Orgulhosos escrita por Bear91


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura c;



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Ele sentiu um grande alívio ao entrar em seu escritório, finalmente estava de volta em casa, depois de tantos problemas por fim poderia desfrutar de um pouco de tranquilidade. 

Haviam sido longas semanas na América, com inúmeros contratempos. O torneio não aconteceu de forma pacífica.  

Um hacker desconhecido iniciou uma série de ataques ao computador principal da KaibaCorp, tentando incansavelmente infectar o sistema com um vírus. O criminoso não teve sucesso, Seto conseguiu parar o vírus antes que conseguisse atingir seu objetivo e algum tempo depois foi descoberto que o tal hacker era um dos participantes do torneio.  

Zigfried Lloyd, que na verdade era o CEO de uma empresa rival, que planejava cumprir sua vingança contra Kaiba, por acreditar que ele havia roubado toda a glória que lhe pertencia por direito. Contudo, todos os esforços de Zigfried se provaram inúteis, apesar das inconveniências causadas por ele, no final ele foi desmascarado por Seto, que mostrou para todo o mundo quem era o real responsável por todos os incidentes que aconteceram e a empresa pode finalmente recuperar a sua boa reputação. 

E após esses tempos turbulentos, tudo parecia enfim ter voltado a seu padrão regular. A empresa estava novamente em uma situação estável, além de reaver a sua ótima reputação, graças ao sucesso do torneio a KaibaCorp pode livrar-se das dívidas.  

Mais uma vez era como se todos aqueles problemas trazidos pelo Doma nunca tivessem existido, Seto estava pronto para enterrar todas essas experiências desagradáveis e nunca mais se lembrar de nada relacionado aquela maldita organização, exceto por algo que ainda não era capaz de esquecer. 

Odiava a ideia de admitir aquele absurdo, mas estava ansioso para ter alguma notícia sobre Mai.  

Mesmo nos dias em que estava organizando o torneio, não foi capaz de deixar de pensar nela. A duelista das harpias não saía da sua cabeça. Quanto mais se esforçava para esquecê-la, mais Mai parecia atormentar seus pensamentos.  

Ele se arrependia das suas atitudes anteriores, naquele dia antes de viajar fora fraco e deixou-se levar pelo desejo que sentia, acreditando que a ter em seus braços seria o suficiente para acabar com todo aquele aborrecimento. No entanto, as coisas não funcionaram como havia imaginado, acontecera justamente o contrário.  

Kaiba se sentou na cadeira, deixou escapar um longo suspiro e em seguida tirou um envelope do bolso e o depositou na mesa, o observando pensativo. Ele queria entender o motivo pelo qual havia comprado aquelas cartas que estavam dentro do papel.  

Ainda na América, em busca de novas aquisições que fossem úteis a seu baralho, ele acabou em uma renomada loja de jogos que era conhecida por ter uma grande variedade de cartas raras. No fim conseguiu encontrar algumas cartas que lhe pareciam adequadas, mas além delas comprou também duas cartas que não lhe serviriam de nada.  

Quando viu aquelas duas cartas relacionadas ao arquétipo das harpias ele logo pensou em Mai e acabou as comprando por impulso, sem realmente pensar no que fazer com elas. Posteriormente pensou em se livrar delas, porque parecia estupidez manter aquelas duas cartas, mas também não foi capaz de jogá-las fora. Ele tinha uma ideia melhor sobre o destino delas, que embora não quisesse admitir, havia sido o seu pensamento inicial quando as vira naquela loja. 

Algumas batidas na porta o fizeram despertar de seus pensamentos. 

— Entre. — ele disse, já imaginando que fosse a empregada. 

Samantha entrou em seguida, com uma bandeja em mãos.  

— Eu trouxe o seu chá, Sr. Kaiba. — afirmou a empregada, se apressando em servir a bebida para ele. 

Seto a observou a servir a bebida, não parecendo muito interessado no chá. A verdade era que a bebida era apenas uma desculpa, o que ele realmente queria era saber sobre Mai. 

— Aproveitando que você está aqui, me diga. Como aquela garota está? — ele perguntou de uma vez.  

— A senhorita Mai? — indagou a mulher, surpresa pela pergunta inesperada.  

Seto a fitou com impaciência. 

— E tem alguma outra garota nessa casa?  

— Já faz uns dias que ela se recuperou e deixou a mansão. 

— Tão cedo? Tem certeza que ela estava realmente bem? — indagou ele, sem conseguir disfarçar o desapontamento. 

Inicialmente o que mais queria era voltar e não a encontrar em sua casa, mas saber que a loira realmente havia ido embora o deixara decepcionado. 

— O médico disse que ela estava completamente recuperada. Não precisa se preocupar, Sr. Kaiba. Ela está ótima, eu até a ajudei a encontrar um apartamento para alugar e… 

— Não tire conclusões precipitadas, você não é paga para isso! — ele interrompeu a mulher, irritado com o comentário. —  Eu não me importo nem um pouco com essa garota, mas apesar de tudo ela estava sob a minha responsabilidade, então preciso me certificar que ela está bem. 

— Me perdoe Sr. Kaiba, eu não quis irritá-lo. — Samantha se desculpou, temendo pelo por seu emprego. — Mas ela está realmente bem, inclusive vai participar de um torneio hoje e até mesmo me convidou para assisti-la.  

Seto de repente pareceu interessado. 

— Torneio?  

— Sim, ela me contou que iria voltar à ativa, mas pelo que me disse vai ser apenas um pequeno evento. 

— Entendo, então isso é tudo. Você pode sair agora. 

— Sim, Sr. Kaiba. — ela concordou e se dirigiu para a saída com a bandeja em mãos. 

— Espere, Samantha. — ele a chamou antes que ela pudesse sair. — Me passe o endereço da Mai, para o caso de Mokuba precisar dele. 

 

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— Que pena, Mai. Parece que esse é o seu fim. Vá Tyrant Dragon acabe com o dragão dela! 

— Está enganado, Rex. O único a perder será você. Revelar armadilha: Mirror Wall! — disse, revelando a carta setada. — Além disso, eu ativo a mágica rápida Rush Recklessly, que dará mais 700 pontos de ataque para o meu dragão. 

— Droga, isso quer dizer que eu perdi. — ele murmurou para si mesmo, desapontado com o resultado. 

Graças ao efeito da armadilha de Mai, o ataque do monstro de Rex fora cortado pela metade, fazendo com ele se tornasse mais fraco que o dragão de Mai. O Tyrant Dragon foi destruído e o dano causado resultou na derrota de Rex Raptor. 

— Por que a surpresa? Não é como se você tivesse alguma chance contra mim, Rex. — afirmou com certa arrogância, se deixando levar pela satisfação da vitória. — Afinal essa não é primeira vez que você perde, a essa altura já deveria estar acostumado.  

— Não aja como se fosse tão melhor do que eu, Mai. Nós não estamos em um nível tão diferente, você apenas teve sorte. — o garoto retrucou, furioso com as palavras dela. 

— Não me compare a você, Rex. Existe uma grande diferença de habilidade entre nós dois. — ela disse em tom sério, o encarrando com desdém. 

— Se você fosse tão boa quanto diz, não teria se juntado ao Doma só para acabar com Wheeler.  Ou já se esqueceu disso? 

O bem-estar que ela sentia pareceu sumir instantaneamente, no seu lugar logo surgiu uma sensação desagradável e amarga.  

— O Doma não tem nada a ver com essa conversa... — ela conseguiu dizer depois de alguns segundos.  

— Qual o problema, esse tópico é sensível para você? Será que se arrependeu de ter traído os seus amiguinhos? — Rex perguntou em tom de zombaria, percebendo a inquietação de Mai. 

— Isso não é dá sua conta. — ela disse visivelmente desconfortável, sentindo-se atingida pelas palavras dele. — Quer saber? Eu não tenho mais nada o que fazer aqui. O duelo já acabou e eu fui a vencedora, não tenho mais nada a falar com um pateta como você. — completou de forma arrogante, antes de deixar a arena de duelos. 

Após pegar seus prêmios como vencedora do torneio, um troféu e uma pequena quantia em dinheiro, Mai tratou de sair daquele lugar o mais rápido que pode. Ela estava tão apressada, que nem ao menos notou que em um canto na plateia havia alguém que estava ali apenas para vê-la. 

                                                            

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Depois de finalmente chegar ao seu apartamento, Mai deixou em uma mesa o troféu e uma caixa de cervejas que havia comprado, em seguida tomou um banho demorado. Após vestir roupas confortáveis ela se dirigiu para a sala, ligou o rádio e pegou uma garrafa na caixa e então sentou-se no sofá.  

Ela deu um gole na bebida, tentando encontrar um pouco de conforto na própria solidão.  

A verdade era que ela não gostava muito de bebidas alcoólicas, mas naquela noite ela sentia que precisava. O torneio a havia deixado com uma sensação desagradável no peito, mesmo conseguindo o primeiro lugar ela não se sentia nada feliz.  

Aquele fora o primeiro torneio que ela participara após meses, foi um evento pequeno, nada que chamasse muita atenção. Quase não houve plateia e os seus oponentes não eram duelistas realmente fortes, ela não encontrou quase nenhuma dificuldade para vencer. No geral tudo havia sido tranquilo, o que realmente a incomodou fora encontrar Rex Raptor. Ter que lidar com um rosto conhecido tão cedo a perturbou e para piorar ele ainda tocou em assunto que ainda lhe atormentava. 

Embora houvesse passado quase dois meses, ela ainda não havia feito muito progresso em relação aquele ponto. Ainda se sentia muito mal ao pensar na traição que cometera contra seus amigos, estava tentando seguir em frente e perdoar a si mesma, porém aquela parecia uma tarefa difícil. O tempo não estava melhorando muito as coisas, a cada dia ela se sentia mais desconfortável. 

Havia imaginado que voltar a ter uma rotina normal a ajudaria deixar para trás certos sentimentos, todavia não houve muita melhora. A solidão habitual parecia de algum modo machucá-la, parecia faltar algo em sua vida. E nesses momentos ela sempre acabava pensando nos amigos que havia traído. 

Antes de conhecê-los tudo era mais fácil, Mai estava acostumada a não ter ninguém e ser uma pessoa solitária, era apenas algo regular para ela. Contudo, após o Reino dos Duelistas as coisas se tornaram diferentes e aquele antigo modo de viver se tornou insuportável. Até quando se juntou ao Doma, haviam alguns companheiros, não amigos de verdade, mas não eram dias tão solitários como aqueles. Ou quando estava na mansão Kaiba, havia Mokuba e Samantha, que sempre lhe fazia companhia e conversava com ela. 

De certo modo Mai se sentia estúpida por ter esse tipo de sentimento, não combinava com ela. Via aquela situação como algo natural, sempre estivera sozinha e naquela altura já deveria ter se acostumado com a sensação, mas ultimamente ela não conseguia se sentir tão confiante e forte como antigamente. 

Deu mais um longo gole na bebida e observou o troféu que estava na sua frente, deixando seus pensamentos irem novamente ao torneio, tentando convencer a si mesma que aquele fora um dia bom e que deveria se animar pelo menos um pouco.  

No rádio começou a tocar uma canção mais animada que anterior, então ela sentiu um pouco mais inclinada a deixar de lado aquela melancolia, mas de repente ouviu a campainha tocar e foi tirada dos seus pensamentos. 

Logo ela se sentiu confusa, estranhando ter alguma visita, mas rapidamente tratou de ir atende-la e ao abrir a porta teve uma enorme surpresa. 

— Kaiba? O que você está fazendo aqui? — perguntou confusa, mal acreditando que ele estava realmente ali. 

— Onde estão os seus modos, Valentine? Não vai me convidar para entrar? — indagou ele, demonstrando certa impaciência. 

— Entre. — ela disse, dando espaço para ele entrar, ainda se sentindo hesitante sobre a presença dele ali. 

Mai seguiu até a sua sala e sentou-se no sofá, pegando novamente a garrafa de cerveja que bebia. Seto a acompanhou, analisando o lugar enquanto andava e por fim acabou sentando-se ao lado dela. 

— Aceita uma cerveja? — ela ofereceu-lhe uma garrafa, apenas por educação, para a sua surpresa Seto aceitou a bebida, ao contrário do que ela imaginara. — Que surpreendente, ver o grande Seto Kaiba tomando uma cerveja barata. Isso com certeza não é algo que se vê todo dia. — ele disse zombeteiramente, o observando pegar a bebida. 

Seto preferiu apenas ignorar o comentário dela, tomando um gole da bebida amarga em silêncio. 

 — Mas o que diabos você está fazendo aqui? — ela perguntou novamente, ainda tentando compreender o que ele fazia em sua casa. 

— O Mokuba estava um pouco preocupado com você, então eu vim me certificar se você está realmente bem. — respondeu seco, com algo que não era exatamente uma mentira, mas que não era o verdadeiro motivo que o trouxera ali. 

— Se é o Mokuba quem está preocupado, então deveria ter sido ele a vir e não você. — ela afirmou asperamente. 

Mai estava desconfortável com a presença dele, depois do que aconteceu Kaiba era a última pessoa que ela gostaria de ver. O seu desejo era nem ter o deixado entrar, mas apesar de tudo ela ainda devia muito a Mokuba e a ele, então não seria apropriado trata-lo da forma que ele merecia. 

— Já viu que horas são? Não posso deixar meu irmão sair sozinho tão tarde. — explicou calmamente, ignorando a rispidez de Mai. 

— Então você também deveria saber que isso não é hora de incomodar alguém. — ela apontou impaciente, sem pretensão de esconder a sua insatisfação com a presença dele.  

Seto sorriu, parecendo se divertir com atitude dela. 

— Você está irritada comigo? Seria pelo que eu disse aquele dia? — ele indagou despreocupado, antes de dar um novo gole na bebida gelada. 

— Como eu não estaria? Você é um bastardo! Usar aquela aposta… — sua voz vacilou, deixando transparecer certa tristeza. — Usar aquela aposta para algo tão sério… 

Quando acordara sozinha naquele dia, ela se sentiu extremamente arrependida e irritada consigo mesma. Havia baixado a guarda e se entregado facilmente a Kaiba e o pior de tudo era saber que ele apenas fez aquilo para se vingar dela. 

Ele a tratara de uma maneira tão diferente, havia sido atencioso de uma forma que ela julgava que Seto jamais fosse capaz. E aquele modo de agir a afetou sem que percebesse, não fora capaz de ser indiferente e qualquer aversão que um dia sentira por ele pareceu desaparecer, como se nunca sequer tivesse existido. Dando lugar a um sentimento diferente, que fazia com que seu coração disparasse e ela se sentisse nas nuvens. 

E na distinta realidade daquela noite, estar com ele não soava como um erro. 

O primeiro beijo que compartilharam pareceu o mais doce de todos, como um convite ao mais belo dos sonhos, de modo que ela não foi capaz de recusá-lo e tudo que veio em seguida pareceu ser tão certo. 

Provavelmente ela não teria se arrependido daquela noite se Seto não tivesse citado a aposta, mas ele o fez. Deixou bem claro que aquela era apenas uma forma de se vingar dela e saber que aquilo fora apenas uma artimanha de Kaiba para humilhá-la, fez com que sentisse usada e profundamente magoada. 

Por um momento ela havia realmente acreditado que as coisas estivessem mais tranquilas entre eles, que talvez Seto não fosse tão ruim aparentasse. 

— A culpa foi toda sua, foi você quem sugeriu a aposta e também foi você que disse que faria o que eu quisesse. — ele se pronunciou por fim, fazendo com que Mai despertasse dos seus devaneios. — Eu só fiz uso dela, apesar que você sabe muito bem que aquela aposta não teve nada a ver com o que aconteceu entre nós. 

— É claro que foi devido à aposta, senão fosse por ela eu jamais teria passado a noite com você. — ela mentiu sem hesitação, não querendo parecer ainda mais estúpida do que já se sentia. — Se foi só isso que veio fazer aqui, já pode ir embora. Suponho que esteja claro que eu estou ótima, não tem porque se preocupar comigo. 

— Não seja mal-educada, eu nem ao menos terminei a minha bebida. — ele falou suavemente, não se importando muito com as palavras dela. — É assim que você trata o seu salvador? 

Ela suspirou cansada, sem paciência para discutir com ele. 

— Quer saber? Tanto faz, pode ficar o tempo que quiser, eu nem me importo. 

— Vejo que conseguiu vencer o torneio de hoje. — ele comentou casualmente, observando o troféu que estava na mesa. — Eu vi um dos jogos, até que você não foi tal mal. 

Mai que estava com olhos fixos na garrafa até então, ergueu os olhos para encará-lo, surpresa pela declaração dele. 

— O quê? Isso foi realmente um elogio? — questionou ela, imaginando que talvez tivesse ouvido errado. 

— Chame do que preferir. — ele respondeu com indiferença, arrependendo-se das palavras usadas. 

— Isso foi estranho, não esperava receber um elogio seu. — ela admitiu num tom suave, ainda surpresa pelas palavras dele. — Mas o que estava fazendo em um evento tão pequeno como aquele? Não me diga que foi até lá apenas para me assistir? — indagou ela, com um sorriso sugestivo. 

— Não seja tão presunçosa. — respondeu, ríspido. — Eu tinha algumas coisas para resolver por lá, e aconteceu de vê-la, apenas isso. 

— Claro, suponho que realmente faça mais sentido. — ela murmurou, percebendo como aquela possibilidade era improvável.  

Contudo, o que Mai não sabia era que ela estava certa. Kaiba nunca admitiria, mas a verdade era que ele apenas fora até aquela arena para vê-la. 

Ele não aprovava o seu próprio comportamento, julgava que suas últimas atitudes haviam sido inapropriadas, apesar disso não pode parar a si mesmo. A vontade de vê-la fora maior que o seu bom senso, ele imaginou que ser imprudente mais uma vez não causaria problemas, então se permitiu ir atrás de Mai novamente. 

O seu plano era apenas ver como Mai estava e depois ir embora, mas lá estava ele, tomando uma bebida barata e tendo uma conversa irrelevante com ela. 

— Você está realmente bem? — ele perguntou sem emoção, ao notar que ela parecia abatida. 

— Como não estaria, eu até mesmo venci um torneio hoje. — ela disse forçando um sorriso. 

Kaiba percebeu que ela não estava sendo sincera, mas resolveu não insistir, não queria que Mai pensasse que ele se importava com ela. 

Após dar o último gole na cerveja, Seto depositou a garrada na mesa que havia a frente dos dois e em seguida tirou um envelope do bolso. 

— Elas são para você. — disse ele, entregando o envelope a Mai.  

— Um presente? — indagou confusa, pegando o envelope. 

— Não é exatamente um presente, é que ganhei essas cartas de um fornecedor e elas não são úteis para mim, então eu pensei que talvez você as quisesse. — explicou num tom desinteressado, tentando evitar que ela tivesse a ideia errada. 

Mai abriu cuidadosamente o envelope, encontrando duas cartas dentro dele. Ambas eram cartas relacionadas as Harpias, um monstro e uma carta mágica. Elas pareciam ser lançamentos, porque ela nunca as vira e logo percebeu que as cartas se encaixariam perfeitamente em seu baralho. 

— Muito obrigada, Kaiba! — agradeceu, genuinamente feliz pelo presente. — Essas cartas vão deixar meu baralho ainda mais forte! 

Involuntariamente Seto deixou escapar um meio sorriso ao vê-la tão entusiasmada com as cartas. 

— Não precisa agradecer, não foi nada de mais.  

Mai colocou o envelope na mesa, depois se virou novamente para Kaiba.  

— Eu realmente não entendo você… 

Ela se sentia confusa com as atitudes dele. 

— O que você não entende? — questionou Seto, estudando-a atentamente. 

— É que primeiro você age que nem um bastardo e agora você aparece aqui sendo todo gentil… — ela respondeu, sem disfarçar a mágoa que sentia. — Eu não compreendo onde você quer chegar com tudo isso. 

Kaiba a encarrou com um olhar que Mai não soube como decifrar. 

— Você tem certeza que não sabe? — ele perguntou em uma voz baixa e perigosa. 

Como as coisas haviam chegado aquele ponto, Seto resolveu que não iria mentir, nem para si mesmo e nem para Mai. Ele já estava ali, já havia feito a besteira de gastar seu tempo apenas para vê-la, então por que não levar aquilo até as últimas consequências?  

— Como eu poderia saber? — ela respondeu de imediato, desviando o olhar para a mesa. 

As atitudes de Seto estavam começando a incomodar como naquela noite, o olhar dele sobre ela parecia cheio de algo que ela tinha medo de compreender. 

— Eu quero você, Valentine. — Kaiba afirmou em tom baixo. Estendeu a mão para acariciar a bochecha dela. O toque era tão suave que Mai mal se deu conta quando os dedos dele desceram até o seu queixo, o levantando para que ela o olhasse. Mai estremeceu com o toque repentino e com a intensidade dos seus frios olhos. — Quero ter você nos meus braços novamente, essa é a razão de estar aqui. 

— Não, isso não vai acontecer. — conseguiu dizer depois de alguns segundos, ainda abalada com a declaração de Kaiba. — Se você pensa que eu vou ser humilhada por você outra vez, está enganado! — ela afirmou com veemência, tirando a mão de Seto de seu rosto, determinada a não se deixar levar novamente por ele. 

Ela fez menção de levantar dali, numa tentativa de acabar com aquela perigosa proximidade entre os dois, mas Seto foi mais rápido ao segurar seu braço, antes que ela pudesse se levantar, a obrigando a encara-lo. 

— Aquela história está no passado, isso não tem nada a ver com humilhação... isso é sobre desejo. — ele disse suavemente, enquanto se inclinava na direção dela. 

Mai ficou imóvel enquanto a distância entre os dois parecia diminuir mais a cada segundo, ela não sabia se teria forças o suficiente para rejeitá-lo, porque no fundo ela também queria aquilo. 

E quando sentiu os braços dele a sua volta, puxando-a para ainda mais perto, não protestou. Quando os seus olhos se encontraram novamente com os de Kaiba, ela soube que não seria capaz de resistir. No instante seguinte ela sentiu os lábios de Seto sobre os seus, dando início a um beijo profundo e sedento, ao qual ela se entregou de muito bom grado. 

Como da primeira vez, tudo pareceu avançar rapidamente. Em um momento eles estavam se beijando no seu sofá, no outro eles já estavam em seu quarto, se livrando desesperadamente das roupas que vestiam. Ansiosos para se entregarem aquele violento desejo. 

Algo dentro de si lhe dizia que aquela era uma má ideia, mas ela já estava tão perdida no calor de Kaiba. Ali nos braços daquele frio homem as preocupações eram incapazes de lhe alcançar, toda a dor e vazio que sentia pareciam desaparecer.  

Ela sabia que Seto apenas estava a usando, então não pareceu errado também o usar para conseguir um pouco de conforto. Eles eram duas pessoas que queriam somente se divertir e saciar seus desejos. Talvez aquilo fosse exatamente o que ela precisava, então ela se entregou novamente a ele, ansiando fugir de toda a dor que sentia.  


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