Nossa Família imPerfeita escrita por Rayanne Reis


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem? Espero que sim.



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—Bom dia, minhas ovelhinhas. - Edward deu um beijo em cada um dos filhos. - Princesinha, você está ainda mais linda hoje. 

—Obrigada, pai. - Hayley passou as mãos no cabelo. 

—Alguma ocasião especial? - Ele olhou para o quadro que ocupava grande parte de uma das paredes da cozinha. Com nove filhos eles precisavam ser muito organizados. 

—Vou ao cinema com o Franklin Weller. - Edward quase deixou a xícara de café cair. 

—Como é? - O olho direito dele começou a piscar sem parar.

—Vou ao cinema com o Franklin Weller, ele é da minha turma. - Explicou com calma, temendo que o pai tivesse um ataque cardíaco. 

—Você tem um encontro? - Afrouxou o nó da gravata, estava ficando sem ar. 

—Pai! Não é um encontro. Tem um filme legal em cartaz e vamos assistir. Somos só amigos. 

—Sabe quem era a minha amiga? A sua mãe. E agora temos nove filhos. 

—Mãe! O papai está surtando. - Lucy gritou e Henry entregou um copo com água para ele. 

—Quando é que o seu pai não está surtando? - Bella entrou na cozinha e lançou um olhar impaciente ao marido. - Qual o drama da vez? 

—Hayley vai sair com um garoto. - Colin explicou dando uma risadinha. 

—Sim, e eu vou levar os dois ao cinema. 

—Como é? Você está compactuando com isso, Isabella? - Ele só chamava a esposa pelo nome completo quando estava com raiva ou prestes a surtar.

—Estou sem tempo para dramas, querido. São apenas dois adolescentes indo ao cinema. 

—Diga, querida. – Abaixou o tom de voz. - Você já foi ao cinema com um garoto? - Ela assentiu. - E ninguém nunca tentou te beijar durante o filme? - Ele deu seu melhor olhar sedutor. - Ou te tocar? Vai me dizer que nunca deu uns amassos em um cinema? - Os dois já tinham dado vários amassos no cinema e era golpe baixo dele usar aquele fato para impedir a filha de sair. 

—Um bom garoto jamais faria isso. 

—E como se pode diferenciar os bons dos maus garotos? - Bella abriu a boca para responder, mas Edward a impediu. - Enfim, Hayley só tem 10 anos e não vai sair com nenhum garoto, muito menos com esse tal de Frankstein. – Agnes deu uma risadinha.

—Você ri quando não é com o seu namorado, né? – Hayley deu um olhar irritado para a irmã, ela deveria apoiá-la.

—Desculpa, mas foi engraçado.

—O papai é muito engraçado. – Colin o defendeu.

—Não seja um puxa saco do papai. – Resmungou e se virou para o pai. – O nome dele é Franklin. E eu tenho 13 anos, quase 14. 

—Não importa. Você é uma criança e não vai sair com garoto nenhum. - Hayley olhou para a mãe em busca de ajuda. 

—Se a Hayley vai ter um namorado, eu também quero um. - Lucy protestou e Edward levou as mãos ao peito. Será que ele estava dormindo e tendo um terrível pesadelo?

—Para que você quer um namorado? - Hayley já estava acostumada com a irmã a imitando. 

—Pra ele fazer tudo o que eu quiser. Igual o Combo faz com a Agnes. 

—Nem todos os homens são bobos assim. - Tyler informou. - Eu não fazia tudo o que a Padma queria.

—E por isso ela te largou. - Lucy, apontou. 

—Eu que terminei com ela. - Mostrou a língua pra irmã. - E fique sabendo que ela está doida para voltar.

—Ok. Chega de brigas. - Edward conseguiu se recuperar do choque inicial. - Estou baixando um decreto nesta casa. Ninguém vai namorar antes dos 18 anos. Não antes dos 30 pra você, Lulu. 

—Por que eu tenho que ser diferente de todo mundo? 

—Porque sim. E você não precisa de um namorado. Todo mundo já faz tudo o que você quer. - Apertou o nariz da filha. 

—Iremos analisar caso por caso e conversaremos sobre futuros namoros. Por enquanto, Hayley tem autorização para ir ao cinema com o Franklin e eu irei supervisionar. - Bella esperava assim encerrar o assunto. 

—Que horas esse garoto vem? Quero avaliá-lo. 

—Pode deixar, pai. Nós vamos colocá-lo para correr. - Henry garantiu já bolando um plano. - Tom, você sabe algum golpe de karatê? 

—Que estereótipo mais ridículo. Só porque ele tem descendência asiática ele tem que ser algum tipo de ninja? - Agnes saiu em defesa do irmão. 

—Bem, eu sei vários golpes. - Confidenciou um pouco envergonhado. - Eu comecei a fazer aulas, mas eles acabaram com o projeto. 

—Vamos achar uma ótima escola para você, filho. - Edward garantiu. - Se quiser, é claro. Você não é obrigado a fazer nada. Exceto ir à escola, tomar banho e escovar os dentes. 

—E colocar roupa. - Colin completou com pesar. 

—Foco no meu plano. Eu vou fazer as perguntas, Tom faz uns golpes de karatê para assustar o moleque, Tyler finge que quebrou a perna em alguma luta ilegal, Colin segura o Fish. - O pequeno comemorou pronto para buscar a iguana. - E, John, tire os óculos e fique olhando como se o estivesse avaliando e faça cara de mau. 

—Com essas caras de nerds, vocês não vão assustar ninguém. - Hayley não estava disposta a ser envergonhada pelos irmãos. 

—Podemos ser maus se quisermos, mas não queremos. - Tyler não gostava de brigas, mas se fosse para defender a família, ele não pensaria duas vezes. 

—Vocês não vão “assustar” ninguém. Nem vão conhecer o Franklin. – Bella bateu palmas encerrando o assunto. – Peguem as mochilas e os lanches.

—Não vou para escola. Vou ficar cuidando do Tyler. – Colin informou. 

—Boa tentativa, garoto. Você e a Lucy vão com o papai, Agnes vai deixar o Henry na escola e os demais vão comigo. – Eles realmente precisavam de um carro maior. - Querido, a vovó Esme vai cuidar de você, hoje. - Tyler não queria incomodar a família. 

—Mãe, eu não preciso de babá. Consigo me virar sozinho. 

—Não era nem para você estar aqui na cozinha. O médico disse repouso absoluto. 

—Se ficar o dia todo enfurnado naquele quarto eu vou surtar. - Eles tinham improvisado a biblioteca e a transformado em um quarto para Tyler, assim ele não precisaria subir e descer as escadas. 

—Pode aproveitar o tempo livre para ler. - Amanda amava a biblioteca da casa e estava ansiosa para ler todos os livros, todos que eram apropriados para a idade dela. Os pais disseram que comprariam os livros que ela quisesse. 

—Eu não gosto de ler. - Agnes e Hayley lançaram olhares de repreensão ao irmão. 

—Posso te ensinar a tocar violão e você treina para passar o tempo. - John sugeriu, um pouco envergonhado. 

—É uma boa ideia irmãozinho. Podemos começar quando você voltar da escola. – John assentiu animado. – Acho que vou usar meu tempo livre para investigar mais sobre esse crush da Hayley.

—Amor. – Edward deu um beijo no pescoço da esposa. – É melhor eu levar as crianças ao cinema e você...

—Não tente me seduzir para os seus propósitos sórdidos.

—Eu preciso ver as intenções desse garoto. Não posso deixar qualquer um sair com as minhas meninas. 

—Pai, não é justo você nos proteger e deixar os meninos fazerem o que quiserem. – Agnes protestou.

—Vocês acham que eu não investiguei a Padma? – Tyler arregalou os olhos. – O que é justo, é justo. – Declarou e os filhos começaram a protestar. – Eu protejo as minhas ovelhinhas. Qualquer um que queira sair com vocês tem que passar por uma avaliação criteriosa. Já temos um Combo, não quero um Frankstein. E, Amanda, estou de olho naquele garoto que fica sorrindo para você todos os dias. – Ela abaixou a cabeça e continuou o comer o cereal.

—Mandy! Não vai falar nada? – Hayley não deixaria que a irmã ficasse calada.

—Se o pa... – Edward sorriu ao perceber que ela quase o chamou de pai. – Não quero namorar tão cedo e eu vou mudar de escola, não vou mais ver o... – Ela não falou o nome do amigo, não queria que o pai fizesse alguma piadinha com ele. – Vou pegar a mochila.

—E como ficamos? – Edward olhou para a esposa.

—Tenha um excelente dia de trabalho, meu amor. – Bella deu um beijo no marido e apressou os filhos para irem a escola.

[...]

Edward não conseguiu se concentrar no trabalho. Estava preocupado com John, ainda não sabia quem era o homem mistério. E estava preocupado com o encontro de Hayley. Por isso fez algo que não sentia orgulho, stalkeou o telefone da esposa e da filha e descobriu onde elas estariam. Pediu para que o assistente buscasse os filhos na escola e dirigiu até o cinema. Colocou óculos escuro e boné e se sentou na última fileira. Não teve dificuldade para localizar a filha e o “amigo” dela. Bufou ao ver que Bella estava sentada duas fileiras atrás deles e não entre eles. Ele ficaria atento e interferiria no primeiro avanço do garoto.

O filme era alguma comédia romântica adolescente, que Edward não saberia dizer o nome, pois não prestou atenção à tela. Ele observava cada movimento do garoto. Parecia que Frankstein estava prestando focado no filme, mas Edward não se deixaria enganar e ele estava certo. O garoto fingiu bocejar, esticou os braços e passou um em volta da poltrona, depois inclinou o pescoço se apoiando no ombro de Hayley. Antes que ele pudesse dar o próximo passo, Edward se levantou e foi até eles.

—Tire as patas da minha. – Rosnou assustando os dois. – E seja pelo menos original, Frankstein.

—Pai? – Hayley se colocou de pé em um pulo e todos olhavam para eles.

—Sai daí, velhote. – Um garoto gritou e outros o imitaram.

—Edward, o que está fazendo aqui? - Bella sussurrou, puxando o marido pelo braço. – Desculpem, já estamos saindo. – Os quatro foram vaiados e Hayley cobriu o rosto com as mãos.

—Que vergonha! – Murmurava enquanto seguia os pais para fora da sala. – Que vergonha!

—Quem é Frankstein? – Franklin perguntou quando chegaram do lado de fora.

—Não se faça de bobo. O que acha que ia fazer com a minha filha? Está achando que eu nunca usei esse truque barato?

—Como nos achou? – Bella estava furiosa com o marido.

—Isso não vem ao caso. – Deu de ombros. – Era para você vigiar os dois, Isabella Cullen.

—Pai, você passou de todos os limites. Invasão de privacidade, perseguição e... Céus! Eu nunca mais vou colocar os pés aqui. As pessoas vão achar que somos malucos. Que vergonha! Franklin, me desculpe. O meu pai é maluco.

—Tudo bem, Hayley. – Colocou a mão no braço dela e Edward rosnou. – Desculpa, senhor. – Ele ergueu as mãos. – Eu gosto muito da sua filha e não estava tentando ser desrespeitoso. – Edward fez um sinal o silenciando.

—Nos deem licença. – Hayley pediu, arrastando o pai até um canto. – Você me envergonhou, pai.  

—Só estava te protegendo. – Edward tentou se defender e a filha sentou na escada, ela estava muito irritada.  

—Não sei o motivo para todo esse show, você nem se importa comigo. - Hayley gritou fazendo Edward se ajoelhar ao lado da filha. Ele levou as mãos ao rosto dela e começou a chorar. 

—Meu anjo… Me desculpe se não consegui expressar e demonstrar o quanto eu te amo. Eu nunca quis ou imaginei que você se sentia abandonada ou menos amada do que os seus irmãos. Me perdoa… Eu te amo, minha vida. 

—Não chora, paizinho. - Hayley o abraçou com força e toda a raiva se dispersou. 

—É claro que eu sei que você me ama. – Deu um beijo estalado na bochecha dele.

—Eu sinto tanto, princesa. 

—Não sinta. - Os dois estavam chorando e Bella deu um passo à frente para ajudá-los, mas Hayley ergueu as mãos sinalizando que estava tudo bem. - Eu que peço desculpas por ter te magoado. Eu sei que você me ama, assim como ama todos os meus irmãos. 

—Você não se sente deixada de lado? - Perguntou fungando. 

—Um pouco… - Confidenciou. -  Mas acho que meus irmãos também se sentem assim um pouco. O nome é ciúmes dos pais. - Edward deu uma risadinha e um beijo na testa da filha. - A mamãe faz mais as minhas vontades do que as dos outros, assim como você faz mais as vontades da Lucy. 

—Nós não temos um favorito. - Edward protestou. 

—Favorito, não. Mas vocês agem de forma diferente conosco. Quando eu fico doente, vocês ficam mais preocupados do que quando os outros ficam doentes. E isso não quer dizer que me amem mais, só que eu passei por momentos difíceis e vocês temem mais. 

—Nisso você tem razão. - Os dois sentaram lado a lado e Edward passou o braço em volta dos ombros da filha. - Eu não amo a Agnes e a Lucy mais do que eu amo você ou os seus irmãos. Mas eu fiz uma promessa para a Angela e para a Lucy e sinto que preciso sempre me esforçar além para que elas se sintam parte da família. Com você, o Henry e o Colin é mais fácil, temos o mesmo sangue e não tem como mudar isso, mas os outros podem um dia decidir que não querem mais ser da família ou achar que eles não são tão importantes para nós como vocês três. 

—Aí, pai. Eles teriam que ser malucos para pensar isso. Nós somos uma família e isso nunca vai mudar. Eles não vão acordar um dia e dizer: certo, obrigada, mas eu não quero mais ser um Cullen.  

—Nem mesmo a Amanda? 

—Ela é meio durona, mas ela já ama a família e não vai nos deixar. 

—Me desculpe por ter feito você passar vergonha na frente do seu amigo. – Ela ergueu uma sobrancelha. – E de todas aquelas outras pessoas. Eu fui bem idiota. No primeiro encontro da Agnes eu consegui passar despercebido.

—Você também espionou a Agnes? – Não podia dizer que estava surpresa.

—E do Tyler. É uma tradição. – Sorriu orgulhoso e Hayleu balançou a cabeça.

—Você não tem jeito, pai.

—Não podem me criticar por amar vocês. – Beijou os cabelos dela. 

—Vou levar o Franklin em casa. – Bella avisou se aproximando deles. – Vão ficar bem?

—Sim, mãe. – Hayley acenou para Franklin e ele fez um sinal de “me liga”. Edward fingiu não notar.

—O que acha de um sorvete?  - Os dois seguiram até a sorveteria em frente ao cinema e pediram sorvete de chocolate com menta. Sentaram na mesa do lado de fora. – Quando você nasceu, teve que ficar um tempo no hospital e tinha muitos fios ligados em você, eu tinha medo de tocar em você e te machucar. Não sabia como agir e acabei a negligenciando um pouco. – Confessou e Hayley colocou a mão sobre a do pai. – Eu cuidava dos seus irmãos e a sua mãe de você. Ela sabia ser delicada e cuidava tão bem de você que eu me sentia envergonhado. Com o Henry foi tão fácil, eu não tinha medo de dar banho nele, mas você era tão frágil e pequena. Eu já tinha falhado com você ao decidir escolher a sua mãe...

—Pai. Você nunca teve que fazer essa escolha e eu não o julgo. Teria feito o mesmo. Não fique pensando no que poderia ou não ter acontecido. Mamãe e eu estamos bem. Eu sinto ciúmes das minhas irmãs, mas não me sinto menos amada.

—Acho que eu tentei compensar com a Lucy. Sua mãe e eu acompanhamos o parto e a Lucy mãe ficou bem sensível, acho que a ficha só caiu naquele momento que ela não ficaria com a filha. Então a sua mãe ficou com ela e eu acompanhei a Lulu, eles me deixaram ajudar com o banho e eu fiz tudo o que queria ter feito com você.

—Pai, você não foi negligente comigo. Foi no máximo, cauteloso. Eu precisava de cuidados especiais e a mamãe estava mais pronta para isso e os meus irmãos também precisavam de vocês. Vocês são uma dupla maravilhosa. – Hayley suspirou. – Estou disposta a esquecer a vergonha que me fez passar, se prometer que vai deixar o passado no passado. Eu sei que você me ama e eu também te amo e isso é tudo o que importa.

—Me ama mesmo eu te fazendo passar vergonha?

—Se os pais não fazem os filhos passarem vergonha, estão fazendo algo de errado. Sei que só quer o meu bem e que estava me protegendo, mas, pai, vocês me ensinaram a me proteger.

—Se eu não tivesse aparecido, o Frankstein teria te beijado. – Hayley corou.

—Uma hora isso vai acontecer.

—Não precisa ser agora. – Fez uma careta e a filha riu, se levantando para abraçá-lo.

—Quando acontecer, não quero que esteja me espionando.

—Prometo que vou tentar me controlar. Mas, eu preciso conhecer melhor o Frankstein.

—Pode não o chamar assim?

—Seria injusto com o Combo. E eu gosto de agir de forma justa. – Só restava a Hayley se conformar com a situação.


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Notas finais do capítulo

Edward não tem jeito, Combo que se cuide que ele é o próximo.

Hoje é meu aniversário, então se quiserem deixar uma recomendação com presente... Vou ficar muito feliz.

Bjs e até mais.