Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo
Notas iniciais do capítulo
Terceiro capítulo seguido com Avril na trilha sonora. É, sou maníaca :B
Ah, e façam o favor de arrumar a musiquinha aí pra escutar. É linda @.@
Ah, esse começo todo, até a primeira vez em que tem uma linha pulada, tava no bloquinho de notas do celular ;F
Não há nada que eu poderia dizer para você
Nada que eu poderia fazer para te fazer enxergar
O que você significa para mim
Toda a dor, as lágrimas que eu chorei
Ainda assim que você nunca disse adeus
E agora eu sei até onde você deseja ir
Eu sei que eu te decepcionei
Mas não é mais assim agora
Desta vez eu nunca vou deixar você ir
I Will Be - Avril Lavigne
*-*-*-*-*
No meio da mesma tarde, estava no meu quarto, distraído, compondo alguma coisa quando ouvi batidas na porta.
- Entra, Tom – falei, pensando tratar-se do meu irmão.
- Não é o Tom – a voz feminina disse do outro lado.
Joguei o caderno debaixo da cama e fui pessoalmente abrir a porta.
- Oi, Maria. Tá tudo bem?
Ela baixou os olhos e pediu:
- Bill, posso falar contigo?
- Claro. Entra.
Fechei a porta quando ela adentrou o quarto.
- Senta aí – pedi enquanto puxava a cadeira da escrivaninha pra mim. – O que há?
- Bill.
- Ham?
- Eu queria te pedir desculpas.
- Pelo quê?
- Você sabe.
- Então refresca a minha memória.
Ela respirou fundo, se ajeitou na cama e começou:
- Antes de eu me atirar no fundo do poço... eu gostava muito de ti. Mas aí eu comecei a ser uma idiota... e te afastei. – lágrimas começavam a se acumular nos olhos dela – Quando você chegava perto, eu me virava... Quando você dava oi, eu ignorava e fingia que não ouvi... Quando você sorria, eu revirava os olhos... Quando você vinha conversar, eu cortava e saía andando... – ela falava com os olhos baixos, se esforçando para guardar o choro. – E depois disso, você me põe dentro da sua casa... como se nada tivesse acontecido... Por que você fez isso? Não, não responda ainda, o que passa pela sua cabeça, depois de tudo isso você me por dentro da sua casa e dividir a sua margarina comigo? Eu não consigo te entender, sabia?
- Bom – comecei -, um motivo é que eu nunca me esqueci de você. Não importa o que você fizesse. Eu simplesmente nunca te deixaria na mão. Outro é que você fez por mim algo igualmente louvável. Outro que, se fosse eu, no Brasil, aparecendo na escola com uma mala e pensando em passar a noite debaixo da ponte mais próxima, você faria a mesma coisa.
Ela riu.
- Não faria?
- É... com certeza. Às vezes, Bill, eu achava que você pensava que seria grato a mim pelo resto da vida pelo que eu fiz por ti naquele dia 11 de agosto. Agora... eu é que serei grata a você pelo resto da vida por isso...
- Então estamos quites.
- Mas... isso não muda o fato de que eu fui uma completa idiota. Eu não consigo estar aqui dentro sendo que estou constantemente me lembrando de que eu te tratava como um lixo. – a primeira lágrima caiu. – Eu fui apenas uma imbecil, e não vou conseguir dormir à noite se não ouvir de ti que realmente não sente mágoa por eu ter feito isso contigo.
- Realmente não sinto mágoa pelo que houve. Na hora eu senti, claro, porque não sabia o que estava acontecendo. Mas agora, não. Não estou nem um pouco magoado com você.
- Me conforta muito te ouvir dizendo isso... Mas é muito mais. – a essa altura, ela não se importava mais com as lágrimas que insistiam em cair. – Eu não vou dizer que tu não tem noção do quanto você significa pra mim. Sei que eu te magoei... Mas eu te prometo que nunca mais vou te decepcionar.
- O que é isso? – perguntei baixinho vendo que ela agora chorava copiosamente, se levantando da cama para prosseguir:
- Você, Bill, não é só o meu melhor amigo. Você é quase o que eu respiro, é tudo o que eu quero e que eu preciso!
Ao ouvi-la dizer isso, me levantei da cadeira e a abracei.
- Eu te amo, Bill. – ela disse entre soluços.
Tombei sentado na cama ao ouvir. Apesar de saber que ela dissera isso no sentido da amizade. E apertei o abraço.
Deixei-a chorar no meu ombro para que afogasse as mágoas, e peguei uma lágrima intrusa saindo do meu olho.
Depois de uns poucos minutos, Mari tinha cessado e estava menos tensa.
- Tá mais calma? – perguntei afagando seus cabelos.
- Ai, eu te molhei todo... – ela disse se afastando um pouco.
- Não tem problema. Você tá mais calma?
- Aham... tô sim. Obrigada.
- Tá com fome?
- Um pouco...
- Vamos na cozinha comer alguma coisa. Só espera eu trocar a blusa molhada. – falei abrindo o armário, pegando a primeira blusa que vi e despindo a que vestia. Virei-me para trás e vi que ela ainda estava ali – Er, desculpa, Mari – disse metendo a blusa no corpo – não te vi aí.
- Não tem nada. Você é lindo.
Senti as bochechas arderem e dei um sorriso singelo.
- Vamos. Tô morrendo de fome, meu estômago tá conversando comigo.
Ela deu um risinho. Pegamos umas bolachas na cozinha e fomos para a sala ver tevê.
Algo me dizia que, a partir dali, alguma coisa sobre a nossa relação ia mudar.
E não deu outra. Na sexta-feira, era o início da terapia da Mari. Como ainda estávamos em “abstinência de gravação”, achei bom acompanhá-la, pois decerto não sabia onde fica o consultório da minha mãe. Ela aceitou a sugestão e lá fomos nós, saídos de casa um pouquinho atrasados. Por conta disse, resolvemos pegar um ônibus, a fim de chegar mais rápido ao destino.
Sentamos no banquinho do ponto vazio. Passou um minuto e eu resolvi dar-lhe um beijo na bochecha. Acontece que, quando eu tava quase chegando lá, ela resolveu fazer uma pergunta e se virou.
- Bill, qual o nome...
A interrupção foi causada pelo contato dos nossos lábios. Na rapidez com que ela virou o rosto, acidentalmente dei-lhe um selinho. Ficamos olhando um para o outro, a um centímetro de distância, sem saber o que fazer.
- Foi sem querer – disse sem me mexer. – O que você ia perguntar?
- O... o nome do ônibus que a gente tá esperando.
- É aquele que tá vindo ali, vamos. – levantei-me e peguei-a pela mão, fazendo sinal para o ônibus parar.
Ônibus vazio. Paguei as passagens, passamos pela catraca e sentamos juntos.
- Ôh Mari. – falei.
- Ham.
- Foi sem querer, tá?
- Tá. Mas o que você ia fazer?
- Eu ia só... te dar um beijo na bochecha.
- Hm. Não precisa pedir desculpa. Isso devia ser a coisa mais normal do mundo entre a gente.
- Por quê?! – perguntei meio sem entender.
- Porque você é... praticamente um irmão. Um primo, vai. E eu não vejo o menor problema em trocarmos selinho, seja acidentado ou não.
- Acidental.
- Que seja.
Primo?! Tá, né.
No mesmo dia, à noite, ligaram da gravadora comunicando que a avaria fora reparada e poderíamos voltar a gravar no sábado. Aliás, o quanto antes; uma semana é um atraso colossal. Então passamos a trabalhar uma vez e meia a mais que antes, tendo folga nas sextas à tarde (coincidentemente, friso bem; não tive nada a ver com isso, mas fiquei feliz em poder fazer companhia à Mari – e ela também).
Passamos assim os meses de maio e julho. Dando duro. E tudo estava ficando perfeito, cada vez melhor. Falta só gravar Unendlichkeit.
Quanto à Mari, depois do “selinho acidentado” no ponto de ônibus em abril, passamos a nos “acidentar” mais vezes. Tanto que deixou de ser acidente e se tornou hábito. Mas que ninguém veja. Parecemos duas crianças endiabradas, que tomam todo o cuidado para não serem vistas aprontando.
No dia primeiro de julho, mamis chegou em casa dizendo que precisava conversar com nós três depois da janta. Eu não tinha a menor ideia do que ela queria comunicar, por isso o espanto quando ela metralhou a informação:
- Silvíe me ligou hoje e disse que precisa que você volte pra lá, Maria. Contei pra você que diria a ela que você estava aqui logo que veio morar conosco, certo? Ela me pediu que te perguntasse se você pode voltar, pra cuidar da Brenda durante as férias.
- Ah – ela disse -, mas é claro.
- Não! – esbravejei. As atenções se voltaram para mim.
- E por que não, Bill, posso saber? – mamãe perguntou cruzando os braços.
- Porque... eu pensei que a Mari ia ficar aqui até quando fosse voltar pro Brasil... Queria que ela ficasse.
- Não posso, Bill. Eu também queria, mas não dá. Então, D. Simone, eu volto quando?
- Sexta-feira que vem, à noite.
Naquela noite eu fui dormir pensativo. Em uma semana, Mari voltaria para casa. Em dois meses, iria embora pro Brasil. E eu vou ficar com uma mão abanando na frente e outra atrás...
Sem conseguir dormir, levantei e fui acordar o Tom.
- Tom... Tá acordado? – sussurrei.
- Tô.
- Fui eu que te acordei?
- Não. Estou insone. O que foi?
- Er... Preciso de uma ajuda sua.
- Você? Querendo a minha ajuda? Acho que você tá sonâmbulo, Bill.
- Para de graça. Não estou andando dormindo. Quero que você me ajude.
- No quê?
- É que eu... er... eu queria... Bom, a Mari, ela...
- ela vai embora. E aí?
- Ela vai embora, e eu... eu eu... vou...
- Você vai ficar chupando o dedo. Fala logo, Bill, para de enrolar, tá todo mundo dormindo.
- Tá... – suspirei – Então. Ela vai embora. Mas eu queria... assim...
- Espera, espera. É o que eu tô pensando? Você tá querendo falar pra ela?
- Er... é.
- Amanhã chove canivete! Até que enfim! Bendito seja quem pos juízo na tua cabeça!
- Você não tem muita moral pra falar de juízo, sabia? E então? Vai me ajudar ou não?
- Ajudo, ué. O que você quer?
- Quero que você me ajude a encontrar uma forma de falar pra ela.
Ele pensou um pouco e disse:
- Acho que você tem duas opções: ou você fala na lata... ou... parte pro ataque.
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MUAHAHAHA parou numa parte boa.
Alguma reclamação quanto ao capítulo? Deu 4 páginas no Word. O próximo capítulo está maior ainda.
Até semana que vem õ//