Unique Love escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revelador, espero que gostem!



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Estava tranquilo trabalhando quando Seu Luís entrou pela porta.

— Artur, tem um amigo seu querendo falar com você. - disse ele.

— Amigo? - estranhei me levantando.

Ele apenas assentiu e me levou até o saguão, onde encontrei Miriam e João, parecendo preocupados.

— Gente, o que estão fazendo aqui? - perguntei curioso.

— Artur, você precisa vir com a gente agora. A Marina recebeu uma ligação de uma pessoa que diz saber aonde estão o Roger e os pais dele e ela foi pra lá, se não chegou está próximo. - disse Miriam.

— Ah sem essa, pode ter sido trote. - rebati.

— Pode ter sido, mas mesmo que não seja, a Marina foi ao encontro desse cara, a gente precisa ir lá, segui-la. Se essa pessoa que ligou for alguém querendo dar um sumiço nela também, a gente vai estar preparado. - falou João.

— Preparados? Como? Não sabemos nada sobre o assunto! - retruquei.

— Sim, mas a gente se preveniu, eu bolei um plano para a gente ficar observando de longe, essa pessoa nem vai perceber que estamos ali.

— Ah é? Duvido que vocês saibam onde ela está indo.

— Sabemos sim, a Marina contou. - disse Miriam. - Anda Artur, se não quer fazer isso por nós, faça por ela, por toda a consideração que você ainda tem por ela. 

Suspirei, Marina tinha escolhido o dia errado.

— Eu não posso, meu chefe jamais me liberaria do serviço mais cedo assim, do nada. - lamentei.

— Ele não sabe porque estamos aqui, inventa uma desculpa. Seja criativo. - insistiu João.

— Sabe que eu não gosto de mentir.

— Vai ter que tentar pelo menos uma vez. - disse Miriam.

Eu tinha que fazer algo, quando esses dois colocavam algo na cabeça, eles insistiam até convencer, acho que já falei isso aqui né? Logo pedi um tempinho e tratei de fazer a maior cara de preocupação que eu pude.

— O que foi Artur? Aconteceu algo grave? - perguntou Seu Luís.

— Minha mãe, teve um mal súbito no trabalho e agora está no hospital sem ninguém para vê-la, meus irmãos não podem ir pra lá sozinhos, são de menor ainda. - menti.

— Tudo bem, pode ir. Por hoje está liberado mais cedo. - falou ele, com uma cara de desesperado.

Assenti e rapidamente me despedi dele, fiz um sinal discreto para João e Miriam sairmos de lá e ao chegarmos, percebi que haviam duas viaturas paradas do lado de fora.

— Vocês já chamaram a polícia? - indaguei, incrédulo.

— Sim, mas pode ficar tranquilo que eles não vão ser vistos. A Marina disse para não chamarmos a polícia, mas infelizmente não tem como evitar. - disse Miriam.

Logo entramos na viatura e mesmo com o coração acelerado, respirei fundo vendo o carro partir e com a sirene ligada.

                                              ***

Tão logo me aproximei da porta da casa, vi algo que me chamou a atenção: um bilhete grudado com durex. Me aproximei mais para poder ler.

Muito bem, agora entre e descubra a verdade.

Mesmo com um calafrio percorrendo pelo meu corpo naquela hora, decidi que já era tarde demais pra desistir, isso só deixaria a pessoa ainda mais furiosa e quem sabe piorasse tudo. Olhei em volta me certificando que não havia ninguém pra colocar minha cabeça em um saco ou me asfixiar com algum pano. Não vi ninguém, então abri a porta devagar, ela rangeu irritantemente, mas ignorei e continuei olhando tudo ao meu redor, procurando por alguém.

— Já cheguei, tem alguém aí? - perguntei, impaciente.

— Apressada você hein? - uma voz masculina disse e ao olhar à minha direita, de onde ela veio, um vulto saiu de um canto e eu me preparei para correr, mas minhas pernas congelaram quando o vulto tomou forma e acabou se transformando em Pietro, meu ex-namorado que havia conversado comigo tão amigavelmente há dois dias atrás.

— Você? - perguntei, incrédula.

Calma Marina, talvez ele tenha investigado e descoberto tudo sozinho e por isso resolveu te chamar dessa forma, pra dar um sustinho. — pensei comigo mesma.

— Por quê o espanto? - perguntou ele.

— Não esperava encontrar você aqui. Cadê o Roger?

— Calma, você já vai vê-lo, permita-me explicar tudinho. - prometeu ele.

— Estou aqui para te ouvir. - respondi, aflita.

— Espera um pouco, quero ver se não tem ninguém olhando.

Ele olhou para fora da porta, em seguida, a fechou e veio até a mim.

— Agora sim, posso te mostrar aonde eles estão. Venha. - ele disse, tomando a frente.

Ele caminhou uns cinco passos até chegar em um corredor, onde à direita havia uma porta de madeira, ele a abriu e me deixou passar. Estava escuro, então ele ligou o interruptor e eu levei um choque: Roger realmente estava lá, inerte, com os olhos abertos e o corpo todo ensanguentado, tinha todo tipo de feridas lá, buraco de balas, cortes de faca, foi terrivelmente mutilado.

Não consegui segurar as lágrimas ao vê-lo daquele jeito, me ajoelhei no chão. 

— Ei, não é pra tanto vai. - sussurrou ele, segurando meu ombro.

— Que-quem fez isso com ele? - perguntei entre soluços.

— Ora, euzinho. - ele riu maleficamente.

— Como é que é? - o encarei com o rosto molhado.

— Claro, eu precisei fazer isso. Há mais ou menos uns quatro anos, antes da gente terminar o Ensino Médio, eu estava com muita saudade de você e disposto a te perdoar pela traição com o Artur... - ele começou, mas o interrompi.

— Quantas vezes vou ter que repetir: não rolou beijo, então não foi traição! - agora eu falei um pouco alto, pois estava cansada de repetir aquela história.

— Não interessa, dormiu junto com ele, na mesma cama, deu o meu lugar para ele, isso já é traição. Continuando... - ele agora estava sério e um pouco nervoso - Assim que fiquei sabendo dos planos de vocês para irem estudar fora do país, eu pedi para um amigo meu, que é hacker, nos conhecemos pouco depois do nosso término, e ele me ajudou hackeando o sistema da universidade que vocês iriam lá no exterior, então ele te mandou aquele e-mail falando que mudaram de ideia e não iam te dar a bolsa, porque eu sabia que você ia incentivar o Artur a ir sozinho, você sempre pensa mais no bem dos outros antes de pensar no seu próprio bem. 

— Por quê você fez isso? - eu estava chocada.

— Porque eu te amo. Achava que depois que o Artur ficasse longe de você, aos poucos eu iria me reaproximar, começar a ser seu amigo de novo, até te conquistar novamente ficarmos juntos de novo, mas aí, mesmo eu tendo feito isso, o Roger apareceu e você começou a namorar com ele. Até aí tudo bem, eu ainda tinha chance de conquistar você, mas depois vocês foram morar juntos e eu fiquei tão mal que comecei a beber muito, usei muitas drogas na tentativa de afogar a tristeza, mas quase morri. Fui então parar numa clínica de reabilitação por um ano, onde comecei a bolar esse plano de dar um sumiço nele, ou você acha que fiz tudo sozinho? - ele cruzou os braços.

— Mas... eu não vi nenhum comparsa seu por aqui. - olhei em volta novamente.

— Porque eles não estão aqui, eu dei à eles a missão de dar um sumiço no Roger. Um deles colocou uma droga na bebida dele e quando ele começou a passar mal, o colocaram dentro do porta-malas do carro. Foi então que eu entrei em cena, dirigi para esse lugar que eles haviam me indicado e preparado totalmente pra que eu pudesse me livrar dele, aonde ninguém o escutaria ou o veria. 

— E os pais dele?

— Isso eles quem cuidaram, quando perceberam que eles estavam procurando pelo filhinho, colocaram uma armadilha no asfalto que furou os pneus do carro deles, então os abordaram, amordaçaram e depois se livraram deles. Agora, aonde colocaram os corpos, eu não sei, só o do Roger está aqui.

Aos poucos, fui tomada pela raiva, me levantei e comecei a tentar estapeá-lo, mas ele era mais forte e segurou meus braços.

— Seu monstro, como esperava me reconquistar assim? - gritei enquanto tentava bater nele.

— Calma, eu sei que está doendo, mas vai passar... Olha, a gente pode sair daqui e fingir que nada aconteceu, quando voltarmos, eu te levo pra minha casa e começo a te reconquistar, que tal? - ele disse, segurando meu rosto.

— Nunca vou voltar com você depois dessa, seu cretino, assassino! - gritei tentando me soltar.

— Por quê? Está apaixonada pelo Artur de novo é? Deve estar, afinal, até o beijou! - ele gritou com raiva socando a parede.

— Como sabe que nos beijamos? 

— Porque eu estava esse tempo todo espionando você, acompanhei todos os seus passos, só não tive acesso à casa do Artur. E eu nem ia te revelar tudo isso agora, mas depois que o meu sangue subiu ao ver o beijo de vocês, eu senti que precisava agir logo! 

— E nós também! - disse Artur, entrando na casa pela porta da frente junto com João e Miriam.

— Pessoal? O que estão fazendo aqui? - perguntei histérica.

— Eu disse pra você não chamar ninguém! - gritou Pietro.

— Eu não chamei...

— Solta a Marina agora! - exigiu Artur, com sangue nos olhos.

— Não chamou mesmo, nós que resolvemos agir, rastreamos o seu celular pelo modo de emergência, todo celular faz isso. - respondeu Miriam. 

— E vocês acham que podem fazer algo contra mim? Você não são policiais! - exclamou Pietro.

— Pietro, pensa bem no que tá fazendo cara, não é assim que se resolve as coisas... - João tentou dizer.

— CALA A BOCA! NINGUÉM ME DIZ O QUE FAZER!! - berrou Pietro, sacando uma arma e apontando pra Artur. - Eu fiz tudo que eu fiz foi por você Marina, para ter você de volta e não vão ser três mequetrefes otários que vão me impedir! 

— Pietro calma. A gente vai embora, mas solta essa arma, você pode acabar provocando uma tragédia. - pediu João.

—Já mandei calar a boca! - Pietro apontou a arma na direção dele.

Por impulso, João acabou colocando a mão no revólver em uma tentativa de tirar da mão de Pietro, enquanto Miriam implorava para eles pararem de brigar pela arma, corri para os braços de Artur, mas antes que pudesse chegar nele, pude ouvir um disparo. Tão perto e tão alto que fiquei surda por alguns instantes, só vendo Artur começar a sangrar pelo peito, a camisa começou a ficar manchada de sangue em poucos segundos e ele logo caiu no chão.

— ARTUURR! - gritou Miriam, o segurando nos braços.

— Não, Artur! - gritei chorando, me ajoelhando ao lado dele.

Pietro aproveitou que João estava olhando incrédulo para o amigo caído e o derrubou, assim, me pegou pelo braço e começou a me puxar pra fora da cabana, mas logo a porta se abriu e apareceram vários policiais.

— Você não vai a lugar algum, Pietro Stefanelli, você está preso! - disse um policial.

Logo, ele me soltou e tentou reagir, mas foi em vão, os policiais logo chamaram uma ambulância e levaram Artur pro hospital, o estado dele não parecia bom, pois sangrava muito.

E enquanto íamos na viatura a caminho do hospital, eu só conseguia chorar. Já havia perdido meus pais, Roger, não podia perder Artur também.


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Notas finais do capítulo

Alguém esperava por essa? Digam-me nos comentários.