Henry estava nervoso. Tinha feito o ritual de confiança que o pai lhe havia ensinado, mas não fora o suficiente para deixá-lo tranquilo. Era o primeiro baile dele e aquilo era assustado. E se ele pisasse no pé de Kali durante a dança? Ou se ele a derrubasse no chão? Sendo um Cullen, qualquer coisa constrangedora e estranha poderia acontecer. 

—Fiu, fiu!!! - Henry se assustou com os assobios do irmão mais velho. -  Tá gato, irmãozinho. 

—Vai ser o mais lindo do baile. - Hayley se aproximou dele e ajeitou a gravata. Que ótimo, não conseguia nem manter a gravata no lugar. Aquele baile seria um desastre. Respirou fundo e tentou se acalmar. Não iria surtar na frente dos irmãos. 

—Não estou muito exagerado?  - Deu uma voltinha para que os irmãos pudessem avaliá-lo. 

—Está parecendo o papai. - Amanda opinou e ele considerou aquilo como um elogio. 

—Você está bonitão, Henry. - Colin o elogiou. 

—Igual você? 

—Não. Você nunca será lindo igual eu. Mas não fica triste.  

—Não tinha ficado. - Garantiu fazendo o irmão rir. 

—Está nervoso, Henry? - Tom pausou o jogo para poder olhar o irmão. 

—Bastante. Estou com medo de constranger a Kali de alguma forma. 

—Não precisa se preocupar. Minha prima é bem legal. - Padma garantiu e Tyler passou o braço em volta do ombro da futura, novamente, namorada. 

—Vocês vão se divertir bastante. É só lembrar dos passos de dança que treinamos e ignorar a presença dos nossos pais. - Bella e Edward foram convidados a ajudar a monitorar os alunos, depois que alguns pais tiveram imprevistos e não poderiam comparecer. Edward acho que aquela seria a oportunidade perfeita para levar a esposa a um baile de verdade. 

—Eles vão ficar tão concentrados um no outro que nem se lembrarão da minha existência. Padma, o que a sua prima espera dessa noite? - Era melhor estar preparado. Ele tinha conversado por mensagem com Kali e a achou engraçada e simpática, mas ele não queria nenhum tipo de envolvimento amoroso e sabia muito bem o que costumava acontecer nos bailes da escola. 

—Minha prima só quer se divertir. Dançar e rir bastante. Não precisa se preocupar. Você não faz o tipo dela. 

—O que a sua prima tem contra o nosso irmão? - Lucy cruzou os braços e encarou Padma. Havia um certo ressentimento por ela ter terminado com Tyler e no momento, ela não era uma das pessoas favoritas dos Cullen. 

—A Kali não tem nada contra o Henry. Muito pelo contrário, ela gostou dele e está ansiosa para conhecê-lo pessoalmente. 

—Então por que ela não quer namorar com o Henry? Ele é muito inteligente e legal. - Lucy saiu em defesa do irmão, não que ele precisasse, mas era assim que as coisas funcionavam na família Cullen. 

—Bem… - Padma olhou para Tyler e ele assentiu para ela contar a verdade, os pequenos não a deixariam em paz enquanto não tivessem uma boa explicação. - Digamos que a Kali ficaria mais interessada na Hayley do que no Henry. 

—Não sabia que ela gosta é de meninas. - Henry estava um pouco aliviado. Agora ele tinha a certeza de que iriam apenas como amigos. 

—Preciso contar para a Julie, ela estava surtando. - Hayley pegou o celular e Henry se animou um pouco. Talvez um envolvimento com Julie não fosse tão impossível quanto ele imaginava. 

—Tudo bem para você? - Padma perguntou. Ela estava preocupada com o bem-estar da prima. 

—A sua prima gostar de meninas ou meninos não vai interferir na forma que vou tratá-la. Confesso que estava um pouco preocupado de ela se interessasse por mim e querer fazer alguma coisa. É que eu gosto de outra pessoa e não estou preparado para fazer nada no momento e eu não iria querer magoá-la quando dissesse que não. - Henry corou se sentindo um tolo. - Não que eu me ache incrível e que todas as meninas vão se jogar aos meus pés. 

—Acho que existe uma probabilidade bem grande de isso acontecer. - Padma sorriu o tranquilizando. 

—Eu vou cuidar muito bem da Kali, não se preocupe. Ninguém vai mexer com ela. 

—Padma. - Colin chamou. - A sua prima não pode namorar com a Hayley. Ela gosta de meninos e tem um namorado. O nome dele é Frankenstein. 

—Que papo é esse, Hayley? - Tyler ativou o modo irmão protetor. 

—Não dê atenção para o Colin, ele não sabe o que diz. -  Cutucou o irmão. 

—Eu sei sim de muita coisa. Eu sei que o papai jo… 

—Alguém quer sorvete? - Edward gritou interrompendo o filho. 

—Eu quero. - Colin se colocou de pé e correu para a cozinha. 

—O que ele ia dizer? - Hayley encarou o pai e Edward deu de ombros. 

—Nada importante. Estou mais interessado no que ele estava falando antes sobre o seu namorado. - Hayley corou e passou as mãos ajeitando o cabelo, o que significava que ela estava prestes a mentir. 

—Sabe que o Colin costuma confundir as coisas. Ele deve ter se lembrado do dia em fui ao cinema com o meu AMIGO Frank. 

—Sei… - Edward investigaria aquilo depois. - Como vai, Radia? 

—É Padma, senhor Cullen. - O corrigiu e os filhos riram. 

—Acho que não. Eu saberia muito bem o nome da garota que deixou o meu filhão triste. 

—Pai! - Tyler resmungou, envergonhado. - Já disse que foi um término em comum acordo. E que nós estamos bem. 

—Você ficou chorando quando ela terminou com você. - Colin contou com o rosto lambuzado de sorvete. 

—O sorvete era só para depois do jantar. - Edward pegou um lenço do bolso e limpou o rosto do filho. Como ele tinha conseguido se sujar tão rápido era um mistério.  

—Você não explicou, papai. - Deu de ombros voltando a tomar o sorvete, dessa vez, com mais cuidado. 

—Só para esclarecer, eu não fiquei chorando. 

—Ficou, sim. - John murmurou. 

 -Até tu, Brutus? – John se encolheu, envergonhado. – Só para deixar bem claro, eu não chorei. Só fiquei um pouco triste. O que é perfeitamente normal.

—Isso não vem ao caso. O que importa é que vocês estejam felizes, seja juntou ou separados. É bom tê-la de volta a família, Radia.

—Por que seu pai está me chamando de Radia? – Perguntou ao namorado. - É tipo ele chamar o noivo da sua irmã de Combo?

—Tiveram algumas reclamações. – Lançou um olhar irritado para Hayley.

—O que foi? Direitos iguais. – Protestou. – Se ele vai chamar o meu AMIGO de Frankenstein, nada mais justo do que ter um apelido para a Padma.

—Não seria melhor ele chamar todo mundo pelo nome correto? – Sugeriu nenhum pouco feliz em ser chamada de Radia.

—E qual seria a graça disso? – Edward gostava de implicar com o genro e tinha certeza de que iria se divertir implicando com todos os futuros genros e noras. – Considere um ritual de família. Você quer fazer parte dessa família, não quer? – Ela não respondeu e Edward pigarreou. – Você quer namorar com o meu filho, não quer?

—Sim, eu quero. – Ela amava Tyler e mesmo estudando a quilômetros de distância, ela estava disposta a fazer o possível e impossível para ficarem juntos. Pior do que ficar longe dele era não o ter na vida dela.

—Então se acostume com o novo nome e se junte a família. – Padma suspirou resignada.  Se não pode com eles, junte-se a eles.

—Pai, que horas a Agnes vai chegar? – Lucy também estava tomando sorvete.

—Ela não vai vir, não está se sentindo bem.

—É grave? – Amanda perguntou preocupada.

—Não, querida. Só um pequeno mal-estar. As últimas semanas tem sido bem agitadas para ela.

—A Agnes vai ter um bebê. – Colin informou à Padma.

—Tyler me contou. Estão animados para serem tios?

—Sim. Vamos mandar no bebê da Agnes.

—Colin não é assim que as coisas funcionam. – Hayley explicou pela vigésima vez.

—Você também vai ter um bebê, Padma? – Lucy quis saber e todos encararam Padma.

—O que você está me olhando? Tem meses que não nos vemos. – Tyler ergueu as mãos se desculpando.

—Você poderia estar saindo com outra pessoa.

—E você acha que se tivesse saindo com outra pessoa iria estar conversando com você para tentarmos reatar?

—Tentarmos? Achei que já tínhamos reatado. – Ela cruzou os braços.

—Não sei se quero mais voltar para você. – Tyler abraçou a namorada e deu um beijo na testa dela.

—Desculpa, Pad. Eu sei que você não faria isso.

—Ela vai ou não vai ter um bebê? – Tom perguntou ao pai.

—Espero que não.

—Não. Eu não vou ter um bebê. Pelo menos não pelos próximos 10 anos. – Edward sorriu satisfeito. Ele queria ter vários netos, mas tudo a seu tempo.

—Se a Agnes não vai vir e você e a mamãe vão sair. Quem vai cuidar de nós? – Não que Amanda precisasse de babá, mas eles não poderiam ficar sozinhos sem supervisão. Não com Colin e Lucy agitados por ingerir açúcar.  

 -Tyler e Radia vão cuidar de vocês. – Edward informou.

—O QUÊ? – Os filhos começaram a protestar e Edward ergueu as mãos tentando colocar ordem na situação.

—Ele não sabe cuidar da gente.

—Precisamos de um responsável.

—Não pode nos deixar abandonados.

—Qual é, galera? Não sou nenhum irresponsável. Eu estou na faculdade.

—E? – Hayley franziu a testa tentando entender a lógica do irmão. – Você não vai conseguir cuidar da Lucy e do Colin.

—É. Se a casa for invadida você não sabe o que fazer. – Lucy protestou.

—Eu ligo para a polícia, ora essa.

—E se forem ETs?

—Eu ligo para a área 51.

—E zumbis?

—Eu deixo comer o cérebro de vocês. – Deu de ombros e os irmãos protestaram com o pai.

—Tyler! Nada de deixar zumbis comerem o cérebro dos seus irmãos. – Teve que se segurar para não rir. – Meus anjinhos. – Edward olhou para os filhos mais novos. – O Ty sabe o que fazer. Ele é capaz de cuidar de vocês já que vão se comportar como os anjinhos lindos que são. Não vão? – Olhou para cada um dos filhos.

—Mandy e eu vamos ensaiar. Não vamos dar trabalho. – John garantiu.

—Você é o que menos me preocupa, irmãozinho.

—Vou ensinar o Tom a desenhar. – Hayler informou e Tyler ficou um pouco mais tranquilo, só restava dois.

—Eu sempre me comporto. Mas, papai, e se o Colin chorar?

—Eu não vou chorar. – O pequeno cruzou os braços indignado com a acusação de que seria um chorão.

—Se eu te bater você vai chorar.

—E por que você vai bater nele? – Henry estava feliz por não ficar em casa naquela noite.

—Eu não vou bater nele, eu disse se eu bater nele.

—Se você bater no Colin eu vou ter que te deixar de castigo e contar tudo para o papai e a mamãe e você vai ficar sem ir a Disney. – Lucy arregalou os olhos diante da ameaça.

—Obedeçam ao seu irmão e nada de fazer bagunça ou brigas. Lembram das regras? – As crianças assentiram. – Certeza que conseguem? – Perguntou para o filho e a nora.

—Vamos ficar bem. Divirta-se bastante.

—Tudo certo por aqui? – Bella perguntou descendo as escadas e Edward se adiantou para encontrar a esposa.

—Você está perfeita. – Como um dia ele foi capaz de dizer que ela não era linda? Ele era um babaca, ainda bem que acordou a tempo. – Temos mesmo que vigiar os jovens?

—Temos! – Deu uma risadinha sabendo exatamente o que o marido tinha em mente. – Mas podemos dar uma escapada no meio do baile. – Prometeu e Edward sorriu.

—Vou cobrar essa promessa, Sra. Cullen.

—Vou cumpri-la com muito prazer. – Piscou e se virou para os filhos. – Vocês vão ficar bem com o Tyler e a Padma?

—Ao que parece agora o meu nome é Radia? – Informou e Bella olhou para o marido balançando a cabeça em sinal de desaprovação.

—Não se preocupe, querida. Logo ele para.

—Pergunta para o tio Jasper e pro tio Jake se ele para. – Henry colocou a mão no ombro da cunhada.

—Pode ir despreocupada, mãe. Vamos ficar bem. – Tyler faria com que a noite dos pais fosse perfeita, nem que tivesse que amordaçar os irmãos.

—Você está linda, mãe. – Hayley tinha ajudado a mãe a se arrumar.

—Obrigada pelas dicas, querida. – Deu um beijo da testa dos filhos. – Comportem-se! – Ordenou e eles assentiram – E chega de sorvete. – Apontou para Colin e Lucy. Amo vocês! – Soprou beijos para os filhos e seguiu com Henry e Edward até o carro. – Vou deixar nossos pais de sobreaviso.

—Não se preocupe, amor. Tyler e Padma dão conta deles.

—É, mãe. Eles vão ficar bem. Ninguém quer correr o risco de vocês cancelarem as férias.

—E você, querido, está animado?

—Bastante. Acho que vou me divertir essa noite. – Bella se lembrou de como ele estava nervoso no dia anterior

[...]

—Espero que não se importe por eu ter vindo e não a Agnes, mãe.

—Ah, querido, estou muito feliz por você ter vindo comigo. Faz tempo que não fazemos nada só nós dois. – Bella e Edward tentavam dar atenção individual a cada um dos filhos, mas nem sempre era possível e na maioria das vezes os mais novos demandavam mais atenção. – Espero que não se sinta deixado de lado.

—As vezes rola um pouco de ciúme, mas eu entendo. – Se ajeitou na maca pronto para a massagem.

—Nervoso para o baile?

—Muito. Tive uma conversa com o papai sobre... – ele corou – Relações íntimas. Todos os meus colegas vão fazer no baile.

—E você pretende fazer algo com a Kali? – Henry ficou ainda mais vermelho.

—Não! – Garantiu com muita veemência.

—E seus amigos estão te pressionando a fazer algo que não quer? – Ela teria uma conversinha com os pais deles.

—Eles ficam fazendo piadinhas, mas eu não ligo.

—Você não tem que fazer nada que não queira. Tome suas próprias decisões sem se deixar influenciar pela opinião alheia.

—Foi o que o papai disse. – Ele sorriu e se ergueu olhando para a mãe.

—Acha que a Julie pode um dia gostar de mim?

—Como sua mãe, eu diria que ela teria que ser muito doida para não gostar de você. Você é perfeito, meu bebê.

—Mãe! – Reclamou agradecido pelas massagistas ainda não terem voltado.

—Vocês ainda são jovens e tem muita coisa pela frente, mas eu diria que existe sim uma grande chance de ela gostar de você. Ela te olha como eu olhava para o seu pai. Quem sabe vocês não se aproximam na viagem?

—Será que o tio Dom não vai se importar? – Bella riu.

—Ah, não! O Dom é muito mais racional do que o seu pai nessa questão.

—Assim espero, mas, mãe, a filha dele nunca namorou. O papai também era um pouco racional ante da Agnes começar a namorar.

—Não vamos nos preocupar com isso. Vamos relaxar para que você possa se divertir bastante no seu baile.

[...]

—Eles parecem estarem se entendendo muito bem. – Henry e Kali dançavam afastados dos demais alunos. Os dois riam do ritmo descoordenado um do outro sem se importar com o julgamento dos colegas.

—Ela é uma fofa. Os dois vão ser grandes amigos.

—Por falar em amigos. – Edward olhou em volta se certificando que estava tudo sob controle. – Será que a minha melhor amiga me concederia uma dança?  Estou mais de 20 anos atrasado, mas finalmente tenho a oportunidade de dançar com você em um baile de verdade.

—Meu amor. – Bella segurou o rosto do marido entre as mãos. – Já tivemos vários bailes de verdade.

—Nenhum na escola e você prometeu que iriamos dar uma escapadinha. – Sussurrou correndo as mãos pelas costas da esposa.

—Nós deveríamos ser os responsáveis.

—Ah, mas nós seremos. Vamos tirar algum casal de um canto escuro e assumir o lugar deles. Vamos evitar que eles façam algo de errado. O que pode ser mais responsável do que isso? – Edward beijou a esposa. – Mas, primeiro... – A levou até o meio da pista de dança quando o DJ tocou a música deles. – Vamos ensinar aos jovens como se dança e o que é música de verdade.

Os jovens os encararam, mas eles não se importaram nenhum pouco com o julgamento. Henry sorriu para os pais.

—Seus pais são incríveis.

—É, eles são. – Olhou admirado para eles. – Quer dançar?

—Por que não? – Deu de ombros sorrindo. – Estamos aqui para nos divertir e sermos nós mesmo.

—Esse é o lema dos Cullen, sabia?

—Sério?

—Não, mas deveria ser. – Os dois riram e começaram a dançar.

—Você também vai me erguer igual o seu pai fez com a sua mãe?

—Só se você quiser cair e quebrar o nariz.  

—O quê?

—É uma longa história que envolve várias ovelhas.

—Por favor, me conte essa história. – E Henry contou como os pais dele se apaixonaram e tiveram nove filhos.