Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 31
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Oieee!
Gente, queria apenas comentar que, pelo meu planejamento inicial, já teríamos terminado a história a essa altura, porémmmmmm acabei escrevendo demais lá pelo meio da história e vários capítulos acabaram divididos em 2. Enfim, era só uma curiosidade mesmo rsrs
Espero que gostem do capítulo!

Beijos,
Mavelle



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Cerca de duas semanas depois, basicamente tudo tinha voltado ao normal na casa de Kate e Anthony. Ambos estavam trabalhando em tempo integral de novo, Charlotte tinha voltado a ir para a escola sem touca, já que o cabelo tinha crescido meio centímetro, e até Newton estava se comportando mais normalmente. Não que ele estivesse muito estranho, é só que, logo depois que Charlotte chegou em casa do hospital, ele não deixava o lado dela por nada, além de não deixar que pessoas de fora da casa ficassem muito perto. Ele chegou a estranhar até Violet, que já tinha ficado com ele diversas vezes.

Não que um corgi com sobrepeso fosse muito ameaçador ou que Newton especificamente fosse durão, apesar de querer parecer. Sua pose sumiu quando Violet começou a fazer carinho nele, o convencendo que merecia estar perto da neta.

Outra coisa que tinha voltado ao normal era que não precisavam mais ficar nervosos quando fossem buscar Charlotte na escola: não encontrariam Siena ali. Certo, eram todos adultos, mas a situação era desconfortável demais para ambos os lados. Alguém teria de sair e isso ficou claro antes mesmo de completarem duas semanas da reunião com os pais.

Era uma segunda-feira e Anthony estava preso em uma reunião e não conseguiria sair do trabalho às cinco, então Kate pediu uma carona para John até a escola. Podia ter pego o carro e depois voltado para a Bridgerton, como planejava fazer, mas, ao olhar pela janela da sua sala, viu uma tarde de outono perfeita demais para desperdiçar. Não tinha uma nuvem no céu, mas podia perceber as copas das árvores balançando no parque próximo, denunciando um clima fresco: nem quente demais, nem frio demais. Depois de passar o dia trancada dentro da sala, sentia que merecia aproveitar um pouco daquilo. Assim, ia pegar a carona para ir buscar Charlotte, e as duas andariam os dois quarteirões para voltar ao prédio, o que, inclusive, fazia parte das recomendações da dra. Dawson. Ela tinha que fazer exercícios leves e uma caminhada de 10 minutos entraria perfeitamente nessa definição.

— Obrigada pela carona, John. - Kate disse, quando chegaram na frente da sala e entraram na fila. Ela começou a tossir em seguida e todos olharam feio. Odiava a mudança de estações.

— Por nada. - ele respondeu. - Se mudar de ideia, ainda posso te deixar de volta lá.

— Não, não, pode ir para casa. Estamos precisando dessa caminhada.

— Ok, então. Ah, oi, Marco. - John disse, cumprimentando a pessoa que estava na sua frente na fila.

— Boa tarde, John. - o homem respondeu.

— Kate, esse é meu vizinho, Marco Conti. Marco, essa é Kate Bridgerton, uma amiga.

— Ah, então você é a Kate. - Marco disse, acenando para ela por educação (não ia apertar a mão dela sendo que ela tinha acabado de tossir), mas aparentemente um pouco constrangido.

— Sim. E, me corrija se eu estiver errada, mas acho que você é o namorado da Siena, certo? - Kate perguntou, apenas querendo confirmar.

— É.

Por um momento, os três ficaram num silêncio estranho. Kate e Anthony ainda não tinham comentado com Sheila e John o que tinha acontecido e provavelmente jamais iriam. John tinha sido contratado poucos meses depois da separação de Anthony e Siena (Kate agora chamava o evento assim na sua cabeça), mas sabia que a primeira mulher dele tinha falecido antes de ele começar a trabalhar na Bridgerton.

Depois do que pareceram horas num silêncio desconfortável ao extremo, a professora chamou Marco e ele foi buscar Monica.

— Vocês já se conheciam? - John perguntou a Kate.

— Não exatamente. - ela respondeu. - Coisas de histórias antigas e que preferimos esquecer que existiram.

— Estou me coçando pra perguntar.

— Eu sei que você ama uma boa fofoca como qualquer um de nós, mas, dessa vez, eu não vou contar, desculpe. Não quero te indispor com seus vizinhos.

Ele respirou fundo.

— Você sabe que só atiçou mais minha curiosidade, certo?

— É, eu sei. Desculpe, mas vai ser só isso que você vai arrancar de mim agora. Ainda preciso me acostumar com a ideia de que eu provavelmente vou encontrar com ela em algum momento.

— Ok, não vou tentar te convencer a me contar o que aconteceu, mas, se quiser desabafar, estou aqui.

— Obrigada, John.

Ela terminou de falar e começou a tossir de novo.

— Tem certeza que não quer uma carona?

— Sim. Acho que vai ser bom respirar um pouco de ar puro. Isso provavelmente é só resultado da mudança de estações.

No dia seguinte, Kate acordou com dor de garganta e, no seguinte, estava completamente sem voz. Ela foi ao médico, que disse que ela estava com faringite e lhe prescreveu alguns medicamentos, além de lhe dar um atestado de 3 dias. Ela arranjou logo uma máscara para evitar que Anthony e (principalmente) Charlotte ficassem doentes.

— A Lottie me disse que a professora falou que a Monica saiu da escola. - ele comentou mais tarde naquele dia, enquanto preparava uma sopa para o jantar e Kate assistia da bancada da cozinha.

— Sério? - ela perguntou, a voz mais rouca do que imaginava que estava.

— É.

— Antes que você pergunte, eu não disse nada demais ao Marco na segunda.

— Eu ia perguntar porque não consigo nem imaginar o que você disse que foi assustador a ponto de mandar eles correndo de lá. O que vocês conversaram?

— Não sei nem se conta como conversa. O John nos apresentou e ele falou algo tipo “ah, então você é a Kate” e eu só disse “me corrija se eu estiver errada, mas acho que você é o namorado da Siena, certo?”

Anthony começou a rir.

— Está explicado.

— Por que?

— Você feriu os sentimentos do homem. Ele sabia quem você era pelo nome, o que quer dizer que a Siena reclamou de você ou na época que eu estava com ela ou agora, mas você não fazia ideia do nome dele, o que quer dizer que eu não podia ligar menos.

— Tem certeza sobre essa última parte?

— Tenho. Já passou e acredito que estamos todos muito mais felizes agora do que há 4 anos.

— Eu sei que eu estou.

— Viu? - ele se virou, pronto para beijá-la, mas viu a máscara e parou. - Por que eu não posso te beijar mesmo?

— Porque se você adoecer também não vai ter ninguém pra cuidar da nossa filha.

— Acho que pode ser um pouco tarde demais para isso, já que eu estava enfiando a língua dentro da sua boca até ontem de noite.

— Você falando assim parece muito menos agradável do que realmente é. E também pode não ser tarde demais. Você não teve nada até agora, mas poderia muito bem adoecer.

— Eu arriscaria a qualquer momento.

— Vale mesmo a pena perder a voz por uns beijinhos?

— Definitivamente sim, mas você vai reclamar comigo se eu perder a voz por isso uma semana antes da cerimônia de agradecimento.

— Vou mesmo. Alguém tem que ter voz pra falar do quanto a equipe inteira se esforçou pra gente conseguir chegar aqui.

Outra prova de que a vida estava se encaminhando de novo: tinham recebido a notícia de que receberiam o título de “Empresa amiga da Infância e Juventude” na Cerimônia de Agradecimento da Cidade de Londres, ou, como Anthony costumava chamar, Cerimônia de Distribuição de Isenção de Impostos da Cidade de Londres.

— Se eu não puder fazer o discurso, você faz.

— Eu? - ela questionou. - Daphne seria uma escolha muito melhor pra isso.

— Ela não teve participação ativa no processo.

— Mesmo assim, ela... - Kate se interrompeu. - Está ouvindo isso?

Anthony tentou prestar atenção, mas só ouviu o som da boca do fogão ligada.

— Isso o que?

— Exatamente. - ela desceu do balcão da cozinha. - A casa está muito quieta.

Os dois saíram da cozinha e foram para a sala, onde encontraram Charlotte ao lado do painel da televisão com uma caixa de giz de cera.

E a prova do crime estava bem na sua frente: uns rabiscos verdes, azuis e vermelhos cobrindo um belo pedaço da parede.

— Charlotte Mary Sheffield, eu não tinha te dito que não pode riscar as paredes? - Kate reclamou, enquanto os dois iam até onde ela estava.

— Mas foi antes! - Charlotte disse. - Você não disse que não podia aqui.

Kate respirou fundo e se abaixou até ficar da altura dela.

— Olha, não pode pintar na parede em nenhum lugar, ok? Não podia pintar na parede quando a gente morava no apartamento e não pode pintar aqui na casa. Nem se nos mudarmos daqui e formos para outra casa um dia, ok?

— E se formos para um apartamento?

— Também não. - Anthony disse, se abaixando também.

Charlotte fez um biquinho.

— E quando que eu posso pintar na parede? - ela perguntou.

— Você não pode pintar na parede. - Kate respondeu, reafirmando o que tinha acabado de dizer.

— Mas o tio Benny pinta na parede.

— Você queria pintar que nem o tio Benny? - Anthony perguntou.

— Sim!

— Bom, ele não pinta na parede. Ele pinta numa tela e depois a gente coloca a tela na parede, que nem ali em cima. - ele apontou para a tela que estava pendurada na sala de jantar. - Ele deu aquele quadro pra gente quando nos mudamos, mas o desenho não está na parede.

— Não?

Ele se levantou e foi tirar o quadro da parede.

— Olha. - ele mostrou a tela fora da parede e mostrou o espaço em branco para ela.

— Não tem nada na parede, tá vendo? - Kate mostrou.

— Ahhhhh. - Charlotte disse. - Então na parede não pode?

— Não, não pode.

— E no chão?

— Eu não acho que dê pra desenhar no chão. - Anthony disse. - Só com papel, que nem você fez naquele dia que a mamãe tava viajando.

— Tá bom.

— Mas, se você realmente quiser pintar que nem o tio Benny - Kate disse -, nós podemos falar com ele e ver se ele pode te ensinar.

Os olhos dela se arregalaram.

— Sério? - ela parecia muito animada.

— Sim. Você quer que eu pergunte?

— Sim! Por favor.

— Pronto, vou perguntar a ele. Se ele puder, nós vemos como vamos fazer, ok? - Charlotte assentiu. - Acho que o jantar está pronto. Vá lavar suas mãos enquanto colocamos a mesa. - Lottie foi para o banheiro que ficava próximo à sala e os adultos foram para a cozinha. - Eu espero que o Benedict aceite ensinar ela.

— E alguém na família consegue negar alguma coisa a ela? - Anthony perguntou, já checando a sopa e a desligando em seguida.

— Não, mas isso não é bom. - ela disse, já pegando tigelas para a sopa.

— Vai acabar daqui a uns seis meses, eu acho. Ou quando aparecer uma criança nova na família, porque aí vai ter alguém pra dividir a atenção. O que quer que venha primeiro.

— Acho que daqui a seis meses, então. Mesmo que a Daphne esteja pensando em ter um filho agora, acho que os seis meses vão passar mais rápido.

— Sim. - ele ficou em silêncio por um momento, enquanto pegava uma tigela e começava a colocar a sopa de Charlotte para que pudesse esfriar um pouco. - Você se desarmou quando ela disse que estava tentando imitar o Benedict, não é?

— Não sei se estava armada antes, mas definitivamente me desarmou. - ela respirou fundo. - Espero que ele possa ensinar ela alguma coisa.

— Nem que seja que ele não pinta na parede.

Ela sorriu e foi organizar a mesa. Enquanto fazia isso, repassou a troca que tiveram com Lottie. Achava que tinham agido bem (abaixando na altura dela, sem gritos, apenas uma repreensão firme, mostrando porque ela estava errada), mas uma coisinha a incomodava.

Charlotte Mary Sheffield, Kate repassou. Talvez seja hora de colocar um Bridgerton em algum lugar nesse nome.

***

Na sexta-feira, ocorreu uma reunião do conselho e, apesar de Anthony torcer que fossem dizer algo sobre o andamento da investigação, sabia que isso provavelmente não aconteceria. Como Araminta era a responsável pela investigação, sabia que não deixaria que soubesse suas descobertas até o último momento possível.

— Acredito que tenhamos terminado por hoje. - Daphne disse, após riscar o último item de sua pauta. - Alguém tem mais algum tópico?

— Acredito que não. - Roman Miller disse.

— Pois bem. - Anthony respondeu. - Nos vemos mês que vem então.

Os membros do conselho começaram a se retirar, mas Peter Bennet (que Anthony estranhou não ter convocado o fim da reunião) o chamou.

— Senhor Bridgerton, gostaria de falar com você em particular.

Araminta, que já estava praticamente do lado de fora, deu meia volta e entrou novamente na sala de reuniões.

— Você não pode falar sozinho com ele. - ela praticamente rosnou.

— É um assunto pessoal. - Peter disse.

Ela estreitou os olhos.

— Eu posso ficar, se te fizer mais confortável. - Mary se ofereceu. - Também tenho um assunto a discutir com o senhor Bridgerton.

Araminta respirou fundo. Confiava em Mary Houston ainda menos do que em Peter Bennet, mas não podia dizer aquilo. Para falar a verdade, era ainda pior que Mary ficasse. Peter era influenciável e Mary gostava de Anthony. Aquela era provavelmente a pior combinação que ela podia imaginar.

Não, a pior seria Mary e Martin. Poderiam muito bem deixar passar por “acidente” que não tinham encontrado nada substancial contra Anthony. Não havia entrada em uma clínica de reabilitação, nenhum vídeo comprometedor, não havia nada com que pudessem trabalhar de verdade. A única coisa estranha era que ele tinha gasto uma grande porção de seu salário de novembro de 2017 em bares e uma ida estranha a um motel, mas não tinha tocado em um centavo do dinheiro da empresa e nem tinha atrasado um boleto sequer. Chegava a ser irritante. Porém, ainda tinha mais dois meses e se esforçaria como o inferno para achar alguma falha que provasse que ele não devia estar ali.

Ela sabia que, se fossem investigar a fundo suas atividades na empresa, encontrariam algumas transações um pouco estranhas, e sabia que o mesmo se aplicava a Roman e provavelmente a todos os outros membros do conselho. Não tinha como Anthony não ter nenhuma falha nesse sentido. Era impossível que alguém com tanto poder e acesso a tanto dinheiro nunca tivesse feito um desviozinho que fosse.

E, se não achasse nada, podia muito bem ir embora dali. Se não conseguisse afastar aquele homem, ele só ficaria mais forte e mais popular e aí ela nunca seria capaz de assumir o controle da empresa. Seus 11% continuariam sendo 11% indefinidamente.

— Ótimo. - Araminta forçou um sorriso. - Vejo vocês novamente no mês que vem, então.

— Tchau. - Mary disse enquanto Araminta saía da sala. Percebeu então que Daphne ia sair também e segurou seu braço discretamente. - Pode ficar, senhora Basset.

— O que queriam falar comigo? - Anthony perguntou e olhou rapidamente o relógio. Precisava sair em 20 minutos para poder pegar Charlotte na escola. - Tenho 15 minutos.

— Bem, indo direto ao ponto, eu estou cansado. - Peter disse. - Acho que isso é algo bem perceptível há algum tempo e eu só queria informar que este é meu último ano por aqui. Vou me aposentar em janeiro.

— Parabéns. - Daphne disse. - Um descanso bastante merecido, eu acredito.

— É sim. - ele mesmo concordou. - Enfim, decidi vender minhas ações e, como os únicos que podem comprar são os membros desse conselho, imaginei que gostariam de saber antes da Araminta.

Anthony estremeceu. A ideia daquela víbora ter mais poder do que já tinha na empresa de sua família era mais do que o suficiente para fazê-lo começar a suar frio.

— Obrigado pelo aviso. - ele disse e então virou para a Daphne. - Acho que devemos conversar com nossos irmãos e com a nossa mãe. - E eu vou conversar com a Kate, ele pensou.

— E eu vou fazer o mesmo que Peter. - Mary disse.

— Também vai nos deixar, Mary? - ele perguntou, com um tom carinhoso. Realmente gostava dela e, bem, ela era o membro mais agradável de se lidar do conselho.

— Sim. Surgiu uma oportunidade de me mudar para o interior e abrir minha loja de produtos naturais e, bom, a ideia de sair de lá para vir aqui uma vez no mês não me parece tão agradável.

— Você sempre disse que esse era seu plano. - Daphne comentou. - Passar alguns anos aqui depois da morte da sua mãe e depois usar o dinheiro para abrir uma loja.

— Exatamente. - ela sorriu. - Então a partir de janeiro também não estarei mais aqui.

A sala ficou em silêncio e Anthony e Daphne fizeram cálculos mentais. Mary tinha 6% das ações e Peter tinha 10% e isso somado aos 60% que já estava nas mãos da família…

— De acordo com o estatuto da empresa, se mais de 75% das ações estiver nas mãos da família Bridgerton, o conselho é dissolvido. - Daphne disse e Mary assentiu. - Eles continuam com as ações, mas não tem mais poder de voto.

— Vamos conversar com o resto da família. - Anthony disse, depois de um momento de silêncio. - Poderiam manter isso fora dos ouvidos de Araminta até o próximo mês, se possível?

— Eu tenho o objetivo de nunca falar com ela fora dessa sala, então não se preocupem. - Peter disse. - Decidi avisar com bastante antecedência para poderem discutir isso a fundo. Eu realmente não quero vender para ela, mas...

— Obrigada. - Daphne disse, quebrando a tensão instalada após o “mas”. Todos sabiam que, se estivesse muito desesperado para ir embora, Peter venderia as ações para ela. - Com certeza há bastante a ponderar.

Peter saiu da sala, deixando os irmãos sozinhos com Mary.

— Só precisam se preocupar em comprar as ações de Peter. - Mary disse e então se virou para Anthony. - Eu vou repassar minhas ações para a sua esposa.

Anthony sentiu sua testa franzir antes que pudesse evitar. Sabia que Mary tinha se dado bem com Kate em algumas poucas reuniões que ela tinha participado, mas isso, nem de longe, era o suficiente para que ela decidisse dar seus 6% da empresa para ela. Daphne também parecia confusa.

— Por que? - foi tudo o que ele conseguiu perguntar.

— Eu era amiga de Miles quando éramos jovens. Kate é minha afilhada, e, apesar de não ter sido uma presença frequente na vida dela, gostaria de dar esse presente.

Um presente bastante generoso, Anthony pensou. Estava pensando em colocar a nova porcentagem que comprassem no nome dela ou de Charlotte, sendo mais provável que colocasse no nome de Kate porque haveria bem menos burocracia, já que, tecnicamente, Lottie não era uma Bridgerton. Isso bem que poderia mudar, ele pensou.

— Certo. - ele disse.

— Eu já mandei para ela uma cópia dos termos que tinha imaginado inicialmente. Se não concordarem com qualquer coisa do que estiver lá, podem me avisar que nós conversamos. - ela respirou fundo. - Bom, eu preciso ir.

— Tudo bem. - Daphne disse. - Tenha um bom final de semana e eu acho que nos vemos mês que vem.

— Com certeza. Tchau.

— Tchau. - os dois disseram enquanto Mary saía.

— Eles acabaram de nos oferecer a possibilidade de nos livrarmos do conselho ou eu ouvi mal? - Anthony perguntou, tentando confirmar que os últimos 10 minutos não tinham sido invenção da sua mente.

— Ofereceram sim. - Daphne confirmou. - E a Mary acabou de dizer que vai dar as ações dela para a Kate. Você sabia que ela era madrinha dela?

— Não. E eu acho que Kate já teria comentado isso. Eu só sabia que elas se conheciam por causa dessas reuniões.

— Tem algo esquisito nisso. Não que eu esteja duvidando das intenções dela, já que ela nunca fez nada que levantasse nenhum tipo de desconfiança, mas é um pouco estranho, não é?

— É. - ele pigarreou. - Precisamos de uma reunião de família para falar sobre isso. Tanto Colin quanto Benedict já disseram que não tem interesse em ter uma porção maior do que já tem e Francesca aparentemente também não quer mais, sobrando eu, você, Eloise e mamãe, que decide por Gregory e Hyacinth.

— Mesmo assim, vamos conversar os nove e ver o que cada um acha. Acho que nós dois somos muito influenciados pela perspectiva de nunca mais ter uma reunião dessa e ficamos animados demais.

E isso era verdade. Ambos consideravam que aquelas reuniões eram um grande desperdício de tempo. O conselho tinha poder de veto em algumas decisões (o que tinha gerado o atraso no plano de aumentar as vendas infanto-juvenis), mas, fora isso, tudo o que se fazia ali era discutir os mesmos tópicos que tinham sido discutidos nas reuniões com os coordenadores dos setores da empresa e deixá-los a par do que estava acontecendo: que negociações tinham sido realizadas, se haviam novos autores contratados, os lançamentos para o mês, etc. Eu poderia pedir para o Dan escrever um email gigantesco detalhando tudo isso e não haveria necessidade de fazermos essa reunião todos os meses, Anthony pensou. Esse era, na verdade, um pensamento recorrente para ele durante as reuniões. E se alguém questionasse alguma coisa, poderia vir me perguntar numa reunião individual que não passaria de 20 minutos.

Aquilo parecia um sonho.

— Com certeza devemos escutar o que todos tem a dizer e se todo mundo estaria disposto a contribuir para isso, mesmo os que dizem que não querem mais nada. E, ainda por cima, eu estou animado agora, mas nem falei com a Kate ainda. Ainda preciso ver se ela quer aceitar o presente da madrinha perdida, se ela concorda com essa possível compra e depois se vamos ter os recursos para isso.

— Eu preciso falar com o Simon também. - Daphne respirou fundo. - Bom, acho que falamos primeiro com eles e depois perguntamos ao resto da família, concorda?

— Sim. - Anthony olhou para o relógio. - Preciso ir.

— Ok.

— Boa sorte.

— Para você também.


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