Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 26
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Oieee!
Feliz sábado de carnaval!
Me dói muito escrever isso pensando que ano passado a essa hora eu tava tentando tirar glitter do corpo porque tinha ido pra um show de noite com minha amiga e que agora tô trancada dentro de casa, mas enfim, espero que vocês gostem do capítulo. E desculpem pelo possível gatilho com a conversa de carnaval.

Beijos,
Mavelle



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Bem cedo na manhã seguinte, como era seu costume de domingo, Charlotte praticamente invadiu o quarto dos pais. Já sabiam que isso aconteceria, então lembraram de se vestir novamente depois do “culto” e de deixar a porta destrancada.

Lottie entrou sorrateiramente no quarto e estava se aproximando da cama, mas parou quando chegou perto o suficiente. Quem estava ali? De um lado, estava sua mãe, mas do outro estava uma pessoa que não era seu pai.

Então ela gritou.

— O que aconteceu? - Anthony perguntou, acordando assustado e já se sentando na cama. Kate também acordou, mas não falou nada, apenas se sentou, tentando identificar o que estava errado.

Charlotte tinha se afastado de perto da cama e estava definitivamente chorando.

— Papai! - ela chamou, quase desesperada. Não o estava reconhecendo.

Kate se levantou logo da cama e foi para onde ela estava, tentando acalmá-la.

— Calma, meu amor. - Anthony disse, se levantando e indo devagar até onde elas estavam. - Sou eu.

Ela simplesmente afundou ainda mais o rosto no ombro da mãe, ainda chorando.

— Calma, Lottie. Basta olhar. - Kate incentivou, passando a mão nas costas dela devagar. - Ele tá um pouquinho diferente, mas é o papai.

Anthony se sentou ao lado delas no chão e esperou Charlotte ter coragem de levantar a cabeça. Não tinha parado para pensar que talvez ela fosse estranhar tanto assim sua mudança de visual. Também não tinha passado pela cabeça de Kate, mas tinham esquecido que ela iria procurá-los e não o contrário, por ser um domingo.

— Está tudo bem, Lottie. - ele disse, tentando manter o tom calmo. - Escute, é a minha voz. - A isso, Charlotte, que já estava um pouco mais calma, levantou o rosto ainda cheio de lágrimas e finalmente o reconheceu, se jogando para os braços dele. Ele apenas a abraçou e soltou a respiração que estava prendendo. - Desculpa ter te assustado. - ela assentiu, o rostinho enterrado no peito dele. - Não era isso que eu queria.

Charlotte o soltou e se afastou um pouco, para poder olhar direito para ele.

— Mas... seu cabelo! - ela disse, claramente confusa.

— Eu não fiz isso pra te assustar. - ela passou as mãos pela cabeça dele, para constatar que o cabelo dele não tinha ficado invisível ou algo do tipo. - Gostou? - ele perguntou a ela, com um sorriso.

— Não. Parece o meu.

— Era isso mesmo que eu queria. Você ficou tão linda assim, queria ver se dava certo comigo também. - ela negou com a cabeça e ele quis rir.

— Tá feio.

— Estão lindos, os dois. - Kate, que até o momento apenas observava a troca entre eles, disse, emocionada. - Meus carequinhas.

— Se ela disse que estamos bonitos, eu vou acreditar. - Anthony disse, olhando de Kate para Lottie, que respondeu com uma careta. - Muito em breve, você vai descobrir que sua mãe está sempre certa.

— Isso é verdade, claro. - Edwina disse. Os três viraram a cabeça para a porta do quarto, onde ela estava. Não sabiam quando ela tinha chegado ali, mas não era uma interrupção ruim. - Ela sempre está certa. Chega a ser um pouco irritante, mas é assim.

— E o que você acha, Eddie? - Kate perguntou.

— Eu concordo. Acho que os dois estão lindos.

— Tá vendo? - Anthony disse, olhando para Lottie. - Sua tia concorda e eu também.

Ela olhou para ele estreitando os olhinhos e então virou o rosto para a mãe.

— Tô com fome.

— Tá bem. - Kate disse, já levantando do chão e pegando a mão de Charlotte. - Vamos descer e preparar alguma coisa para comer. - então virou-se para a irmã. - Inclusive, como você subiu, Eddie?

— Devagar, apesar de estar quase desesperada porque tinha ouvido a Lottie gritar. - ela respondeu. - Acho que foi um bom teste na minha perna.

— Quer ajuda para descer? - Anthony ofereceu, levantando também.

— Acho que estou bem. Além disso, tenho que me acostumar a subir e descer escadas de novo, já que vou começar no emprego novo semana que vem e tudo o mais e universidades antigas têm escadarias e mais escadarias.

— Bom treino, então.

— Tia Eddie vai embora? - Charlotte perguntou, claramente triste.

— Vou sim. - ela respondeu, com um suspiro. - Mas não agora, só no sábado que vem.

— Posso ir, mamãe? - Lottie perguntou, já segurando a mão da mãe para descer as escadas.

— Você não ficaria com saudade da gente? - Kate perguntou.

— Só uns dias, depois eu volto.

— Talvez quando você for mais velha.

— Quando tiver 3 anos? - ela perguntou, esperançosa.

— Você vai ter 3 anos daqui a quatro dias, então não. - ela respondeu, mas depois suspirou. - Talvez quando tiver 7 anos. - ela olhou tanto para Anthony quanto para Edwina e os dois assentiram.

— Isso tá perto?

— Mais ou menos. - Anthony disse. Seria em 4 anos e Deus sabia como 4 anos podiam passar voando ou ser uma eternidade. No caso, era mais do que toda a vida dela, mas ela não precisava saber disso.

— Eu espero. - ela declarou.

Depois disso, foram para a cozinha fazer o café da manhã. Quando terminaram de comer, Edwina e Heather foram passear com Newton, deixando os três principais moradores da casa sozinhos. Eles se sentaram no sofá da sala, com Lottie entre os pais.

— O que você quer fazer agora? - Anthony perguntou a Charlotte.

— Vamo ver Enrolados? - ela pediu.

Tanto ele quanto Kate já tinham aprendido as falas de tanto que ela assistia o filme, mas notaram que era a primeira vez que ela pedia pra assistir depois da queda do cabelo, que tinha acontecido quase um mês antes. Isso tinha que significar alguma coisa, certo?

— Claro. - Kate disse.

Eles logo ajeitaram o filme antes que ela mudasse de ideia.

E então, enquanto via ela se maravilhar com o filme como se fosse a primeira vez que assistia, Kate segurou a mão de Anthony e a apertou de leve. Apesar do susto, a ideia dele tinha dado certo.

***

No sábado seguinte, apesar de ainda ser relativamente cedo (apenas 22 horas), ambos Anthony e Kate já estavam deitados na cama. Tinham chegado do aeroporto cerca de uma hora antes e, depois de um jantar leve, os três foram dormir.

A semana tinha sido bem cansativa, entre os preparativos para o transplante de Lottie, a mudança de Edwina e a viagem de Anthony, que tinha acabado de voltar depois de 5 dias em Paris. A viagem estava marcada há mais de 6 meses e ele devia ir para receber um prêmio em nome da empresa e também para fazer uma vistoria na filial francesa, mas, com a piora de Lottie, quase pediu que Daphne fosse sozinha.

— Acho que vou pedir pra Daph ir no meu lugar. - Anthony disse para Kate, cerca de duas semanas antes da viagem.

— Você precisa ir. - Kate disse, com um suspiro cansado. Já tinham tido essa conversa pelo menos 5 vezes, mas ele ainda não se convencia.

— Eu não quero ir.

— Infelizmente, fazer coisas que não queremos é parte de ser adulto. Nós vamos ficar bem.

— Não queria que eu ficasse?

— Querer eu até queria, mas você precisa ir.

— Mas…

— Amor, a linha entre “dedicado à família” e “CEO irresponsável que passa tempo em casa enquanto devia estar trabalhando” é muito tênue. - ela o interrompeu, antes que ele pudesse dizer seu argumento. - Se você não for, vão te colocar no segundo grupo. Em qualquer outro momento, eu não pediria para você ficar, mas não me oporia se decidisse ficar, mas agora, quando estão só te esperando dar um passo em falso, não posso te deixar ficar, não importa o quanto eu queira isso. - ele ficou em silêncio, porque sabia que ela não tinha terminado. Kate continuou a falar depois de respirar fundo um momento. - Eu sei o quanto você ama o seu trabalho…

— Não mais do que eu amo vocês.

— Claro que não, mas eu te conheço e sei que, se você perdesse o trabalho por causa disso, acabaria se arrependendo um dia. Talvez não no dia seguinte, mas anos depois você olharia para trás e pensaria que devia ter ido passar 5 dias na França.

— Eu nunca culparia vocês por isso.

— Eu sei que não, mas eu me culparia. Então, por favor, vá nessa viagem. Se não por você, então pela sanidade mental da Kate de daqui a 15 anos.

Ele respirou fundo e Kate soube que tinha ganhado.

— Ok. Pela sanidade mental da Kate de daqui a 15 anos, eu vou.

— Obrigada. E, pelo que eu sei, provavelmente acabamos de evitar uma crise de meia-idade.

Ele estremeceu.

— Você devia ter começado por aí.

— A ideia de uma crise de meia-idade é pior pra você do que a ideia de perder seu emprego? - Kate achou graça.

— Eu poderia começar um outro negócio, mas crises de meia-idade geralmente são sinônimo de trair a esposa e com uma garota com idade de ser sua filha, até que a esposa o deixe e ele passe o resto de sua vida sozinho e infeliz, porque os filhos vão ficar do lado da mãe, claro. Você é a melhor coisa que já me aconteceu. Não gosto nem de pensar nessa possibilidade. Também não gosto de ir embora quando sei que poderia ser necessário aqui, mas me parece o menor de dois males.

Assim, Anthony tinha passado os 5 dias da viagem angustiado e querendo saber notícias de casa o tempo quase todo. Inclusive, tinha achado que chegaria um momento em que Edwina começaria a ignorá-lo, mas ela era paciente (mais do que ele, Kate e Charlotte juntos) e só lhe mandou uma indireta dizendo para ir trabalhar. E isso foi num dia normal. No dia em que precisaram levar Lottie para o hospital porque ela passou mal depois da quimioterapia, Daphne precisou dar um calmante a ele para que conseguisse dormir.

Para completar, estava se sentindo culpado, tanto por estar longe da filha no aniversário dela, quanto por estar longe enquanto ela estava mal, já que assim não podia dar apoio a Kate. A verdade é que estava com saudades de casa e com um pouco com raiva de ter se imposto isso.

Agora tudo já estava melhor pelo simples fato de ele ter chegado em Londres.

E essa era a opinião de Kate também. Apesar de Edwina ser uma excelente companhia, queria ele do seu lado. Tinha sentido falta da sua presença calma quando estavam no hospital e também de conversar com ele sobre tudo e nada enquanto se preparavam para dormir. Sabia que ele tinha os mesmos temores que ela, mas que tentava não exteriorizar no meio do tumulto para ajudá-la a lidar melhor, o que a fazia amá-lo ainda mais. Depois que o momento passava, ele confessava seus medos, mas, enquanto não, tentava manter a cabeça no lugar.

Anthony já tinha adormecido e Kate estava para ir dormir também, mas viu que haviam chegado algumas mensagens no telefone. Edwina já tinha dito que tinha chegado em Dublin e que já estava instalada na casa de uma amiga de Heather, onde as duas ficariam até achar um lugar para morar, mas alguma coisa podia ter acontecido. De qualquer forma, era melhor checar.

As mensagens eram da oncologista de Charlotte.

“Dra. Dawson: Boa noite

Dra. Dawson: Desculpe a hora, mas achei melhor informar logo

Dra. Dawson: Consegui marcar o transplante para o sábado que vem, dia 21/08

Dra. Dawson: A doadora precisa vir na sexta feira para podermos coletar e processar o material

Dra. Dawson: Dou mais detalhes durante a semana, mas preciso falar logo sobre uma coisa importante

Dra. Dawson: Já estávamos na preparação para que isso acontecesse, mas, com a aproximação do transplante, é preciso que ocorra uma sessão extra de quimioterapia essa semana, na sexta feira

Dra. Dawson: Essa última vai ser mais intensa, então o ideal é que ela já fique no hospital

Dra. Dawson: Ok?”

Kate respirou fundo. Tinha alguma coisa familiar sobre o dia 21/08, mas, o que quer que fosse, não era tão importante quanto isso. Estava apreensiva e esperançosa ao mesmo tempo e queria que o transplante acontecesse logo.

“Kate: Ok

Kate: Muito obrigada

Kate: Vou avisar minha cunhada”

Ela em seguida bloqueou o telefone e se deitou de novo na cama. Tinha que falar com Eloise e com Anthony, mas ambos podiam esperar até o dia seguinte, principalmente porque ele já estava dormindo. Kate simplesmente ficou deitada, apenas olhando para o marido. Era meio estranho da parte dela, mas tinha sentido falta dele e não conseguia evitar.

— O que você está olhando? - ele perguntou, ainda de olhos fechados.

— Você.

— Por que?

Ela suspirou.

— Estava com saudade.

Algo no tom de voz dela deve ter denunciado que queria falar alguma coisa, porque ele abriu os olhos.

— O que foi?

— Nada demais. Na verdade, é bem importante, mas acho que pode esperar até amanhã de manhã. - ela disse, acariciando a bochecha dele com o polegar. - Você precisa dormir agora.

— Preciso? - ele questionou, já a puxando mais para perto.

— Sim. - ela respondeu, apoiando a cabeça no peito dele. - Amanhã é domingo, o que quer dizer que não precisamos acordar cedo, mas você estava em outro fuso horário, então precisa dormir.

— Só era uma hora a mais.

— Mesmo assim, você precisa descansar.

— Eu estava com saudades. - ele disse, a puxando ainda mais para perto e beijando seu pescoço.

— Eu também. - ela o beijou de leve.

— Ok, o que você queria me contar?

Ela revirou os olhos e se deitou de lado de novo.

— Você não vai me deixar em paz até eu te dizer, né?

— Não. - ele sorriu.

— A dra. Dawson marcou o transplante para o sábado que vem.

— Já?

— É.

— E você não achou importante me dizer logo?

— Ela acabou de me mandar a mensagem e eu achava que você estava dormindo.

— Tudo bem. Mas ainda bem que ela já marcou o transplante.

— Sim. Eu pensava que ainda iria levar mais algum tempo para que isso acontecesse, mas é melhor que seja logo.

Ele assentiu e então a puxou de volta para abraçá-la. Era um assunto que os deixava tensos e ansiosos (compreensivelmente) e, depois de uma semana longe um do outro, a proximidade ajudava a diminuir a sensação. Os dois passaram um momento apenas abraçados.

— Sabe o que eu acho? - Anthony perguntou, quebrando o silêncio.

— Hm?

— Nós devíamos ir para a praia. - ele disse, olhando para ela. - Só nós três. Amanhã de manhã.

— Amanhã? - Kate questionou. A praia mais próxima devia ficar a uma hora e meia da cidade.

— É. Segunda-feira nós dois temos que ir trabalhar e depois de sábado acho que estaremos bem mais reclusos. Acho que seria uma boa despedida das férias para a Lottie.

— Concordo. - ela parou um pouco para refletir. - Nossa, acho que não vou na praia de verdade desde aquela viagem que fizemos uns dois anos atrás.

— Vamos então. Ela provavelmente nem lembra como é ir para a praia.

— Considerando que ela só tinha acabado de fazer um ano, eu realmente acho que não. - ela sorriu. - Acabei de lembrar de um vídeo absurdamente fofo em que a Lottie está sentada em cima de uma mesa e você está numa cadeira de frente pra ela e começa a explicar porque o novo sistema de impostos de Londres era ruim para o contribuinte e para a cidade. Você falava e falava e falava e ela continuava olhando para você como se estivesse fascinada e prestando a maior atenção possível.

Ele sorriu.

— Eu lembro disso. Não sabia que existia um vídeo desse momento.

— Tem sim. Ela só ficava concentrada daquele jeito vendo desenho ou mamando, então eu tinha que registrar o momento.

— Eu falando de impostos estava equiparado aos seus peitos na mente dela? Meu Deus, que mau gosto. - Kate começou a rir.

— Acho que ela só gostava de ouvir sua voz. Não é como se ela entendesse o que você estava dizendo.

— Mesmo assim, não tem como achar interessante, nem mesmo pelo tom de voz.

— Novamente, acho que ela só gostava de ouvir você falar. É a mesma coisa até hoje. Eu disse que ela pediu pra eu imitar sua voz ontem?

— Não. - ele estranhou. - Por que?

— Como teve a premiação ontem e você não pôde ligar, ela pediu que eu desse boa noite duas vezes, uma com a minha voz e outra vez imitando a sua. - ele começou a rir. - É sério. Pelo menos, ela percebeu logo que eu não sei fazer imitações.

— Meu Deus, agora tem um total de duas coisas que você não sabe fazer bem e eu sei.

— E o que você não sabe fazer?

— Eu não sei patinar nem enrolar a língua.

— Ok, não tem nada que eu possa fazer sobre o último, mas eu posso te ensinar a patinar.

— Quer que eu te ensine a dançar?

— Bom, você é um condutor decente, então desde que eu não precise dançar com mais ninguém, acho que estou bem.

— Hm, então eu tenho a escolha de te ensinar a dançar ou você nunca mais vai dançar com outra pessoa. - ele pareceu ponderar um momento. - Acho que você tem sorte que eu gosto de dançar com você e que eu não me importo com a ocasional pisada no pé.

Ela o chutou de leve e ele começou a rir.

— Ei, eu combinei com a sua mãe de deixar a Lottie lá enquanto trabalhamos essa semana, já que a Eddie foi embora. - ela disse, aproveitando que tinha se lembrado disso.

— Ótimo. Eu fico bem mais tranquilo sabendo que ela vai estar com a minha mãe.

— Eu também. E eu preciso ir trabalhar, já que vou entrar de férias segunda que vem e nós dois sabemos que não dá pra fazer muita coisa de casa. Estamos bem perto de ganhar o prêmio, mas ainda precisamos de um último esforço.

— Quão perto nós estamos? - ele perguntou, genuinamente curioso.

— Bastante. Mesmo que nesse mês só consigamos vender 70% dos anteriores, vamos conseguir bater a meta. Além disso, é o mês antes da volta às aulas, então é o que tem o maior índice de vendas, e ainda temos setembro.

— Por que eu não sabia de como estava o andamento do plano?

— Não sei. Você me deu controle total desse projeto, então acho que esqueci de ir te atualizando fora das reuniões com os coordenadores. - ela deu de ombros. - Acho que o poder subiu à minha cabeça.

— Eu não conhecia esse seu lado.

— Eu nunca tinha tido tanto controle sobre um projeto. Obrigada por confiar em mim.

— Não tem mais ninguém a quem eu confiaria esse projeto. Ou qualquer outra coisa.

— Não dizendo que não me sinto lisonjeada, mas talvez devesse haver mais alguém em quem você confiasse para isso.

— O que você quer dizer? - ele parecia confuso.

— Que deveria ter alguém para ocupar meu lugar. Eu tenho plena consciência de que, se não fôssemos casados, eu já teria sido demitida. - Kate disse, com pesar.

— Kat, não...

— Não tem nada a ver? Bom talvez não tenha tanto a ver com o fato de sermos casados, ou, se isso fosse antes, de sermos amigos, mas mais com o fato de que você não deixaria uma pessoa na nossa situação ser demitida. Mas não é em todo lugar que as pessoas são compreensivas assim. Inclusive, tem quem diga que eu estou recebendo tratamento especial e que ninguém que faltasse tantos dias merecia manter a posição.

— Quem disse isso? - ele parecia revoltado.

— Não importa agora. - ela disse, tentando afastar o foco dele daquilo. Não queria ser responsável por uma pessoa sendo destratada no trabalho ou coincidentemente demitida em algumas semanas.

Ele respirou fundo.

— Não é tratamento especial. Você é competente e, mesmo estando afastada vários dias, sua competência transparece no seu trabalho. Pelas suas projeções iniciais, precisaríamos muito das vendas de agosto, certo? - ela assentiu. - E agora não precisamos tanto. Pode ser que outra pessoa tivesse feito um plano de ação que fosse quase tão bom quanto, mas você tem maior capacidade de liderar do que qualquer outra pessoa que eu conheço.

— Você acha mesmo?

— Sim.

— Isso é um jeito bonito de dizer que eu sou mandona? - Kate perguntou, estreitando os olhos.

Anthony riu.

— Não, mas você é. E - antes que ela pudesse ter alguma reação, ele pegou a perna dela e a puxou sobre o seu quadril, prendendo-a ali - eu não estou reclamando sobre isso. É mais uma das coisas que eu amo sobre você.

— Bom saber. - ela o beijou.

A semana que viria seria louca e angustiante em muitos níveis, mas ambos se sentiam confiantes. O que quer que viesse, enfrentariam juntos e era aquilo que importava.


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