Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo


Capítulo 29
Innocence


Notas iniciais do capítulo

Aeee três capítulos seguidos com Avril *--*
Caaara, tem séculos que eu não escuto essa música!
Mas enfim.

E ninguém mais vai reclamar de capítulos pequenos, porque eu tô escrevendo uns aqui que estão enormes! ;F



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Eu achei um lugar tão seguro, sem uma única lágrima

Pela primeira vez na minha vida e isso está tão claro

Sinto calma, eu pertenço, eu estou tão feliz aqui

É tão forte e agora eu me deixei ser sincera

Eu não mudaria coisa sobre isso

E este é o melhor sentimento  

Innocence - Avril Lavigne

 

*-*-*-*-*

 

     - Maria Eurídice!! O que você tá fazendo aí?!

     Calmamente, ela tirou os fones, abriu o vitraux e disse:

     - Quê?

     - Perguntei o que você tá fazendo aí.

     - Limpando as vidraças, uéh. Não tá vendo?

     - É, eu tô. E por que você está limpando as vidraças?

     - Porque foi o que eu combinei com a tua mãe.

     - Lavar as vidraças?

     - Ah, Bill, fale com a tua mãe que você entende. Me deixa terminar isso.

     Esqueci da minha água e saí incrédulo da cozinha. Achei o telefone e disquei o número da minha mãe, com pressa. Quando ela atendeu, fui logo perguntando:

     - Mão, por que a Maria tá lavando a janela da cozinha?!

     - Como é que é, Bill?

     - Por que a Maria tá lavando a janela da cozinha? – repeti mais devagar.

     - Em casa eu te falo. Agora eu tô trabalhando.

     - Mas eu preciso saber!

     - Não dá pra esperar um pouco? Eu tô trabalhando! Daqui a pouco eu já vou pra casa. Sossega.

     - Mas, mãe...

     - Bill, pelo amor de Deus! Não dá pra esperar?

     - Não!

     - Que pena, porque vai ser preciso. Tchau.

     - Merda! – resmunguei desligando o telefone. – Tinha esquecido que foi dela que eu herdei essa mania. Ahn – suspirei -, parece que eu vou dar um jeito nisso.

     Marchei em direção à porta dos fundos e fui para o lado de fora da casa. Parei ao lado da escada onde ela estava apoiada e chamei:

     - Mari!

     - O que foi agora, Bill? – ela disse tirando os fones do ouvido.

     - O que você tá fazendo aí?!

     - Já falei, estou limpando a vidraça.

     - E por que você tá limpando a vidraça?!

     - Porque deu vontade, Bill! Agora me deixa trabalhar.

     A última palavra esclareceu a confusão que estava na minha cabeça.

     - Espera aí... Trabalhar?

     - Siiiiim. Algum problema?

     - A partir dessa afirmação posso concluir que a tal “condição” que você queria negociar com a minha mãe... era limpar as janelas de casa?

     - Não só as janelas. Caso não tenha notado, eu varri, passei pano, encerei e tirei o pó da casa toda, arrumei as suas camas e agora eu estou lavando as janelas.

     - E... e tudo isso pra quê?! – falei atônito.

     - Eu te disse que morar de favor eu não ia.

     Abri mais ainda a boca. Ela continuou:

     - Isso só por morar aqui. Pra pagar a terapia com a tua mãe, que por acaso foi ideia de Vossa Senhoria, também já comecei a recolher e lavar as vossas roupas. E como ninguém vive de mãos abanando, também me responsabilizei em fazer as compras semanais em troca do que a tua mãe deu nome de mesada.

     Certo. Atônito, incrédulo e boquiaberto. Eis a definição da minha pessoa naquele momento.

     - Mas... mas... – falei quando a voz saiu – você não pode fazer isso!

     - E por que não?

     - Porque... é estranho! É o fim da picada você ser minha amiga de manhã e empregada da minha casa à tarde!

     - Hã, e onde a Copa do Mundo entra nisso?

     - Maria... Eu não vou me acostumar com isso. Desce dessa escada, para, vai. É sério.

     Ela me olhou com uma careta de desaprovação.

     - É sério, anda, desce. Como seu patrão eu decreto que você não tem que fazer merda nenhuma.

     - Patrão! – ela riu debochada – Afe, Bill, se toca, não foi você que me “contratou”, não é você que vai pagar o meu “salário” e não é você que vai me acatar ordens aqui. – ela curvou-se sem descer da escada aproximando o rosto de mim cada vez mais. – Entendido?

     A proximidade entre nossos rostos me soava como um convite para beijá-la. Mas eu resisti à tentação e dei um passo para trás.

     - Tem alguma coisa que eu possa fazer?

     - Não. – ela voltou à posição normal. – Quer dizer. Você pode falar com a tua mãe, mas não creio que vá resolver alguma coisa. Algum motivo em especial por você não me querer trabalhando na tua casa?

     - Você não entenderia.

     - Que seja. Vou terminar de enxaguar essa janela, tá? Depois eu quero saber como foi lá.HHHHhhhhhhhhhhhh

     - Ok.

     Só o que me restava depois dessa era mesmo ver essa história com a minha mãe. Por isso, esperei impacientemente que ela voltasse. E assim que chegou, crivei-a de perguntas:

     - Mãe, que história é essa da Maria fazendo o serviço daqui de casa? Eu a trouxe pra cá pra ela não dormir na rua e você inventa isso? Como permitiu? Como achava que Tom e eu receberíamos essa bolada na cara? POR QUÊ?!

     - Bill, menos. Posso chegar primeiro? A gente já conversa.

     Fiquei esperando-a ali na sala, sem sair do lugar. Em três minutos ela voltou e me convidou a sentar no sofá.

     - Agora fala devagar, Bill. Eu não vou fugir?

     - Que história é essa da Maria fazendo o serviço daqui de casa? – repeti.

     - A ideia foi dela. Quando conversamos, ela me disse que se recusava a morar aqui de favor. Eu tentei dizer a ela que não era favor nenhum, mas ela insistiu. E foi a própria quem sugeriu fazer o serviço daqui de casa. Eu topei; não tenho muito tempo pra isso e vocês dois não fazem nada, mesmo.

     - Mas mãe, isso... é estranho! Ela não pode trabalhar aqui em casa!

     - E por que não, posso saber?

     - Porque ela é minha amiga!...

     - Voltou a ser só amiga, então?

     Baixei os olhos.

     - E porque eu a amo.

     - Isso não é motivo, filho.

     - Ela não pode e ponto final. Não a trouxe aqui pra oferecer vaga de emprego, mãe.

     - Bill, deixe de ser machista. Vai querer que eu abandone o consultório e venha arrumar a sua caminha?

     - Não, claro que não. Mas é outro caso,...

     - Outro caso coisa nenhuma. Ela se dispôs a fazer as coisas, tem um motivo que a justifique. Eu aceitei. Aliás, você deve saber, não é só pela cama que ela tá fazendo as coisas. Pra pagar a terapia, que foi ideia do senhor, ela...

     - Vai lavar as roupas. Já soube. E fazer as compras semanais pra merecer a mesada.

     - Sim.

     - Eu e o Tom poderíamos fazer isso.

     - Agora você se dispõe a ir no mercado? Quando eu pedia pra vocês, só ouvia reclamação. E agora vocês têm mais com o que se preocupar do que ficar indo em mercado, certo?

     Revirei os olhos.

     - Aceite, Bill. Você não tem alternativa.

     Acatei o conselho em silêncio nos dias seguintes. Tom e eu tínhamos compromisso dia sim, dia não. No sábado de manhã, depois de tomar café, voltei ao meu quarto a fim de me trocar pra sair e encontrei a Mari fazendo a minha cama. Não resisti e perguntei:

     - Mari, por que você tá fazendo isso?

     - Isso...?

     - As coisas aqui de casa.

     - Já não falamos sobre isso, Bill?

     - É, eu sei, mas estou perguntando por que se dispõe a isso.

     - Olha, Bill... Porque eu gosto. Esse tipo de coisa sempre foi parte da minha vida. Faço as coisas de boa vontade, porque eu gosto, sem reclamar. E além de eu não estar morando aqui de favor, eu ainda fico ligada na minha vida de verdade, sabe?

     - Aham.

     - Eu nunca tive nenhuma mordomia. Bom, agora deixa eu te dar licença, você deve estar com pressa.

     - Imagina. Mari...

     - Ham? – ela disse voltando-se para mim, já no corredor.

     - Fico feliz que esteja aqui.

     - Eu também. – ela sorriu e se foi.

     E eu finalmente consegui aceitar a situação. Ainda é um pouco estranho, porque chegamos da escola, eu saio com Tom e quando voltamos eu a encontro colocando roupa na máquina pra lavar. Mas eu tento deixar esse detalhe de lado; pelo menos ela voltou a falar comigo e isso já me sai como massagem terapêutica suficiente pra desapertar o coração.

 

     A próxima semana seria tranquila quanto aos compromissos da banda. Só três horas por dia de gravação. Mas acabou que deu um problema em alguma coisa lá no estúdio que nos deixou livre a semana toda.

     Senti falta da correria, da barulheira, de cantar trocentas vezes o mesmo verso de uma música, do Gustav batendo nos pratos da bateria toda vez que alguém fazia alguma coisa errada. Mas, no fim das contas, o descanso estava me fazendo um bem danado. E ainda era só a terça-feira.

     No meio da mesma tarde, estava no meu quarto, distraído, compondo alguma coisa quando ouvi batidas na porta.

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Notas finais do capítulo

As coisas estão voltando ao normal...
E nos próximos capítulos vão ficar um pouquinho normais demais!
Não vou dar spoiler :B
Até sexta :*

PS: vou pedir encarecidamente para que a Lô, a Suzannah e o Bernardo parem de me elogiar exageradamente!!
Eu acho que é por causa disso que eu comecei a me pressionar pra escrever um fim f**** e essas coisas (tô escrevendo o antepenúltimo capítulo).
Fora que eu não sei como reagir diante dessas situações [a]