O vento leve balançava a grama alta e as flores do campo à frente da mulher. Sentada com as pernas cruzadas, Regina acariciava todo o pelo de Lola, que aproveitava aquela carícia tão especial. Era começo de tarde e o sol estava forte, mas algumas árvores no local protegiam as duas dos raios solares. 

Por mais incrível que parecesse, Regina se encontrava tranquila. Não sentia aquele nervosismo característico de todas as noivas. Ela só sentia a ansiedade de estar logo nos braços do amor de sua vida, de poder chamá-lo oficialmente de marido. Era uma ansiedade boa, um sentimento de animação que inundava seu coração e alma. 

Iria se casar com o seu senhor turrão. O seu nova-iorquino. O seu Robin. O amor da sua vida, que lhe completava, somava e transbordava junto com ela.

"Loucura, não é Lolita?" chamou a atenção da cachorra, que voltou a mexer o rabo com animação. Regina abriu ainda mais o sorriso, os lábios carnudos marcados por um batom vermelho. 

Era realmente loucura pensar que iria se casar. Uma loucura boa. Nunca havia pensado em si mesma como uma mulher casada, mas tudo fora tão natural e tão certo. Era a hora certa. O homem certo. E ela se encontrava realizada. 

Quando ouviu passos atrás de si, e viu Lola levantar com a movimentação, latidos animados saindo de sua boca, Regina não precisou virar para ver quem estava ali. Ela sabia pela energia, pelo som dos passos, pelo cheiro que o vento trazia. 

"Você nunca ouviu falar no ditado que não se deve ver a noiva antes do casamento?" ela perguntou baixinho, ainda encarando o campo a sua frente. A risada de Robin foi audível e ele não demorou a sentar-se atrás dela, puxando-a para si da melhor forma que conseguiu, sem que encostasse em todos os grampos do cabelo dela. O nariz dele achou o caminho até o seu pescoço e Regina sorriu mais abertamente com o suspiro que ele soltou. 

"Então você vai casar de xadrez?" Brincou, visto que a mulher se encontrava com a camisa vermelha a qual usara quando os dois se conheceram, naquela noite em que ela chegara atrasada na reunião. 

"Eu tentei convencê-las, mas não me permitiram." fez um beicinho, mesmo que ele não pudesse ver. Lola sentou-se à frente deles, rolando pela grama.

"Vai ser a noiva mais linda do mundo, mesmo assim." deixou um beijo no pescoço dela e a morena finalmente virou-se para olhá-lo. Ele não havia tirado a barba, um pedido exclusivamente dela. Os olhos azuis brilhavam com tanto amor que Regina quase perdeu o ar. E, deuses, como ela queria beijá-lo. Beijar e beijar e nunca mais se separar dele. Maldito batom vermelho! "Para mim você está perfeita assim, acho que já poderíamos subir no altar e casar. Assim, adiantamos a noite de núpcias…" Piscou, mordendo o lábio inferior. Regina estreitou os olhos, as mãos indo parar na barba por fazer. 

"É uma pena que eu não possa borrar essa maquiagem, senhor turrão. Adoraria beijar você agora." encostou a testa na dele. "E só você, mesmo, para me achar perfeita com todos esses grampos nos cabelos." 

Robin sorriu, se afastando dela, encarando cada pedacinho daquele rosto. Poderiam lhe chamar de emocionado, apaixonado, um completo bobo, ele não se importaria. Só de pensar que, em algumas horas, aquela mulher seria a sua mulher, o coração dele palpitava descontrolado. Ele tinha vontade de sorrir pro vento, de gritar pros quatro cantos o quanto era o homem mais sortudo do mundo. 

Iria se casar com a sua caipira. A sua arquiteta. A sua Regina  O amor da sua vida, que lhe completava, somava e transbordava junto com ele. 

"Você é perfeita para mim. Cada pedacinho seu." beijou a testa dela e voltou os olhos azuis para o campo à frente deles. "De todas as flores selvagens que se encontram nesse campo, você é a mais linda. E é minha." os olhos se encontraram, ambos emocionados. Regina não aguentou, se aproximando e deixando diversos selinhos nos lábios dele, fazendo-o sorrir abertamente. Logo os dedos da mulher esfregavam os resquícios do batom vermelho nos lábios finos do homem. "Eu precisava ver você, sentir seu cheiro, ouvir sua risada. Quem inventou que os noivos não podem ver um ao outro, claramente, nunca esteve apaixonado ou prestes a se casar com o amor de sua vida." 

"Ah, mas ditado nenhum é páreo para o meu turrão novaiorquino." Ela sorriu, virando-se para o campo, ficando escorada no peito dele. 

"O que eu não faço pela minha caipira?" Robin brincou, sentindo ela entrelaçar suas mãos, beijando os nós dos dedos dele em seguida. 

Se alguém de suas famílias notara o sumiço, resolvera não fazer alarde, e ambos ficaram por longos minutos naquele campo, observando Lola correr entre as flores sem nenhuma preguiça. 

Estavam felizes, plenos e realizados. Porque daquele dia em diante, seriam um do outro. Pela eternidade. 

"You belong among the wildflowers

You belong somewhere close to me

Far away from your trouble and worry

You belong somewhere you feel free"