Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo
Notas iniciais do capítulo
Pode falar, sou uma retardada insana, trouxe o notebook pra escola onde trabalho pra ficar usando aqui.
Por isso estou postando essa hora.
E esse capítulo está bom pacas.
Por falar nisso, acho que eu não disse que já acabei com o caderno em que comecei a escrever a fic, né?
Pois é. Manuscrevo. Esta fic até meados do capítulo 36, acho, estão num caderno (o mesmo em que está toda "Bilhete Trocado? Pretérito Imperfeito") e eu continuo escrevendo num outro.
Os dois cadernos do governo, universitários, 180 folhas (utilizadas 170 do primeiro, as outras 10 eu arranquei por conta de erros crassos eventuais e stop ;z).
Mas enfim, chega de abobrinha, enjoy (:
Seus sentimentos ela esconde
Seus sonhos ela não consegue encontrar
Ela está perdendo a cabeça
Ela foi deixada pra trás
Ela não consegue achar seu lugar
Ela está perdendo a sua fé
Ela caiu em desgraça
Ela está por todos os lados
Nobody's Home - Avril Lavigne
*-*-*-*-*
- Isso vai acabar... Eu não sei como, mas vai acabar.
Não me preocupei em dormir à noite. Coloquei tudo o que eu tenho de volta dentro da mala que comprei quando cheguei e esperei a hora de ir para a escola chegar.
POV BILL
Os três últimos meses têm sido tensos. Quando achávamos que a coisa não podia ficar pior, Tom e eu descobrimos mais ou menos como eram tratados os judeus na época de Hitler. Não bastassem as agressões verbais que já sofríamos antes, "bastardos", "comunistas", "disturbiados" e por aí vai; agora resolveu-se que devemos apanhar de graça.
No começo, não reagimos; procuramos a direção da escola a fim de resolver o problema pacificamente, mas nem isso resolveu. Era óbvio que eles estão se divertindo conosco. Então, depois, deixamos de ficar quietos e passamos a nos defender do povo enlouquecido que caía matando em cima da gente sem nenhum motivo aparente. Logo, começaram a reclamar da gente, e passamos a ser punidos se fizéssemos alguma coisa. Chegamos perto da situação de "saco de pancadas público", e só não atingimos essa condição porque Gordon passou a nos levar para a escola e nos buscar com os cachorros e (chega a ser o cúmulo) um taco de baseball. Só falta nos obrigarem a usar um distintivo, tal qual os judeus... enfim.
Tom e eu decidimos que vamos aguentar até o fim, não importa o que aconteça. Porque paralelo a isso, estamos gravando o nosso CD; é a realização do nosso sonho, e depois nada disso agora vai importar. Não dizem que depois da tempestade vem a bonança? Então.
Na segunda-feira, onze de abril, Tom e eu chegamos na escola um pouco em cima da hora. Fui para o ginásio de mochila e tudo. As três primeiras aulas foram normaizinhas; eu fui notar que tinha algo de muito errado acontecendo no intervalo.
Eu vi a Maria e ela estava com uma mala. Mais precisamente, num canto do pátio, sentada em cima da mala e com a cabeça encostada na parede. Eu não entendi o que estava acontecendo, mas não consegui deixar passar. Disse isso ao Tom e fui ao encontro dela.
Quando me aproximei, ela ergueu a cabeça e olhou pra mim, visivelmente perturbada.
- O que... é isso, Maria? - consegui perguntar após meio minuto. Ela desviou o olhar e abaixou a cabeça. - Responde, por favor. Eu não tô agüentando mais te ver nesse estado. Há meses eu tento não vir atrás de você, mas... dessa vez não deu. Me conta o que tá acontecendo.
Ela demorou a responder, mas resolveu falar.
- Eu saí de casa.
- Saiu de casa...? Por quê?
- Porque... eu estava causando problemas.
- Problemas, que problemas?
- Problemas. É difícil explicar.
- E pra onde você vai agora?
- Eu não sei. Eu vou me virar.
- Maria, olha pra mim e responde essa pergunta. Se você saiu de casa, para onde pretende ir?
- Eu vou me virar. Sempre foi assim a vida toda, por que agora haveria de ser diferente?
- Trocando em miúdos, você não tem pra onde ir. Não é?
Novamente, ela demorou a responder, mas assentiu com a cabeça.
- Na rua você não vai ficar. Estou te oferecendo a minha casa como estadia.
- Vou te causar problemas. É melhor não.
- Você nunca me foi um problema.
- Me tornei um.
- Quer parar? Você tá no fim da linha, tá escrito isso na sua testa. Deixa de ser cabeça dura, permita-se alguma ajuda...
- O que é que você tem a ver com a minha vida?!
- A princípio, nada. Mas mesmo depois do chega-pra-lá" que você me deu, de qualquer forma é muito triste te ver nessa situação. Eu não estaria fazendo isso por uma pessoa qualquer, mas é por você. Vamos lá pra casa. De qualquer forma vai ser melhor do que dormir debaixo da ponte.
- Bill...
- Cale a boca. Vou perguntar pela última vez. Vamos lá pra casa?
- Eu não vou morar na tua casa de favor.
- A resposta é sim ou não?
- Não.
- Que pena, porque eu não formalizei uma disponibilidade de escolha. Você vai. E não se fala mais nisso.
- Você pensa qu...
- Cale-se! - interrompi. - Pensa bem. A gente vai se ver na sala, daqui a pouco. - virei-me e voltei para junto de Tom.
Ao fim do intervalo, voltei para a sala e fui ao encontro dela, onde estava sentada.
- Você pensou bem na minha proposta? - perguntei-lhe, sentando-me ao seu lado.
- Proposta? Você praticamente disse que me arrastaria se fosse preciso.
- Mas pensou ou não?
- Se eu disser que não, o que você faz?
Demorei um pouco a responder, e disse:
- É, você pensou.
- O que te faz chegar a essa conclusão tão rápido? - ela indagou com olhar de censura.
- Sua testa me diz que você mente muito mal. Mas não fujamos do assunto. O que decidiu?
- Já falei que não vou ir morar na tua casa de favor.
- Ah, para de graça, Maria! Você prefere morar um tempo de favor, mas ter um teto onde dormi, uma mesa onde comer e alguém disposto a te ajudar ou passar o resto dos seus dias num país desconhecido dormindo na sarjeta, morrendo de fome e pedindo esmola? Qualquer pessoa em sã consciência optaria pela primeira.
- Bill, que parte do "você não tem nada a ver com a minha vida" você é incapaz de compreender?
- Eu só tô querendo te ajudar!
- Que eu saiba eu não solicitei nenhuma ajuda!
- Acontece que não tem ninguém perguntando se você solicitou ou não! Cala a boca!
- Cala a boca!... - ela disse em tom debochado - Você quer que eu cale a boca? Então cale você a minha boca!
Diante do desafio, eu simplesmente me levantei e caminhei decididamente de volta para a minha mesa, mantendo a feição de deboche cético enquanto eu sabia que ela estava olhando.
Raciocinar sobre a solução dos problemas que o professor de matemática passou serviu para me ocupar a cabeça durante as duas aulas que se seguiram. Ao final da quita aula, recolhi minhas coisas e fui para a sala de Artes - finalmente a última aula, e junto com Tom. Sentei-me ao lado do meu irmão, de frente para ele, e um minuto depois percebi que tinha alguém do meu outro lado. Me virei e não pude disfarçar a surpresa ao ver que era a Maria.
- Posso falar com você? - ela disse - No fim das contas, você calou a minha boca.
Assenti com um sorriso irônico e perguntei:
- Resolveu deixar de ser teimosa?
- Sim e não. Olha, você venceu, vou contigo pra tua casa; mas antes de declarar oficialmente se vou permanecer ou não, preciso falar com a tua mãe, porque tenho uma condição.
- Que condição?
- Isso não vem ao caso agora. Mas e aí? Tá feito o acordo?
- Tá, né. - suspirei e apertei-lhe a mão.
Ela sorriu e se virou, indo para o habitual lugar escondido no fundo da sala.
A aula passou rápido e fomos embora - agora com a Maria junto. Fiquei curioso a respeito da tal condição que ela pretendia negociar com a minha mãe; aliás, preciso falar com ela também. Logo que chegamos em casa, aluguei a mamis para falar rapidinho, e depois deixei que conversasse a sós com a Maria.
Vinte minutos depois, ela voltou à sala dizendo:
- Um a zero, cara pálida. Vou ficar.
- Que bom que deixou de ser teimosa. - falei.
Ela me olhou com um sorriso debochado.
- Agora, Bill e Tom - mamis entrou na conversa -, vocês vão desocupar o quarto de hóspedes ou dormir no mesmo?
- Dormir no mesmo - falei.
- Desocupar - Tom discordou.
- Por que desocupar? E as nossas coisas da banda?
- Não quero dormir no seu quarto. Nem te quero dormindo no meu. E a gente tem o estúdio se precisar ensaiar ou passar alguma coisa.
- Certo... então a gente desocupa.
- Então tratem de arrumar tudo... Tô saindo, amores, beijos.
- Tchau, mãe - Tom e eu dissemos ao mesmo tempo.
- Guris - Maira chamou depois que a mamis saiu -, eu não me importo de dormir no meio dos instrumentos musicais.
- Eu me importo - falou Tom. - Deve ser desconfortável.
- Que seja - ela deu de ombros -, mas não vou ficar em pé olhando enquanto vocês carregam coisas pra lá e pra cá.
- Faz polichinelo - brinquei.
- Hãhã. Engraçadinho. Me dá alguma coisa pra carregar... fala onde põe e eu ponho... sei lá... Só não quero ficar parada tal qual um poste de luz. Levamos mais ou menos meia hora para transformar o estúdio improvisado de volta em quarto de hóspedes. Depois passamos o resto da tarde assistindo tevê.
Na terça, à tarde, Tom e eu fomos para um estúdio. Não o da gravadora. Dessa vez fomos para uma sessão de fotos - as fotos do encarte do CD. Parece que dessa vez vai dar certo; finalmente, finalmente vai dar certo. Bom, para isso, levei uma mochila cheia de roupas e coisas.
Passamos um tempão lá, já eram cinco horas quando saímos. Tiramos foto pra caramba; foi bem cansativo, mas legal.
Levei um belo susto depois, em casa. Quando chegamos, eu fui guardar as minhas coisas, e quando terminei fui na cozinha tomar um copo d'água. A primeira coisa que eu vi foi a Maria, do lado de fora da casa, numa escada, com um balde d'água, um pano na mão, limpando as vidraças e com fones no ouvido.
- Maria Eurídice!! O que você tá fazendo aí?!
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Tive que fazer o tempo passar pelo POV do Bill, porque com ele tá acontecendo uma pá de coisa; e se fosse com a Mari, provavelmente teria um capítulo suicida feelings, e eu não queria isso.
Esse capítulo foi meio que planejado... Mas eu tenho problemas com coisas que eu fico planejando porque depois eu esqueço e faço tudo de outro jeito; só fica a base de como eu queria as coisas.
Até semana que vem, galëre! n-n