Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Oieee
Eu não ia dizer nada, mas acabei resolvendo falar porque não sabia o que dizer aqui nas notas iniciais, então vamos lá: acho que esse é o meu capítulo favorito até agora. Não acho que tenha nada tão extraordinário, mas sei lá, eu gosto dele e espero que vocês gostem também jshadsjha
Ah, como sempre, a música citada tá na playlist da história

Beijos,
Mavelle

Música: Dear Theodosia - Leslie Odom Jr, Lin Manuel Miranda (levemente adaptada)



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Depois da chamada com Kate, eles jantaram e foram organizar as coisas para viajar no dia seguinte, o que queria dizer que Anthony começava organizando as coisas, Charlotte bagunçava um pouco, Newton latia e ele reorganizava. Ainda bem que eu resolvi não arriscar e comprar a passagem no voo de hoje à noite, Anthony pensava enquanto tentava terminar a bolsa de Kate. Não tinha como eu ter terminado tudo isso até 18:30.

Nesse momento, Violet chegou para pegar Newton, que ficaria com ela enquanto eles iam na Escócia e Anthony aproveitou enquanto ela estava lá para terminar de arrumar as malas dos três. Ela sorriu ao perceber que ele estava tentando tomar conta de tudo sozinho e ficou na sala dando atenção à Charlotte enquanto via ele correr de um lado para o outro. Era estranho ela se sentir orgulhosa por isso?

Algum tempo depois, já quando Anthony tinha terminado de organizar o que precisava, Violet foi embora com Newton. Então ele deu um banho em Charlotte, deu seus remédios e a preparou para ir dormir.

— Quer que eu conte uma história? - ele perguntou, já puxando as cobertas sobre ela, que simplesmente negou com a cabeça. Essa era a única parte da rotina dela da qual ele nunca tinha tomado parte ativa, então ele ficou parcialmente aliviado. Sempre ficava de lado enquanto ouvia Kate contar as histórias mais mirabolantes antes de ela dormir, mas nunca tinha contado uma história para ela. - Quer que eu fique até você dormir? - ela negou com a cabeça de novo. - Ok. Durma bem. - ele deu um beijo na testa dela e saiu do quarto, ligando a luzinha noturna e desligando as luzes do quarto.

Ele foi para o quarto e tomou um banho, indo se deitar logo em seguida. Ainda eram 21 horas, mas o dia tinha sido muito longo e ele teria que acordar bem cedo no dia seguinte. Anthony simplesmente se virou para o lado e ia dizer para Kate sobre o seu dia, mas logo lembrou-se que ela não estava ali. Tinha se acostumado a fazer isso todas as noites antes de dormir, mas ainda não tinha percebido o quanto aquilo lhe faria falta caso um dia tivessem que dormir separados.

De repente, a porta do quarto se abriu. A Kate estava certa, ele pensou, com um sorriso. Definitivamente precisamos trancar a porta do quarto.

— Tony? - Charlotte chamou, ainda parada do lado da porta.

— Oi. - ele levantou um pouco o corpo.

— Não consigo dormi.

— Vem cá. - ele chamou, e ela simplesmente foi até a lateral da cama, de onde ele a puxou para cima, já a instalando ao seu lado. - Quer reconsiderar a história? - ela assentiu. - Ok. - ele começou a pensar em uma história para contar para ela, mas não conseguia focar em uma só. Ia acabar dizendo que o Lobo Mau tinha trancado a Branca de Neve na torre e que ela conseguiu escapar descendo pelo nariz do Pinóquio, que tinha encontrado ela lá com a ajuda da Rapunzel. - Tem alguma história que quer que eu conte?

— Conta a história de como conheceu mamãe.

Ele piscou os olhos algumas vezes. Não achava que tinha entendido direito.

— Não entendi.

— Rapunzel conheceu Zé Bezerra na tole. Como você conheceu mamãe?

— Ah, certo. Bom, quando eu conheci sua mãe, eu era só um pouquinho mais velho que você...

— Assim não, Tony! - ela reclamou. - Tem que sê como história.

— Tá bem, tá bem. - ele falou, já tentando pensar em como ia contar aquilo para ela, mas, ao mesmo tempo, fazendo um cafuné de leve para que adormecesse logo. - Você está muito exigente, mas vou contar. Era uma vez, um menino. Ele vivia numa casa bem legal com os pais e o irmão mais novo. O menino vivia num mundo completamente de meninos, até que um dia apareceu um pacotinho estranho na casa do lado. Ele não lembrava muito bem, mas sabia que o irmão também tinha chegado como um pacotinho, mas não era como esse. Eles diziam que esse pacotinho era uma menina, e o menino logo associou que, por isso, era diferente, mas não menos importante. Eu era o menino e sua mãe era o pacotinho. - ele explicou, vendo que ela prestava atenção em cada palavra que ele dizia. - Com o passar do tempo, foram aparecendo outros pacotinhos menina, mas ele sabia que aquele primeiro era diferente. O nome era Kate e, para o menino, nada tinha a ver com os pacotinhos Daphne, Eloise e Francesca e era diferente até do pacotinho Edwina.

— Tias! - ela pareceu surpresa.

— Sim. - ele sorriu para ela. - Enfim, o menino gostava muito de Kate, mas ela não queria nada mais que ser amiga dele, então os dois acabaram sendo só amigos. Aí por um tempo, cada um seguiu seu caminho. O menino achou uma outra menina de quem gostava e acabou ficando com ela, mas era diferente. - ele parou para pensar algum tempo. Realmente, era diferente. Quando estava com Siena, sabia que a amava, mas não sentia que eram família. E sentia isso com Kate, mesmo quando estavam completamente sozinhos. Estranho que nunca tivesse pensado sobre isso antes.

— Tony?

Só então foi que ele percebeu que estava calado há tempo demais.

— Ah, sim. Desculpe. - ele pigarreou para limpar a garganta e também para ganhar algum tempo. Essa era a parte mais difícil de contar para uma criança. - Mas um dia, essa outra menina sumiu, e o menino ficou perdido. Nunca tinha ficado sozinho, mas, naquele momento, ele se sentia muito sozinho, mesmo que estivesse cercado pelas pessoas que o amavam, e ficou muito mal por um tempo. Enquanto o menino lidava com seus problemas, Kate seguia com sua vida. Ela também arranjou um pacotinho para ela. - ele olhou para ela e ia perguntar se ela sabia quem era esse pacotinho novo, mas ela estava quase dormindo, então ele achou melhor só continuar contando a história. - E aí o menino fez um pedido muito difícil para Kate, e ela aceitou porque queria que seu pacotinho ficasse bem. - ele percebeu que Charlotte tinha adormecido, mas continuou a contar a história, falando o que lhe passava pela cabeça. - Claro que o menino se arrependeu de ter pedido e de ter sido tão insensível, mas estava feliz com a forma como as coisas tinham se desenrolado e descobriu que, na verdade, não conseguia se arrepender tanto assim daquilo. O menino, agora um homem, ia se apaixonando por ela a cada dia. Não foi algo que simplesmente aconteceu da noite pro dia, mas ele sabia que amava Kate. E agora pensava que talvez já a amasse desde sempre.

Meu Deus, eu amo essa mulher, Anthony pensava, ainda fazendo carinho na cabeça de Charlotte. Como eu fui lento. E teria continuado sem saber disso se a Lottie não tivesse pedido para eu contar essa história. Eu percebi mais coisas nos últimos seis minutos do que nos últimos seis meses. Ele se levantou da cama com cuidado para não acordar a menina que dormia e a levou de volta para o seu quarto. Sairiam bem cedo no dia seguinte e queria que ela estivesse descansada, apesar de acreditar – na verdade, torcer – que ela dormiria no voo.

— Obrigado, pequena. Eu te amo. - ele disse, dando-lhe um beijo de leve na testa e saindo de fininho do quarto.

***

Algumas horas mais tarde, Anthony esperava a saída do voo com Lottie adormecida no seu colo. Passava um pouco das 6 da manhã e ele tinha conseguido fazer tudo como planejado. Tinha feito um café da manhã leve para os dois, tinha arrumado ela (o quão bem era discutível), pedido um uber para o aeroporto e agora ali estavam os dois, apenas esperando a chamada para embarcar. E então, ele recebeu uma chamada de vídeo de Kate. Simplesmente colocou os fones de ouvido e atendeu.

— Oi... Kat. - ele ia responder “oi, meu amor”, mas não queria dizer aquilo sem que ela soubesse o que ele realmente sentia. Em alguns outros momentos, a expressão tinha escapado, mas agora tinha outro significado.

— Bom dia. - ela respondeu, bocejando.

— Achei que estivesse sem bateria.

— Uma das enfermeiras tem o celular igual ao meu e me emprestou o carregador.

— Ah. Ainda estou levando seu carregador, mas, pelo menos, você não está mais sem bateria.

— Sim. - ela então ficou em silêncio e ele a observou franzir o cenho, tentando observar melhor alguma coisa.

— Se você está olhando o penteado questionável que eu fiz, sim, está f-e-i-o. - ele disse, já querendo rir, mas tentando dar um ângulo melhor para ela poder ver pela câmera.

— Ai, meu Deus. - ela começou a rir ao ver o cabelo de Charlotte. - Coitada da minha filha, andando por aí com o rabo de cavalo todo torto.

— Foi ela que pediu. Ela não percebeu antes que eu não tenho nem metade da sua habilidade com isso e depois, pareceu não se importar.

— E se você soltar agora, vai ser pior.

— É, eu sei. - ele respirou fundo. - Como estão as coisas por aí?

— Ainda na mesma. - ela respondeu, suspirando. Parecia cansada. - Eu dormi uma parte da noite, mas as enfermeiras entravam de vez em quando pra checar como ela estava e eu acabava acordando. Então eu descansei, mas acho que nem perto do suficiente.

— Eu imagino.

— E aí? Tudo certo?

— Sim. Bom, quer dizer, eu estou entendendo melhor porque você dizia que se recusava a ir visitar a Eddie sozinha.

— Eu nunca ousei fazer isso. Tinha mais amor à minha sanidade do que isso. - ela disse e depois olhou para ele com um toque de culpa no olhar. - Desculpa.

— Tudo bem. Tempos desesperados, não é?

— Sim. - ela fez uma pausa. - Ah, antes que eu esqueça, a Frannie e o namorado dela vão buscar vocês no aeroporto.

— Ok.

— A noite foi tranquila? - ela perguntou.

— Sim. A Lottie custou um pouco pra dormir, então foi pedir para eu contar uma história para ela, mas eu falo mais disso depois. - ele respirou fundo, tomando uma decisão. - Tem uma coisa que eu preciso te dizer.

— O que é? - ela parecia genuinamente curiosa.

— Você estava certa. - ele disse, sorrindo para ela. - Precisamos mesmo trancar a porta do quarto.

Kate levou um tempo para registrar as palavras dele.

— O que você disse?

— Que você estava certa. - ele mordeu o lábio inferior tentando controlar o sorriso, sem conseguir. Isso ainda não era sua declaração de amor e, para qualquer pessoa, não seria nada, mas ela entenderia.

— Ah. - os olhos dela se encheram de lágrimas. - Você não devia dizer isso pela primeira vez por uma chamada.

— Desculpe. Eu percebi ontem que estava pronto para admitir e não podia esperar mais um minuto para que você soubesse.

— Eu abdicaria do meu direito de estar certa o tempo todo por você. Só pra você saber que é recíproco.

— Obrigado.

— Eu queria muito te beijar agora. - ela suspirou. - E é exatamente por isso que você não devia me atribuir razão pela primeira vez à distância.

— Você está certa. - ele prensou os lábios tentando não sorrir de novo.

— PARA! - ela reclamou, mas estava sorrindo. Anthony sentiu como se estivesse se apaixonando de novo por ela naquele momento.

— Ok, vou parar. - nesse momento, o sistema do aeroporto fez a chamada para que os grupos prioritários embarcassem no voo com destino a Edimburgo. Levou meio segundo para ele perceber que essa era a chamada deles. - Acho que preciso ir.

— Vá. - ela sorriu. - E tente ajeitar o cabelo da Lottie, por favor.

Ele riu.

— Ok, vou tentar. Te vejo daqui a 1 hora e meia?

— Com certeza.

***

Uma hora depois, Anthony deu graças aos céus quando chegaram ao aeroporto. O voo fora curto, mas cheio de turbulência e Charlotte tinha chorado bastante. Estava pouco se fodendo para o que os outros estavam achando, mas ver Lottie tão desesperada e não conseguir fazer nada para acalmá-la o tinha deixado se sentindo exausto. Num certo momento, ele mesmo sentira vontade de chorar, porque ela simplesmente não se acalmava, mesmo depois de o avião estabilizar. Ela só se acalmou depois que ele começou a cantar baixinho no ouvido dela:

"Dear Lottie*, what to say to you? / Querida Lottie, o que dizer para você

You have my eyes / Você tem meus olhos

You have your mother's name / Você tem o nome de sua mãe

When you came into the world / Quando você veio ao mundo

You cried and it broke my heart / Você chorou, e isso partiu meu coração

I'm dedicating every day to you / Estou dedicando todos os meus dias a você

Domestic life was never quite my style / A vida doméstica nunca foi muito meu estilo

When you smile / Quando você sorri

You knock me out, I fall apart / Você me derruba, eu desmorono

And I thought I was so smart / E eu achava que era tão esperto"

Anthony não imaginava que isso funcionaria, mas estava beirando o desespero e precisava fazer alguma coisa. Ficou mais que agradecido quando percebeu que estava funcionando. Depois disso, ela logo se acalmou e aceitou tomar um pouco de água e comer uns biscoitinhos que uma atendente de bordo muito solícita providenciou.

— Eu imagino como deve ser difícil ser pai solteiro. - ela disse, claramente tentando puxar assunto.

— Realmente, deve ser. - ele disse, muito mais interessado em alimentar Charlotte do que em dar atenção para a atendente.

— Não é pai solteiro?

— Muito bem casado, mas obrigado pelo apoio. Nunca tinha viajado sozinho com ela. - a essa altura, a atendente já tinha se virado e ido embora.

Já no aeroporto, ele pegou um carrinho para tirar as malas. Notou também que Charlotte não queria soltar sua mão por nada. Provavelmente era o efeito da multidão, mas, só por precaução, colocou a mão sobre a testa dela, verificando que ela estava aparentemente com a temperatura normal. Então ela aceitou ir no carrinho com as malas, provando que estava bem.

Encontraram Francesca e John os esperando no portão de desembarque.

— Bom dia. - Anthony disse, já se aproximando deles.

— Tia Frannie! - Charlotte disse, ao finalmente reconhecê-la, e se jogou na direção dela.

— Oi, Lottie. - ela disse, tirando a menina do carrinho e a segurando nos braços. - Meu Deus, como você cresceu desde a última vez que te vi.

— Oi, John. - Anthony falou, apertando a mão do namorado de Francesca.

— Oi, Anthony. - John apertou a mão dele, mas logo olhou para onde as meninas estavam. E, em seguida, pegou o carrinho das mãos dele. - Fomos trocados?

— Com certeza. - ele admitiu, com um sorriso. Francesca estava claramente distraída por Charlotte e só se aproximou dele em seguida.

— Anthony, você está bem? - Francesca perguntou, ao ver o claro cansaço em seu rosto. Ainda assim, ele pegou Charlotte de volta quando ela foi na direção dele. Os quatro já estavam saindo da área de desembarque e indo para o estacionamento.

— A Daphne já contou? - ele perguntou, levemente preocupado.

— Contou o que? - ela parecia curiosa.

— Depois eu te falo. Imaginei que já soubesse porque me perguntou se eu estava bem.

— Não, eu perguntei porque parece que você passou a noite em claro.

— Ah. Não passei a noite em claro, mas tem outra razão. Eu conto daqui a pouco.

— Você está com segredos demais, Anthony Bridgerton.

— Eu só quero falar as coisas primeiro para a Kate. É um crime?

— Não. - Francesca sorriu. - É bem legal ver você apaixonado, pra falar a verdade.

— Obrigado. Eu gosto de estar apaixonado.

Chegando ao carro, Anthony instalou a cadeirinha de Lottie e a colocou lá, enquanto John e Francesca colocavam as coisas deles no porta-malas. Então Francesca entrou no banco de trás, deixando-o para ir na frente com John. Depois que eles saíram, levou menos de 30 segundos para Frannie notar o óbvio.

— Você que ajeitou seu cabelo, Lottie? - ela perguntou à sobrinha.

— Tony. - Lottie respondeu. - Po que?

— Tá um pouquinho torto. Se importa se eu ajeitar? - ela fez que não com a cabeça e Francesca soltou o cabelo dela e refez o rabo de cavalo dela. - Pronto. Sem um pente, é o melhor que eu posso fazer, mas ao menos está reto agora.

— Brigada, tia.

— Por nada, meu amor.

— Você precisa usar um pente? - John perguntou, mas essa era a dúvida de Anthony também.

— Se você quiser que fique mais bonitinho, sim. - ela respondeu, como se fosse algo óbvio.

— Ah. - Anthony respondeu, quase que inconscientemente.

— Isso explica muita coisa. - ela murmurou.

Cerca de 20 minutos depois, eles chegaram ao hospital, que ficava do outro lado da cidade. Anthony tinha reservado um quarto num hotel ali perto, porém preferiu passar logo no hospital. Kate estava sozinha desde o dia anterior e, bem, ele queria vê-la.

Passaram na recepção e se identificaram, recebendo logo indicações da direção a seguir porque seus nomes estavam todos liberados. Ao chegarem no quarto, Anthony bateu à porta.

— Pode entrar. - Kate disse, pensando que devia ser uma enfermeira indo checar Edwina.

Porém, quando viu Charlotte passar correndo pela porta, seu coração deu um salto e ela se levantou para ir pegá-la no colo.

— Bom dia. - ela disse, já beijando seu rosto.

— Bom dia, mamãe. Tia Eddie melhor? - Charlotte perguntou, falando praticamente sussurrando.

— Mais ou menos. Ela ainda está dormindo. - ela respondeu, falando baixinho com ela também. - Por que você está sussurrando?

— Tony disse que tem que falar baixinho no hospital.

— Ah, sim. - ela parou por um momento, olhou para Anthony, que sorria observando as duas, e depois continuou num tom de voz normal. - Sabe, ele está certo, mas não precisa sussurrar. Se você falar que nem eu tô falando agora, já resolve.

— Ok. - ela beijou a bochecha da mãe e Kate a devolveu ao chão. E então, Anthony se aproximou mais um pouco e ela praticamente se jogou nos braços dele. - Oi.

— Oi. - ele a abraçou com força. - Tudo bem?

— Melhor agora. - ela disse, e o beijou. - Eu já estava preocupada. Você não avisou quando pousou.

— É, eu sei. Desculpa. O voo foi meio complicado.

— Complicado? - ela estranhou.

— É. Eu te conto daqui a pouco.

— Como ela está hoje? - Francesca perguntou, já se aproximando um pouco da cama.

— Melhor. - Kate respondeu, também se aproximando um pouco mais da cama. - O médico do plantão levou ela pra fazer uma ressonância ontem de noite e disse que não tem nenhum dano e que ela podia acordar a qualquer momento agora.

Eles passaram alguns momentos encarando Edwina, mas, como previsto, ela não acordou pela pressão dos cinco pares de olhos sobre ela.

— Como foi o voo? - Kate perguntou, já sentando no sofá dos acompanhantes com Charlotte no colo. Ela tinha uma tendência a ficar mais apegada à filha quando passava a noite fora.

— Teve bastante turbulência. - Anthony disse, sentando perto dela. - Acho que passamos no meio de uma tempestade ou algo do tipo.

— Medo. - Charlotte falou, abraçando a mãe.

— Você estava com medo? - Kate perguntou, a segurando contra o peito. Ela assentiu.

— Foi difícil pra gente se acalmar. - Anthony disse, olhando diretamente para Charlotte. - Mas tudo acabou bem, né?

— Sim. - Lottie respondeu e olhou para a mãe. - Tony cantou uma música pra mim.

— Ele cantou pra você? - Kate perguntou, um pouco surpresa e um pouco curiosa. Ela assentiu. - Você gostou?

— Sim.

— O Tony canta bem?

Nesse momento, Charlotte virou para Anthony, com um olhar que pedia desculpas.

— Não.

Anthony se fez de magoado e Kate cobriu a boca, mas não conseguiu não rir ao perceber que Francesca também tentava conter a risada. E então, todos começaram a rir. Era quase que um riso de desespero pelo que tinham passado no último dia.

E, então, enquanto todos se recuperavam, escutaram um som vindo da cama.

— Que barulho do inferno.


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Notas finais do capítulo

*No original é Dear Theodosia, mas alterei pra Dear Lottie porque achei que uma criança se acalmaria mais ouvindo o próprio nome



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