Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Oiiii!
Feliz dia pós lançamento de Bridgerton!
Nem acredito que passei 2 anos esperando por esse momento pra ver tudo em menos de 12 horas, mas enfim, por aqui já estou no aguardo da segunda temporada e da patroa Kate Sheffield.
Enfim, estou de volta com mais um capítulo, espero que gostem!! Digam o que estão achando nos comentários, o feedback de vocês é muito importante para mim :)

Beijos,
Mavelle

Música citada: Vejo enfim a luz brilhar - Enrolados (sim, você leu certo)
Vou deixar aqui o link da playlist que criei pra história pra facilitar encontrar as músicas (também vai estar junto com a capa e sinopse)
https://open.spotify.com/playlist/3KOkoeNcP73LtAPJqjy0Jd



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Era o quarto dia deles no Peru.

E nada tinha acontecido.

Nas cinco horas de escala em Amsterdã, fizeram um passeio pelos canais e pararam numa cafeteria antes de voltar para o aeroporto. Na primeira noite, quando chegaram ao hotel em Lima, ambos estavam exaustos depois de praticamente 19 horas de viagem, então simplesmente capotaram. Passaram a segunda feira quase toda na piscina do hotel, ainda cansados demais para qualquer outra coisa, mas à noite saíram para jantar. No dia seguinte, foram conhecer a cidade e à noite, viram uma apresentação de Marinera, uma dança típica do Peru. Na quarta pela manhã, voltaram a fazer passeios pela cidade, mas à tarde pegaram o trem para Machu Picchu, que era o real destino da viagem.

Eles flertavam quase que o tempo todo, mas nenhum dos dois tomava a iniciativa. Kate achava que Anthony deveria tomar iniciativa porque, da última vez que tinham se beijado, ela que tinha tomado iniciativa, além de ter sugerido que a regra não valesse mais, enquanto ele esperava que ela tomasse iniciativa porque tinha sido ela que tinha sugerido a regra em primeiro lugar. Certo, ela também tinha sugerido que fosse invalidada, mas não ia tirar o direito dela de mudar de ideia.

No fim das contas, nenhum dos dois queria dar o braço a torcer. Assim, quanto mais perto chegavam de Machu Picchu, mais a tensão entre eles aumentava.

E mais as camas diminuíam.

Anthony achava que era algum tipo de piada cósmica.

Quando chegaram em Lima, a cama do hotel era menor do que estavam acostumados, mas era de um tamanho normal. Entretanto, quando chegaram no alojamento da empresa com a qual estavam fazendo o passeio, por alguma razão, a cama era mais estreita do que a anterior.

Agora, depois de uma noite que ambos passaram levemente tensos, estavam fazendo uma trilha com outros turistas. E tudo estava indo bem.

Até que começou a chover.

Primeiro, era apenas um chuvisco, mas, com o passar dos minutos, se tornou uma chuva grossa, que veio acompanhada por uma neblina. Logo ficou claro que não poderiam ir para lugar nenhum daquele jeito. Estavam num trecho completamente aberto e estava relampejando. Era só o que faltava, Kate pensou ao ouvir o primeiro trovão. Anthony estava um pouco mais atrás, mas logo foi para o lado dela. Sabia que ela não gostava de trovões, então o mínimo que podia fazer era estar ao seu lado caso ela precisasse.

— Não dá para seguir em frente com essa chuva. - Alejandro, o guia, disse a eles, por fim. - Tem uma caverna aqui perto que dá mais proteção contra a chuva que esse lugar. Vou levar primeiro o senhor e senhora Gomes e volto em quinze minutos para buscar vocês. - ele falou, apontando discretamente para o outro casal que os acompanhava. Eram um casal de meia idade e o marido parecia prestes a ter um ataque de nervos.

— Ok. - Kate disse. Não havia muito o que fazer, então eles só observaram o guia se afastar com o outro casal.

— Era realmente assim que você esperava passar nossa lua de mel? - Anthony perguntou, praticamente lutando para manter seus olhos abertos.

— Não mesmo. Mas ainda bem que eu te convenci a comprar uma câmera à prova d'água dois anos atrás. - ela pegou a câmera e se afastou alguns passos, já tirando uma foto dele, que parecia estar sofrendo um pouco na chuva.

— Eu odeio ser a estrela de fotos.

— Eu amo tirar fotos, então sinto muito, mas você vai ter que aparecer. E aparentemente as pessoas não acreditam que as coisas aconteceram a não ser que tenham fotos para provar. Não sei se alguém vai acreditar que viemos para cá e não conseguimos ver nada por causa da chuva, então agora temos provas. Além disso, pelo que eu vejo no meu Instagram, se seu parceiro peidar do seu lado, você tem que tirar uma foto e postar. Ah, como eu amo o compartilhamento excessivo da vida das pessoas. - ela disse, sarcasticamente.

Ele riu e se aproximou dela, tirando a câmera das mãos dela. Então se afastou um pouco novamente.

— Eu não sou contra tirar fotos. Por isso, agora você é minha modelo.

— Meu Deus, que vida difícil. - ela disse, sarcasticamente e colocou uma mão na testa, fingindo limpar suor. Anthony logo tirou algumas fotos.

— Eu achava que você amasse redes sociais. - ele disse, voltando um pouco ao assunto anterior.

— E eu amo. - ela suspirou. - Eu amo o jeito que pode ser usada pra marketing, só não gosto do compartilhamento excessivo.

— Então você ama o que o resto do planeta odeia?

— Sim. - ela sorriu e ele tirou outra foto dela.

— Ownnn. - ele disse, já se aproximando dela e tirando onda da foto. - Você parece tão apaixonada falando do seu trabalho no meio de uma tempestade.

— Ai, cala a boca. - ela revirou os olhos.

— Desculpe, foi mais forte que eu. - ele sorriu.

— Um Bridgerton nunca perde uma chance de provocar outro Bridgerton. - Kate disse, citando a frase que ele e os irmãos usavam para justificar tudo que fizessem um contra o outro. - Eu só não sabia que essa regra se aplicava para os que entram na família por casamento. - Nem eu, ele pensou. Mas tem alguma coisa sobre provocar ela que me faz sentir... bem. — De qualquer forma, você estaria desse mesmo jeito se estivéssemos falando de alguma coisa de administração.

— Você provavelmente não está errada.

— Não vai dizer que eu estou certa? - ela levantou uma sobrancelha.

— Ainda não posso te dar essa vitória. Não faz nem um mês que estamos casados e eu sei que, depois que eu disser que você está certa uma vez, eu nunca mais vou estar certo.

Kate riu.

— Isso é verdade.

Eles estavam lá, só olhando um nos olhos do outro, e não havia necessidade de falar nada. Kate segurou a mão dele e se aproximou um pouco mais.

— Dança comigo?

— Ok. - ele deu um sorriso de lado e a puxou mais para perto, já colocando sua outra mão nas costas dela. Então eles começaram a dançar enquanto Anthony cantarolava uma música.

— Você realmente está cantarolando Vejo enfim a luz brilhar? - ela perguntou, achando graça.

— Essa é a única música na minha cabeça agora. Não é minha culpa que a Lottie adore esse filme. - ele sorriu e a rodou, enquanto ela ria. Podia não ser a melhor dançarina, mas gostava de dançar.

Naquele momento, Alejandro chegou, um pouco sem fôlego por ter voltado correndo. Ele sentiu como se estivesse interrompendo um momento, mas eles precisavam ir para a caverna. A chuva tinha dado uma amenizada enquanto ele tinha ido deixar o outro casal lá, mas continuava chovendo e tudo indicava que iria piorar. Eles pararam de dançar e começaram a subir o caminho que Alejandro mostrava.

— Isso não parece bom. - Kate disse, já bem perto de chegarem na caverna.

— O que não parece bom? - Anthony perguntou, diminuindo um pouco a velocidade para tentar descobrir do que ela estava falando.

— Aquilo. - ela disse, apontando para uma pedra enorme que agora estava acima de suas cabeças. Ela estava segura no lugar apenas por uma árvore que se curvava.

— Meu Deus. - ele disse, claramente preocupado, mas tinham atingido a caverna, o que queria dizer que a pedra não era mais uma preocupação imediata.

— Relaxem. - Alejandro disse ao perceber o tópico da conversa deles. - Aquela pedra está presa ali há centenas de anos.

— Menos mal. - Kate disse.

— Vocês estão bem? - ele perguntou, assim que os dois se sentaram no chão.

— Sim, estamos. Vá tranquilizar eles. - Kate disse, apontando para o senhor e a senhora Gomes. - Acho que eles precisam mais da sua ajuda do que nós.

— Está certa, senhora Bridgerton. - ele saiu para falar com o outro casal, que estava de pé e parecia desconfortável ao extremo.

— Viu? - ela falou, cutucando Anthony, que estava sentado ao seu lado, com o cotovelo. - Alejandro admitiu que eu estava certa.

— É diferente. Você nunca mais vai vê-lo. - ele respondeu, já passando a garrafinha de água para ela. - Você vai me ver de novo todos os dias e eu não estou pronto para dizer isso ainda, ok?

— Tudo bem. Eu respeito seu tempo.

Depois disso, eles ficaram num silêncio confortável enquanto esperavam a chuva passar. Antes mesmo que pudesse perceber o que estava fazendo, Kate colocou a cabeça sobre o ombro de Anthony, que deu-lhe um beijo de leve na testa. Consideraram conversar com o outro casal, mas eles estavam muito nervosos, então não pareceu o momento certo para falar com eles.

Quase trinta minutos depois, parecia que a chuva tinha finalmente parado, então todos se levantaram e recolheram suas coisas. Alejandro os puxou de lado para conversar.

— Vou descer primeiro com o senhor e a senhora Gomes. Ele não está se sentindo bem e quer voltar. Se importam de esperar por mais ou menos meia hora enquanto eu os levo de volta para o ponto de apoio de onde eles podem retornar?

— Não. - Anthony disse. - Sem problemas.

— Não saiam da caverna, por favor.

— Certo. Vamos estar esperando aqui. - Kate disse e ele saiu. - Jesus. - ela disse, já sentando de novo. - Por que a gente não escolheu algo mais fácil?

Anthony simplesmente colocou a mochila de volta contra a parede e se sentou ao lado dela.

— Você que escolheu. - ele tinha um sorriso conspiratório no rosto. - Se fosse por mim, estaríamos numa praia em Barbados agora.

— Não jogue minhas decisões ruins na minha cara agora, por favor. - ela bebeu um gole de água. - Além disso, você não tentou me convencer a não vir para cá.

— Bom, talvez já estivesse nos meus planos visitar esse lugar algum dia. Não no meio dessa tempestade, claro. - ele disse, já olhando para o lado de fora. - Mas olha. - ele a convidou a olhar para onde estava olhando também. - Não é lindo?

Ela olhou ao seu redor por alguns momentos e, apesar de a visão ainda estar um pouco reduzida por causa da chuva, ela pode ver o que ele queria dizer. Ainda tinha muita neblina nas colinas, mas eles definitivamente podiam ver a cidade de Machu Picchu despontando.

— Nossa. Que vista linda!

Eles simplesmente ficaram parados lá, observando a paisagem enquanto a chuva caía lentamente do lado de fora da caverna. Era um momento perfeito por si só e não havia necessidade de preencherem o silêncio.

Depois de uns minutos, Anthony começou a olhar para Kate. Sempre soube que ela era linda, mas havia algo de diferente sobre estar ali com ela. Apesar de conhecê-la desde sempre, nunca tinha notado uma pálida cicatriz logo abaixo de seu lábio inferior. E ele percebeu, para sua surpresa, que queria saber não só como ela tinha conseguido aquela cicatriz, mas também se ela tinha outras e quais as histórias por trás delas.

Era a primeira vez que queria saber algo do tipo (tão bobo, mas, ao mesmo tempo, profundo e pessoal) sobre alguém desde a morte de Siena. Ele sabia que se sentia atraído por ela fisicamente, mas isso ia bem além.

— Por que você tá me olhando assim? - Kate perguntou, fazendo-o sair de seus devaneios. Ela tinha um sorriso brincalhão no rosto.

— Te olhando assim como?

— Como se estivesse intrigado. Ou estudando meu rosto. Ou os dois.

— Eu cansei de olhar a paisagem. Seu rosto é mais interessante.

Ela deu uma risada sarcástica.

— Impossível. Nós estamos tendo uma visão privilegiada de um dos lugares mais bonitos do planeta num momento que faz a paisagem ficar ainda mais bonita. Ninguém nunca tirou uma foto de Machu Picchu assim desse ângulo e provavelmente nunca vai tirar. Você tá acordando e vendo meu rosto todos os dias há um mês e me conhece a vida inteira. O que poderia ter no meu rosto que seria mais interessante do que essa paisagem?

— Bom, com todo respeito à 7ª maravilha do mundo moderno, essa cicatriz é bem mais interessante pra mim - ele disse, já tocando de leve a cicatriz dela. - Como você conseguiu?

Ela queria rir.

— Você não lembra?

— Não. Deveria?

Ela começou a rir.

— Bom, como foi cortesia do meu querido marido, eu acredito que sim.

— Eu fiz isso? Como? - ele estava confuso.

— Lembra daquela época que você, Benedict e Colin ficavam apostando corrida de bicicleta?

— Sim. Ainda não sei como todos terminamos aquele ano vivos.

— Nem eu, pra falar a verdade. Enfim, teve um dia que Colin começou a reclamar que sempre perdia de vocês e aí, pra deixar “justo” - ela fez aspas com os dedos - você e Benedict levariam eu e Daphne no bagageiro. Então Daphne foi com o Benedict e...

— Você foi comigo - ele disse. - Agora eu lembro. Eu freei a bicicleta muito rápido, você não estava segurando direito e de alguma forma saiu voando e acertou o guidon da bicicleta de Colin.

— Eu ainda não entendi como isso aconteceu.

— Nem eu, mas crianças desafiam as leis da física.

Ela sorriu.

— Pois é. Entendendo ou não como aconteceu, eu sei que perdi dois dentes da frente naquele dia.

— Eles iam cair de qualquer jeito - ele deu de ombros, mais para ver qual a reação dela do que qualquer outra coisa.

Kate deu um tapa no seu braço, e ele teria sorrido se não soubesse que isso a deixaria irritada de verdade. Era exatamente essa a reação que tinha esperado.

— Sim, eles iam, mas eu preferia que tivessem caído no tempo certo.

— Você nunca precisou usar aparelho. Devia me agradecer por isso.

Ela revirou os olhos.

— Eu passei três semanas sem falar com você.

— Acho que foi a época que passamos mais tempo sem nos falar.

— Você tentou falar comigo. Era eu que não queria falar.

— É verdade. - ele disse. Então tomou coragem para dizer algo que já estava em seu peito há algum tempo e que ainda não tinha tido oportunidade pra compartilhar. Ele começou a encarar a paisagem. - Mas você tinha só cinco anos, então eu não te culpo. Assim como não te culpo se quiser ir embora assim que a Lottie melhorar de vez.

— Ei. - ela chamou, colocando sua mão no braço dele e fazendo com que ele a olhasse nos olhos. Por que os olhos dele parecem tão tristes?, ela pensou. - Eu não estou nisso só por causa dela. Sim, foi minha maior motivação para aceitar, mas eu quero te ajudar. E - ela adicionou depois de alguns momentos -, pra ser honesta, é muito bom ter alguém com quem contar.

Anthony olhou em seus olhos e colocou uma mecha rebelde atrás de sua orelha. Ali estava ela: completamente ensopada, com os tênis sujos de lama e com o cabelo todo bagunçado. Ainda assim, ele achou que nunca tinha se sentido tão atraído por ela quanto naquele momento. Nem mesmo na festa de fim de ano. Nem mesmo no dia do nosso casamento, ele pensou.

Ele inclinou a cabeça na direção da dela. Foda-se o seu orgulho. Precisava beijá-la.

— O que está fazendo? - ela perguntou em um murmúrio. Seu coração batia acelerado no peito.

— Estou meio que tentando te beijar.

Kate não disse uma palavra, mas passou as mãos pela nuca dele e o puxou para um beijo. Ele simplesmente passou as mãos pela cintura dela, trazendo-a para mais perto.

— Finalmente. - ela disse, fazendo uma curta pausa para recuperar o fôlego. - Achei que ia ter que me jogar em cima de você.

— Não precisa chegar a tanto, mas, sim, por favor.

Anthony tinha passado os últimos 5 meses beijando Kate, mas nunca tinha se sentido assim. Não era só por ela estar praticamente sentando em seu colo, apesar de que isso também fazia a diferença, mas alguma coisa tinha mudado. Também era diferente da semana anterior, porque agora tinha certeza de que era isso que ela queria.

E ela sentia isso também. Sempre tinha sido bom beijar Anthony, mas agora era diferente. Eles não estavam fingindo nada para ninguém e algo sobre isso a fez se sentir livre.

Eles ficaram assim por alguns momentos, só aproveitando que finalmente estavam fazendo o que ambos queriam há tanto tempo, até que ouviram um barulho muito alto de trovão. Kate congelou no lugar.

— Eu odeio trovões. - ela disse e ele simplesmente a abraçou.

— Eu sei. Pelo menos não estamos... - Anthony começou, mas parou. - O chão tá tremendo ou...

— Corre. - Kate disse, já se levantando e correndo para fora da caverna, Anthony logo atrás dela. Até que ela parou do nada. Ele esbarrou de leve atrás dela, ainda sem ter identificado o problema. - Puta merda.

Só aí foi que ele percebeu: o caminho que eles tinham subido para chegar na caverna tinha desaparecido. Na frente deles, estava a pedra. Acima, a árvore que a segurava no lugar pegava fogo. Era bem claro que estavam presos ali.


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