Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo


Capítulo 30
I Will Be


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo seguido com Avril na trilha sonora. É, sou maníaca :B
Ah, e façam o favor de arrumar a musiquinha aí pra escutar. É linda @.@
Ah, esse começo todo, até a primeira vez em que tem uma linha pulada, tava no bloquinho de notas do celular ;F



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Não há nada que eu poderia dizer para você

Nada que eu poderia fazer para te fazer enxergar

O que você significa para mim

Toda a dor, as lágrimas que eu chorei

Ainda assim que você nunca disse adeus

E agora eu sei até onde você deseja ir

Eu sei que eu te decepcionei

Mas não é mais assim agora

Desta vez eu nunca vou deixar você ir

I Will Be - Avril Lavigne  

*-*-*-*-*

 

     No meio da mesma tarde, estava no meu quarto, distraído, compondo alguma coisa quando ouvi batidas na porta.

     - Entra, Tom – falei, pensando tratar-se do meu irmão.

     - Não é o Tom – a voz feminina disse do outro lado.

     Joguei o caderno debaixo da cama e fui pessoalmente abrir a porta.

     - Oi, Maria. Tá tudo bem?

     Ela baixou os olhos e pediu:

     - Bill, posso falar contigo?

     - Claro. Entra.

     Fechei a porta quando ela adentrou o quarto.

     - Senta aí – pedi enquanto puxava a cadeira da escrivaninha pra mim. – O que há?

     - Bill.

     - Ham?

     - Eu queria te pedir desculpas.

     - Pelo quê?

     - Você sabe.

     - Então refresca a minha memória.

     Ela respirou fundo, se ajeitou na cama e começou:

     - Antes de eu me atirar no fundo do poço... eu gostava muito de ti. Mas aí eu comecei a ser uma idiota... e te afastei. – lágrimas começavam a se acumular nos olhos dela – Quando você chegava perto, eu me virava... Quando você dava oi, eu ignorava e fingia que não ouvi... Quando você sorria, eu revirava os olhos... Quando você vinha conversar, eu cortava e saía andando... – ela falava com os olhos baixos, se esforçando para guardar o choro. – E depois disso, você me põe dentro da sua casa... como se nada tivesse acontecido... Por que você fez isso? Não, não responda ainda, o que passa pela sua cabeça, depois de tudo isso você me por dentro da sua casa e dividir a sua margarina comigo? Eu não consigo te entender, sabia?

     - Bom – comecei -, um motivo é que eu nunca me esqueci de você. Não importa o que você fizesse. Eu simplesmente nunca te deixaria na mão. Outro é que você fez por mim algo igualmente louvável. Outro que, se fosse eu, no Brasil, aparecendo na escola com uma mala e pensando em passar a noite debaixo da ponte mais próxima, você faria a mesma coisa.

     Ela riu.

     - Não faria?

     - É... com certeza. Às vezes, Bill, eu achava que você pensava que seria grato a mim pelo resto da vida pelo que eu fiz por ti naquele dia 11 de agosto. Agora... eu é que serei grata a você pelo resto da vida por isso...

     - Então estamos quites.

     - Mas... isso não muda o fato de que eu fui uma completa idiota. Eu não consigo estar aqui dentro sendo que estou constantemente me lembrando de que eu te tratava como um lixo. – a primeira lágrima caiu. – Eu fui apenas uma imbecil, e não vou conseguir dormir à noite se não ouvir de ti que realmente não sente mágoa por eu ter feito isso contigo.

     - Realmente não sinto mágoa pelo que houve. Na hora eu senti, claro, porque não sabia o que estava acontecendo. Mas agora, não. Não estou nem um pouco magoado com você.

     - Me conforta muito te ouvir dizendo isso... Mas é muito mais. – a essa altura, ela não se importava mais com as lágrimas que insistiam em cair. – Eu não vou dizer que tu não tem noção do quanto você significa pra mim. Sei que eu te magoei... Mas eu te prometo que nunca mais vou te decepcionar.

     - O que é isso? – perguntei baixinho vendo que ela agora chorava copiosamente, se levantando da cama para prosseguir:

     - Você, Bill, não é só o meu melhor amigo. Você é quase o que eu respiro, é tudo o que eu quero e que eu preciso!

     Ao ouvi-la dizer isso, me levantei da cadeira e a abracei.

     - Eu te amo, Bill. – ela disse entre soluços.

     Tombei sentado na cama ao ouvir. Apesar de saber que ela dissera isso no sentido da amizade. E apertei o abraço.

     Deixei-a chorar no meu ombro para que afogasse as mágoas, e peguei uma lágrima intrusa saindo do meu olho.

     Depois de uns poucos minutos, Mari tinha cessado e estava menos tensa.

     - Tá mais calma? – perguntei afagando seus cabelos.

     - Ai, eu te molhei todo... – ela disse se afastando um pouco.

     - Não tem problema. Você tá mais calma?

     - Aham... tô sim. Obrigada.

     - Tá com fome?

     - Um pouco...

     - Vamos na cozinha comer alguma coisa. Só espera eu trocar a blusa molhada. – falei abrindo o armário, pegando a primeira blusa que vi e despindo a que vestia. Virei-me para trás e vi que ela ainda estava ali – Er, desculpa, Mari – disse metendo a blusa no corpo – não te vi aí.

     - Não tem nada. Você é lindo.

     Senti as bochechas arderem e dei um sorriso singelo.

     - Vamos. Tô morrendo de fome, meu estômago tá conversando comigo.

     Ela deu um risinho. Pegamos umas bolachas na cozinha e fomos para a sala ver tevê.

     Algo me dizia que, a partir dali, alguma coisa sobre a nossa relação ia mudar.

     E não deu outra. Na sexta-feira, era o início da terapia da Mari. Como ainda estávamos em “abstinência de gravação”, achei bom acompanhá-la, pois decerto não sabia onde fica o consultório da minha mãe. Ela aceitou a sugestão e lá fomos nós, saídos de casa um pouquinho atrasados. Por conta disse, resolvemos pegar um ônibus, a fim de chegar mais rápido ao destino.

     Sentamos no banquinho do ponto vazio. Passou um minuto e eu resolvi dar-lhe um beijo na bochecha. Acontece que, quando eu tava quase chegando lá, ela resolveu fazer uma pergunta e se virou.

     - Bill, qual o nome...

     A interrupção foi causada pelo contato dos nossos lábios. Na rapidez com que ela virou o rosto, acidentalmente dei-lhe um selinho. Ficamos olhando um para o outro, a um centímetro de distância, sem saber o que fazer.

     - Foi sem querer – disse sem me mexer. – O que você ia perguntar?

     - O... o nome do ônibus que a gente tá esperando.

     - É aquele que tá vindo ali, vamos. – levantei-me e peguei-a pela mão, fazendo sinal para o ônibus parar.

     Ônibus vazio. Paguei as passagens, passamos pela catraca e sentamos juntos.

     - Ôh Mari. – falei.

     - Ham.

     - Foi sem querer, tá?

     - Tá. Mas o que você ia fazer?

     - Eu ia só... te dar um beijo na bochecha.

     - Hm. Não precisa pedir desculpa. Isso devia ser a coisa mais normal do mundo entre a gente.

     - Por quê?! – perguntei meio sem entender.

     - Porque você é... praticamente um irmão. Um primo, vai. E eu não vejo o menor problema em trocarmos selinho, seja acidentado ou não.

     - Acidental.

     - Que seja.

     Primo?! Tá, né.

     No mesmo dia, à noite, ligaram da gravadora comunicando que a avaria fora reparada e poderíamos voltar a gravar no sábado. Aliás, o quanto antes; uma semana é um atraso colossal. Então passamos a trabalhar uma vez e meia a mais que antes, tendo folga nas sextas à tarde (coincidentemente, friso bem; não tive nada a ver com isso, mas fiquei feliz em poder fazer companhia à Mari – e ela também).

     Passamos assim os meses de maio e julho. Dando duro. E tudo estava ficando perfeito, cada vez melhor. Falta só gravar Unendlichkeit.

     Quanto à Mari, depois do “selinho acidentado” no ponto de ônibus em abril, passamos a nos “acidentar” mais vezes. Tanto que deixou de ser acidente e se tornou hábito. Mas que ninguém veja. Parecemos duas crianças endiabradas, que tomam todo o cuidado para não serem vistas aprontando.

     No dia primeiro de julho, mamis chegou em casa dizendo que precisava conversar com nós três depois da janta. Eu não tinha a menor ideia do que ela queria comunicar, por isso o espanto quando ela metralhou a informação:

     - Silvíe me ligou hoje e disse que precisa que você volte pra lá, Maria. Contei pra você que diria a ela que você estava aqui logo que veio morar conosco, certo? Ela me pediu que te perguntasse se você pode voltar, pra cuidar da Brenda durante as férias.

     - Ah – ela disse -, mas é claro.

     - Não! – esbravejei. As atenções se voltaram para mim.

     - E por que não, Bill, posso saber? – mamãe perguntou cruzando os braços.

     - Porque... eu pensei que a Mari ia ficar aqui até quando fosse voltar pro Brasil... Queria que ela ficasse.

     - Não posso, Bill. Eu também queria, mas não dá. Então, D. Simone, eu volto quando?

     - Sexta-feira que vem, à noite.

     Naquela noite eu fui dormir pensativo. Em uma semana, Mari voltaria para casa. Em dois meses, iria embora pro Brasil. E eu vou ficar com uma mão abanando na frente e outra atrás...

     Sem conseguir dormir, levantei e fui acordar o Tom.

     - Tom... Tá acordado? – sussurrei.

     - Tô.

     - Fui eu que te acordei?

     - Não. Estou insone. O que foi?

     - Er... Preciso de uma ajuda sua.

     - Você? Querendo a minha ajuda? Acho que você tá sonâmbulo, Bill.

     - Para de graça. Não estou andando dormindo. Quero que você me ajude.

     - No quê?

     - É que eu... er... eu queria... Bom, a Mari, ela...

     - ela vai embora. E aí?

     - Ela vai embora, e eu... eu eu... vou...

     - Você vai ficar chupando o dedo. Fala logo, Bill, para de enrolar, tá todo mundo dormindo.

     - Tá... – suspirei – Então. Ela vai embora. Mas eu queria... assim...

     - Espera, espera. É o que eu tô pensando? Você tá querendo falar pra ela?

     - Er... é.

     - Amanhã chove canivete! Até que enfim! Bendito seja quem pos juízo na tua cabeça!

     - Você não tem muita moral pra falar de juízo, sabia? E então? Vai me ajudar ou não?

     - Ajudo, ué. O que você quer?

     - Quero que você me ajude a encontrar uma forma de falar pra ela.

     Ele pensou um pouco e disse:

     - Acho que você tem duas opções: ou você fala na lata... ou... parte pro ataque.


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Notas finais do capítulo

MUAHAHAHA parou numa parte boa.
Alguma reclamação quanto ao capítulo? Deu 4 páginas no Word. O próximo capítulo está maior ainda.
Até semana que vem õ//