Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 30
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

BOM DIAAAAA
Se no capítulo passado teve a volta de uma personagem do prólogo que ninguém pediu e que ninguém queria ver, nesse tem a volta de outra que ninguém pediu, mas que eu acho que vocês vão gostar de ver.
Confuso? Talvez um pouquinho, mas vai fazer sentido, prometo.
Enfim, espero que gostem do capítulo!

Beijos,
Mavelle



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Quando Kate recebeu a mensagem de Anthony dizendo que chegaria mais tarde em casa, não fazia ideia do que poderia ter acontecido. Talvez a professora tivesse pedido que ele ficasse para conversar sobre Lottie, já que ela tinha perdido a primeira semana de aula e metade da segunda. Mas se fosse só isso, ele avisaria?, Kate pensou. Isso daria uma conversa de, no máximo, 15 minutos, nada que fosse me preocupar. E também não tem como eu saber que horas a reunião acabaria.

Ela respirou fundo. De nada adiantava ficar remoendo aquilo.

Kate então colocou uma série para ver na televisão. Charlotte tinha adormecido pouco depois de jantar e ela teria uma noite sozinha pela primeira vez em muito tempo. Por um momento, quis ter uma taça de vinho para tomar enquanto assistia a série, mas mudou logo de ideia. Não conseguiria (nem queria) tomar uma garrafa toda de uma vez e não queria oferecer nenhuma tentação a Anthony deixando uma garrafa pela metade. Ele nunca tinha pedido nada dela nesse sentido, e ela sabia que nunca pediria, mas, ainda assim, não queria ser algum tipo de má influência para ele.

Logo foi distraída pelo telefone vibrando com algumas mensagens. Simplesmente pausou o episódio e foi responder.

“Penelope: Oiiii

Penelope: Não sei se você lembra de mim, mas nós estudamos juntas na faculdade”

Kate sorriu para o telefone. Penelope tinha sido sua melhor amiga ao longo da faculdade e, apesar de terem se distanciado, sabia que sempre poderia contar com ela.

“Kate: Uma ruiva baixinha?

Penelope: Loira

Kate: Ah, sim

Kate: Acho que lembro de você

Kate: Você deu uma desaparecida esse ano

Penelope: Estava tentando terminar de escrever minha série de livros distópicos

Penelope: Passei o último ano numa cabana no meio do nada, mas EU TERMINEI

Kate: PENNYYYYYYY

Kate: ISSO É INCRÍVEL

Kate: Você tá trabalhando nisso há, o que, cinco anos?

Penelope: Cinco longos anos

Penelope: Acho que o que estava faltando era o contato com a natureza pra conseguir escrever sobre uma comunidade com poderes que vive num mundo pós-apocalíptico em que não existem árvores

Kate: Acho que às vezes temos que pensar no que vamos perder para conseguir dar o valor necessário

Penelope: Faz sentido

Penelope: Nunca achei que fosse sentir tanta falta de ver a selva de pedra, mas acabou que eu amo morar na cidade

Kate: Voltou pra Londres?

Penelope: Ainda não, mas vou praí a partir da semana que vem pra tentar vender meus livros

Kate: AAAAAA

Kate: Vem na Bridgerton

Kate: A sua série é exatamente o tipo de livro que eu adoro divulgar

Penelope: Tá bem no topo da minha lista de editoras com quem quero publicar

Penelope: Mas sei que vou acabar publicando com uma editora menor que vai me falir

Kate: Você tem o talento e a história perfeita para publicar com a gente

Kate: Eu já li o que era o esboço do seu primeiro livro e aquilo era incrível

Kate: De verdade, uma das melhores coisas que eu já li na minha vida

Penelope: Obrigada, mas eu quero me manter realista, ok?

Penelope: E nada de puxar pauzinhos pra mim, por favor”

Droga, Penelope, Kate pensou. Mas tudo bem, eu entendo ela não querer ajuda.

“Kate: Ok, não vou interferir

Kate: Mas se me perguntarem minha opinião, responderei com a humilde verdade que é uma história com um potencial gigante e cuja autora escreve maravilhosamente bem

Penelope: Te perguntam sobre isso?

Kate: Nunca, mas sempre tem uma primeira vez pra tudo, não?

Penelope: De qualquer forma

Penelope: Queria aproveitar que estarei aí pra sair com minha mais querida amiga da juventude

Kate: Credo

Kate: Você acabou de adicionar uns 15 anos nas minhas costas, sai pra lá

Penelope: Vai me dizer que você ainda bebe que nem a Kate de 22 anos?

Kate: Claro que não

Kate: Me traumatizei depois do seu aniversário

Kate: Se eu sair e tomar 3 drinks já é muito

Penelope: Poxa, e eu pronta pra sair com você, me embebedar e pegar geral na noite londrina

Kate: Owwww

Kate: Eu abro uma exceção pra você e chego a 5 drinks, mas não mais do que isso

Kate: Faz muito tempo que eu não bebo, então só me garanto até isso

Penelope: Tudo bem

Penelope: Vamos tirar a mãe solteira de dentro de casa e te embebedar, mas só um pouco

Kate: Que mãe solteira?

Penelope: QUE

Penelope: KATHARINE GRACE SHEFFIELD VOCÊ DESENCALHOU E NÃO ME DISSE?

Kate: Eu mandei o convite do casamento pro seu apartamento

Kate: Você que passou um ano enfiada numa cabana sem internet e não viu

Penelope: VOCÊ CASOU?

Kate: Sim, em abril

Penelope: Meu deus eu acabei de te chamar pra pegar geral

Penelope: Desculpa, marido da Kate

Kate: Ele não tá comigo agora

Kate: Eita, o carro chegou

Kate: Se importa se a gente marcar um dia depois?

Kate: A criatura me deixou nervosa pela última hora e eu preciso descobrir o que aconteceu

Penelope: Ihhhhh

Penelope: Vá lá ter sua DR que depois a gente marca um dia”

Kate sorriu e bloqueou o telefone. Tinha sentido falta da amiga durante aquele ano, mas sabia que tinha sido importante para ela se isolar e terminar seus livros. Nesse momento, Anthony passou pela porta, parecendo um tanto ansioso.

— Oi, amor. - ele disse, já atravessando a sala e beijando Kate, que estava no sofá. - Desculpa ter chegado tão tarde.

— Eu vi sua mensagem, não se preocupa. - ela disse e mordeu o lábio inferior, apreensiva. - O que aconteceu? Está tudo bem?

— Sim, está tudo bem. - ele sentou do lado dela e ela pareceu se acalmar um pouco. - Mas você nunca vai acreditar quem eu encontrei na reunião.

— A Sheila? - Kate perguntou, brincando. Não seria inacreditável ele encontrar a mãe da melhor amiga de sua filha na reunião da escola.

— Também. Até sentamos juntos na reunião.

— Então, a Laura das vendas? Travis, o filho dela, também estuda lá.

— Laura tem um filho? - ele pareceu surpreso.

Ela revirou os olhos.

— Você precisa conhecer seus funcionários melhor. De qualquer forma, geralmente quem vai é a Agnes, a esposa dela.

— Então é por isso que eu achei aquela mulher familiar. - ele pensou em voz alta e Kate simplesmente negou com a cabeça.

— Eu te apresentei as duas na festa de Natal.

— Kat, você soprou o nome de umas quinhentas pessoas na festa de Natal pra eu não passar por mal educado. Eu talvez tenha fixado o nome de dez. Eu só aprendi o nome do John e da Sheila depois que casamos e por causa das meninas.

— Vou ter que fazer mesmo o curso intensivo com você antes da festa desse ano.

— Isso não era uma piada?

— Não mesmo. Eu não posso ficar soprando o nome de todo mundo pra você todo ano. E eu já me encarrego de fazer as perguntas de filhos e familiares e bichinhos, então você tem que lembrar ao menos do nome das pessoas.

— Ok, é justo. Enfim, de volta ao ponto, você provavelmente nunca vai adivinhar, então eu encontrei com Siena hoje à noite.

Ela franziu o cenho. Era muito boa com nomes e rostos e não lembrava de ter conhecido uma outra Siena que não fosse a ex-mulher de Anthony.

— Siena sua ex? – ela perguntou, duvidando de suas palavras mesmo enquanto as dizia. Devia estar louca ou surda, sendo surda a opção mais provável. Ele podia muito bem ter dito “Sierra” ou “Sena” ou “Diana”. Entretanto, ele confirmou.

— A diaba em pessoa.

Kate parou, tentando organizar seus pensamentos.

— Eu estou tentando pensar em algo inteligente para perguntar, mas não consigo. - ela se levantou e foi na direção da cozinha. - Vou pegar algo pra beber.

— Pega pra mim também, por favor.

Ela voltou com dois refrigerantes cerca de um minuto depois, primeiro sentando no sofá de um jeito largado e depois entregando-o uma das latinhas, abrindo a dela e tomando um gole bem grande.

— Fala.

Anthony só observou enquanto ela fazia isso, um sorriso bobo estampado no rosto. Ele sabia que ela só estava sendo ela mesma e era ótimo saber que ela podia fazer isso com ele. E ele também sabia que ela podia muito bem ter uma garrafa de cerveja nas mãos, já que ainda bebia, mas não tinha. Isso o fez sorrir ainda mais.

— Eu te amo tanto.

— Eu sei. Estava tentando te lembrar disso.

— Acredite, eu não me esqueci disso por um segundo da noite.

Ela sorriu.

— Bom saber. Continue a história, por favor.

— Eu encontrei com ela na escola, antes da reunião começar. Aparentemente, a filha dela estuda na sala da Lottie. - Kate arregalou os olhos. - E não se preocupe, não é minha.

— Então ela estava… - ele apenas assentiu. - Caralho.

— De qualquer forma - ele continuou -, ela foi meio grossa comigo, então eu simplesmente dei as costas e fui pra reunião. Ah, e a professora adivinhou que eu era o pai da Lottie.

— Como?

— Não sei. Ela disse que o olhar da gente era parecido ou algo do tipo. De volta ao ponto, assim que a reunião acabou, a professora chamou eu e Siena porque a filha dela estava fazendo piadas sobre a Lottie não ter cabelo.

Kate estava chocada.

— Por isso a touca. - os dois falaram ao mesmo tempo.

— E eu aqui pensando que o único jeito que crianças dessa idade se atacavam era mordendo. - ela disse, suspirando.

— Eu também. E nós precisamos falar com ela sobre isso.

— Sim. Ela precisa nos contar, ou contar pra professora, caso isso aconteça de novo. - ela respirou fundo. - Ainda estou processando que crianças de 3 anos são más desse jeito.

— Ela é filha da Siena. Provavelmente aprendeu a ser assim antes de nascer.

— Ela era especialmente desprezível comigo.

— Pode ser porque eu tinha dito a ela que tive uma quedinha por você na época da escola.

— Você não disse que foi meu primeiro beijo, disse?

— Eu posso ter dito.

— E agora tudo faz sentido.

— Enfim, nós decidimos conversar depois que a reunião acabou.

— Então você chegou tarde em casa porque estava falando com ela. - Kate disse, cruzando os braços.

— Sim. - ele tocou o braço dela e olhou diretamente em seus olhos. - Mas nada aconteceu, eu prometo.

Ela ficou quieta por alguns momentos, ponderando o que ele tinha dito.

— Eu acredito em você, mas você queria que algo tivesse acontecido?

Anthony estava mais que surpreso pela pergunta dela.

— Não. - ele a abraçou. - Não mesmo. Por que está me perguntando isso?

Ela o olhou nos olhos.

— Eu confio em você e acredito no que você está dizendo, mas eu não posso te culpar se você quisesse que algo tivesse acontecido. - os olhos dela estavam lacrimejando. - Tipo um beijo de adeus ou algo parecido.

Ele secou as lágrimas dela com as pontas dos dedos.

— Vou ser bem honesto. Se isso tivesse acontecido seis meses atrás, eu talvez tivesse querido, mas agora eu tenho certeza que não quero. Os únicos lábios que eu quero beijar são os seus e, se essa noite serviu para alguma coisa, foi pra me fazer ter ainda mais certeza disso.

Kate o encarou por alguns momentos e depois o beijou.

— Obrigada. - ela disse, fungando em seguida. - Agora continue, por favor.

— Bom, ela basicamente me disse que nunca me amou, que tinha um amante e só queria se livrar de mim, então fingiu a própria morte.

— Só para se afastar de você?

— Basicamente. - ele parecia um pouco sentido. E com razão, Kate pensou. Ele pode não amá-la mais, mas descobrir que a pessoa com quem você estava odiava estar com você a ponto de fingir a própria morte...

— Sinto muito, amor. - ela disse enquanto o abraçava.

— Bom, eu não, pra ser bem honesto. - ele disse. - Sim, foi uma merda e eu sofri muito, mas se ela não tivesse feito isso, eu provavelmente ainda estaria casado com ela e nunca teria me apaixonado por você. E eu te amo. Amo você e a nossa família.

— Eu também te amo.

— E, por favor, se chegar o dia em que isso não for mais verdade...

— Anthony! - ela reclamou. - Isso nunc-

Ele colocou um dedo na boca dela, a interrompendo.

— Se chegar o dia em que isso não for mais verdade - ele continuou, tirando o dedo da boca dela lentamente -, em que você deixe de me amar por qualquer razão que seja, eu quero que você me diga. - a dor estava impressa no olhar dele de forma tão intensa que Kate quis chorar. - Eu não consigo lidar com o pensamento de você infeliz a ponto de pensar em uma loucura dessas.

— Isso nunca vai acontecer.

— Kat, não dá pra saber o dia de amanhã. Eu poderia fazer algo que te decepcionasse ma-

— Não vai. - ela disse, cortando-o. - Eu te conheço, eu conheço o seu coração. Eu sei que, mesmo que eu deixasse de te amar (que os céus proíbam isso), você não faria algo que me deixaria decepcionada a ponto de perder completamente meu respeito por você e pela nossa família e muito menos meu respeito próprio. É preciso perder essas três coisas pra fugir desse jeito. E eu não sei se conseguiria ser infeliz com você. Mesmo agora, quando estou passando pelo momento mais difícil da minha vida, nada é tão ruim quanto deveria ser. Quer dizer, é bem ruim, mas eu acho que devia ser pior.

— Eu tenho a mesma impressão. – ele sorriu de lado. Então tirou os sapatos e as meias e deitou no sofá, deixando um espaço grande o suficiente para que Kate se deitasse meio no sofá meio por cima dele. O convite estava feito e ela o aceitou, deitando ali. - O que estamos assistindo? – ele disse, pegando o controle da mesinha do canto.

— Eu estava finalmente começando a assistir Beckington.

— Quer que eu saia? - sabia que ela estava esperando uma oportunidade para ficar sozinha e assistir a série e, se finalmente tinha achado, ele iria embora.

— Não. Não precisa. A não ser que você não queira ver uma série de romance que acompanha uma família de 8 irmãos e que se passa no período da Regência.

— Eles vão mostrar alguém atirando em Napoleão?

— Eu acredito que não, já que se passa na Inglaterra.

Ele respirou fundo.

— Uma pena, mas eu posso viver com isso. – ele apertou o play.

A cena que se desenrolava mostrava um homem chegando atrasado em um compromisso porque estava com a amante.

— Esse é o irmão mais velho da família. – Kate comentou. - No momento, está meio perdido, mas há esperança para ele. E um futuro brilhante pela frente.

Anthony sorriu.

— Acho que já gosto dele.

***

O alarme para dar a medicação de Charlotte disparou, acordando Anthony, mas ele o desligou antes que pudesse acordar Kate. Eles estavam revezando quem fazia isso e era a noite dela, mas ele achou melhor deixá-la dormir a noite toda. O dia tinha sido estressante em muitos níveis e, bem, queria que ela pudesse descansar um pouco mais. Assim, simplesmente saiu do quarto e pegou o remédio que Lottie precisava tomar naquela hora, além de um copo de água. Ao chegar no quarto dela, ajustou as luzes, aumentando sua visibilidade, mas não o suficiente para incomodar Charlotte ou qualquer um que estivesse acordando.

— Oi, pequena. - Anthony disse, já se aproximando da cama de Charlotte, a acordando e colocando o copo de água do lado da cama. - Tá na hora do seu remédio.

— Cadê mamãe?

— Somos só nós dois hoje. Ela estava dormindo, então não quis acordar ela.

— Tá.

Ele deu o remédio a ela, que fez uma cara de nojo antes mesmo de tomar, mas tomou sem reclamar. Isso partiu o coração dele. Por pior que seja para o adulto, toda criança merece reclamar de tomar remédio, ele pensou. Ela já está tão acostumada que toma isso sem ao menos tentar não tomar, não importa o que seja. Ele entregou o copo de água a ela, que tomou dois goles e o devolveu. Anthony então a ajudou a voltar para o jeito como estava antes de ser acordada e ajeitou seu cobertor.

— Você quer que eu fique até você adormecer? - ele perguntou, ao que ela apenas negou com a cabeça. - Certo. Boa noite. - ele se inclinou e beijou a testa dela. - Bons sonhos.

Anthony recolheu o que tinha levado e voltou a diminuir a intensidade da luz para que Charlotte voltasse a dormir. Ele já estava saindo do quarto, feliz porque tinha conseguido resolver isso sem acordar Kate, quando Lottie chamou.

— Papai?

Ele deu meia volta. Algum dia teria que parar de sentir aquela pontadinha de felicidade no peito toda vez que ela o chamasse de pai, certo?

— Oi.

— Conta uma história pra mim?

— Claro. - ele disse sorrindo e já pensando em que filme ele poderia contar enquanto deitava na cama. Jumanji seria muito assustador, certo?, ele pensou, já fazendo carinho na cabeça dela, de uma forma que sabia que ela estaria dormindo assim que ele começasse a história. Reparou, então, que tinha uma leve penugem: o cabelo dela tinha voltado a crescer. Anthony tentou disfarçar a emoção e simplesmente perguntou. - Tem alguma em mente?

— Não.

— Ok. - ele parou por alguns segundos, pensando em todos os filmes que já tinham visto juntos, para que pudesse escolher um que ela não conhecia. - Eu já te contei a história de Remy, o ratinho que gostava de cozinhar?

— Eca! Ratos são nojentos. - ela fez uma cara de nojo e ele teve que se controlar para não sorrir. Poucos meses antes, ela teria dito “latos”.

— A maior parte dos ratos são, mas esse era um rato limpinho. O nome dele era Remy e ele vivia nos esgotos de Paris, mas sonhava em ter seu próprio restaurante...

Anthony não precisou falar muito mais da história para ela adormecer. Ele ia sair, mas decidiu esperar mais alguns minutos, só pra ter certeza de que ela não acordaria quando ele levantasse e parasse de servir como um travesseiro gigante. Entretanto, mais alguns minutos nunca são só mais alguns minutos, então ele adormeceu e só acordou quando Kate entrou no quarto de manhã, procurando pelo marido e preocupada porque não tinha acordado com o alarme para dar a medicação da filha.

Ela sorriu ao vê-los. Ao mesmo tempo que não imaginava ver Lottie usando Anthony como travesseiro, era perto do que ela esperava que tivesse acontecido. Ela voltou para o quarto para pegar seu telefone e tirar uma foto. Aquele momento merecia ser registrado.

— Anthony. - ela chamou, baixinho, enquanto se aproximava da cama.

— Hm? - ele disse, mais dormindo que acordado.

— Acorda. - ela tocou no ombro dele e ele finalmente abriu os olhos.

— Que horas são?

— 5 da manhã.

— E por que você está acordada?

— Tive que ir ao banheiro. - ela fez uma pausa. - Sabe, é sábado. E nenhum de nós trabalha no sábado.

Ele deu um sorriso de lado.

— Está dizendo que devíamos voltar pra cama?

Ela sorriu.

— Sempre.

Ele se levantou com cuidado para não acordar Charlotte e então os dois saíram do quarto.

— Você percebeu que o cabelo dela começou a crescer de novo? - Anthony perguntou, enquanto voltavam para o quarto deles.

— O que? - Kate estava surpresa.

— Pois é. Ainda é bem pouquinho, mas está crescendo. - ele disse, enquanto entravam no quarto, já fechando a porta.

— Ainda bem. - ela o abraçou. - Acho que foi um bom presente de aniversário do universo.

— Presente de aniversário? - ele estranhou.

— Você esqueceu seu próprio aniversário? - ela se afastou um pouco, mantendo as mãos na nuca dele, e levantou uma sobrancelha.

Anthony então parou para raciocinar. Era 18 de setembro. Seu aniversário.

— Eu acabei de acordar, me dê um desconto.

— Feliz aniversário. - ela disse, com um sorriso. E então o beijou.

Quanto mudou em um ano, ele pensava, enquanto se deitavam na cama. Se tivessem me dito há um ano que hoje eu seria pai e estaria casado, eu jamais acreditaria. Quanta coisa teve que acontecer para que chegássemos até aqui.

— No que está pensando? - Kate perguntou, percebendo que ele estava claramente distraído.

— Só em como eu sou o homem mais sortudo do universo. - ele disse, com um sorriso no rosto.

— E por que seria? - ela perguntou, praticamente deitando por cima dele.

— Porque se um fato qualquer da nossa história fosse diferente, não estaríamos aqui hoje. E eu gosto de onde estamos. Claro que nem tudo foram flores e nem tudo são flores, mas eu não trocaria o que temos por nada no mundo.


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