Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Oie!!
Voltei maaais uma vez com um capítulo que definitivamente está entre os meus favoritos da história por várias razões e a música da Taylor Swift no meio é apenas uma delas. E meu Deus, como assim eu cheguei a 27 capítulos citando músicas de vez em quando e só apareceu uma da Taylor agora????
Enfim, espero que gostem.

Beijos,
Mavelle

Música citada: marjorie - Taylor Swift



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Na manhã seguinte, Kate estava se sentindo esgotada. Tinha passado a noite em claro porque Charlotte teve uma febre. Ela logo foi medicada, mas, depois disso, Kate não conseguiu mais adormecer. Sua mente ficava repassando todos os cenários possíveis. Será que ela estava com febre por efeito do transplante ou era algum tipo de efeito colateral tardio da quimioterapia, como já tinha acontecido antes? Não queria pensar no que aquilo poderia significar, mas seu cérebro não queria desligar. Assim, esta noite não tinha sido nem de longe tão ruim quanto a anterior para Lottie, mas Kate estava cansada pelo acúmulo das duas noites sem dormir.

Como no dia anterior, Anthony chegou ao hospital bem cedo. Tinha combinado de ir logo para que Kate pudesse ir em casa tomar um banho e comer algo decente antes de voltar para passar o resto do dia com Charlotte.

— Como minhas meninas estão hoje? - ele perguntou pouco depois de entrar no quarto. Estava falando baixinho, já que vira que Kate estava acordada (afinal ela abrira a porta), mas não tinha certeza sobre Lottie.

— Katharine está cansada e Charlotte está dormindo. - Kate respondeu. - Bom dia.

— Bom dia. - ele a beijou. E então a abraçou forte.

Algo na forma como ele a abraçou a fez perceber que aquilo não era simplesmente um cumprimento. Nem mesmo tinha realmente a ver com a situação pela qual estavam passando. Kate tinha esquecido completamente por que o dia 21/08 parecia uma data tão familiar, e só lembrou naquele momento - o aniversário da morte de Edmund era no dia 22.

Ou seja, naquele dia.

— Doze anos, não é? - ela perguntou, mais para confirmar que era aquilo do que qualquer outra coisa. Anthony simplesmente assentiu e inspirou um pouco mais fundo o perfume do seu cabelo. - Você devia ir visitar ele. - ela disse, depois de um momento de silêncio. - Eu posso ficar e eu sei que, se não estivéssemos aqui, é onde você estaria.

— Não. - ele disse, soltando um pouco o abraço. - Hoje é um dia difícil, sim, mas eu estou exatamente onde devia estar e onde quero estar.

— Tem certeza? - Kate questionou, sua voz num tom bastante terno. Anthony era provavelmente o mais apegado ao pai dentre os irmãos (apesar de todos o amarem muito) e sentiu a morte dele por bastante tempo.

— Sim. Quando estivermos em casa de novo, eu vou visitá-lo. - ele apenas olhou para a esposa, e então deu uma risada leve. - Sabe, o pior é que, se eu fosse, no segundo em que chegasse no cemitério, eu quase escutaria a voz dele dizendo “Anthony Bridgerton, o que diabos você pensa que está fazendo aqui?”

Ela riu também.

— Eu consigo escutá-lo falando isso. Sua imitação dele continua incrível.

— Não sei como, já que faz 12 anos que eu não escuto a voz dele.

— Pelo que eu me lembro, sua imitação ficou quase igual. - ela sorriu, e então respirou fundo. - Sabe, se você realmente quiser ir...

— Kat. - ele colocou ambas as mãos no rosto dela, fazendo-a olhar nos seus olhos. - Estar aqui é mais importante pra mim do que ir prestar homenagem ao meu pai hoje. Eu posso fazer isso qualquer outro dia.

— Ok. - ela respondeu e o abraçou.

Kate inspirou fundo perto de seu pescoço, sentindo o perfume que tantas vezes a tinha incendiado, mas que, no momento, só a fez sentir o conforto que simplesmente estar perto dele lhe trazia. Então ela relaxou em seu abraço e deitou a cabeça no seu ombro. Estar ali, com os braços dele ao redor de seu corpo simplesmente a fazia sentir segura. Inferno de homem cheiroso. Eu poderia só fechar meus olhos e continuar aqui por uns minutos, ela pensou.

E foi isso que fez.

— Amor. - Anthony chamou, passando a mão pelo cabelo dela.

— Hm?

— Você está dormindo em pé.

— Estou?

— Está. - dava para perceber o sorriso pela voz dele.

— Hm. - ela não se moveu. - Só mais cinco minutos, por favor.

— Vamos fazer assim: eu vou começar a me afastar de você bem devagar. - ele fez como estava dizendo, se afastando devagar, mas ainda mantendo suas mãos nos braços de Kate, para poder firmá-la se por acaso ela estivesse mais dormindo que acordada. - Quando você conseguir se firmar em pé, vai no banheiro lavar o rosto e aí a gente conversa direitinho, ok?

Ela assentiu e foi no banheiro lavar o rosto.

— Desculpe. - ela disse, enquanto voltava secando o rosto com uma toalha. - Não fazia ideia que estava tão cansada.

— Nunca peça desculpa por adormecer me usando como apoio.

— Assim eu fico mal acostumada.

— Será que é realmente um mau costume? Porque eu honestamente não me importo. Eu gosto que você confie em mim o suficiente pra acreditar que pode dormir em pé porque eu não vou te deixar cair.

— Eu confio mesmo.

— O que acha de mudar nosso combinado um pouquinho, então? Você vai pra casa, mas, ao invés de só tomar um banho e comer alguma coisa, você dorme na nossa cama terrivelmente confortável até ficar descansada, enquanto eu fico aqui cuidando da Lottie até você voltar.

— É uma proposta muito tentadora.

— Então vá. Eu fiz uma vitamina de manhã e guardei um copo para você na geladeira. Também tinha feito café, mas acho que não é a melhor coisa para se tomar antes de dormir.

— Você é incrível. - ela disse e lhe deu um selinho.

— Eu só estou fazendo o mínimo.

— Não é o mínimo.

— Ok, pode não ser o mínimo, mas só porque eu não vejo o que estou fazendo como uma obrigação. Só estou cuidando da minha família.

***

Dois dias depois, Anthony saiu do trabalho e foi ao cemitério, levando três ramalhetes de flores, um para seu pai, outro para Siena e outro para Miles e Mary. O objetivo de sua visita era o primeiro, mas sentiu como se devesse passar nos outros dois lugares também, apesar de querer chegar logo em casa. Charlotte tinha sido liberada para ir para casa na noite anterior, então ele tinha voltado ao trabalho por insistência de Kate (queria ficar ao menos mais aquele dia em casa se por acaso alguma coisa acontecesse, mas ela tinha jogado a carta da crise de meia-idade de novo e ele rapidamente decidiu ir), mas, enquanto estava no trabalho, só pensava em como as coisas estavam em casa.

Assim, decidiu sair um pouco mais cedo para poder ter o tempo de conversar com seu pai, como sempre fazia, mas também para prestar homenagem aos seus sogros e à sua ex-esposa. Não sentia mais o luto por Siena e nem estava mais apaixonado por ela, mas sentia que ela ainda merecia algum respeito de sua parte, afinal ela o amava quando morreu e ele devia honrar os sentimentos dela, certo?

Aquilo era confuso. Ninguém tinha lhe dado um manual de instruções ou lhe dito como devia se portar ou por quanto tempo após a morte dela devia continuar fazendo isso. Achava que poderia perguntar a sua mãe, mas ela ainda sentia a falta de seu pai e nunca tinha procurado alguém novo. Além do mais, a situação deles era completamente diferente. Seus pais tinham estado juntos por mais de vinte anos e tiveram oito (!) filhos, enquanto ele e Siena passaram apenas três anos juntos; a essa altura, já fazia mais tempo que ela tinha morrido do que o tempo que passaram juntos. Certo que o tempo não pode medir a intensidade do amor que as pessoas sentem (a forma como ele se sentia com Kate era uma prova disso), mas, mesmo assim, não parecia certo que ele passasse doze anos cumprindo aquela rotina quando não sentia falta dela.

E a verdade é que não sentia falta dela havia um bom tempo. Não foi algo que aconteceu porque se apaixonou por Kate, mas algo que já tinha acontecido bem antes disso.

Como não achava que ela fosse querer saber que a tinha superado, simplesmente passou lá e deixou as flores sem se demorar muito. A parada seguinte também foi rápida. Passou pelo local onde Mary e Miles estavam enterrados, arrancou algumas ervas daninhas e deixou as flores perto da sepultura.

— Estou cuidando delas, podem relaxar. - ele disse, ficando um pouco de lado. - Não dizendo que a Kate precise de alguém que cuide dela, mas… ah, a quem eu quero enganar? Na maior parte do tempo, sou eu que preciso dela, muito mais do que ela precisa de mim. Enfim, obrigado por ela existir.

Em seguida, Anthony fez o caminho até onde seu pai estava enterrado, se deparando com o túmulo cheio de ramalhetes de jacintos-uva, muito semelhantes ao que ele próprio carregava. Não conteve o sorriso. Essas eram as flores favoritas dele e todo mundo sabia, então, todos os anos, todos levavam arranjos com jacintos. Como geralmente era o primeiro a ir, nunca tinha visto o resultado final de todos aquelas flores iguais amontoadas e, por alguma razão, achava aquilo engraçado.

— Oi, pai. - ele disse, sentando em frente ao túmulo. - Já faz quase um ano desde a última vez que eu vim aqui conversar mesmo com você e eu queria pedir perdão por isso. Eu sei que o senhor entende porque não vim no domingo, mas isso não desculpa o resto do ano inteiro. Bastante coisa mudou desde então e, apesar de saber que você está vendo aí de cima e que a mamãe provavelmente já te contou tudo, eu ainda queria te contar. Eu me casei com a Kate. - ele fez uma pausa e sorriu. - Não é tão surpreendente quanto eu imaginava que seria, certo? Acho que você desconfiava que isso aconteceria algum dia, antes mesmo que eu te contasse que gostava dela. Agora o que eu sinto vai bem além de gostar. Eu te juro, pai, nunca me senti desse jeito com mais ninguém. Eu achava que sabia o que era amar alguém completamente, mas eu estava errado. Só descobri o que isso significava com ela. Engraçado como demoramos a perceber as coisas que deviam ser mais óbvias, não? Ela é uma força da natureza. Não sei como pude me manter alheio a isso por tanto tempo. Queria ter percebido isso anos atrás. Teria me poupado de bastante coisa e… - ele parou por um momento. - Não. Não anos atrás. Queria ter percebido isso há três anos e meio. Se fosse antes disso, não teríamos Lottie hoje e meu mundo seria definitivamente menor e mais triste. A propósito, agora você é avô. - ele sorriu novamente. - O nome dela é Charlotte e eu tenho certeza que ela é a criança de 3 anos mais esperta que já existiu. Mamãe concorda comigo quando eu digo isso, mas acho que ela acredita que foi a Hyacinth, e, bom, até a Lottie chegar na minha vida, eu tinha que concordar com ela. Mas também já aceitei que nossas opiniões são muito parciais e que ninguém vai ceder. Faz parte. - ele deu de ombros. - Eu queria muito que você estivesse aqui para conhecer ela. - as lágrimas começaram a correr livremente pelo rosto dele. - Apesar de esse ser um pensamento relativamente frequente para mim, acho que nunca quis tanto que você estivesse aqui quanto quando percebi que você nunca conheceria sua neta. Nem mesmo quando eu percebi que estava ocupando o lugar de pai na vida dela. Eu poderia ter feito bom proveito de umas dicas suas, mas acho que estou me saindo bem. Kate é incrível com ela, então acho que é bem mais fácil pra mim, já que eu só preciso seguir o que ela faz e tentar imitar você. Mas por que você nunca disse que, cada vez que um de nós chorava, parecia que o chão ia se partir em dois e te engolir? Eu sei que isso é algo que o Anthony de 18 anos ia escutar e não ia acreditar ou acharia que era uma grande besteira, mas o Anthony de 30 anos agradeceria ter sabido disso antes. - ele fez uma pequena pausa e engoliu em seco. - Tem umas duas semanas que eu assustei a Lottie sem querer. Tinha raspado o cabelo para apoiar ela, já que está com leucemia e o cabelo caiu, mas ela não me reconheceu. Eu acho que só a tinha visto tão desesperada uma outra vez e, das duas vezes, parecia que meu coração ia se partir. Meu Deus, como eu queria ter sabido antes. - ele respirou fundo. - A razão para eu não ter vindo domingo foi porque ela recebeu um transplante de medula no sábado e só foi liberada para voltar para casa ontem de noite. É a maior chance de melhora dela e estamos bem esperançosos de que vá funcionar, mas é assustador. - as lágrimas simplesmente rolavam pelo rosto dele, que não fazia nenhum esforço para contê-las. - E eu odeio até pensar nessa possibilidade, mas, se algo der errado, você cuida dela até eu chegar por aí?

Ele simplesmente ficou ali, de olhos fechados e deixando que as lágrimas rolassem pelo seu rosto, se sentindo mais próximo do pai do que tinha se sentido em muito tempo.

And if I didn't know better / E se eu não soubesse a verdade

I'd think you were talking to me now / Eu pensaria que você está falando comigo agora

If I didn't know better / Se eu não soubesse a verdade

I'd think you were still around / Pensaria que você ainda está por aqui

What died didn't stay dead / O que morreu não permaneceu morto

What died didn't stay dead / O que morreu não permaneceu morto

You're alive, you're alive in my head / Você está vivo, você está vivo na minha cabeça

What died didn't stay dead / O que morreu não permaneceu morto

What died didn't stay dead / O que morreu não permaneceu morto

You're alive, so alive / Você está vivo, tão vivo

— Anthony? - a voz familiar do irmão o tirou do estado em que estava.

— Benedict? O que está fazendo aqui?

— Eu sempre venho no dia do enterro. - ele tinha um ramalhete na mão, que logo depositou ao lado de onde estavam as outras flores. Só então foi que notou o estado do irmão. - Você está bem? - perguntou, já sentando ao lado dele.

— Não. - ele fungou e limpou o rosto.

— Tá tudo bem com a Lottie?

— Sim. Ela está em casa com a Kate e, até onde eu saiba, não teve nenhuma reação depois que chegamos ontem de noite.

— Isso é bom, não é?

— Eu acho que sim. Ainda assim, é assustador pensar que...

— Algo poderia dar errado? - Benedict completou.

— É. - Anthony respirou fundo. - Eu nunca quis tanto que algo desse certo na minha vida quanto eu quero que isso dê agora. Não sei se vou aguentar ver ela sofrendo de novo depois de achar que tudo ficaria bem. E aí eu sofro porque ela está sofrendo e porque Kate está sofrendo porque ela está sofrendo. Eu nunca pensei que fosse ter um instinto tão protetor com alguém, Benedict.

— Nem mesmo com as nossas irmãs?

— Eu amo as meninas, claro, mas não chega nem perto.

— Então boa sorte pra Lottie se você não era tão protetor assim na época que a Daphne disse que estava namorando com o Simon.

Aquilo foi idiotice, não proteção.

Benedict piscou os olhos algumas vezes.

— Quem é você e o que você fez com meu irmão?

Anthony o empurrou com o ombro.

— Idiota. - ambos sorriam. - Algum conselho do que fazer até descobrirmos se deu certo ou não daqui a seis semanas? - antes que Benedict pudesse responder, ele se corrigiu. - Quer dizer, sete. Ainda tem o tempo para o exame ficar pronto.

— Vá pra casa ficar com sua família. - Benedict disse, simplesmente. - Claramente é o que você quer fazer agora. Além disso, não acho que nada que eu disser vai te ajudar, principalmente depois de você ter passado um tempo com o melhor ouvinte de todos os tempos.

— Mas você ajudou. É sempre bom falar com o papai, mas de vez em quando eu quero um ouvinte que me responda também. Obrigado por ter me deixado invadir seu momento.

— Você parecia precisar desabafar um pouco. E eu estou aqui sempre que precisar disso.

Anthony o abraçou.

— Eu acho que não digo isso com muita frequência, mas eu te amo.

— Também te amo. - Benedict respondeu, dando dois tapinhas nas costas dele.

***

Cerca de 20 minutos depois, Anthony chegou em casa. Como tinha estado no cemitério e sua mãe sempre dizia que devia lavar os pés antes de entrar em casa quando vinha de lá, ele entrou pela porta dos fundos da casa, parando primeiro no quintal para bater a terra da sola dos sapatos e depois na lavanderia, onde deixou os sapatos e as meias.

— Anthony? - Kate chamou. Pela altura da voz dela, devia estar na cozinha.

— Oi. - ele entrou na cozinha com uma mão atrás das costas. Então se aproximou dela e a beijou. - Como estamos?

— Ela está agitada e eu cansada. Você não tem noção de quanta coisa eu já fiz dentro dessa casa hoje.

— Pode deixar que eu faço o jantar então.

— Já fiz. Achei que você fosse demorar mais pra chegar.

— Ok, então eu lavo a louça.

— Pronto, obrigada. Já é uma coisa a menos para eu fazer amanhã.

— Você parou em algum momento entre a hora que eu saí depois do almoço e agora?

— Não. E já vou avisando que ano que vem, quando eu tirar férias de novo, quero férias de verdade. - ela logo remendou. - Não que não seja bom poder estar em casa.

— Eu sei. - depois iria conversar com ela sobre contratarem uma diarista para ir ao menos duas ou três vezes na semana e ajudar com a limpeza. Tinha sugerido isso logo que se mudaram, mas ela não queria, então compraram um robozinho aspirador de pó. O robô era de muita ajuda, já que podiam ligar e ir fazer outra coisa enquanto ele trabalhava, mas, mesmo assim, a casa ainda era gigante (e tinha 4 banheiros). Eles limpavam um pouco da casa todos os dias, mas parecia que, quando acabavam de limpar, o que tinha sido limpo no começo já estava sujo. Mas esse não era o momento para discutir isso. Ele puxou a mão de trás das costas e estendeu um buquê de lírios laranja para Kate. - Eu vi esses lírios e lembrei de você.

— Sem ocasião? - ela perguntou, levantando uma sobrancelha, mas já pegando o buquê e o cheirando.

— É. Eu passei na floricultura e pareceu um crime não trazer flores para você.

Ela sorriu.

— Obrigada. Eu amei minhas flores.

— Papai chegou! - Charlotte disse animada, vindo quase que correndo da sala, Newton correndo atrás dela. Kate tinha esquecido a portinha de segurança aberta, mas, naquele momento, não importava, já que os dois estavam ali.

— Oi, meu amor. - ele disse, a pegando no colo e lhe dando logo um beijo na bochecha. - O que vocês fizeram hoje?

Lottie começou a relatar, muito animadamente, o que elas tinham feito naquele dia, sendo interrompida de vez em quando por Kate, que complementava o que ela dizia.

E, nesse momento, observando as duas pessoas que mais amava no mundo falando sobre seu dia, Anthony teve certeza.

Ele tinha nascido para estar ali. Ali na sua cozinha, descalço e usando um terno, numa praia, ou em qualquer outro lugar, desde que estivesse com elas.

***

Já faziam quase quatro semanas desde que o transplante tinha sido realizado e Charlotte estava reagindo muitíssimo bem, tendo sido liberada para voltar a assistir as aulas na semana anterior. Ela não podia brincar com a bola ou no playground, mas, desde que não se cansasse, estava tudo bem. Tinham esperado que ela voltasse a reclamar de ser a única pessoa sem cabelo e, apesar de não ter feito isso de maneira direta, começou a pedir para ir de touca para a aula.

Anthony respirou fundo. Não dava para vencer todas as batalhas.

Ele olhou para um lado e para o outro do corredor, procurando pela sala de Charlotte. Durante a semana que ela tinha voltado, tinha ido buscá-la na sala apenas uma vez, então ainda não tinha decorado qual era. Estava lá para participar de uma reunião com a professora e o resto dos pais da turma. Tinha combinado com Kate que os dois iriam participar dessa primeira reunião e que depois podiam revezar, mas, como Lottie tinha tido uma febrezinha depois de voltar da aula, ela pediu que ele fosse sozinho.

É a terceira ou a quarta porta do lado direito do corredor?, ele pensava enquanto observava o corredor, que ainda estava praticamente vazio. Depois de 30 segundos de deliberação sobre qual seria a sala, resolveu simplesmente perguntar a uma mulher que estava do outro lado do corredor olhando alguns dos desenhos na parede.

— Hm, com licença, você sabe onde a reunião vai acontecer? - ele perguntou.

— Eu acredito que... - a mulher começou a se virar para ele e então congelou no lugar.

Anthony tinha reconhecido a voz antes que ela se virasse, mas sua mente logo lhe disse que não podia ser. Devia ser alguém com a voz parecida, já que não tinha como ele encontrar com ela ali ou em qualquer lugar. Seria mais fácil de ele encontrar o rei do Butão do que ela.

— Siena?


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Notas finais do capítulo

Até terça ;)



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