidade de Londres, que deixou pouco espaço na mente para outra coisa.

Quando eles chegaram lá, Kate definitivamente estranhou estar num “programa de adultos” pelo que devia ser a primeira vez em séculos, mas logo se habituou. Era estranho o quanto ela gostava de ter colocado um vestido bonito e ter se arrumado toda para passar a noite sentada numa mesa bebendo champanhe e ouvindo pessoas fazendo discursos vazios de agradecimento. E então, quando chamaram Anthony ao palco para aceitar o prêmio em nome da empresa, Kate não conseguiu não se emocionar. Aquele tinha sido seu principal projeto profissional do último ano e, em muitos momentos, tinha achado que podia não dar certo. Ela já sabia do resultado há, pelo menos, duas semanas, mas, ao vê-lo receber a placa no palco, aquilo se tornava muito mais definitivo.

— Obrigado, primeiramente, à prefeitura da cidade de Londres por reconhecer o nosso trabalho de incentivo à leitura com crianças e adolescentes. - Anthony começou. - Mas, eu gostaria de agradecer especialmente a toda a equipe de vendas da Bridgerton, já que seria impossível recebermos esse título sem o apoio e o empenho vocês; afinal, é um prêmio medido por vendas. - ele disse, e o salão riu. - Também um muito obrigado à nossa equipe de marketing e publicidade, que conseguiu montar a maior campanha da história da Bridgerton, e que, com certeza, fez toda a diferença nesse resultado. E, por último, mas não menos importante, muito obrigado à minha esposa, Kate, que coordenou toda a campanha de forma espetacular, mesmo com todas as dificuldades que esse ano nos trouxe. Acho que minha opinião pode parecer um pouco parcial, mas não estaríamos aqui hoje sem o projeto ou a liderança dela. Eu te amo, Kat. Obrigado por ser a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci. E dedico esse prêmio para Charlotte, nossa filha. É tudo por ela.

Quando ele voltou para a mesa, ela ainda tinha algumas lágrimas e um sorriso gigantesco estampado no rosto. Ela sabia que aquele discurso não era um agradecimento vazio e aquilo era tudo o que importava. Pelo resto do final de semana, parecia que ela estava andando nas nuvens.

Agora já era a terça-feira depois do evento, e eles tinham uma consulta marcada com a dra. Dawson na manhã seguinte para apresentar os exames. Já tinham se passado sete semanas desde o transplante e Charlotte parecia bem, não ficava mais cansada e já não estava mais pálida como antes, mas a confirmação se ela estava bem de verdade ou não viria na manhã seguinte.

Naquela noite, os dois a tinham colocado para dormir e ela pediu para tentar adormecer sozinha. Menos de 10 minutos depois, entrou no quarto deles dizendo que tinha um monstro debaixo da cama e que não conseguiria dormir. Kate então foi ao quarto dela e lhe mostrou que não havia nada debaixo de sua cama ou nos cantos do teto.

— Ela é esperta. Provavelmente percebeu que nós estamos um pouco ansiosos.

— É bem provável. - ela disse, já se deitando. Ambos estavam deitados de lado, olhando um para o outro. - Ei, você pegou a autorização para a excursão para o aquário quando pegou ela na escola hoje?

— Sim. Até preenchi. Tudo o que você precisa fazer é assinar.

Kate franziu a testa.

— E por que você não assinou?

— Porque eles exigem que seja assinado por um dos pais, e, apesar de Lottie ser nossa filha…

— …eles não te reconhecem porque você é “só” meu marido. - ela concluiu, fazendo aspas com os dedos. Anthony assentiu com a cabeça, confirmando o que ela tinha dito. Ela bufou. - Que merda.

— É. - ele fez uma pausa, e então olhou ela nos olhos. - Então… eu estive pensando sobre o assunto esses dias e queria saber o que você acha de eu adotar Charlotte oficialmente.

Kate não conseguiu disfarçar a surpresa. E, mesmo que tivesse conseguido disfarçar pela sua expressão, as lágrimas que surgiram nos seus olhos eram um sinal de como ela se sentia.

— Eu acho que é uma ótima ideia. - ela não conseguia conter o sorriso.

— Eu sei que não falamos sobre isso antes, mas muita coisa mudou.

— Sim. - ela respirou fundo. - Quando o advogado perguntou algo sobre isso quando estávamos fazendo o acordo pré-nupcial, eu lembro que nós só meio que evitamos o tópico.

— Naquela época, eu não fazia ideia de como nossa vida seria. Nunca pensei que chegaríamos onde estamos hoje, e ainda assim…

— Não mudaria nada? - ela perguntou, com um sorriso.

— É. - Anthony sorriu também.

— Podemos pesquisar como fazer isso amanhã de manhã.

— Você não vai pensar mais sobre o assunto? Eu pergunto porque tenho pensado nisso pelos últimos três meses, pelo menos.

— Não preciso. Eu estaria mentindo se eu te dissesse que não estava pensando nisso também. Desde antes de ela começar a te chamar de pai.

— Sério? - ele parecia surpreso.

— Sim. Você é o pai dela desde antes de ela começar a te chamar assim. Além disso, isso facilitaria muito nossas vidas.

— Pois é. Eu não precisaria te pedir pra assinar nenhuma autorização. - ele tinha um sorriso irônico no rosto.

— Isso é verdade.

Ela sorriu e o beijou. Depois disso, ficaram em silêncio por alguns momentos, absorvendo o que tinha acabado de acontecer e a decisão que tinham tomado.

— Você se importa se eu perguntar quem é o pai biológico dela? Não quero que tenhamos nenhum problema com custódia no futuro. - Anthony perguntou, segurando a mão dela e brincando com a aliança dela. Não lembrava como tinha começado a fazer isso, mas era algo que sempre o ajudava a acalmar seus pensamentos. Ele já tinha pensado no assunto “pai da Lottie” algumas vezes ao longo dos últimos 4 anos, mas nunca tinha importado e começou a importar menos ainda depois que ela começou a chamá-lo de pai. Kate nunca tinha falado sobre isso e não parecia que havia algum tipo de negócio inacabado.

— Se eu estiver sendo bem honesta, eu não faço ideia. O nome não está na certidão de nascimento porque eu não sei.

— Nossa. Como isso aconteceu? Quer dizer, ficar com estranhos não era muito a sua cara.

— Eu não lembro da noite em que aconteceu. Era a festa de aniversário da Penelope e eu era a única amiga da época da faculdade que tinha ido. Eu não conhecia os outros amigos dela e estava me sentindo solitária, então bebi muito mais do que devia e eu não lembro de nada da noite depois de termos cantado parabéns para ela. Só lembro de acordar sozinha e nua num motel na manhã seguinte. E aí eu recebi uma chamada da Daphne dizendo que a Siena tinha morrido num acidente de avião e que teria um funeral mais tarde. Por muito tempo, eu tive raiva de mim por ter bebido tanto naquela noite, mas agora eu fico grata por nossa filha ter um pai tão incrível quanto você. - ela sorriu para ele e ele a beijou.

— Se servir de alguma consolação, eu também não lembro de nada daquela noite.

— Sério? - ela parecia interessada.

— É. Eu nunca contei a ninguém o que aconteceu naquela noite, mas acho que já é hora. Alguém me ligou para dizer que o avião em que Siena estava tinha caído e que não tinham sobreviventes. Eu liguei para a mãe dela e depois para a minha e comecei a beber. Foi aí que meu problema com as bebidas começou. - ela apertou um pouco a mão dele, que engoliu em seco. - Eu bebi demais naquela noite também. Apesar de lembrar claramente de acordar na minha cama, aparentemente paguei uma noite num motel de nome ridículo, então eu concluí que passei a noite com alguma mulher que encontrei no Rumbel.

O coração de Kate parou por um momento e depois voltou, acelerado.

— Qual o nome do motel? - ela perguntou, parecendo um pouco ansiosa.

Anthony não entendia porque ela estava tão interessada num detalhe tão insignificante. Provavelmente era a coisa menos importante de tudo isso.

— Pocaropa, eu acho. - ela ficou pálida. Ele começou a se preocupar. - Tá tudo bem, Kate?

— Esse foi o motel em que eu acordei sozinha. E o aniversário da Penelope foi na Rumbel.

Ele entendeu aonde ela estava chegando.

— Você não acha que… - Anthony não conseguia nem terminar a frase. Sentia o coração na garganta.

— E-eu não sei! - ela falou, parecendo um pouco desesperada. Então respirou fundo e pensou por um momento. - Você teria me reconhecido quando estivesse indo embora de manhã.

— Eu acho que fui embora assim que acabou. Como eu disse, eu lembro de acordar na minha cama, com Benedict e minha mãe praticamente me arrastando para fora da cama porque eu tinha que ficar apresentável para o funeral. Quando fui olhar minhas mensagens, tinha um alerta do meu cartão de crédito dizendo que tinha sido usado nesse motel na noite anterior.

— Ai meu Deus. - Kate parou por um momento, enquanto Anthony rodava a aliança dela, claramente tentando reduzir a velocidade de seus pensamentos. Ela não sabia se estava fazendo algo para ele, mas foi muito benéfico para ela. - Bom, eu ficar com alguém desse jeito faria muito mais sentido se eu já conhecesse a pessoa. Até hoje, eu sempre me perguntei o que tinha me feito dormir com um completo estranho. - ele sorriu.

— É, pra mim também. Na verdade, foi a única pessoa com quem eu dormi durante todo o meu mês perdido.

— Mas será que poderia ser?

— Eu não sei. Talvez? Tem gente que diz que ela tem meus olhos.

— Eu nunca achei parecido, mas…

Nesse momento, Charlotte abriu a porta do quarto e entrou correndo.

— Mamãe! Papai!

— Opa, devagar, Lottie. - Anthony disse, a ajudando a subir e ficar entre os dois quando chegou mais perto da cama. Claramente o assunto anterior teria que esperar.

— O que foi, meu amor? - Kate perguntou.

— Tem um monstro no meu quarto. - ela disse.

— Eu não procurei pelos monstros debaixo da sua cama?

— Esse tava dentro do armário.

— Sério? Acho que vou ter que pedir ao seu pai para revisar a minha vistoria.

— Sim. Não agora. Quero ficar aqui. - ela disse, já se acomodando entre os dois.

— É sua hora de dormir, Lottie. Todo mundo precisa ir dormir agora. - Anthony disse.

— Por que?

— Porque se você não for dormir agora, não vai poder brincar com suas amigas na escola amanhã. - Kate disse. - Lembra o que a dra. Dawson disse?

— Hmmm, não.

— Eu lembro. - Anthony disse. - Ela disse que você tem que ir lá de manhã e aí ela vai dizer se você pode brincar de bola ou não.

— Eu posso brincar de bola amanhã? - ela ficou um pouco animada demais e começou a pular de joelhos na cama.

— Calma, filha. - Kate disse, já fazendo ela deitar de novo. - Talvez. Se a dra. Dawson disser que pode, então tudo bem.

— Ok, mamãe.

Ela parou e ficou apenas encarando sua mãe, como se o que ela falasse fosse a sua lei. E atrás dela, estava seu pai, com um sorriso leve nos lábios e o mesmo olhar estampado no seu rosto. Meu Deus, Kate pensava. Como eu nunca vi isso antes?

— Hm, sabem de uma coisa? Quero tirar umas fotos de vocês. No papel de parede do meu celular vocês dois estão bem carequinhas. - ela disse, já pedindo para que eles posassem para a foto. E então os dois estreitaram os olhos. Ok, isso já é absurdo, ela pensou, enquanto tirava a foto. - Eu vou tirar se vocês quiserem ou não. - Anthony respirou fundo e se rendeu. Se ela estava insistindo tanto, devia haver uma razão. Além disso, vivia para agradá-la, então continuou deitado e puxou Charlotte mais para perto. - Sorriam. - Kate tirou uma foto. Então ele começou a fazer cócegas na filha, que estava rindo tanto que seu rosto começou a ficar vermelho. No meio tempo, ela continuou tirando fotos e rindo dos dois, até que tinha mais de 10 fotos. - Prontinho.

— Certo. - Anthony disse e então olhou para o relógio. - E agora já passou muito da sua hora de dormir, mocinha.

— Não quero dormir! - Lottie protestou.

— Todos vamos dormir agora. - Kate disse. - Quer que eu conte uma história?

— Sim, por favor! - ela estava de joelhos de novo.

— Ok, então. Deita aqui pertinho de mim, por favor.

Ela deitou do lado da mãe, que começou a contar uma história sobre um alien que viajava pelo universo numa caixa telefônica azul com uma menininha um pouco mais velha do que ela. Kate contou que a família da menininha estava muito preocupada com ela e que foi isso que a fez decidir voltar para casa.

Quando ela finalmente adormeceu, Anthony a levou de volta para o seu quarto, enquanto Kate observava as fotos que tinha tirado.

— Eu acho que vai ser muito engraçado quando ela perceber que todas as nossas histórias são baseadas em filmes ou séries. - ele disse, ao voltar, mas Kate não respondeu.

— Meu Deus. Como que eu não vi antes? - ela disse, mais para si mesma do que para ele.

— O que você não viu antes? - ele perguntou, já deitando de novo na cama.

— O que todo mundo sempre disse. - ela mostrou a primeira foto que tinha tirado e depois as outras. - O olhar de vocês é muito parecido.

— Bom, eu nunca tinha visto também, mas realmente parece.

— O formato dos olhos parece muito com o seu, mas o das sobrancelhas é igual ao das suas irmãs. Eu fiz a sobrancelha da Daph vezes o suficiente para saber disso.

— Agora que você falou, parece mesmo, mas o sorriso dela é todo seu.

— Eu precisava contribuir com alguma coisa, não é?

— Acho que é o mais justo.

— Apesar de a sua mãe viver dizendo que, se tivermos filhos, eu não deveria me animar em procurar alguma coisa da minha família neles porque, para citar ela “os genes Bridgerton são fortes demais”.

— Vocês já conversaram sobre isso? - ele perguntou, claramente surpreso, já que os dois nunca tinham falado sobre ter outros filhos. Não que não quisessem, mas o momento não parecia apropriado para começar a pensar na possibilidade.

— Não diretamente, mas, no dia que casamos, ela tinha bebido e disse que queria outro neto e que devíamos ir “encomendar”, para usar as palavras dela. 20 minutos depois ela disse que era brincadeira, mas que queria mesmo outro neto. Ela nunca mais falou disso tão diretamente, mas quando falamos de família e semelhanças, ela sempre diz algo nesse sentido.

Eles ficaram em silêncio por um momento.

— O que nós deveríamos fazer, Kat?

— Acho que devíamos fazer um teste de paternidade. - ela disse, depois de uma pequena pausa.

— Eu não sei se eu quero saber.

— Por que? - ela o olhou nos olhos e segurou sua mão. Tudo o que ela podia ver em seu rosto era preocupação.

— Se o teste disser que eu não sou o pai biológico dela, tudo bem. Não vai mudar o que eu sinto por ela ou pela nossa família. Na verdade, nada vai mudar isso. - ele fez uma pausa e Kate só esperou, fazendo círculos com o polegar no dorso da mão dele. Anthony então olhou em seus olhos e continuou. - Mas se disser que eu sou, eu me sentiria culpado por não ter estado com vocês desde o começo.

— Não é sua culpa. Não é como se você soubesse e tivesse fugido. Você estava aqui o tempo todo, nós só não sabíamos que podia ser você. E acredite, se eu tivesse pensado nessa possibilidade por um segundo, eu teria ido atrás de você. - ele sorriu.

— Não seria você se não tivesse ido. - ele respirou fundo. - Você quer mesmo saber?

— Sim. Eu quero muito saber. Você mesmo disse que isso não vai mudar a forma como você se sente sobre ela ou a nossa família e eu preciso saber se eu realmente fui acometida por uma loucura temporária ou se eu simplesmente confiei em você.

Ele sorriu e a puxou para um abraço.

— Eu gosto mais da segunda opção. - ela sorriu.

— Eu também.

— E, não importa qual o resultado, nós somos os pais dela.

— Sim. Isso não vai mudar. - Kate mordeu o lábio inferior. - Então vamos fazer isso mesmo?

— O que você pede que eu não faço? Além disso, a parte de mim que não está com medo de sentir culpa pelo resto da vida quer muito saber.

— Depois de amanhã nós vemos isso, então.

— Depois de amanhã. - ele disse, com um tom levemente sonhador, enquanto a segurava contra o corpo. - Vai ficar tudo bem, não vai?

— Vai sim.


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