Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Oieee!
Foi mal por ter feito vocês esperarem uma semana depois daquele final. Tô tentando organizar as coisas pra voltar a postar duas vezes por semana, então torçam daí que eu tento daqui haha
Espero que gostem!

Beijos,
Mavelle

Sugestão de música: Chasing Cars - Snow Patrol



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Antes mesmo de saírem do hospital, já tinham marcado uma consulta para voltar para a oncologista que acompanhava Charlotte na semana seguinte. Já iam fazer a bateria mensal de exames na semana seguinte, então só precisaram adiantar a consulta. Ambos sabiam que a possibilidade de Lottie ficar doente de novo era muito real, mas nunca tinha sido tão palpável quanto naquele momento.

Anthony simplesmente parou o carro na frente de casa, e dava para ver os carros de Benedict e Simon parados na rua.

— E a casa ainda por cima está cheia. - Kate disse, suspirando. - Não queria ver ninguém agora.

Tinham concordado em não contar a ninguém até que o casamento de Daphne, que seria no sábado seguinte, passasse. Não queriam deixar aquele clima melancólico no ar, mas, no estado mental em que estavam, se qualquer um os visse, teria certeza de que havia algo errado. E, como eram pessoas que se amavam e que se importavam uns com os outros (portanto tinham interesse justificável em suas vidas), como Violet costumava dizer quando falava da família, perguntariam. E nem Kate nem Anthony mentiriam.

— Não precisamos entrar, já que ninguém viu que chegamos. - Anthony argumentou.

— Precisamos sim. São só nossos irmãos, eu sei, mas precisamos voltar, já que ninguém vai embora até chegarmos. Eu só não queria ter que entrar em casa agora.

— Então vamos só descer do carro e ficar do lado de fora um tempinho.

— Ok.

Eles baixaram as janelas do carro para que Lottie, que estava adormecida no banco de trás, não ficasse no abafado. Então ambos desceram e ficaram do lado do carro que estava virado para a rua, meio que evitando ficar na visão de quem estivesse em casa. Simplesmente se abraçaram. Era a primeira vez naquele dia em que tinham ido do céu ao inferno em questão de minutos e dizer que ambos precisavam daquele abraço era um eufemismo.

Os dois choraram naquele momento, sem que houvesse necessidade de dizer uma palavra.

Depois de uns cinco minutos, eles se soltaram e encostaram no carro. Não queriam quebrar o contato, então ainda seguravam na mão um do outro.

— Não acredito que vamos passar por isso de novo. - Kate disse, cansada.

— Pelo menos, nós já sabemos o que esperar. - Anthony disse.

— Ou talvez não. E se usarem uma droga mais forte? E se ela reagir de uma maneira completamente diferente? E se ela simplesmente não reagir?

— Então vamos procurar outras opções. Tratamentos alternativos, drogas experimentais, alguma coisa vai funcionar.

— Queria ter essa mesma confiança.

Ele respirou fundo.

— Eu sei que você só está tentando ser realista, mas, nesse momento, eu tenho que ser otimista, porque imaginar qualquer coisa que não seja o melhor resultado possível provavelmente vai me matar. Ela acabou de decidir começar a me chamar de pai e só de pensar que isso pode não durar acaba comigo. - ele tinha lágrimas nos olhos e agora Kate também. - Segunda feira eu volto a ser realista e a não pensar que as coisas vão sair perfeitamente bem, não importa quão pequenas sejam as chances, mas, até lá, eu vou estar praticando no espelho como ameaçar os futuros namorados dela discretamente.

Kate riu, apesar de as lágrimas ainda cobrirem o seu rosto.

— Eu te amo. - ela disse.

— Também te amo. - ele disse e a beijou. Ficaram mais alguns momentos ali, apenas se beijando no meio da rua, até que Kate parou o beijo.

— Vamos. Acho que consigo encarar Eddie, Daph, Benedict e Simon agora. E já fazem 15 minutos que estamos parados na frente de casa.

Anthony assentiu e abriu a porta do carro para pegar Lottie, mas ela acordou na hora em que soltou seu cinto.

— Chegamos em casa? - ela perguntou, sonolenta.

— Sim. - Anthony respondeu.

— E minha supresa?

Ele quase riu. Não sabia porque se surpreendia de ela ter lembrado daquilo logo que acordou e antes mesmo de entrar em casa.

— Tá lá dentro.

Ele a ajudou a sair do carro, trancou-o e se juntou às duas na entrada de casa. Kate simplesmente abriu a porta, encontrando o que só poderia considerar como um circo: Benedict e Simon estavam descendo o colchão pela escada enquanto Daphne tentava orientar eles, Newton latia e Edwina tomava água de um copo com canudinho enquanto estava muito bem acomodada no sofá, só observando a cena à sua frente.

— Meu Deus do céu. O que está acontecendo nessa casa? - Kate perguntou.

— Vocês estavam demorando muito a chegar, então resolvemos agilizar o processo. - Simon disse.

— Eu avisei quando saímos de lá. - Anthony disse.

— Sim, mas já deviam ter chegado há vinte minutos. - Daphne disse.

— Eu pedi pra eles descerem a cama. - Edwina disse. - A viagem me cansou bem mais do que eu achava que cansaria.

— Ficamos presos no trânsito. - Kate explicou. - Desculpem a demora.

— Muitos tios! - Lottie disse, ao perceber quanta gente estava ali. E então virou para Anthony. - Era essa a supresa, papai?

Ambos Simon e Benedict quase soltaram o colchão no meio da escada, Edwina engasgou um pouco com sua água e Daphne se emocionou. Ninguém expressaria mais reação do que aquilo para não fazê-la perceber, mas estavam todos surpresos.

— Era sim. - ele disse. - Na verdade, era só a tia Eddie, já que a gente já tinha combinado de jantar com o tio Benny e a tia Daph e o tio Simon, lembra?

— Verdade.

— Já desceram a base da cama? - ele questionou o irmão e o cunhado, que ainda estavam meio que congelados no lugar, enquanto ia tentar ajudá-los.

— Tudo certo? - Kate perguntou, já sentando perto de Edwina no sofá.

— Eu que devia te perguntar isso. - ela respondeu. - Você saiu correndo do aeroporto pro hospital e agora vocês voltam como se nada tivesse acontecido.

— Era só efeito colateral do remédio e algo que ela comeu e não caiu bem. - Kate disse, se sentindo um pouco mal por omitir (de novo) a doença de Lottie da irmã, mas não queria falar daquilo naquele momento. Passaria a semana fingindo para eles que tudo estava bem. - Alguém fez alguma coisa pra comer ou pediu ou sei lá? Estou morrendo de fome.

— Eu. - Daphne disse, sentando do seu lado no sofá. - Fiz uma macarronada com o que consegui encontrar no armário.

— E é por isso que você é minha cunhada favorita.

— Ei! - Benedict reclamou, já saindo de dentro do quarto onde tinham acabado de colocar o colchão. Ele e Simon já tinham descido a base e, como o quarto era pequeno, deixou os outros dois terminarem de ajeitar aquilo.

— Eu falei cunhada. - Kate disse, enfatizando o último “a” e depois virou para a irmã. - Nada contra a Heather.

— Não me ofendi e ela, com certeza, também não se ofenderia. - Edwina disse. - Não dá pra concorrer com uma vida inteira de amizade.

— É verdade. - ela disse, já abraçando Daphne de lado.

Nesse momento, Charlotte, se sentindo excluída da conversa, foi na direção do sofá e se sentou entre Kate e Edwina.

— Meu Deus, você levou dois furos? - Edwina perguntou ao ver o bracinho dela com dois curativos.

— Foi. - Lottie disse. - E eu não chorei.

— Não chorou? - ela parecia surpresa.

— Não. Papai me ajudou e eu não chorei.

— Mesmo que tenha tido um pouquinho de ajuda do seu pai, você é muito corajosa.

— Eu sei. - ela respondeu, dando de ombros.

Edwina tentou não rir, mas olhou para Daphne e Kate e as duas estavam na mesma situação. Então não se aguentou e começou a rir, segurando a lateral do tronco.

— Ai, meu Deus. - ela falou ofegante, um pouco por causa da dor nas costelas e um pouco por causa da risada. - Ela é filha do Anthony.

— Minha convencidinha. - Kate disse, abraçando a filha e já lhe beijando o rosto.

— E isso foi porque só passou uma semana sozinha com o Anthony. - Benedict disse, com um sorriso no rosto. - Se o médico não tivesse liberado a Edwina pra viajar, quando vocês chegassem, ela estaria dizendo “eu vou matá-lo” toda vez que o Newton atrapalhasse a vida dela.

— Ah, ela já faz isso. - Kate disse, depois virou para a filha. - Lottie, o que você disse pro Newton quando ele começou a latir no meio de vejo enfim a luz brilhar?

Um brilho de raiva passou pelo olhar dela.

— Eu vou matá-lo. - ela disse, estreitando os olhinhos.

Antes que todos pudessem reagir (com risadas disfarçadas e sorrisos), Simon e Anthony voltaram para a sala.

— Eu não sei quem é o coitado a quem esse “eu vou matá-lo” foi destinado, mas eu acabei de ter um flashback muito vívido de quando contamos pro Anthony que estávamos namorando. - Simon disse. - Ela acertou até o olhar. Eu estou impressionado de verdade.

— Brigada, tio Simon. - Charlotte disse com um sorriso gigante no rosto. Ninguém acreditaria que ela estava com a cara fechada menos de trinta segundos antes.

— Você ensinou ela direitinho. - ele disse com um sorriso, dando duas tapinhas no ombro de Anthony.

— Eu nem digo isso tanto assim. - Anthony resmungou.

— Para pessoas talvez não. - Kate disse. - Mas você sempre fala para o forno quando não consegue acender de primeira. - Lottie assentiu, concordando com a mãe.

— É verdade, eu já presenciei essa cena. - Edwina disse.

— E também pro seu computador no trabalho quando ele está muito lento. - Daphne disse.

— E no trânsito. - Benedict disse.

— Nossa, é verdade. - Kate disse. - Quase esqueci do mais comum.

— Ok, talvez eu fale às vezes... - Anthony admitiu.

— Às vezes? - Benedict perguntou, sarcasticamente.

— É isto, eu vou matá-lo. - ele disse, mais pela piada do que por qualquer outra coisa.

E funcionou, porque todos riram.

— Vamos jantar? - Daphne chamou. - Eu estou morrendo de fome.

— Kate, me ajuda a sair? - Edwina pediu, olhando para a irmã.

— Nós vamos ajeitando a mesa. - Anthony disse, já praticamente enxotando os outros da sala, percebendo que as duas queriam conversar.

Kate então trouxe a cadeira de rodas para o lado do sofá e passou os braços por baixo dos da irmã para levantá-la, mas Edwina passou o braço bom pelas costas dela, numa tentativa de abraço que foi prontamente retribuída pela irmã.

— Eu estou tão feliz por vocês. - a voz dela estava claramente emocionada.

— Eu também, Eddie.

— Ainda bem que você não lembrava quem era o doador de esperma. Eu sei que foi difícil, mas acho que a espera valeu a pena.

Kate riu. Edwina chamava o pai biológico de Charlotte de doador de esperma porque essa tinha sido a contribuição total dele. Sim, tinha sido sofrido, mas Kate agora achava que tinha sido melhor assim.

— Valeu mesmo. Ele é incrível com ela. Melhor do que qualquer outra pessoa teria sido.

— Eu sei.

Depois disso, Kate ajudou a irmã a ir para a sua cadeira e foram para a sala de jantar, onde os outros já estavam reunidos. Por aquela noite, não precisaram fingir. Com todos eles ali, realmente parecia que estava tudo bem.

***

Três semanas depois, Kate e Anthony se viram de novo na sala de espera do dr. Davis.

Tinham conversado com Edwina sobre o exame de HLA antes e já tinham combinado de fazer quando ela fosse para Londres nas férias. De início, tinham pensado em não contar, mas ela soube o que estava acontecendo na mesma hora. Os três mantiveram aquilo em segredo, já que era a semana do casamento de Daphne e Simon, mas foi impossível evitar no almoço de domingo na casa de Violet.

Especialmente quando o tratamento dela ia recomeçar na semana seguinte.

Agora, com duas sessões já realizadas, ambos estavam se sentindo esgotados. A droga que estavam usando agora era bem mais forte do que a usada antes e Charlotte não estava lidando bem com isso. Tiveram, inclusive, que levá-la ao hospital na noite depois da segunda sessão.

No momento, estavam simplesmente sentados um do lado do outro, esperando serem chamados. Kate estava com a cabeça encostada no ombro de Anthony e segurava também a sua mão.

— Como você acha que a Ed está se saindo? - ele perguntou. Era a primeira vez desde o acidente que Edwina ficava sozinha com Charlotte. Tanto Kate quanto Anthony estavam trabalhando de casa alguns dias da semana enquanto Eddie não terminava de se recuperar para ficar sozinha com ela enquanto estavam no trabalho.

— Bem, eu acho. - Kate disse. - Eu realmente espero que a Lottie não esteja dando trabalho a ela.

— Não que ela vá nos dizer se esse for o caso.

— É. Mas ela devia. Apesar de já estar só com a botinha, ainda não pode pegar peso e, se eu bem conheço nossa filha, ela já deve ter pedido colo umas 20 vezes. E, como conheço minha irmã, ela deve ter dado.

— Não mimamos ela demais, mimamos? - Anthony perguntou, claramente achando que não.

— Ela não tem nem três anos. Acho que devemos aproveitar enquanto ela ainda é apegada a nós.

— Você está certa. Daqui a uns dias, ela vai querer começar a juntar dinheiro pra fazer um mochilão pela Europa. - ele disse, ironicamente.

— Ah, sim, com certeza. - Kate respondeu, usando o mesmo tom. - E eu vou deixar. E você nem vai infartar nem nada se algum dia ela realmente resolver fazer isso.

— Não, claro que não. - ele respondeu e depois passou as mãos pelo rosto. - Deus nos ajude se ela decidir fazer uma coisa dessas um dia. Eu quase infartei com o Colin fazendo mochilão.

— Você disse o nome dele com tanto desprezo, meu Deus. Não queria ser o Colin agora.

— Não é desprezo. É só que ele já tinha terminado a faculdade, era um homem adulto e eu morto de preocupação em casa porque ele estava sozinho no meio do mundo.

— Olha pelo lado positivo. - Kate disse. - Se a Lottie fizer isso, ela vai arrastar a Taylor junto.

— Qual o lado positivo? Que vamos ser quatro e não dois morrendo de preocupação?

— Que ela não estaria sozinha. - ela respirou fundo. - Mas isso não é preocupação para agora. Daqui a uns quinze anos, talvez...

— Daqui a quinze anos? - ele questionou, a cortando. - Vinte, no mínimo.

Kate ia responder que ela só precisaria ter mais de 21, mas a recepcionista chamou.

— Senhora Bridgerton? - os dois se levantaram e foram na direção da mesa. - O dr. Davis já pode recebê-los na sala 7.

Kate agradeceu e os dois seguiram o mesmo caminho da última vez. Ela bateu à porta, e abriu assim que ele respondeu.

— Pode entrar, sra. Bridgerton. - Davis disse e franziu o cenho depois que eles entraram. - Eu lembro de vocês e posso estar me confundindo, mas você tinha usado outro nome?

— Tinha sim. - Kate disse, sentando numa das cadeiras em frente ao geneticista. - A primeira vez que marquei com o senhor, ainda era solteira, mas comecei a usar o sobrenome do meu marido.

— Ah, sim. - ele parou para pensar por uns momentos, enquanto abria o documento sobre a visita anterior deles. - Alguma relação com a editora?

— É da minha família. - Anthony respondeu.

— Que interessante. - Davis pigarreou. - O que os trouxe aqui desta vez?

— Como eu tinha dito da última vez, nossa filha estava passando por um tratamento de leucemia. - Kate disse, usando a mão de Anthony como uma âncora. - E a oncologista dela disse que, caso houvesse uma recidiva mais forte, deveríamos nos preparar para a possibilidade de ela fazer um transplante de medula óssea. Ela teve uma recidiva e voltou a um tratamento mais agressivo, então minha irmã fez o teste que o senhor tinha dito quando estivemos aqui no final de abril. - ela entregou o envelope com o exame.

— Ah, agora lembrei. - ele disse, pegando o envelope e já começando a analisar os resultados. - Por que demoraram tanto a voltar?

— Minha irmã mora na Escócia, então precisamos esperar as férias dela.

— Entendo. - ele respirou fundo.

— Ah, não. - Anthony murmurou. Kate simplesmente apertou a mão dele.

Não precisava ser nenhum gênio em genética para adivinhar quais as próximas palavras a sair da boca dele.

— Sua meia-irmã também não é compatível.

Ou talvez fosse preciso sim.

— O que? - Kate disse, mais por reflexo do que por processar a informação que ele tinha dito.

— Sua meia-irmã também não é compatível. - dr. Davis repetiu.

— Edwina não é minha meia-irmã. Temos o mesmo pai e a mesma mãe.

Davis respirou fundo. Não era incomum que fizessem esse tipo de descoberta desse jeito, mas imaginava que, como era o caso na maior parte das vezes, ela soubesse e a chamasse de irmã porque não importava para ela.

— Vocês só compartilham 25% de DNA e isso quer dizer que um dos seus pais é diferente.

Kate simplesmente ficou em silêncio. Ela e Edwina eram muito diferentes, sim, mas nunca tinha passado pela sua cabeça que pudessem não ter o mesmo pai ou a mesma mãe, afinal irmãs não tinham que ser parecidas. Inferno, eu não sei nem dizer qual dos dois compartilhamos, ela pensou. Ainda muito em choque para fazer qualquer outra coisa, ela simplesmente prensou os lábios um no outro e assentiu.

— Da última vez que viemos, você disse que tem uma chance de alguém da minha família poder doar para ela, certo? - Anthony perguntou, e Kate ficou agradecida por ele ter tomado as rédeas da situação. Sua cabeça ainda estava dando voltas.

— Sim. - o geneticista disse, lembrando do pormenor da situação deles. Não queria fazer aquela revelação quando claramente devia haver alguma razão para que ele não soubesse. Mas algo não batia ali. Já tinha visto sua cota de casais ao longo dos anos (e, certo, aparências enganam), mas eles pareciam tão conectados… será que nenhum dos dois sabia? Se sim, como? - É uma chance menor, já que vocês não tem parentesco sanguíneo, mas é bem real. E vocês devem investir nela. Caso não encontrem, já posso colocá-los na fila para procurar um doador compatível.

— Você diria para já tentarmos procurar no sistema ou para esperar os resultados? - Kate perguntou, um pouco mais recuperada.

— Bom, leva entre 2 e 3 semanas para que o resultado desse tipo de teste saia. Eu diria que depende da urgência do caso. Como ela está?

— Reagindo bem ao tratamento, mas com mais efeitos colaterais que da última vez. - Anthony respondeu.

— Então acho que pode esperar o resultado dos seus parentes. Depois que confirmar, são só duas semanas até que o procedimento seja feito.

— Certo. - Kate disse e respirou fundo. - Caso não achemos dentro da família, quanto tempo você acha que levaria para encontrar um doador compatível com ela?

— É só bater as informações dela com o que temos nos nossos bancos de dados. Não deve levar muito tempo.

— Ok.

— Vocês tem mais alguma pergunta?

— De minha parte, não. - ela respondeu. - Anthony?

— Também não. - ele respondeu. - Alguma orientação a mais?

— Não. Tenham um bom dia.

— Tchau, bom dia. - Kate respondeu, já se levantando da cadeira e saindo da sala, com Anthony logo atrás.

Eles andaram em silêncio até o carro, mas, antes que pudessem entrar, Kate parou e se virou para Anthony, praticamente se jogando nos braços dele.

— Você parece melhor agora do que da última vez. - ele disse, cuidadosamente, enquanto a abraçava.

— Acho que é porque eu estou me sentindo menos impotente, mas eu não estou bem. - ela disse, já o soltando.

— Não tinha como sair dali se sentindo bem. - ele disse, tentando dar uma brecha para que ela falasse sobre Edwina, mas ela claramente não queria falar sobre aquilo naquele momento.

— Você saiu tranquilo da última vez.

— Porque tínhamos muitas opções. - ele parecia um pouco tenso.

— Você está menos tranquilo agora?

— Com certeza. Da outra vez, não podíamos fazer nada, mas ainda tinha a Ed como uma probabilidade maior e a Lottie não estava doente. Era só uma possibilidade, não uma certeza.

— Mas vai dar certo. Eu tenho certeza disso. - ela disse, confiante.

— Você está certa em 98% das vezes, então eu vou acreditar em você.

— Só 98% das vezes? - ela levantou uma sobrancelha.

— Só não dou 100% porque você disse que aquele dia ia ser bom.

— Na hora que eu disse, o dia estava ótimo. E nem tudo foi horrível. Eu jamais diria que o dia em que eu percebi que te amava foi um dia ruim.

— E o que você diria?

— Que foi um dia com muitas emoções, boas e ruins.

— Acho que é uma boa definição. - ele deu um sorriso de lado e começou a se inclinar na direção dela para beijá-la e ela fez o mesmo, mas, quando estavam para selar os lábios, ela simplesmente deu-lhe um beijo na bochecha e apertou o botão para destrancar o carro.

— Vamos, precisamos ir. - ela disse, já entrando do seu lado.

Anthony demorou um momento para processar o que tinha acontecido.

— Eu esqueci que tínhamos que ir trabalhar. - ele disse, quando finalmente entrou no carro.

— Eu tenho esse efeito nas pessoas. - ela respondeu, imitando a frase que ele tinha lhe dito meses antes naquele mesmo lugar.

— Você fez isso de propósito?

— Eu? Jamais. - Kate respondeu, cínica.

— Meu Deus do céu, Kat. Você esperou dois meses e meio pra isso?

— Sim. Eu achei um grande absurdo que você tenha parado o beijo na primeira vez que eu quis te beijar de verdade, não importa quão certos os seus motivos estivessem. E aí depois você ainda foi me provocar. Honestamente, se tivesse ficado só na interrupção, eu não teria feito nada, mas você me disse que não e…

O resto das palavras dela foram sufocadas pelos lábios de Anthony nos seus. Ela logo começou a retribuir seu beijo e não sobrou espaço em sua mente para mais nada, especialmente depois de ele morder de leve seu lábio inferior pouco antes de se separar dela.

— Estamos quites? - ele perguntou, o rosto ainda muito próximo do dela.

— Sim. - ela sorriu.

— Ótimo. - ele ocupou o seu lugar no banco do motorista com um pouco mais de postura.

— Eu te amo, sabia? - ela disse pouco depois, enquanto eles já saíam do estacionamento.

Anthony não respondeu, mas sorriu de lado, pegou sua mão e a beijou.

Naquele momento, Kate teve certeza de que a filha deles ficaria bem. Nunca poderia explicar racionalmente porque acreditava que ela melhoraria, mas tinha certeza disso.

Porque, mesmo que Charlotte não fosse um resultado do amor que sentiam um pelo outro, ela era um reflexo desse sentimento, e era impossível que algo (ou alguém) capaz de refletir um sentimento tão puro quanto aquele deixasse de existir.


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