Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oi!!
Feliz ano novoooooooo, voltei com a saída do casal da caverninha do amor (vou roubar esse nome A Loira e a Morena), aproveitem!
Digam o que estão achando da história nos comentários, gosto muito de receber o feedback de vocês.

Beijos,
Mavelle



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Quando acordou naquela manhã, com os braços de Anthony ao redor do seu corpo, Kate se esqueceu por um momento de onde estava. Por alguma razão, tinha certeza de que, se se concentrasse, escutaria os passinhos de Charlotte do lado de fora do quarto, como em todos os sábados de manhã, e o barulho de Newton batendo contra a proteção da escada e tentando descer. Sempre o deixava no andar de baixo, para que pudesse sair quando necessário, mas, em alguns dias, ele cismava em dormir no andar de cima, perto de Charlotte. Quase se virou para Anthony, pedindo que ele fosse abrir a portinha para Newton descer, mas lembrou-se onde estava.

Estava nos braços dele e, apesar de esse ter acabado de se tornar seu novo jeito favorito de acordar, não estavam em casa.

Estavam presos numa caverna no Peru a milhares de quilômetros de casa.

Quase tinham congelado na noite anterior e nenhum de seus familiares ao menos sabia que eles não estavam bem. Com certeza tinham estranhado a falta de notícias no último dia, mas provavelmente achavam que não era nada - até porque não seria se isso não tivesse acontecido.

— Eu estou alucinando? - ele murmurou contra o ouvido dela, já a puxando mais para perto e plantando um beijo na dobra entre sua mandíbula e seu pescoço.

— A não ser que seja um delírio coletivo, não. - ela respondeu e se virou de frente para ele. Então lhe deu um selinho. - Bom dia.

— Um ótimo dia. - ele lhe deu um outro selinho. - Você está bem? - ele perguntou, já desenhando o contorno do rosto dela com um dedo enquanto segurava uma de suas mãos na sua outra.

— Sim. - ela disse. - Bem melhor do que eu imaginava que estaria, considerando tudo.

Ele assentiu e, então, ficou em silêncio por alguns segundos.

— Olha - ele começou, olhando nos olhos dela e brincando de rodar a aliança dela em seu dedo -, eu sei que não falamos sobre isso ontem à noite, já que as coisas evoluíram um pouco rápido demais, mas eu sempre usava camisinha...

— Se você estiver tentando me dizer que está limpo, eu também estou. Como eu tinha dito, já fazia um bom tempo desde a última vez. E eu uso anticoncepcional injetável praticamente desde que a Charlotte nasceu.

Ele quase respirou aliviado. Amava crianças, mas era a primeira vez que ficavam juntos e a situação deles não precisava de outro fator complicador.

— Bom saber. - ele voltou a beijá-la, mas ambos ouviram um barulho sair do walkie talkie.

— Estão me ouvindo? Câmbio. - era a voz de Alejandro.

— Parece que vamos ser resgatados. - Anthony disse, com um sorriso. Depois pegou o walkie talkie para responder. - Estamos, sim.

— Ambos bem?

— Sim, um pouco doloridos da noite no chão, mas vivos.

— Meu Deus, como você está velho. - Kate disse, já se espreguiçando, depois que ele parou de apertar o botão. - Uma noitezinha no chão e você já está reclamando?

— Você dormiu em cima de mim. - ele disse, sentando também e sentindo a coluna estralar. - Eu absorvi a maior parte do impacto de dormir no chão.

— Você também não é exatamente uma superfície macia. - ela disse, colocando o short. Tinham acordado cedo para recolocar as roupas, que, apesar de não estarem mais molhadas, ainda estavam úmidas. Então, decidiram colocar apenas parte de volta, para que, se fossem surpreendidos, estivessem um pouco decentes. Desta forma, Anthony ainda precisava colocar a camisa de volta e Kate precisava colocar o sutiã e o short. - Mas dormir em você é bem melhor que dormir no chão.

— Bom saber. - ele sorriu.

Ia falar mais alguma coisa, mas ouviram a voz de Alejandro pelo walkie talkie. 

— O helicóptero dos bombeiros vai chegar daqui a dez minutos. - ele disse. 

— Ok. - Kate respondeu. - O que precisamos fazer?

— Só vão para a entrada da caverna com as suas coisas. Deixem a barraca e tudo o mais aí.

— Ok. - ela respondeu mais uma vez. A essa altura, Anthony já tinha recolocado a camisa e pegou a mochila deles, saindo da barraca.

— Vou ver se não estamos esquecendo nada.

— Certo. - ela respondeu, já pegando o sutiã para colocar de volta, mas foi surpreendida quando ele voltou para lhe beijar. Ela estranhou. - O que foi?

— Só se por acaso isso for um sonho bem vívido. Por alguma razão, eu não quero que acabe.

Nem eu, Kate pensou, enquanto terminava de se vestir, um sorriso bobo estampado no rosto.

Como Alejandro tinha dito, o helicóptero de resgate dos bombeiros chegou menos de 10 minutos depois. A retirada deles de lá não levou mais que 15 minutos, graças aos céus. Fizeram as primeiras aferições ainda no helicóptero e viram que eles estavam fisicamente bem, mas, ainda assim, seriam encaminhados para o hospital local.

E isso era tudo o que esperavam. Que o helicóptero parasse, que fossem transferidos para uma ambulância e que passassem por um pronto socorro antes de ir para o alojamento tomar um banho e ir embora. Entretanto, quando o helicóptero pousou, tinha um pequeno enxame de repórteres esperando para poder entrevistar os dois.

Como nenhum dos dois estava ferido, aceitaram dar a entrevista coletiva, que durou uns 15 minutos, se muito. Depois disso, foram encaminhados para o hospital, onde rapidamente foi constatado que ambos estavam bem, mas que precisavam de repouso. Então foi liberado o retorno deles para o alojamento, onde finalmente puderam tomar um banho e comer algo decente.

A essa altura, já eram 14 horas em Lima. Enquanto isso, em Londres tinha passado um pouco da hora habitual do jantar e Eloise estava entretendo Charlotte na sala enquanto o jantar não saía. Estava em um canal de notícias que a mãe geralmente assistia, mas sem som. Eloise estava de costas para a televisão e ajudava Charlotte a montar um quebra-cabeça, mas sua linha de raciocínio foi interrompida.

— Mamãe e Tony! - Lottie disse, feliz, apontando para a televisão.

Eloise então virou para trás e viu seu irmão e sua cunhada na televisão. Seria chocante o suficiente se a legenda não fosse “BRITÂNICOS SÃO VÍTIMAS DE UM ACIDENTE AMBIENTAL NO PERU” e eles não estivessem com cobertores térmicos sobre os ombros. Seu coração acelerou e ela simplesmente pegou o controle o mais rápido que pode e desmutou a televisão, ainda deixando baixinho. Sua mãe poderia entrar a qualquer momento e ela ficaria nervosa, o que não seria bom para ninguém. Inferno, ela própria estava nervosa, então logo mandou mensagens no grupo dos irmãos enquanto tentava ouvir a reportagem.

"Eloise: GREG E HYA NÃO DEIXEM A MAMÃE SAIR DA COZINHA

Eloise: SEM PERGUNTAS POR FAVOR

Eloise: COLIN VEM NA SALA AGORA PELO AMOR DE DEUS"

— Estamos bem, mas foi um susto muito grande. - Anthony disse e o coração de Eloise se aliviou. As lágrimas se acumularam nos cantos dos olhos dela. Ela abraçava Charlotte e fazia carinho na sua cabeça. Provavelmente ela não entendia o que estava acontecendo, mas Eloise tentava tranquilizá-la ainda assim. - Estava chovendo e entramos na caverna por orientação do nosso guia. Kate tinha questionado sobre a pedra antes de entrarmos, mas o guia assegurou que era seguro.

— O que aconteceu? - Colin perguntou, preocupado, já chegando na sala. Tinha ido para jantar com eles e estava ajudando a mãe na cozinha quando Gregory chegou, se oferecendo pra ficar no seu lugar. E então congelou no lugar ao ver a televisão da sala. - O que Anthony e Kate estão fazendo na TV?

— Fala baixo. - Eloise reclamou, chamando ele mais para perto para escutar.

— Jamais imaginamos que algo do tipo fosse acontecer. - Kate disse. - Eu sei que tinha perguntado, mas era muito mais uma questão de curiosidade do que por achar que aquilo realmente poderia acontecer.

— Os dois turistas britânicos retornam para casa num voo que sai de Lima ainda hoje pelo horário local e devem chegar em Londres amanhã à noite. - o âncora do jornal falou, uma vez que a imagem tinha desaparecido. - Retornaremos se tivermos mais informações sobre o caso.

A propaganda do canal começou e Colin e Eloise só se encararam por um momento.

— Vou tentar falar com eles. - Colin disse.

— Vou ver se alguém mais já sabe.

Ela abriu o grupo dos irmãos enquanto Colin mandava mensagens tanto para Anthony quanto para Kate. Puta que pariu, eu preciso de um trago, ela pensou, enquanto tentava digitar com as mãos ainda tremendo um pouco.

"Benedict: Eloise?

Daphne: O que aconteceu?

Gregory: Já posso deixar ela sair da cozinha?

Eloise: Pode, mas não deixa ela pegar o telefone

Eloise: Todo mundo senta, por favor

Eloise: Frannie, você tá sozinha?

Francesca: Eu tô num encontro duplo com o John, a Edwina e uma garota

Eloise: Ótimo, a Ed já está aí também

Francesca: Aconteceu alguma coisa com Anthony e Kate?

Eloise: O motivo do meu surto foi que Anthony e Kate estavam numa reportagem da BBC News

Benedict: O que eles estavam fazendo nessa reportagem?

Eloise: A reportagem era sobre um acidente ambiental que aconteceu no Peru. Eles estavam envolvidos de alguma forma, mas disseram na entrevista que tão bem e realmente pareciam estar

Daphne: QUE

Benedict: PUTA QUE PARIU

Hyacinth: MINHA NOSSA SENHORA

Daphne: MAS TÃO BEM BEM OU BEM MEIO MÉDIO MEIO MERDA?

Francesca: CARALHO

Francesca: MEU DEUS DO CÉU ELOISE EU SOU CARDÍACA (ED AQUI)

Eloise: O Colin tá tentando entrar em contato com eles pra entender o que aconteceu e como eles estão

Eloise: Acho melhor não deixarmos a mamãe saber enquanto não tivermos notícias mais concretas

Eloise: Ou pelo menos até conseguirmos falar com eles

Benedict: Concordo

Gregory: Já peguei o telefone da mamãe

Benedict: Estou indo praí

Daphne: Eu e Simon vamos depois do jantar

Eloise: Ótimo

Eloise: Estão bem aí na Escócia?

Francesca: As duas estão um pouco agitadas, mas o garçom veio oferecer uma mesa do lado de fora e água (John)

Francesca: Elas estão se acalmando (J)

Eloise: Ok, obrigada, John

Benedict: Como vocês estão?

Eloise: Tô melhorando

Eloise: Que susto da porra

Eloise: Eu tava com a Lottie na hora, me preocupei logo com ela, mas acho que ela não entendeu, graças a Deus

Benedict: Ainda bem"

Nesse momento, Anthony e Kate já estavam praticamente prontos para ir embora do Peru. Ambos estavam de banho tomado, com os passaportes em mãos e com os telefones agora carregados. Só precisavam ligá-los para ver as mensagens preocupadas, já que não falavam nada desde o dia anterior. Claro que ninguém esperava que ficassem dando notícias o dia inteiro, mas entravam em contato ao menos uma vez no dia, nem que fosse para que pudessem falar com a filha.

Logo Anthony viu que haviam várias notificações dos últimos minutos.

— Meu Deus. - ele disse, mostrando o celular para Kate, que estava deitada do seu lado na cama. - Parece que a BBC News fez uma reportagem com a gente.

— Daqui a pouco, todo mundo já vai saber. - ela disse, suspirando, mas já ligando seu telefone.

— Vou falar com meus irmãos.

— Pergunte...

— Da Lottie? - ele completou. Estava com saudades dela e preocupado sobre como ela estaria lidando com tudo o que estava acontecendo. Certo, ela provavelmente não tinha entendido muito bem o que estava acontecendo, mas, de qualquer forma, já fazia tempo demais que tinham falado com ela.

— Também, mas quero saber quem vai nos buscar amanhã. Acho que estava cheia de adrenalina na caverna, porque agora tudo o que eu quero é que isso acabe.

— Honestamente, eu também.

E estava bem perto. O trem para Lima sairia em duas horas. Aí seriam três horas no trem, e chegariam bem a tempo de ir para o aeroporto e pegar o voo. E então só seriam mais 17 horas até chegarem em Londres.

Estavam praticamente com um pé em casa.

"Anthony: A Lottie tá bem?

Francesca: Você some por um dia, a gente descobre PELA TV que você se envolveu num acidente e você volta perguntando se a única pessoa com a sanidade no lugar tá bem?

Anthony: Claro

Anthony: Chamo de prioridades

Colin: Que falso, não me responde no privado e não me atende, mas responde aqui

Anthony: Estava ocupado terminando de arrumar tudo pra sair do país

Anthony: E ninguém vai me responder da Lottie?

Hyacinth: Ela tá bem

Hyacinth: Tá toda felizinha dizendo que viu vocês

Anthony: Obrigado, Hya

Anthony: Fico mais tranquilo que ela não entendeu

Anthony: A mamãe já sabe?

Daphne: Leia o grupo, palhaço

Colin: Ainda não, mas como já deu no jornal, já deve estar na internet também e vão começar a perguntar para ela

Daphne: E no fim das contas, o que foi que aconteceu?

Anthony: Passamos a noite presos numa caverna

Hyacinth: OI?

Eloise: QUE

Colin: Como que isso aconteceu pelo amor de Deus?

Anthony: Uma pedra caiu e tampou o caminho para a caverna em que estávamos para nos abrigar contra a chuva

Anthony: Dou detalhes depois

Anthony: Mas enfim

Anthony: Estamos bem

Anthony: Passamos no hospital, mas basicamente disseram ‘descansem e vão pra casa’

Eloise: Então tudo certo por aí?

Anthony: Sim

Anthony: Estamos esperando o horário do trem pra sair daqui

Daphne: Ainda bem

Gregory: Ainda bem

Eloise: VOLTEM LOGO

Hyacinth: APRESSA ESSE AVIÃO

Francesca: Ainda bem

Francesca: A Ed acabou de dizer que vai ligar pra Kate, espere gritos

Anthony: Obrigado pelo aviso, Frannie

Gregory: A mamãe tá reclamando que tá todo mundo no telefone kk

Eloise: O Bene acabou de chegar

Eloise: Vamos contar para a mamãe depois do jantar

Anthony: Ok

Anthony: Quem vai buscar a gente amanhã no aeroporto?

Colin: Eu e mamãe

Anthony: Ok

Anthony: Se não aparecer um ciclone ou acontecer um terremoto, chegamos amanhã às 20 horas

Daphne: ANTHONY

Colin: BATE NA MADEIRA

Hyacinth: VIRA ESSA BOCA PRA LÁ

Francesca: PARA DE AGOURAR

Anthony: Muito cedo pra fazer piada?

Daphne: SIM

Eloise: SIM

Gregory: A gente ainda nem contou pra mamãe

Anthony: Ok, perdão

Anthony: Vou deixar vocês resolverem isso aí com ela

Anthony: Boa sorte"

— A Frannie pediu pra avisar que a Edwina vai ligar. - Anthony disse, virando para Kate.

— Elas saíram hoje?

— Sim. Algo sobre um encontro duplo.

— Meu Deus, ela arrastou a Eddie pra fora de casa e num encontro. Isso é um milagre. - ela sorriu. E aí seu telefone começou a tocar. - Eu vou colocar no viva voz. Não vou passar sozinha por ela gritando. - ela atendeu a chamada. - Oi, Eddie.

— KATE VOCÊS TÃO BEM? - ela praticamente gritou no telefone. Sim, tinha sido uma excelente ideia não atender com o telefone colado no ouvido.

— Boa tarde, Edwina. Estou ouvindo mal agora, mas, sim, estamos bem. - Kate respondeu.

— Haha. - ela disse, ironicamente. - Como que você deixa eu descobrir que vocês sofreram um acidente pela Frannie que descobriu pela Eloise que descobriu pela TV?

— Meu Deus, eu preciso de café. - Kate respondeu, esfregando a testa com a mão. - Minha cabeça acabou de rodar com o que você falou.

— Somos dois. - Anthony disse e lhe deu um beijo na têmpora. - Vou pegar lá na recepção.

— Ok. Um pouco…

— De água se estiver muito forte e uma colher de açúcar. - ele completou, sorrindo ao perceber a surpresa no rosto dela. Definitivamente tinha acertado. - Volto já. - ele simplesmente saiu do quarto.

— Que fofo. - Edwina disse, chamando a atenção dela de volta.

— É. - Kate disse, ainda um pouco desconcertada e definitivamente distraída. Era algo tão bobo… e ainda assim ela estava feliz por ele ter se lembrado.

— Vocês tão bem mesmo?

— Sim, Eddie. Só bastante cansados. E eu estou surpresa. Não imaginei que ele fosse lembrar da água.

— Você subestimou o coitado.

— Aparentemente.

— Deixa eu te ver, por favor.

— Tá. - Kate ligou a opção de vídeo e se sentou direitinho na cama. Logo começou a ver a irmã também, que estava muito bem-arrumada, mas claramente num banheiro. - Feliz agora? - Edwina arregalou os olhos. - O que foi, Eddie?

— Só estava observando seu pescoço. Que chupão seguro. Seria do tipo que você passaria duas semanas tentando esconder da mamãe e ela fingiria não ver.

Ela levou a mão ao pescoço e sentiu o rosto ruborizar.

— Meu Deus, tinha esquecido disso. O médico do hospital pensou que tinha sido algum pedaço da pedra que tinha se soltado e passado de raspão, mas Anthony disse que era totalmente culpa dele.

— O que é minha culpa? - ele perguntou, já entrando de volta no quarto com duas xícaras na mão.

— O chupão nada discreto no meu pescoço. - Kate disse e pegou a xícara que ele lhe oferecia. - Obrigada.

— Ah. - ele deu um sorriso que só podia ser descrito como safado. - É, foi completamente minha culpa.

— Bom, acho melhor eu ir. - Edwina disse. Não é que se sentisse como se estivesse invadindo a privacidade deles (apesar de ter um pouco dessa sensação também), mas queria voltar para seu encontro. Gostava bastante da companhia de Francesca e John e achava que gostava de Heather Bagwell também. Ela fazia mestrado na mesma universidade que Edwina, mas estudava arqueologia, e as duas estavam saindo casualmente há dois meses. Edwina tinha inclusive considerado levá-la para o casamento, mas achou que assustaria demais a garota, e elas nem tinham um relacionamento firmado.

— Vá. - Kate disse. - Você já passou tempo demais. A coitada da garota vai achar que você está enrolando ela.

— Acho que ela entende. Já saímos algumas vezes, então ela sabe o quanto você é importante pra mim.

— Você arrumou uma namorada e não me disse? - Kate estava indignada.

— Você me contou do Anthony e menos de um mês depois ele me perguntou se podia casar com você, então você tem zero direito de reclamar sobre mim quanto a isso. E namorada não, vamos com calma. - Edwina falou e ia começar a argumentar, mas Anthony a cortou.

— Volta pro seu encontro, Ed. - ele disse, com um sorriso. - A Lottie estava querendo uma outra tia pras férias do meio do ano, então acho que você podia providenciar.

— Acho que ela já tem tias demais.

— Só cinco. - Kate disse. - Isso é muito pouco considerando que uma não tem idade pra dirigir, a outra é tão ocupada quanto nós e você e a Frannie moram longe. Só sobra uma. Dê à pobre garota a chance de ter uma outra tia legal que também mora longe.

— Meu Deus, tá bom. E deixem de pressão pra cima de mim. Vão pedir ao Benedict e ao Colin que estão encalhados de verdade.

— É verdade. - Kate disse, virando para Anthony. - Precisamos arranjar uma namorada pro Colin.

— Por que casais tem uma tara de ver todas as outras pessoas do planeta com alguém?

— Em minha defesa, eu tenho o projeto “Arranjar uma namorada pro Colin” desde os dezoito anos.

— Faz 9 anos que você está no projeto de arranjar uma namorada pro Colin sem sucesso? - Anthony perguntou, claramente surpreso. - Amor, sinto muito, mas não acho que seu projeto esteja dando certo.

— Surgiram outras prioridades ao longo do caminho, mas tive alguns sucessos.

— Eu não consideraria Marina Thompson um sucesso.

— Em minha defesa, eu não ajudei ele a ficar com ela. Foi pura inocência do Colin não perceber que ela estava usando ele pra fazer ciúme no ex.

— E depois acreditar quando ela disse que o filho era dele. - Edwina complementou.

— Eu tinha esquecido disso. - Kate disse, passando a mão pelo rosto. - Ok, ela foi um desastre de verdade, mas teve também a Cressida Cowper.

Anthony fez uma cara feia.

— Também não entraria na minha lista de sucessos. - ele disse.

— Ele desencalhou por três meses, não foi? De qualquer forma - Kate continuou, ignorando Anthony, que ainda fazia uma cara de quem duvidava -, é só que estamos felizes assim e queremos que outras pessoas fiquem felizes também. - ela deu de ombros. - Claro que existem vários outros jeitos de alcançar felicidade, mas...

— Sim, sim, entendi. - Edwina disse, claramente apressada agora. - Tchau.

— Tchau. - os dois falaram ao mesmo tempo e Edwina desligou a chamada.

— Aproveitando que você estava falando de felicidade conjugal - Anthony disse -, já pensou a respeito da nossa… situação? - ele olhou para ela com expectativa.

— Sim. - Kate disse. E então respirou fundo. - Eu sempre achei que essa parte do nosso acordo fosse facilitar a nossa convivência e, até certo ponto, ajudava mesmo, mas agora é a última coisa que eu quero. Ficamos dentro das nossas zonas de conforto, mas…

— Eu não quero ficar confortável. - Anthony a cortou, pegando a mão dela e a olhando nos olhos. - Se confortável for voltar para o jeito que estávamos antes, em que eu te desejava, mas não podia te ter, eu troco um milhão de vidas confortáveis pra ter uma desconfortável com você do meu lado de verdade. Não quero viver de aparências. Eu sei que foi exatamente isso que eu pedi…

Ela interrompeu sua frase e o beijou. Ele simplesmente a puxou mais para perto, de forma que ela estava praticamente por cima dele. E aí Kate começou a sorrir.

— Você concorda, então? Não vale mais? - ela perguntou.

— Sim. - ele sorriu para ela também. - Anthony e Kate de dezembro eram burros e nosso acordo não vale mais.

— Ainda bem. - ele a beijou e, naquele momento, aquilo era o suficiente.


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