Nossa Família imPerfeita escrita por Rayanne Reis


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal, tudo bem? Espero que sim.

Estava tão emocionada com o capítulo que até postei na fic errada. Obrigada, Tininha, por ter me alertado do erro.



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—Amanda? – Ela se encolheu no cubículo do banheiro e ficou em silêncio torcendo para que a pessoa a deixasse em paz. – Amanda, você está aí? O Sr. Barnes pediu para te procurar. A aula já acabou e você não voltou para a sala. Aconteceu alguma coisa? Estou ouvindo você chorar. – Fungou e passou as mãos no rosto secando as lágrimas, não queria que ninguém a visse chorar. – Vou chamar a diretora. – A garota avisou e Amanda assentiu, mesmo sabendo que a colega de turma não veria. Ela estava assustada e queria estar em qualquer outro lugar que não fosse a escola. Odiava aquele lugar quase tanto quanto odiava o orfanato, mas a diretora garantiu que ninguém mais iria mexer com ela e com o irmão e os Cullen concordaram em deixá-los terminar o ano letivo.

—Mandy? – Era a voz de Thomas, ele estava apreensivo.

—Thom, o que faz aqui? É o banheiro das meninas. – Ela ergueu apenas o rosto em direção a porta.

—Eu sei. Aconteceu alguma coisa? A Amy disse que você está chorando e foi correndo chamar a diretora.

—Está tudo bem, Thom.

—Quer que eu chame o papai? – O escritório de Edward ficava mais perto da escola e se houvesse problema deveriam ligar para ele primeiro.

—Não. Ele, não. Pode ligar para a... Bella? – Ela saberia o que fazer. 

. – Eles não podiam usar telefone na sala, mas os pais haviam dado um para cada um deles e Thomas correu para buscar o dele que estava guardado na mochila.

Amanda colocou as mãos sobre as orelhas e ignorou as várias vozes que zombavam dela, ao que parecia, todos já sabiam que ela estava ali. Ela era forte e sobreviveria. Você é forte e vai sobreviver... Passou a repetir as últimas palavras que a mãe biológica havia lhe dito.

[...]

—Mãe! – Amanda a sacudiu e olhou para fora do carro torcendo para que a ajuda chegasse logo, mas eles estavam sozinhos naquela estrada deserta. – Mãe, o papai não quer acordar. – A garota chorava sem parar e sacudiu mais uma vez a mãe, que soltou um grito de dor. – Mãe, acho que o papai morreu. – Constatou vendo a poça de sangue.

—Calma, filha. Onde está o seu irmão? – Perguntou segurando a mão da filha.

—Lá fora. Consegui tirá-lo.

—Boa garota. A ajuda já vai chegar. Fique lá fora e cuide do seu irmão.

—E você?

—Vou ficar com seu pai. – Ela sabia que não resistiria. – Amanda, eu te amo.

—Mãe, não feche os olhos. – Se agarrou a mãe e tentou puxá-la, mas ela não tinha forças, era pequena demais.

—Você é forte e vai sobreviver. – Amanda esperou que a mãe falasse mais alguma coisa, mas aquelas tinham sido suas últimas palavras.

[...]

Amanda queria que a mãe estivesse ali com ela. Mas agora ela tinha outra mãe e torcia para que ela chegasse logo, estava cansada de ter que cuidar de tudo sozinha.

[...]

Era a terceira vez naquela semana que Amanda se dirigia ao escritório da Sra. Martin. Na primeira vez tinha sido para ser repreendida por ter brigado na escola (ela só estava defendendo o irmão), a segunda foi por ter pegado o livro de uma colega (ela iria devolver assim que terminasse de ler). 

Amanda sabia que não era uma pessoa fácil de lidar e não fazia a menor questão de ser. Ela tinha o irmão e era tudo o que lhe importava. Já tinha desistido há anos de ser adotada. Ninguém adotava crianças mais velhas e muito menos gêmeos, e ela não abandonaria o irmão.

Respirou fundo e bateu a porta aguardando autorização para entrar e descobrir qual seria a repreensão da vez. 

—Amanda, que bom vê-la. - A Sra. Martin sorriu para ela e agitou as mãos pedindo para que a garota se aproximasse. Amanda notou o casal sorridente que estava conversando com a Sra. Martin, ela já tinha visto a mulher na ONG que ajudava o orfanato. Se ela não estivesse enganada, a garota tagarela por quem Thomas vivia suspirando era filha daquela mulher. Será que o irmão tinha feito algo de errado e eles vieram reclamar? - Amanda, esses são os Cullen. 

—Olá, Amanda. - A mulher estendeu a mão para cumprimentá-la e ela ergueu o queixo, a ignorando. 

—Não seja mal-educada, Amanda. - A Sra. Martin sorriu para o casal, se desculpando. - Sabe como são os adolescentes. - Ergueu o dedo indicador impedindo que a garota dissesse algo que iria ofender os principais doadores do orfanato. - Os Cullen gostariam de adotá-la. - Anunciou e Amanda abaixou a guarda por um segundo. Eles teriam um lar? Não. Deveria ter algo de errado, o mundo não era um lugar bom e pessoas gentis não apareciam do nada para adotar duas crianças de 12 anos. 

—Por quê? Vocês já têm uma filha. Eu a vi lá na ONG. 

—Você deve estar falando da Hayley. - Bella sorriu para a garota. - Nós temos três filhas. 

—E quatro filhos. - Edward completou. 

—Vocês têm sete filhos? - Eles só podiam ser loucos. - E querem mais dois? 

—Dois? - O casal olhou de Amanda para a Sra. Martin. 

—Meu irmão e eu. Vocês querem adotar nós dois, não é? 

—Não sabíamos que você tem um irmão. 

—Não posso deixar o Thom. Ele precisa de mim. Eu não vou com vocês. - Deu dois passos para trás pronta para sair correndo. 

—Calma, Amanda. - Bella pediu se levantando e colocando as mãos no ombro dela. - Não queremos separar vocês. – Ela lançou um breve olhar para o marido e ele concordou. – Tenho certeza que podemos resolver esse problema com muita facilidade, não é mesmo Sra. Martin?

—É claro. – Ela começou a digitar algo no computador. – Preciso fazer algumas ligações, mas se é do desejo de vocês adotarem os dois, podemos fazer isso acontecer.

—Excelente. Nos diga o que precisamos fazer para agilizar o processo. Queremos que a Amanda e o... – Edward olhou para ela.

—Thom. O nome dele é Thomas. – Respondeu tentando controlar os batimentos cardíacos. O coração dela parecia que iria saltar do peito a qualquer momento. Eles sairiam daquele lugar horrível.

—Queremos que a Amanda e o Thomas sejam parte da nossa família. Isso se eles aceitarem, é claro. – Bella sorriu estendendo a mão para Amanda e ela a apertou. Achava que não conseguiriam ser parte de nenhuma outra família, mas a casa deles não poderia ser pior do que o orfanato. Thomas ficaria muito feliz quando soubesse que seriam adotados.

[...]

—Mandy, querida, sou eu. – Ela suspirou, aliviada.

—Está sozinha? – Ela já não ouvia mais as vozes de zombaria.

—Estou com a Sra. Duncan.

—Sra. Cullen, eu não sei o que pode ter acontecido. – A diretora tentou mais uma vez se desculpar, mas Bella ergueu a mão pedindo que ela não falasse mais nada.

—Pode nos dar licença? Acredito que a Amanda ficará mais confortável se estivermos a sós.

—É, claro. Estarei lá fora se precisar de alguma coisa. – Avisou saindo do banheiro.

—Ela já foi. – Amanda levantou e abriu a porta.

—Desculpe ter feito você vir até aqui. – Ela olhava fixamente para os próprios pés. – Sei que é uma pessoa muito ocupada.

—Meu anjo. – Bella ergueu o queixo da filha e sorriu, a confortando. – Nada nesse mundo é mais importante do que os meus filhos. Me conte o que aconteceu. Você se machucou?

—Não, exatamente.

—Está sentindo alguma dor?

—Sim. - Sussurrou e a preocupação de Bella aumentou. Estava tentando manter a calma, mas desde que recebeu a ligação do filho entrou em desespero.

 -Onde? - Amanda tocou na barriga.

—Comeu algo que te fez mal? - A garota negou.

—É mais embaixo. - Confidenciou corando e voltou a encarando os próprios pés. - E está sangrando. - Bella sorriu e apertou a mão da filha.

—É a primeira vez? - Amanda assentiu. - Isso é completamente normal. Incômodo e dolorido, mas é normal.

—Eles ensinaram o que é, mas não sei o que fazer. Quando vi o sangue eu entrei em desespero e fiquei com vergonha. - Bella passou o braço ao redor dela.

—Calma, meu anjo. – Beijou os cabelos da filha. – É normal ficar nervosa. Vou te explicar tudo o que precisa saber e te dar um remédio para cólica.

—Dói sempre?

—Depende muito. Algumas sortudas quase não sentem nada. Se a dor ficar muito forte, me avise. Pode falar comigo sobre qualquer coisa. Sei que ainda não se sente à vontade, mas saiba que eu a considero como minha filha desde o primeiro momento e eu a amo muito.

—Como pode me amar sem nem me conhecer direito?

—Simplesmente amando. Você e o Thom fazem parte da família e não tem diferença no que sinto por vocês. – Bella pegou a bolsa e vasculhou até encontrar um absorvente para filha. Ensinou como ela deveria colocar e depois que Amanda voltou, amarrou um lenço em volta da cintura da filha. – Prontinho, não dá para perceber nada. – Sabia bem como aquele momento era constrangedor para uma adolescente. – Você vai se sentir bem melhor depois de um banho. Vamos para casa? – Amanda sorriu, estava tão feliz por Bella estar ali com ela.

—Obrigada!

—Não precisa agradecer. É para isso que servem as mães. – Bella a abraçou pelos ombros e as duas saíram do banheiro, metade da escola estava do lado de fora as aguardando. – Sra. Duncan, vou levar os meus filhos para casa. Thomas, querido, pode ir buscar as suas mochilas? Te esperamos no carro. Com licença. – Amanda ignorou os olhares abismados dos colegas de escola e ergueu a cabeça, fingindo que nada havia acontecido.

—Como você pode amar todos da mesma forma? – Perguntou enquanto esperavam Thomas aparecer. - Vocês devem amar o Henry, a Hayley e o Colin mais do que os outros.

—Não amamos. Pode confiar em mim. Às vezes, eu até me esqueço que não gerei a Agnes, o Tyler, o John e a Lucy. Todos são meus filhos, simples assim. O amor de uma mãe e de um pai pelos seus filhos é algo inexplicável. Desde o momento em que soube que estava grávida já comecei a amá-los. E desde o momento em que vi vocês, já os amei. Espero que consiga demonstrar isso para vocês. - Amanda se sentia estranha no meio da nova família, era como se ela não pertencesse ao lugar. Bella apertou a mão dela e sorriu e ela se sentiu aquecida e pensou que talvez ela pudesse começar a se encaixar na família. Todos eram muito gentis com ela e Thom.

—Obrigada. - Ainda não estava pronta para chamá-la de mãe, mas era isso que ela queria ter falado: Obrigada, mãe.

—Estou aqui para o que precisarem. Não importa o horário. Se precisar é só correr que estaremos de braços abertos. - Deu um beijo na testa dela. – Eu amo você, Mandy.

—Você e a Hayley são bem unidas. – Ela queria entender como era possível amar os nove da mesma forma, ela tinha que amar alguém mais.

—Nós passamos por muita coisa.

—Vocês quase morreram. – Hayley tinha contado a história várias vezes.

—Foi uma época bem difícil. Não achei que ela fosse sobreviver e eu passava o tempo todo de olho nela. Não confiava em ninguém para cuidar dela. A Hayley tem um coração tão doce e sonha em mudar o mundo. Ela vai conseguir. – Bella tinha muito confiança nos filhos.

—Ela se parece muito com você.

—Ela é bem mais calma do que eu. Eu sou mais explosiva, assim como a Agnes.

 Somos bem parecidas e eu a conheço melhor do que ela pensa. – Bella deixaria que a filha falasse com ela quando estivesse pronta. – Sabe, você me lembra muito a Agnes quando era pequena. As duas são fortes e destemidas.

—Eu não sou como ela. Ela é tão incrível e vai ser médica.

—Você também é incrível. – Amanda não acreditava nela.

—Todos eles são incríveis. O Tyler é jogador de basquete.

—Ah, ele é mais do que isso. O Ty não vê a maldade nas pessoas. Ele tem a capacidade incrível de perdoar as pessoas e dá ótimos conselhos. O Henry não é apenas inteligente, ele é gentil e está sempre ajudando os irmãos. Foi ele que criou o nosso método de organização, não sei o que seria de nós sem isso. O John é um doce e a calmaria no nosso caos. Ele sempre faz com que todos se sintam à vontade. A Lucy é uma força da natureza, eu sei que ela é bem enérgica, mas tem um grande senso de justiça e quer proteger todos, animais e pessoas. E o Colin... – Bella secou as lágrimas, ela amava demais os filhos. – Ele nos trouxe a esperança de volta. Depois da Hayley eu acreditei que não poderia engravidar de novo e então eu tive o Colin e ele é tão carinhoso e fofo. Cada um dos meus filhos tem uma característica particular. A primeira vez que eu vi o Thom e ele sorriu pra mim, foi como se sol estivesse nascendo e o dia se tornou mais feliz. Ele tem um coração muito bondoso e é tão meigo. E você me encantou com a sua força, a forma que você cuida do Thom e não se deixa abalar pelas adversidades. Eu sei que você é forte, mas não precisa lutar sozinha. Você tem uma família, uma grande família que te ama e que sempre estará ao seu lado.

—Obrigada! – Amanda abraçou a mãe. – Você é a melhor mãe que poderíamos ter.

—Eu te amo, filha. Nunca duvide disso.

[...]

 -O que aconteceu com a Amanda? – Edward estava preocupado com a filha. – Por que não me ligaram?

—Era uma emergência de garotas. – Bella abraçou o marido. – Por favor, não surte com isso. Você não reagiu muito bem com a Agnes e a Hayley.

—Está me dizendo que a nossa filha se tornou uma mocinha? – Ele levou as mãos ao peito. – Num dia elas são só uma garotinha e no outro já cresceram e daqui a pouco estarão namorando e vão nos abandonar. – Bella confortou o marido. – Eu não vou aguentar outro Combo na minha vida.

—Não seja um exagerado. E o Connor é um genro maravilhoso. Ele cuida tão bem da nossa garotinha.

—Tem razão. Vou tranquilizar os garotos e ver como a Mandy está. – Ela tinha se trancado no quarto desde que chegou da escola.

—Não a envergonhe. – Pediu mesmo sabendo que ele não a ouviria.

—Posso entrar? – Edward esperou a filha responder e sorriu estendendo uma barra de chocolate para ela. – Trouxe para você.

—Obrigada!

—Sua mãe me contou o que aconteceu. Não precisa ficar envergonhada. Isso é normal, filha. Estarei aqui se precisar. – Ele inclinou e deu um beijo na testa dela. – Amo você. – Amanda deixou lágrimas de felicidade caírem. Era tão bom ter uma família.

[...]

—Descobriu o que aconteceu com a Mandy? -Os garotos estavam jogando vídeo game e Henry entregou um controle para o pai.

—Não precisa se preocupar, é coisa de menina.

—Ela também? – Henry suspirou. A mãe e as irmãs ficavam malucas quando estavam de TPM. 

—Pelo menos ainda não chegou a vez da Lucy. – John comentou os fazendo rir.

—O que eu faço? – Thom queria ajudar a irmã, ela sempre cuidou dele.

—Não faça nada. Ela ficará irreconhecível por uns dias e poderá gritar com você sem motivo algum. Só tente ser gentil e concorde com tudo que ela disser. – Henry o aconselhou.

—Mulheres tem sempre razão. – Colin completou. – E devemos tratá-las com muito carinho e amor.

—Aprendeu direitinho, filho. – Edward elogiou o pequeno.

—Então a Mandy está bem?

—Sim. Sua mãe já cuidou de tudo. Agora se preparem que estão prestes a levar uma surra nesse jogo. Que jogo é esse?

—Vocês são a melhor família do mundo inteiro. – Thom estava muito feliz.

—Somos os Cullen.


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Notas finais do capítulo

Essa família é muito maravilhosa e agora a Amanda não precisa mais cuidar de tudo sozinha.

No próximo teremos algumas revelações.

Bjs e até mais.