—Já chega! Precisamos conversar. – Bella não aguentava mais ouvir o marido bufar.

—Certo. Vamos até o escritório. – Eles tinham um acordo de nunca discutirem no quarto deles.

—As crianças estão lá embaixo. Vamos conversar aqui. – Ela não queria quebrar a regra, mas era melhor do que os filhos ouvirem a discussão deles. E ela estava certa de que haveria discussão.

—Tudo bem. – Edward bufou mais uma vez. - Sobre o que quer conversar?

—Primeiro vamos falar sobre a Agnes. Sei que não ficou feliz com a notícia, mas não pode...

—Eu estou muito feliz pelo nosso neto. Eu já o amo tanto. – Edward sorriu pensando no primeiro neto. Ele seria avó e estava muito empolgado e com medo. Ele seria um bom avô? - Eu só não queria que as coisas fossem dessa forma. O que a Angela acharia disso?

—Angela ficaria muito feliz. Não é porque a Agnes é nossa filha que digo isso, ela é maravilhosa. Uma mulher forte, honesta, gentil, justa, amorosa... Eu poderia passar o dia inteiro exaltado as qualidades da nossa filha. Angela ficaria muito orgulhosa e grata. Somos ótimos pais, Edward. – Ele sorriu concordando. – Agora, se você quiser brigar com o Connor, esteja à vontade, ele bem que merece.

—Merece? – Ele estava surpreso por a esposa concordar com ele.

—Me orgulho em ser uma mãe liberal, mas tudo tem limite. Ele precisa de uma liçãozinha. – Edward já tinha algumas coisas em mente. – Agora a Agnes vai querer fazer um casamento apressado e como nós ficamos? Eu tinha vários planejamentos. – Depois de organizar o próprio casamento, Bella tinha passado a gostar de organizar eventos. – Sei que não importa o que queremos, mas...

—Somos pais. – Edward se aproximou da esposa e a abraçou. – É claro que a nossa opinião importa. E como pais, também temos o direito de colocar toda a responsabilidade sobre o Combo. Nossa filhinha era inocente até conhecê-lo, ele acabou com toda a pureza dela.

—Bem... – Bella se afastou e Edward a olhou de lado.

—O que está insinuando, Isabella?

—Você não quer saber, querido. – Garantiu acenando para que ele deixasse aquilo de lado.

—É melhor não me falar nada. Um assassinato eu consigo escapar, mas de dois? – Levou a mão ao queixo, pensativo. – Vai ser mais difícil.

—Você não vai cometer assassinato nenhum. Eu disse dar uma liçãozinha nele. Talvez colocar o Fish para correr atrás dele.

—Não tinha proibido as crianças de usarem os animais para fins de vingança?

—Disse bem, as crianças. – Ela piscou e depois suspirou. – Somos bons pais, Edward?

—É claro que somos, amor. Por que a dúvida?

—Não quero que o Tyler volte para aquela universidade. – Bella cruzou os braços.

—O médico disse que ele é jovem e saudável e que vai se recuperar rápido e poderá voltar a jogar em menos de um ano.

—Ele não está sendo bem cuidado naquele lugar. Se ele estivesse mais perto teríamos visto antes o que estava acontecendo. Edward, ele poderia ter tido sérios problemas se continuasse a usar o remédio por mais tempo. – Bella estremeceu só de pensar no filho ferido. – Também não quero que o Henry vá para longe.

—Bella, não seja irracional. Também estou chateado pelo que aconteceu e devemos tomar providências para que a pessoa que estava vendendo remédios para o Tyler pague por isso.

—Não é só isso, Edward. Ele escondeu de nós que estava com problemas. Onde erramos? E se mais alguém estiver escondendo algo? Precisamos manter nossos filhos bem perto para ficarmos de olho neles. A faculdade, o time... é muita pressão para o Tyler.

—Concordo. Devemos apoiá-lo, não acabar com os sonhos dele. Ele é adulto e deve tomar suas próprias decisões, assim como o Henry. – Edward segurou as mãos dela. – Nós não erramos com nenhum deles, Bella. Como você disse, somos pais incríveis. Só precisamos melhorar a nossa comunicação e fazer com que eles tenham mais confiança em nós, mas estou feliz que o Tyler tenha procurado a Agnes. Eles sabem que podem contar com a família, mesmo que não venham até nós primeiro. Não vamos destruir os sonhos deles. Precisamos nos concentrar na recuperação do Tyler. – Ele estava se recuperando no hospital e voltaria para casa no dia seguinte. – E na chegada do nosso neto.

—Preciso ter a certeza de que eles ficarão bem. – Bella choramingou e Edward a abraçou bem forte.

—Eles vão ficam bem. Eles têm a melhor mãe do mundo.

—E o melhor pai. – Ficou na ponta dos pés para beijá-lo. – Tenho medo do que o mundo pode fazer com eles. O Tyler ficou bem triste quando a Padma terminou com ele. E, apesar de gostar muito do Connor e de achar que ele será um bom marido e um bom pai, tenho medo que ele possa magoar os nossos bebês. E o Henry? Ele ainda é tão novo, Edward. Será que ele vai saber se cuidar estando sozinho e longe? E eu não quero nem pensar nos outros. Podemos trancá-los aqui e protegê-los para sempre.

—Não, amor. Nós não podemos e não vamos fazer isso. O mundo é completamente assustador e eu temo por nossos filhos, mas precisamos deixá-los trilhar seu próprio caminho. Lembra do que prometemos? Que nunca diríamos aos nossos filhos o que deveriam fazer. Nós dissemos que não seriamos como nossos pais, deixaríamos que eles fizessem suas próprias escolhas e daríamos todo o apoio. Se o Tyler quiser sair do time, estaremos lá por ele, e se ele quiser continuar, também estaremos lá torcendo e o ajudando em todos os momentos. Nossos filhos sabem o que devem fazer, eles são maravilhosos.

—Obrigada! – Bella o abraçou apertado e ele acariciou as costas dela.

—Por? – Ele sorriu a girando e a colocando encostada na parede.

—Por me lembrar de quem nós somos.

—Eu sou o dramático da família e você é a sensata, não tente inverter os papeis. – Edward a ergueu e Bella soltou um gritinho quando ele colocou as mãos nas coxas dela.

—O que está fazendo? As crianças estão no esperando. – Edward beijou o pescoço da esposa.

—Só estou te lembrando de mais uma coisinha. Quando brigamos, fazemos as pazes.

—Não podemos esperar até a noite? – Perguntou torcendo para que ele continuasse.

—Definitivamente, não. Prometo ser rápido. – Bella se agarrou a ele. – Agora, resta saber se você consegue ser silenciosa. Não queremos assustar nossos filhos.

—Só tem um jeito de sabermos se eu consigo ou não. – Provocou e ele sorriu.

—Então vamos descobrir...

[...]

—O papai e a mamãe estão brigando. - Henry não se lembrava da última vez em que viu os pais brigando. Ele achava que eles tinham um casamento perfeito, ou algo próximo disso.

—A mamãe acha que o Tyler deve sair da faculdade, porque estão pressionando-o de mais. Já o papai quer que o Tyler fique…

—Ele estava usando drogas. - Lucy interrompeu a irmã. 

—Lucy, não fale o que você não sabe. - Hayley a repreendeu. - -Tyler não estava usando drogas. Ele estava machucado e tomando medicação sem prescrição. Nosso irmão não é nenhum drogado. - Ela se assustou quando algo caiu no andar de cima. 

—Eles estão atirando coisas um no outro? - Henry girou nos calcanhares pronto para subir as escadas correndo e interromper a briga dos pais.

—Relaxa, Henry. Casais brigam. - Hayley sabia que os pais se amavam e que aquele era só um pequeno desentendimento que eles logo resolveriam.

—Eles vão se separar? - Thom perguntou preocupado. Ele gostava muito da nova família e não queria voltar para o orfanato. 

—Vamos ficar com quem? - Lucy olhou para a irmã. As duas brigavam muito, mas se amavam e a pequena não suportaria ficar separada dos irmãos. 

—Bem, eles não vão se separar, então não precisam se preocupar com nada. - Tranquilizou os irmãos. - Mas, se eles se separassem, é claro que eu ficaria com a mamãe. 

—Você ama mais a mamãe do que o papai? - Colin perguntou surpreso. 

—Não. Eu amo os dois igualmente, mas a mamãe quase morreu para que eu pudesse nascer. Não vou abandoná-la, nunca. – Ela tinha que ficar ao lado da mãe. - Agnes e Tyler são maiores de idade, mas se não fossem, eles ficariam com o papai. 

—Tem certeza? - Henry se sentou ao lado da irmã.  

—Agnes é muito grata por tudo que o papai fez pela avó dela. E foi o papai que encontrou o Tyler. 

—Eu ficaria com quem? 

—A Lucy ficaria com o papai porque ele sempre a deixa fazer o que quiser e ela é a princesinha dele. – Revirou os olhos sentindo ciúmes da irmã. - Então, Colin, você teria que ficar com a mamãe. Um só não dá conta de vocês dois. John ficaria com a mamãe, Henry com o papai e Tom e Mandy com a mamãe. - Hayley finalizou. 

—O que estão aprontando? - Edward e Bella entraram na cozinha. As crianças não perceberam quando eles pararam de brigar. 

—Estamos nos dividindo para ficarmos com vocês. - Lucy explicou. 

—Vou ficar com você, mamãe. - Colin abraçou a mãe. 

—Como é? - Edward olhou para a esposa e ela deu de ombros. 

—Não faço a mínima ideia do que estão falando. 

—Vocês estavam brigando, então eles acharam que fossem se divorciar. – Hayley explicou.

—Calma aí. - Edward ergueu as mãos. - Nós não vamos nos separar. - Garantiu e os filhos o olharam sem saber se deveriam acreditar no pai. 

—Crianças, sinto muito que tenham ouvido a nossa briga. - Bella estava constrangida, não percebeu que estavam falando alto durante a breve discussão. - Seu pai e eu tivemos um pequeno desentendimento, mas eu garanto a vocês que não vamos nos separar. Nós nos amamos muito. 

—Até parece que a sua mãe conseguiria ficar longe de mim. - Edward provocou fazendo os filhos rirem. - E muito menos eu conseguiria viver sem ela. - Aproximou da esposa e a beijou.  

—Ouvimos barulho. – Lucy não queria que os pais se separassem. – De algo caindo.

—Não era da briga. – Bella corou e Edward pigarreou. Ao que parece ela não conseguiu ser silenciosa.

—Ninguém vai se separar. Eu juro. – Edward ergueu a mão direita. – Queremos falar com vocês. – Os dois se sentaram ao lado dos filhos. – Nós os amamos muito e nunca vamos julgar vocês por nada. Vocês podem nos dizer qualquer coisa, sempre. Estamos aqui para apoiá-los e vocês podem confiar em mim e na sua mãe.

—Dito isso... Há algo que vocês gostariam de nos contar? Não precisam ter medo.

—Eu tenho algo para contar. – Colin ergueu a cabeça e olhou para os pais. – Eu quebrei o iPad da Hayley.

—Todo mundo sabe disso, Colin. – Hayley revirou os olhos.

—Apreciamos a sua confissão, Colin. – Edward tentou soar sério. – Tem que pedir desculpas a sua irmã.

—Desculpa, Hayley. – Foi até a irmã e a abraçou.

—Está desculpado, mas fique longe das minhas coisas.

—Suas ações têm consequências, filho. Sua mesada vai para a sua irmã para que ela possa comprar outro iPad.

—Tá bom.

—Mais alguém quer nos dizer algo?

—Não quero ir para Brown. – Henry confessou e foi como se tirasse um peso enorme dos ombros. – Sei que querem que eu vá para uma universidade da Ivy League, mas elas são longe daqui e eu quero ficar perto de vocês. – Bella suspirou, aliviada, mas então se lembrou das palavras do marido.

—Se é o que você realmente quer, tem o nosso total apoio, mas não precisa ter medo de nada, meu anjo. Mesmo longe estaremos com você. Você merece estudar em uma grande universidade, batalhou muito para isso. – Beijou os cabelos dele.

—Eu tenho algo a dizer. – Amanda ergueu a mão.

—Pode dizer, filha. – Edward sorriu, a incentivando.

—Estou muito feliz que tenham nos adotado. Me sinto segura com vocês, mas ainda não consigo chamar vocês de pai e mãe. Tenho medo de não ser a filha que vocês esperam...

—Nós esperamos que nossos filhos sejam felizes. Tudo a seu tempo, querida. – Bella deu um beijo na testa dela.

—Também tenho algo a dizer. – Lucy ergueu a cabeça e respirou fundo. – Quando o Colin e eu aprontando, sou eu que planejo tudo e o convenço a me seguir.

—Não diga! – Edward fingiu estar surpreso.

—É verdade, papai. – Garantiu e ele escondeu o riso com uma tosse.

—Então pare de arrastar o seu irmão para as suas travessuras. – Ele levantou indo preparar panquecas para os filhos.  

—Mãe, como o Tyler está? – Hayley tinha enviado uma mensagem ao irmão, mas ele não respondeu.

—Ele está se recuperando bem. Vai ficar conosco por um tempo.

—Ele ainda vai jogar basquete? – Thom queria assistir um jogo do irmão.

—Vai. – Edward torcia para que o filho se recuperasse logo. - Se ele ainda quiser. Espero que sejam gentis com o seu irmão. O Ty vai precisar de muito cuidado e amor.

—Podemos faltar de aula para cuidar dele? – Lucy fez sua melhor cara de inocente.

—Boa tentativa, querida. Sua mãe e eu vamos nos revezar para ficar com seu irmão enquanto vocês estão na escola.

—Um dia eu consigo. – Cruzou os braços e os irmãos riram.