Orgulhosos escrita por Bear91


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

E aqui vai mais um, espero que gostem c;



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Ele bebeu um gole da cerveja gelada, em seguida depositou a garrafa na mesa e sentou-se em uma cadeira de madeira que havia ali. 

O sol estava começando se pôr e sentado ali na varanda da casa, conseguia ter uma boa vista da paisagem, mas a bela visão não o agradava muito. O pôr do sol naquela casa beira-mar sempre lhe fazia lembrar de um dia desagradável. 

Valon tirou uma carta do bolso e a olhou fixamente, deixando seus pensamentos irem até a sua dona. 

Já havia passado muitas semanas desde que acordara sozinho, num pôr do sol como aquele. E Mai tinha simplesmente ido embora, sem nenhuma despedida, deixando-lhe apenas uma cópia da Cyber Harpie Lady como lembrança. Após aquele dia, Valon decidiu que o melhor era esquecê-la, que ela provavelmente estaria melhor sem alguém como ele por perto, mas o seu coração não parecia concordar a decisão. 

Todas as coisas importantes para ele haviam desaparecido há muito tempo, depois do incêndio que levou a vida da única pessoa que um dia considerara como família, ele não tinha mais nada a perder. Por isso não pensou duas vezes antes de tirar a vida daqueles que foram os responsáveis pela morte da freira que com tanto empenho cuidara dele. O resultado foi o esperado, acabar preso. 

Durante o tempo que ficou naquele lugar a única coisa que fazia era brigar, a violência dentro de si era o que o mantinha vivo. E mesmo quando fora introduzido em um novo mundo, com monstros de duelos, uma divindade antiga que precisava de milhares de almas como sacrifícios, nada realmente mudara. Ele não se importava pelo que estava lutando, não fazia diferença alguma para ele, a única coisa relevante era continuar lutando e vencendo.  

Diferente de Rafael e Alister, ele não tinha nenhum grande motivo para se juntar ao Doma, apenas queria continuar a batalhar contra oponentes fortes, esse era o seu único desejo. A verdade era que provavelmente nem acreditava no grandioso propósito da organização, Valon só estava interessado em ser um bom soldado. Contudo, quando ela apareceu as coisas mudaram.  

Quando a encontrou ela estava em um estado tão frágil, mesmo que tivesse a simples obrigação de recrutá-la, não conseguiu ser completamente indiferente a ela.  

Mai era tão orgulhosa e feroz, embora ela se encontrasse naquele estado tão vulnerável, Valon não pode deixar de admirar a sua força quando ela o enfrentou corajosamente. Ela o lembrava de si mesmo, tão solitária e tão desesperada pela vitória. 

Antes que percebesse se viu na necessidade de protegê-la e em pouco tempo notou haver se apaixonado. Após tantos anos sem nenhum motivo para lutar, ele encontrara novamente algo que gostaria de proteger. No entanto, enquanto duelava com Joey Wheeler, compreendeu que ao contrário de protegê-la havia a arrastado para uma escuridão ainda maior que a que ela já se encontrava. 

Então depois de tudo terminado, ao acordar sozinho, Valon prometeu a si mesmo que iria esquecê-la. Mesmo que odiasse admitir sabia que não era bom o suficiente para ela, Mai merecia alguém melhor do que um assassino como ele. Mas passado pouco mais de um mês, Valon já não tinha tanta certeza se conseguiria cumprir a promessa que havia feito, ainda mais depois de uma descoberta. 

Na semana anterior, sentindo uma forte nostalgia o dominar, o jovem decidira visitar os destroços do que a pouco tempo atrás fora a sede do Doma. 

A solidão estava o incomodando, após passar anos ao lado de Rafael e Alister, sempre na estrada atrás de novos alvos, tudo havia mudado tão subitamente. Alister partira em uma viagem sem rumo definido e Rafael saiu em busca de sua família, apenas ele ficara para trás naquela solitária casa. Em poucos dias ele começou a sentir em desespero, tudo estava tão quieto, toda a ação que teve por anos havia sumido, ele se sentia perdido. 

Buscando algum conforto, uma sensação de familiaridade, ele partiu em sua motocicleta pilotando em alta velocidade, até chegar as ruínas do Doma. Porém, o que encontrou lá não lhe deu nenhuma sensação de paz, porque jogada em canto perto dos escombros estava uma moto que ele conhecia muito bem.  

Desde aquele dia ele não fora capaz de se sentir tranquilo, já tinha ido a hospitais e até mesmo a polícia em busca de alguma notícia, mas não conseguira nenhuma informação. Ele temia que houvesse acontecido algo a Mai, temia também que talvez ela estivesse bem e ao lado de Joey, já completamente esquecida dele. 

Apesar de sentir-se culpado por arrastá-la para o mau caminho, Valon não conseguia se arrepender de tudo. Porque se Dartz não houvesse o mandado recrutá-la, ele não teria a oportunidade de conhecê-la e já não conseguia mais imaginar a sua vida sem Mai. Embora fosse um desejo egoísta, ele ainda a queria. Não estava pronto para desistir dela, precisava tentar mais vez conquistá-la.  

E assim ele acabou tomando a decisão de ir atrás dela. Primeiro, porque gostaria de ter certeza que ela estava realmente bem e segundo, porque não iria desistir completamente dela sem antes tentar uma vez mais subjugar o seu coração.   

Já estava tudo preparado, ele iria viajar até Dominó nos próximos dias e não descansaria até encontrá-la. 

Ele guardou a carta novamente no bolso e pegou a garrafa e deu mais um gole. Tentando acalmar a ansiedade que sentia, voltou-se novamente para a paisagem, observando a bela praia, até que avistou uma figura inesperada. Uma moto conhecida se aproximava em alta velocidade.  

— Rafael? — ele indagou um pouco confuso, surpreso pelo amigo estar de volta tão cedo. 

  

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Após finalmente chegar, Rafael se dirigiu até a varanda onde Valon estava e sentou na cadeira ao seu lado, ainda silencioso. 

— O que aconteceu? — Valon perguntou, lhe entregando uma garrafa de cerveja gelada. — Não esperava que você fosse voltar aqui tão cedo. 

Há algumas semanas quando o Doma fora destruído, Dartz devolvera a esperança a Rafael ao revelar que sua família ainda estava viva, que ele não os encontrara devido a sua influência e por eles também acreditarem que o filho não havia sobrevivido ao naufrágio. Então Rafael partiu em busca deles, sonhando mais uma vez com a possibilidade de ser feliz novamente.  

— É uma história complicada, Valon. As coisas não saíram exatamente como eu imaginei. — ele respondeu com certa tristeza, dando um longo gole na bebida.  

— Você não os encontrou? 

— Eu consegui os encontrar, mas os meus irmãos… Eles realmente não sobreviveram. — ele ainda sentia a dor daquela descoberta. 

Rafael já havia passado por aquela experiência, há muito tempo teve que superar o sofrimento de perder toda a família, mas as palavras de Dartz haviam lhe dado esperança novamente. Contudo, apesar da felicidade de reencontrar seus pais vivos, teve que lidar com a dor de perder seus queridos irmãos mais uma vez.  

Ter a esperança de encontrar Julian e Sonia novamente, de vê-los crescidos e bem. Ele não foi capaz de evitar sonhar e quando suas esperanças foram destruídas novamente, Rafael sofreu ainda mais do que a primeira vez. Reviver o luto havia sido muito doloroso. 

— Eu sinto muito… — ele disse com sinceridade, triste pelo amigo. — Mas eu ainda não entendo, se os seus pais estão bem, você não deveria querer ficar com eles?  

— Certamente, mas primeiro tenho algo a fazer. — admitiu, deixando transparecer o cansaço que sentia. — Antes de poder viver ao lado deles, eu preciso encontrar a parte que falta na nossa família. Meus pais já sofreram demais, eles merecem pelo menos essa alegria.  

Naquele dia, quando finalmente encontrou seus pais após longos anos, ele teve inúmeras surpresas. A pior delas foi descobrir que seus queridos irmãos não haviam sobrevivido, somente seus pais haviam sido capazes de escapar daquela grande tragédia.  

Foi um dia feliz por reencontrá-los, mas igualmente amargo. Ver seus pais contando sobre como sofreram ao perder os três amados filhos fora horrível, mas o que mais o chocou foi descobrir que tinha uma irmã da qual não tinha conhecimento.   

Após toda aquela tragédia, os Laurent tiveram mais uma filha. Depois da terrível experiência que passaram, eles tentaram proteger o máximo que podiam o que restava daquela família, mas no fim não foi o suficiente. Sem que percebessem ela escapara por entre seus dedos, sem deixar nenhuma pista e eles novamente ficaram sozinhos.   

Quando Rafael ouviu que a sua irmã havia fugido de casa, ele imediatamente se sentiu revoltado. Seus pais já haviam sofrido tanto ao perder três filhos, não entendia como alguém poderia ser capaz de fazê-los passar por aquilo novamente. Era excessivamente cruel.  

Ele mesmo passou tantos anos sonhando com reencontrar a família. E descobrir que tinha uma irmã insensível aquele ponto o enfureceu, era muito injusto. Estar ao lado de pais tão amorosos e ainda assim escolher abandoná-los por livre e espontânea vontade.  

Se não fosse por todo o sofrimento de seus pais, ele iria preferir que a tal garota continuasse longe, ela não parecia merecê-los. No entanto, por eles Rafael prometeu que iria encontrá-la e trazê-la de volta para casa, queria dar essa felicidade aos pais. Ele não podia fazer nada sobre a morte de Julian e Sonia, mas sobre a irmã desaparecida ainda existia uma chance.  

Quando ele pediu para seus pais algumas informações sobre a garota, Rafael teve uma enorme surpresa. Ela tinha um nome que lhe era muito familiar, mas logo descartou a possibilidade que veio a sua mente, era uma ideia muito absurda. Afinal o sobrenome dela era completamente diferente, não poderia ser a mesma pessoa. Entretanto, quando sua mãe lhe entregou uma foto da garota ele se deu conta que aquela suspeita que pareceu tão insensata estava correta.  

— Espera… O que isso quer dizer? — Valon indagou, ainda mais confuso do que antes.  

— Eu descobri que tenho uma irmã, ela nasceu depois do acidente, mas ela está desaparecida e eu preciso encontrá-la. — ele respondeu com uma expressão abatida, em seguida tirou um papel do bolso e estendeu a Valon.  

— O que é isso? — perguntou, pegando o papel. 

— Essa é a minha irmã. 

Valon então olhou bem para a imagem em suas mãos e percebeu que se tratava de uma fotografia, encontrando nela uma garota loira ao lado dos pais. Ele arregalou os olhos quando percebeu conhecer aquela garota, ali ela parecia estar mais jovem, mas com certeza era ela.  

— Isso… você tem certeza? — ele perguntou ainda surpreso. — Mas não pode ser, o sobrenome dela é diferente do seu. Como isso pode ser verdade?  

— Eu também pensei nisso quando meus pais me disseram o seu nome, mas quando vi a foto não tive mais dúvidas. Ela está usando um sobrenome falso, é por isso que meus pais tiveram tanta dificuldade de encontrá-la. — concluiu com certo desgosto, ainda descrente com quão longe Mai fora apenas para esconder-se de sua própria família. — E pensar que provavelmente o Dartz já sabia de tudo isso… 

— Essa história é uma loucura. Quem iria imaginar que logo a Mai seria a sua irmã. — Valon comentou, ainda surpreso com a inesperada revelação. 

— Eu sei, até agora a ficha não caiu. A pouco tempo atrás eu nem esperava que meus pais estivessem vivos, agora uma notícia como essa.  

— E o que você vai fazer agora?  

— Vou atrás dela, prometi aos meus pais que iria levá-la de volta para casa. Eu preciso encontrá-la, só assim meus pais vão ter um pouco de paz. Além de tudo, ela é minha irmã. Agora que eu sei disso, tenho a obrigação de cuidar dela. — ele respondeu com firmeza. 

— Parece que nós temos o mesmo plano.  

— Como assim? — Rafael indagou, o fitando sem compreender. 

— É que estou me preparando para ir até Dominó, também quero encontrá-la. Eu estou determinado em conseguir conquistá-la, e não pense que o fato dela ser sua irmã vai me fazer desistir. — ele respondeu em tom despreocupado, mas era claro para Rafael o quão sério ele estava sobre aquela declaração.  

— Valon… 

— Eu a amo, Rafael. — ele afirmou com convicção, encarando-o. — Nem que seja uma última vez, mesmo que acabe levando outro fora, eu preciso tentar de novo.  

Rafael lhe olhou com pesar, compreendendo que os sentimentos dele sobre Mai não haviam mudado.    

— Valon, eu não acredito que ela mereça os seus sentimentos, mas se é o que você quer. — ele concordou por fim, ainda que descontente com decisão do amigo. — Então está decidido, nós dois iremos até Dominó encontrá-la. 


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