Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Oii!
Feliz sábadoooo e estou aqui para anunciar, que, se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, os capítulos vão voltar a ser postados duas vezes na semana! Eu sei que tinha dito que não tinha previsão, mas adiantei bastante coisa essa semana e, bem, acho que agora dá pra continuar postando duas vezes até o final
Ah, e um disclaimer antes de começar o capítulo (e que vale para toda a história): eu pesquisei sobre a doença da Lottie, mas comecei a escrever algumas coisas e só depois fui ver que (na vida real) não acontece bem do jeito que eu tinha escrito, só que não tinha mais como alterar porque se não algumas coisas iam perder o sentido (e seria MUITO trabalho a refazer, além de que teria de alterar algumas coisas que já tinham sido postadas). Então é isso, tomei algumas liberdades, principalmente em questão do tempo que se passa entre uma coisa e outra e também das restrições sociais, vocês me perdoam?

Beijos,
Mavelle



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Era o dia da festinha de aniversário de três anos de Charlotte e Kate pensava que nunca tinha se sentido menos festiva na vida. Continuava com a certeza quase que irracional de que ela ficaria bem, mas o caminho até lá era bem cansativo. Mais ainda do que tinha sido da primeira vez. Entretanto, Lottie tinha pedido pela festinha, a médica tinha dito que podiam fazer (desde que não passasse de 20 pessoas) e, bem, com certeza faria mais bem do que mal que ela interagisse com outras pessoas que não os pais e a tia. Não ia ser nada muito elaborado, mas era impossível fazer coisas pequenas com uma família tão grande.

Assim, a lista de convidados se resumia aos irmãos deles, Violet e Taylor e os pais dela. A única pessoa que não era do convívio dela era Heather, que tinha ido visitar Edwina e conhecer melhor a família dela, que, apesar de não ser tão numerosa, era extremamente importante para ela. Tinha sido apresentada a Kate, Charlotte e Anthony no hospital, mas foi muito rápido e mal tiveram a chance de conversar, já que o foco era a recuperação das duas. Ela tinha chegado pouco antes desse momento e ficou no andar de baixo ajudando Anthony e Edwina a terminar de montar as mesas enquanto Kate tinha subido para arrumar Charlotte.

E Lottie estava quase pronta quando fez uma de suas perguntas estranhas para a mãe.

— Mamãe, como foi meu aniversário?

— Como assim? - Kate não entendeu a pergunta.

— Meu aniversário. Eu não lembro.

— Bem, nos seus outros dois aniversários você ainda era muito pequenininha para lembrar.

— Não as festas. Antes disso.

— Você quer dizer o dia que você nasceu? - ela assentiu. - Você não lembra porque ninguém lembra do dia em que nasceu, mas eu vou te contar como foi. Já era pra você ter nascido quase uma semana antes e eu estava enorme. Era um dia de domingo e seu pai tinha ido almoçar comigo porque a vovó e os tios tinham viajado e eu também estava sozinha. Então, você decidiu que era a hora de vir, e ele me levou para o hospital, onde você nasceu 4 horas depois. A tia Eddie ia estar comigo quando você nascesse, mas o voo dela atrasou, então eu estava sozinha nessa hora. - Kate recordou como nunca tinha se sentido tão só quanto naquele momento, logo antes de sua filha nascer. A única pessoa no hospital com ela era Anthony e, apesar de ele ter permanecido ao seu lado antes e depois disso, não o deixou entrar com ela. Queria mostrar a quem precisasse ver que era mais que capaz de fazer aquilo sozinha. Além disso, seria estranho tê-lo ali, já que ele era apenas seu amigo na época. Entretanto, agora era estranho dizer que ele estava ali e que, ao mesmo tempo, não estava. O mundo dá umas voltas muito imprevisíveis, Kate pensou, com um sorriso. - Depois que você nasceu, eu estava bem cansada, então o papai te colocou pra dormir enquanto eu cochilava e ficou com a gente enquanto a Vó Let, tia Daph, tio Colin e tio Benny visitavam. Depois a vovó ficou comigo enquanto o papai foi buscar a tia Eddie no aeroporto e ela ficou com a gente até sairmos no dia seguinte.

— E papai foi embora? - Charlotte perguntou, franzindo o cenho. Como que ela pegou isso?, Kate pensou. Eu tenho que começar a dar mais crédito ao que ela entende.

— Sim. Ele também estava cansado e, naquela época, ele ainda não era seu pai.

— E quem era?

— Ninguém. - antes que ela pudesse perguntar por que não era ninguém, Kate viu Anthony passando pela frente do quarto, com certeza indo para o deles tomar um banho e se arrumar. Podia ser uma covarde por mudar o assunto, mas não queria falar sobre aquilo. - Amor, o bolo já chegou? - ela perguntou.

— Sim. - ele respondeu, dando meia volta e já entrando no quarto. - Já está tudo pronto lá embaixo.

— Só falta você, não é? - ela disse, lançando um olhar para ele enquanto ajeitava um último detalhe do vestidinho que Charlotte estava usando.

— E você. - ele disse, olhando para ela. Como no dia do ano novo, ela estava com uma toalha enrolada na cabeça, mas agora estava com uma outra enrolada na altura dos seios.

— Só preciso terminar de secar o cabelo, colocar meu vestido e um pouco de maquiagem. - ela deu de ombros. - Vai ser rápido. - ele levantou uma sobrancelha, claramente duvidando. - Parece até que você não me conhece.

— Eu estou ciente de que você é a pessoa mais rápida do planeta pra se arrumar, mas eu não usaria a palavra só pra dizer que ainda preciso fazer tudo isso.

— E você nem banho tomou ainda.

— Ok, mamãe. - ele resmungou. - Vou tomar banho.

— Ela não é sua mãe. - Charlotte disse, estreitando os olhos. - É a minha.

Os dois adultos trocaram um olhar e quase começaram a rir.

— Eu sei disso, meu amor. - Anthony respondeu com um sorriso e foi beijar a testa da filha. Normalmente, teria dado o beijo no topo da cabeça, mas ela não gostava mais desde que o cabelo tinha caído. - Estava brincando com ela.

— Ou tentando me irritar. - Kate murmurou, mas tinha certeza que ele tinha escutado.

— Jamais. - ele disse, já se aproximando dela e a beijando. - Vou tomar banho.

Depois disso, ele foi para o quarto deles tomar um banho. Mais ou menos dez minutos depois, quando ele já estava terminando o banho, Kate entrou no banheiro com um secador e a bolsa de maquiagem. Tinha deixado Charlotte com Edwina e Heather no andar de baixo e agora ia terminar de se arrumar.

— Por que estamos fazendo isso mesmo? - ela perguntou, suspirando.

— Oi? - ele desligou o chuveiro e começou a se secar. Já tinha terminado o banho e, bom, queria escutar o que ela tinha a dizer.

— Por que estamos fazendo isso? - ela tinha um olhar cansado.

— Porque ela pediu. E porque todos nós precisamos de uma distração agora. - ele disse, aproveitando que ela, assim como ele, ainda estava de toalha e a abraçando por trás. - Você tem noção de quantas ameaças eu recebi dos meus irmãos por pedir que eles não abrissem os resultados?

Kate teve que rir.

Três semanas antes, todos estavam reunidos na casa de Violet para almoçar, como já era costume aos domingos. Depois de almoçarem, todos se reuniram na parte de trás da casa para conversar um pouco antes de irem para as respectivas casas.

— Como estão as coisas? - Colin perguntou ao irmão e à cunhada. Eles sabiam que com aquilo ele queria perguntar como Lottie estava, então responderam logo o que ele queria saber.

— Bem. - Kate respondeu, aproveitando para olhar para ela, que estava dormindo numa espreguiçadeira um pouco afastada do resto do grupo. - Ela está respondendo bem ao tratamento.

— Mas? - Colin incentivou que ela continuasse.

— Como você sabe que tem um mas?

— Você esquece com muita frequência que eu sou seu amigo mais antigo. - ele sorriu para ela.

— Esqueço mesmo. - ela sorriu de volta.

— Qual o mas?

— Ela precisa de um transplante de medula para consolidar o tratamento. - Anthony respondeu, uma de suas mãos repousando despreocupadamente na coxa de Kate.

— O que?

Os três se viraram para Violet, a responsável pela última frase, mas agora os olhos de todos estavam sobre o trio.

— É. - Kate disse. - Ela precisa do transplante de medula e eu, Anthony e Eddie já fizemos o teste, mas nenhum de nós é compatível.

— E então? - Francesca perguntou. - O que vão fazer agora?

— O geneticista disse que, por eu ter uma compatibilidade relativamente alta, alguém da minha família poderia ser um doador. - Anthony respondeu. - Não tínhamos falado sobre isso antes porque ainda tinha a possibilidade da Edwina poder doar e isso parecia mais provável, mas não aconteceu.

Fez-se um momento de silêncio, no qual ninguém fazia nada a não ser encarar Anthony e Kate. Só então perceberam como os dois pareciam cansados.

— Bom, nós somos nove. - Violet disse, quebrando o silêncio e desviando um pouco o foco deles. - Se tirarmos Gregory e Hyacinth, que eu acredito que não podem doar porque são muito novos, e Anthony, que já fez o teste e não é compatível, ainda são seis chances. Vai dar certo.

— Sete. - Simon disse. - Também vou fazer. Sei que as chances são bem pequenas, mas poderia acontecer.

— Obrigado. - Anthony disse, olhando agradecido para o amigo.

— Família é pra essas coisas. Eu sei que eu entrei por causa da Daph, mas, desde a primeira vez que eu conheci vocês, eu sinto como se já fosse parte. Claro que eu nunca vou ter a coragem de tentar entrar no meio de algum jogo de vocês de novo porque eu tenho mais amor à minha vida do que isso, mas vocês são minha família.

— Nós o consideramos desde aquele momento também. - Violet disse, se virando para a nora em seguida. - E o mesmo vale para vocês, Kate. Na verdade desde bem antes de o Anthony te apresentar como namorada dele.

— Eu sempre me senti acolhida aqui. - Kate respondeu. - Desde o incêndio, vocês têm sido a minha família e eu jamais poderia desejar algo mais. Obrigada por serem os melhores tios e tias que nossa filha podia ter. - ela disse, olhando para Anthony com um sorriso enquanto falava da filha. Ele já olhava para ela com um sorriso bobo no rosto o tempo quase todo, mas o sorriso aumentou quando ela disse aquilo. - E avó também, claro. - ela adicionou, olhando para Violet, que sorria para ela.

No dia após essa conversa, todos tinham ido fazer o exame para saber se poderiam ser doadores ou não e os resultados tinham sido liberados na semana antes da festinha de aniversário de Charlotte.

— Sinto muito que você tenha sido ameaçado por não deixar que eles vissem os resultados. - Kate disse, virando de frente para ele.

— A verdade é que, a essa altura, até minha mãe deve ter aberto. - Anthony disse.

Ela riu.

— Então todo mundo já sabe, mas vão fingir que não.

— Provavelmente sim. - ele sorriu.

Ela respirou fundo.

— Eu realmente espero que todo mundo esqueça os problemas em casa e que a comida esteja boa, porque, se alguém olhar diferente pra qualquer um de nós hoje, é bem capaz de eu começar a chorar.

— Chorar de tristeza ou de alegria?

— Vai depender do olhar.

— Espero que ninguém olhe, então. É muito fácil interpretar um olhar da forma errada.

— Nisso você está certo. - ela sorriu e se virou, ficando de frente para o espelho mais uma vez. - Agora vá terminar de se arrumar. Daqui a pouco vão começar a chegar e pelo menos um de nós deveria estar lá para recebê-los.

— Você está me expulsando do nosso banheiro? - ele levantou uma sobrancelha.

— Só um pouquinho. Você me distrai demais. Se não for embora, eu vou ficar conversando com você e nunca vou terminar de me arrumar.

— Mas eu sou uma distração bem-vinda? - Anthony perguntou, ficando bem próximo dela.

— Na maior parte do tempo, sim, mas nesse momento estou quase te trancando pro lado de fora.

— Ok, ok. Eu sei quando minha presença não é querida em um lugar.

Kate revirou os olhos.

— Tá pra nascer alguém mais dramático que você.

Ele depositou um beijo na têmpora dela.

— E você me ama ainda assim.

— Não consegui evitar.

Depois disso, Anthony saiu do banheiro com um sorriso gigante no rosto, deixando Kate no banheiro com um sorriso semelhante no rosto dela.

***

Cerca de 3 horas e meia depois, todos já tinham se empanturrado e rido bastante e tinha chegado a hora de cantar os parabéns. Kate agradecia muito por não ter ninguém supersticioso na família, porque o aniversário de Charlotte de verdade só seria em 5 dias, na quinta-feira seguinte, e havia quem dissesse que dava azar fazer a festa antes do dia certo. Entretanto, resolveram fazer isso porque Anthony ia viajar na terça-feira e só voltaria no sábado de noite, e provavelmente preferiria descansar no domingo ao invés de entreter convidados. Como seria estranho fazer a festinha sem ele, tinham decidido antecipar a comemoração.

— Vamos cantar os parabéns? - Kate chamou Charlotte, que brincava com Taylor, Newton e Colin num canto do quintal, que era onde a festinha estava acontecendo.

— Kate, posso falar com você rapidinho? - Eloise chamou.

— Sim. - ela disse, então virou para Colin. - Você pode levar elas para a mesa? Eu chego daqui a pouco.

— Claro. - ele respondeu, com um olhar conspiratório em direção à irmã.

Kate não soube como evitou olhar de um para o outro, mas, de alguma forma, conseguiu fazer isso. E então Eloise deu o braço a ela e as duas entraram na casa.

— O que está acontecendo? - ela perguntou enquanto Eloise praticamente a puxava mais para dentro da casa.

— Eu precisava falar uma coisa antes do parabéns. - Eloise respondeu. - Agora onde... - nesse momento, Anthony saía da cozinha com a vela que estaria no topo do bolo. Ele estranhou Eloise praticamente arrastando Kate para dentro da casa. - Achei. - ela sorriu para a cunhada e depois virou para o irmão. - Vem com a gente, por favor?

— Pensei que você tinha me pedido pra ir pegar a vela. - ele disse para Kate.

— E tinha, mas, aparentemente, houve uma mudança de planos. - ela respondeu.

Quando chegaram na cozinha, Eloise soltou Kate e foi fechar a porta que dava acesso à sala de jantar e de estar e a que dava acesso à área de serviço.

— Eloise, está tudo bem? - Kate perguntou, já preocupada.

— Por que?

— Porque você pediu pra conversar com a gente e depois nos isolou do resto da festa. - Anthony disse, explicitando o óbvio.

— Achei que seria melhor ter essa conversa em particular. - ela respirou fundo. - Eu sei que vocês tem uma política de não olhar resultados antes de apresentar para o médico, mas vocês sabem que eu não poderia não saber, certo?

— Não seria você se não tivesse aberto. - Anthony disse, com um sorriso.

— E então? - Kate perguntou, levemente aflita.

— Eu sou compatível. - Eloise respondeu, a voz embargando um pouco.

Os dois ficaram em silêncio um momento e sentiram as lágrimas chegando.

— É sério? - ela perguntou, quase sem acreditar.

— É sim. Pelo resultado do exame dá pra saber, mas eu falei com um amigo que terminou biologia agora e ele disse que era aquilo mesmo. Ele não é nenhum especialista em genética e gosta bem mais de botânica para falar a verdade, mas sabe o suficiente para confirmar isso.

Kate a abraçou com força.

— Obrigada.

— Agradeça a mamãe por ter me feito perfeita assim.

Kate riu e a soltou.

— Obrigado por estar fazendo isso. - Anthony disse, já abraçando a irmã.

— Era o mínimo que eu podia fazer. - Eloise virou-se para Kate. - Como a Hyacinth diz, com todo respeito ao Simon, vocês duas foram a melhor coisa que aconteceu nessa família desde que ela nasceu.

— Ela diz isso? - Kate perguntou, os olhos se enchendo de lágrimas.

— Sim. - Eloise sorriu. - Enfim, eu já deixei até de fumar porque acho que isso deve ajudar de alguma forma.

— E eu vou fingir que você nunca fumou. - Anthony disse.

— Você nunca me ouviu admitindo isso. E a mamãe nunca pode sonhar que essa parte da conversa aconteceu.

— Claro que não. - ele sorriu e a soltou.

— Muito bem. Vou deixar vocês sozinhos um minuto e ir contar pro resto da família que vocês já sabem.

— Todo mundo já sabia? - Kate perguntou.

— Sim. Nós nos reunimos ontem de noite pra ver isso.

— Isso já é um complô. - Anthony disse.

— Mamãe chamou todo mundo. Ninguém aguentava mais e assim ninguém levava a culpa sozinho. - ela deu de ombros. - Vou enrolar eles, mas tentem voltar logo.

— Ok. - Kate disse e Eloise saiu da cozinha, fechando a porta atrás de si. Então apenas virou para Anthony, os olhos já brilhando com as lágrimas ainda não derramadas. - Ela vai ficar bem.

— Ela vai ficar bem. - Anthony repetiu, a abraçando e sentindo seus olhos se encherem de lágrimas também. Ele começou a passar a mão pelos cabelos dela. - Nossa menininha vai ficar bem.

E, apesar de ambos saberem que aquilo poderia estar bem longe da realidade, naquele momento escolheram acreditar. Finalmente havia um sinal novo de esperança e eles iriam se agarrar a ele.


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Notas finais do capítulo

Até terça ;)



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