Nossa Família imPerfeita escrita por Rayanne Reis


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem? Espero que sim.

Obrigada a todos que estão acompanhando e espero que estejam gostando.



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—Nervoso? - Hayley passou os braços em volta do ombro do irmão, que estava afinando o piano da ONG. 

—Bastante. E se eu não souber ensinar? Não sou tão bom assim. - Hayley o interrompeu sentando-se ao lado dele no banquinho. 

—John Cullen, você é o melhor pianista que eu já conheci. 

—Isso porque você só conhece o papai, além de mim. Você nunca nem viu, o meu professor. - Edward tinha ensinado ao filho o básico sobre piano e ao ver o talento do filho, contratou um professor particular para que John pudesse se aperfeiçoar ainda mais no instrumento.

 Apesar da pouca idade, John tinha um talento impressionante e sonhava em ir para Juilliard e se tornar um músico profissional. 

—Não importa, eu sei que você é o melhor. – Hayley era tão confiante... John desejou ser um pouco mais como a irmã. Ela não tinha medo de nada e fazia amizade com muita facilidade. - E o papai está ocupado para dar as aulas. Você não tem o que temer, John. Vou ficar ao seu lado e você só terá três alunos. - Apontou para o trio que olhava admirado para o piano. - Os outros acharam piano uma coisa bem chata e não quiseram se inscrever. Desculpa, não tivemos nenhum aluno inscrito para a aula de violino, mas todos querem te ouvir tocar mais tarde. - Ele não gostava de tocar em público, ficava muito nervoso e tinha medo de errar e todos rirem dele. - Vou ficar ao seu lado, não se preocupe, irmãozinho. 

—E a sua aula de cerâmica? - Todos contribuíram de alguma forma na ONG, até mesmo Lucy e Colin, embora ninguém soubesse o que eles ensinavam. 

—Meus alunos podem se virar sozinhos. - Abanou as mãos e sorriu para os alunos do irmão. - Vivian, Lily e Nathan, sejam bem vindos à aula. Esse é o meu irmão, John e ele será o professor de vocês. - Eles olharam em dúvida para o professor. - Ele é o melhor, podem acreditar. Se aproximem. - O trio, que tinha entre 8 e 10 anos, se aproximou do piano. - É com você, John. 

—Bem. - Ele ajeitou os óculos e manteve o olhar fixo no instrumento. - Esse é o piano. - As crianças deram uma risadinha e Hayley segurou o braço dele o incentivando a continuar. - Temos as teclas brancas e pretas, depois eu explico a diferença entre elas, agora ficaria muito confuso. Por enquanto vamos utilizar apenas as teclas brancas. São sete notas musicais: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si. - Ele tocou em cada tecla enquanto falava. - Cada uma produz um som diferente. - Os alunos se entreolharam, eles não tinham percebido nenhuma diferença. 

—Pode tocar de novo cada uma delas? - Hayley pediu como se ela própria estivesse interessada em aprender. 

—É claro. Ouçam com atenção e não se preocupem, coloquei um adesivo nas teclas para vocês não se perderem. – Ele começou a cantarolar uma música. – Dó ré mi fa fa fa. Dó ré dó ré ré ré. Dó sol fa mi mi mi. Dó re mi fa. Fa fa. Quem quer tentar? – Os três se revezaram ao piano enquanto John explicava com muita paciência o que deveriam fazer. Ao ver que o irmão estava mais confiante, Hayley se afastou indo ver como estava a aula de cerâmica.

[...]

—Meus parabéns, você toca muito bem. – John estava guardando o violino quando foi abordado por um homem.

—Obrigado. – Sorriu, constrangido. Ele não era bom em interagir com estranhos. Olhou em volta procurando por Hayley, ela sim sabia conversar com qualquer pessoa.

—Quando começou a tocar? – John terminou de fechar a capa.

—Meu pai me ensinou a tocar piano quando eu tinha cinco anos. Comecei no violino ano passado. – Aquela provavelmente era a maior frase que ele falou para um estranho.

—Nossa. E já toca tão bem assim? – O homem estava impressionado. – Geralmente só ouço música clássica em violino. – John tinha tocado Starboy do The Weeknd.

—Meus irmãos não gostam de música clássica, eles falam que é chato.

—Também não gosto muito. Você tem muitos irmãos?

—John! Você arrasou, como sempre. – Hayley o puxou para um abraço apertado. – Já tem vários inscritos para as suas aulas. Agora todo mundo acho que violino é a coisa mais descolada do mundo. – Você agora vai dar aulas de piano e violino. Mamãe vai comprar os instrumentos amanhã. – Declarou notando o homem parado ali. – Oi, você é novo por aqui? – Ela conhecia todos que frequentavam o instituto e nunca o tinha visto por ali.

—Um amigo me falou sobre o lugar e vim dar uma olhada. Fiquei impressionado quando ouvi o seu irmão tocar. Você também toca?

—Ah, não. – Hayley riu. – John é o único músico da família, tirando o nosso pai é claro. O papai lamenta que não tenha conseguido passar os genes da música e da culinária para nenhum dos filhos.

—Exceto para o John. – O homem falou o nome do garoto com muito orgulho.

—Eu não tenho os mesmos genes do meu pai. Eu sou adotado.

—O material genético não é relevante. Não é ele que define uma família. – Hayley abraçou o irmão.

—Pode até ser, mas eu gostaria de saber de onde veio o meu material genético. Você não? – Retrucou e Hayley cruzou os braços o encarando.

—Se eu tivesse uma família que me ama e pais que jamais me abandonariam, eu não iria querer saber de quem me deixou largada como se eu fosse um lixo.

—Toda história tem dois lados. Eu iria querer saber todos os lados antes de fazer um julgamento. – Hayley não se deixou abater e contra atacou.

—Nem toda história merece ser ouvida. Nem todos merecem uma segunda chance.

—E o que você sabe sobre a vida? – John acompanhava a discussão olhando de um para o outro.

—Eu sei que não se abandona a família. Não da forma que fizeram com o John. – O homem engoliu em seco.

—Você tem razão, não se abandona a família. Família tem que ficar junto. – Hayley não gostou nada da forma que o homem olhava para John.

—Tio Dom! – Sorriu com alívio ao ver o “tio”. Dominic era muito alto e forte e quem não o conhecia, o acha assustador. E aquilo era exatamente o que Hayley queria, que o homem desconhecido ficasse intimidado com a presença de Dom.

—Meus dois sobrinhos favoritos. – Ele abraçou os dois ao mesmo tempo.

—Você diz isso para todos. – John acusou.

—Ainda não disse isso para o Tom e a Amanda.

—Só porque ainda não os viu. – Hayley provocou.

—Isso está prestes a mudar. Vamos passar férias em família. – Levou a mão ao queixo. – Acho que era para ser surpresa. Não digam nada aos seus irmãos. – Se virou para o homem desconhecido. – Dominic Jensen. – Se apresentou estendendo a mão.

—Robert. – Ele não disse o sobrenome. – Você é um dos fundadores da ONG?

—Vejo que sabe muito a nosso respeito. – Resmungou quando Robert não apertou a mão dele.

—Um amigo que trabalhou aqui me contou sobre o trabalho de vocês. Gostaria de ajudar. 

—Posso te apresentar as instalações e explicar sobre o nosso trabalho.

—Seria ótimo. Em outro dia. – Se virou para John. – Você tem muito talento. – John sorriu, envergonhado. – Espero vê-lo tocar em breve. – Com um aceno de cabeça ele se despediu dos três.

—Que cara mais estranho. – Dom deu de ombros. – Seus pais estão aqui?

—Só a mamãe. O papai está na empresa.

—Vou falar com ela.  

—A aula foi legal. – John convenço e Hayley sorriu.

—Eu disse que você ia gostar e é bom para você se soltar mais. Agora, precisamos fazer uma lista de tudo que você vai precisar para as próximas aulas.

[...]

—Agora você mexe bem para não grudar na panela. – Edward estava atrás da esposa a instruindo no preparo do molho. Bella não gostava e não cozinhava muito bem, mas ela gostava quando o marido ficava grudadinho nela sussurrando a receita. – Uma pitada de sal para finalizar. – Ele passou as mãos pela cintura da esposa e Bella estremeceu derrubando mais sal do que deveria.

—Ótimo. Agora nossos filhos vão ficar com pressão alta. – Deu um tapinha na mão do marido o afastando dela. – Nunca dá certo quando cozinhamos juntos.

—A culpa não é minha se você é irresistível e eu não consigo manter as mãos longe de você.

—Não me provoque. – O repreendeu. – Temos nove filhos para alimentar.

—Agnes vai vir jantar?

—Acho que ela vai ficar aqui por uns tempos.

—O que o Combo aprontou? – Edward perguntou cerrando os punhos.

—Está mais para o que você fez. – Bella explicou. – Agnes acha que se ficar conosco, talvez você aceite melhor toda a situação.

—Ela não deveria de ter ido morar com aquele sujeitinho. – Retrucou tentando salvar o molho.

—Vocês estão sozinhos, que ótimo. – Ter uma conversa a sós com os pais era uma tarefa bem complicada. – Preciso falar sobre o que aconteceu na ONG. – Hayley andava de um lado para o outro na cozinha.

—Seu tio é um fofoqueiro. Não tinha nada que contar sobre a viagem. – Edward estava planejando a viagem há meses.

—Não é sobre isso. Apesar de estar curiosa para saber o destino. – Olhou para os pais esperando que eles dissessem. – Tudo bem, eu descubro de outro jeito.  

—É sobre a aula do John? Ele disse que gostou.

—A aula foi ótima e ele ficou muito feliz. Mas também não é sobre isso. O que vocês sabem sobre a origem do John? – Bella e Edward se entreolharam sem entender a pergunta da filha. – Sabem algo sobre os pais biológicos dele?

—Não. Eles nunca tentaram entrar em contato e não havia nenhum bilhete ou algo do tipo quando o deixaram na ONG. Por que a pergunta, filha? – Bella colocou a mão no ombro dela notando que a filha tremia um pouco.

—Apareceu um homem na ONG. Ele estava muito interessado no John e ficou falando sobre como é importante descobrir de onde vem os nossos genes, que não devemos julgar sem saber toda a história... E, mãe, o John é muito parecido com ele.

—Acha que pode ser o pai dele? – Edward estremeceu e sentiu um aperto no peito.

—Você é o pai dele. – Bella pegou o celular e acessou o aplicativo das câmeras de segurança. – Quando foi que falaram com ele? – Os três encararam a tela. – Bem...

—Não acho que se parecessem tanto. – Bella fez uma careta, ela os achou muito parecidos.  – Ele disse o nome dele?

—Disse que é Robert, mas não falou o sobrenome.

—Me envie essa imagem. – Edward pediu a esposa. – Vou investigar e enquanto isso, é melhor não comentarmos nada. Pode ser apenas uma coincidência.

—Como vocês conseguem lidar com isso? Toda vez que a Lucy aparece eu fico com medo dela tentar levar a Lulu. – A mãe de Lucy mantinha contato com os Cullen e os visitavam uma vez por ano, sempre no aniversário da pequena. – Eu sei que não é só chegar e a levar, mas sei lá, ela pode dizer que se arrepende e brigar na justiça pela guarda dela. Eu não sei se isso é possível, só sei que tenho medo e não quero que ninguém leve o John. Ele é nosso. – Bella abraçou a filha.

—Você não tem que se preocupar com nada, meu anjo. Não deixaremos ninguém levar nenhum de vocês.

—Vocês são nossas ovelhinhas e isso nunca vai mudar. Permaneceremos unidos. – Edward inclinou dando um beijo na testa da filha. – Pode ir chamar os seus irmãos para o jantar?

—É claro, pai. – Ela ainda não estava convencida de que tudo ficaria bem, mas ela confiava nos pais e sabia que eles lutariam com todas as forças para proteger os filhos.


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Notas finais do capítulo

Será que teremos mais um pai aparecendo?

Bjs e até mais.