Orgulhosos escrita por Bear91


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um. Espero que gostem c;



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— Seto, não se preocupe tanto. — afirmou ele, na tentativa de tranquilizar seu irmão. — Uma vez que o torneio começar, toda a atenção se voltará novamente para a KaibaCorp e todos esses rumores serão esquecidos! 

— Você tem razão, Mokuba. — concordou, sorrindo de modo discreto para seu irmão caçula, mesmo que ainda não estivesse realmente tranquilo. 

A empresa encontrava-se em uma situação delicada, os danos causados por Dartz e sua organização foram maiores que se imaginava. Haviam sido capazes de recuperar todas as ações compradas pelo Doma, no entanto a KaibaCorp ficou com dívidas enormes e ainda os preços das ações caíram para um valor extremamente baixo. 

Com a intenção de resolver os problemas que enfrentavam e recuperar a reputação da empresa, Kaiba decidiu que realizaria um grande torneio, o KC Grand Prix. O torneio aconteceria durante a inauguração do parque temático da KaibaCorp na América. No lugar de uma cerimônia de abertura, a Kaibaland teria um torneio de duelos. 

— Agora você deve se preparar para partir com o Roland, é essencial que o Yugi participe desse torneio.  

Para que o torneio fosse um sucesso, Seto sentia que seria necessário a presença do atual Rei dos Jogos no evento, então Mokuba estava indo para a América antes dele, para encontrá-lo e se certificar que ele participasse. 

— Deixe-os comigo, irmão! Tenho certeza que o Yugi não recusará o convite. — disse animadamente, caminhando em direção a saída. — Eu apenas irei me despedir da Mai e iremos partir. Vamos, Roland! — completou o garoto, antes de sair com Roland. 

Seto havia ficado sozinho no escritório, mas não tão sozinho quanto gostaria. 

A menção ao nome de Mai lhe trouxe lembranças, involuntariamente recordou-se de ter a beijado e logo sentiu-se novamente irritado. 

Recentemente pensar nela havia se tornado algo constante, a vitória que ele pensou que lhe traria paz parecia ter sido inútil. Não conseguia entender realmente o porquê, mas a loira de olhos violeta não saía da sua cabeça. 

Nos últimos dias ele esteve muito ocupado por isso não teve tempo de vê-la, mas mesmo que houvesse tempo ele provavelmente não o faria, afinal qual seria o sentido de gastar seu tempo com ela?  

A questão era que Kaiba sentia vontade de vê-la, mesmo que abominasse aquele pensamento ele não poderia negar. Ele compreendia o que acontecera, aquilo era simplesmente uma questão de atração, estava se sentindo atraído por Mai.  

Havia sido um erro beijá-la, aquele ato impensado lhe causou aquele desejo, queria beijá-la novamente, até que ela ficasse novamente sem palavras como havia acontecido naquele dia. E ele sabia como aqueles desejos soavam absurdos, mas quanto mais pensava sobre ela, mais a queria. Sentia-se impelido a acabar com a sua insolência e atrevimento, queria fazer com que ela se rendesse inteiramente a ele.  

Aqueles eram simples devaneios, ele era sensato o suficiente para não se deixar levar por meros instintos. A conclusão que chegara era que aquilo era culpa dos dias estressantes que estava tendo, haviam problemas demais para resolver e ainda uma garota insuportável sob sua responsabilidade, mas ele não se deixaria levar. No dia seguinte iria viajar para a América, de sorte que quando enfim voltasse para Dominó, Mai já teria se recuperado e partido de sua mansão. E então ele não seria mais atormentado por pensamentos como aquele e nem ao menos se lembraria dela ou de todos os problemas que ela lhe causou. 

 

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De certa forma ela sentiu-se aliviada ao saber que os dois iriam viajar, a ideia de não precisar encontrar Seto nos próximos dias lhe deu certa tranquilidade. 

— Eu sinto muito por nós precisarmos te deixar sozinha, mas esse torneio é algo muito importante para a empresa… — confessou, sentindo se um pouco culpado.  

Ele havia implorado para que Mai ficasse ali, justamente para não ficar sozinha em um hospital, mas agora ele tinha que deixar a sua hóspede sozinha para ir para a América.  

— Não diga isso, Mokuba. Eu não vou ficar sozinha, a Samantha sempre está aqui comigo e cuida muito bem de mim. — disse ela, na tentativa de tranquilizar o garoto. — E também não é necessário você se preocupar com isso, já me ajudou o bastante e eu não me atreveria a pedir por mais do que já fez.  

— É verdade, com a Samantha aqui não há o que se preocupar. Mas é uma pena que você ainda não esteja recuperada, seria ótimo se participasse do torneio. Olha, esse aqui é convite que a KaibaCorp havia preparado para você. — disse a entregando um envelope que continha a logo da empresa.  

Mai sorriu para o garoto ao receber o convite. 

— Está tudo bem, já fico feliz por ser convidada. E de qualquer forma, mesmo que eu estivesse bem, não sei se poderia participar de um evento grandioso como esse tão cedo.  

— Você vai perder muita diversão, os maiores duelistas do mundo estarão lá, até mesmo o Yugi e o Joey. — ele argumentou com entusiasmo.  

— Esse seria mais um motivo para eu não participar, ainda me sinto sem coragem para encarar o Joey e os outros… — admitiu com certo amargor. 

— Entendo, então imagino que ainda não mudou de ideia sobre dizer para ele que você está aqui.  

— É isso mesmo, eu prefiro que ele não saiba. Um dia eu serei capaz de encará-los e pedir perdão por todos os meus erros, mas não será tão cedo.  

— Certo, Mai. Eu respeito isso, mas acho você está se torturando um pouco demais. — disse ele, parecendo refletir. — Bom, agora eu realmente preciso ir. Eu e o Roland temos alguns duelistas para localizar.  

— Espero que tenham uma boa viagem. — ela despediu-se do garoto, que já estava a caminho da saída e então pensou nas suas palavras.   

Discordava de Mokuba, acreditava ser certo sentir-se culpada. Como ela poderia perdoar a si mesma tão facilmente?  

Mesmo que imaginasse que Joey, com o seu enorme coração, provavelmente a receberia de braços abertos, ainda a considerando como uma amiga apesar de todas as suas ações. Ela sabia que seria errado aparecer repentinamente na frente dele, como se nada tivesse acontecido. Como ela teria coragem de fazer algo assim? Mesmo que desejasse vê-lo novamente e lhe implorar por perdão, simplesmente não podia, sentia-se envergonhada demais para fazê-lo naquele momento. 

— Está na hora dos seus remédios. — a empregada anunciou, colocando na sua frente um prato onde haviam alguns comprimidos.  

— Samantha? — indagou confusa, surpresa com a aparição inesperada da mulher. — Eu nem a vi entrar. — admitiu, enquanto pegava os comprimidos.  

— Percebi, você parecia estar bem distraída. — comentou, entregando-lhe um copo com água. — Ultimamente você tem estado tão quieta, eu me pergunto se aconteceu algo… 

— Não aconteceu nada. — ela negou, mesmo sabendo que aquilo era uma mentira. — Eu apenas estou cansada dessa situação, não vejo a hora de ir embora desse lugar. É só isso. 

— Você precisa ter um pouco de paciência, agora não falta muito.   

— É, você tem razão. Tentarei ser mais positiva. — assentiu, concordando com Samantha. 

— Agora preciso voltar até a cozinha, mais tarde eu volto com o seu almoço. Tente se animar um pouco, só mais alguns dias e você estará bem. — ela disse tentando a animar.  

— Pode deixar, eu irei me esforçar. — ela assentiu, sorrindo levemente para a empregada que em seguida saiu do quarto. 

Sabia que Samantha estava certa, deveria animar-se, nem que fosse um pouco. A situação havia progredido, mesmo que minimamente.  

Naquela semana tivera uma consulta e havia se livrado do gesso, ainda que no seu lugar estivesse usando uma bota imobilizadora. Precisava continuar usando as muletas, mas ao menos sentia-se um pouco mais confortável. E saber que em no máximo duas semanas ela poderia finalmente ficar livre, realmente era algo animador. No entanto, ela não foi honesta com Samantha, não era aquela questão que a incomodava. 

Involuntariamente ela levou os dedos até seus lábios, recordando-se mais uma vez daquela noite e da sensação de ter os lábios de Seto sobre os seus. 

A empregada realmente tinha razão, ela esteve mais quieta nos últimos dias, mas era porque ela queria evitar encontrar-se com Kaiba. Não queria ter que encará-lo. 

A atitude dele ainda a incomodava, mesmo após vários dias ela se sentia incapaz de ignorar aquele acontecimento. Não quis contar nada a Samantha, estava envergonhada por deixar-se levar por Kaiba e acabar aceitando aquele beijo.  

Ela não o suportava, como poderia ter gostado de um beijo dele? Aquilo não fazia sentindo algum. 

 O fato de não conseguir esquecer de algo tão insignificante, estava a deixando irritada e desconcertada, mas saber sobre a viagem dos dois a tranquilizou um pouco. Pelo menos não havia a possibilidade de encontrá-lo, o que lhe daria tempo o suficiente para voltar a si e esquecer aquele dia. 

 

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Seto caminhava vagarosamente pelo corredor escuro, irritado por sua insônia. A sua aparência denunciava o quão cansado e impaciente ele estava. 

Enquanto se deslocava no escuro, ele refletia sobre tudo o que precisava ser resolvido no dia seguinte. Nunca precisou tanto descansar como naquela noite, mas a sua cabeça estava tão cheia. Estava agitado demais para conseguir pegar no sono, por isso decidirá ir até à cozinha e tomar algo que pudesse lhe ajudar a dormir. 

Não conseguia evitar a apreensão, havia muito em jogo. A empresa pela qual ele havia tanto lutado estava em perigo, a inauguração realmente precisava acontecer de modo impecável, do contrário a KaibaKorp ficaria em uma situação difícil. 

E para piorar aquela semana, ainda havia aquela maldita garota, que não saía da sua cabeça. Apesar de esforçar-se para não pensar em Mai, todas às vezes que a sua mente se encontrava aérea, de alguma forma seus pensamentos simplesmente terminavam nela. 

Desejava que todos aqueles tormentos acabassem logo, precisava resolver as questões relacionadas a empresa e livrar-se logo de Mai, ansiava por recuperar a paz que o Doma havia tomado da sua vida. 

— Droga! Eu realmente preciso dormir. — murmurou para si mesmo, percebendo que precisava se recompor.  

O cansaço estava o influenciando, toda aquela aflição não combinava nem um pouco com ele. Por mais que a situação fosse complexa ele sempre se mantivera calmo, dessa vez não poderia ser diferente, de uma forma ou de outra iria esmagar todas aquelas dificuldades que haviam aparecido em seu caminho. 

Ficou satisfeito ao notar que a escada estava próxima, após alguns passos a alcançaria, entretanto, deparou-se com algo que lhe pareceu estranho. Havia um par de muletas encostado no corrimão da escada. Ficou confuso por momento, mas resolveu não pensar profundamente sobre aquilo. Estava demasiadamente cansado para se preocupar com algo tão trivial, então ele apenas seguiu com seu percurso. Contudo, após descer alguns degraus ele teve uma surpresa. 

Ele sentia-se descrente com a cena que via, quase não pode acreditar. 

Mai segurava-se ao corrimão da escada, o usando como apoio enquanto descia mais um degrau. Aquele era o sétimo degrau e ela já se sentia arrependida da decisão, a ideia de descer até a cozinha não parecia tão boa naquele momento. Havia descido apenas uns poucos degraus da longa escada e já sentia seu pé lhe incomodar devido a todo o esforço despendido, mas não iria desistir naquele ponto, não após ter chegado até ali. 

Ela havia acordado muito assustada, após mais um de seus pesadelos com Marik e como de costume não foi capaz de voltar a dormir. Mesmo depois de todo aquele tempo ele ainda não havia parado de a torturar, o mesmo pesadelo continuava a atormentá-la. Não eram tão frequentes como antes, mas temia que voltassem a intensificar-se. Aquele homem já havia a levado a um momento de desespero profundo uma vez, ela tinha receio de que aquilo acontecesse novamente. 

— O que você pensa que está fazendo? — perguntou ele, no tom mais rude possível, fazendo com que Mai se assustasse com a súbita quebra do silêncio. 

Virou-se para encontrar o dono daquela voz, mas o fez rápido demais. Ela deu um passo em falso e teria caído escada abaixo, se novamente Seto não tivesse ido ao seu resgate. Ele segurou a sua cintura e a trouxe para perto, impedindo que ela caísse, causando uma proximidade que já estava se tornando familiar para ambos.  

Mai o encarou confusa, ainda surpresa por Seto estar ali. 

— Essa já é a segunda vez que a salvo de uma queda, isso já está se tornando desagradável, Valentine. — ele disse a fitando com impaciência, em seguida a soltou, não querendo prolongar aquela proximidade. 

— Não é como se eu tivesse pedido a sua ajuda, seu imbecil! — ela logo retrucou, segurando-se novamente no corrimão, temendo perder o equilíbrio novamente. — E também a culpa é sua por me assustar, aparecer assim do nada como se fosse um fantasma. 

— A cada dia eu me surpreendo mais com a sua estupidez, você nem ao menos se recuperou e já está esforçando para se machucar novamente. 

— Mas o que você está fazendo aqui? Eu pensei que você e Mokuba iriam viajar hoje. 

Kaiba a fitou com impaciência. 

— Não tenho que dar explicações sobre o porquê eu estou na minha própria casa, é você que me deve explicações. O que está fazendo aqui uma hora dessas, Valentine? O que diabos está pensando?  

Mai parou para pensar por um instante, se sentindo obrigada a concordar que aquilo parecia um pouco absurdo. Mesmo que conseguisse descer a extensa escada, como faria para subi-la? Aquele plano estava condenado ao fracasso desde o começo. 

— Eu não estava conseguindo dormir. Achei que um chá seria uma boa ideia, então pensei em descer até cozinha. — explicou-se por fim. 

— Há uma empregada responsável por você, a única coisa que precisava fazer é chamá-la. — ele argumentou, sentindo-se genuinamente cansado. 

— Já reparou que horas são? Diferente de você não sou insensível. Eu não iria incomodar a Samantha numa hora dessas só por causa de um chá… — tentou justificar-se, mesmo sabendo merecer aquela censura.  

— Você realmente só serve para me criar problemas. — ele a encarrou por momento, refletindo sobre o que deveria fazer. 

Para a surpresa de Mai ele fez algo completamente imprevisível. Ele a pegou em seus braços, da mesma forma que um homem faria com a sua noiva e apenas seguiu descendo as escadas com ela nos braços. 

— O quê? — ela finalmente conseguiu perguntar, espantada com atitude dele. — Me coloque no chão!  

Seto parou no degrau que estavam. 

— Preste atenção, Valentine. — ele disse a fitando com um olhar sério. — Eu adoraria deixar que você se machucasse o quanto quisesse, mas não posso deixar isso acontecer enquanto está sob a minha responsabilidade, então apenas tente ficar quieta. 

Mai queria gritar com ele, chamá-lo de imbecil e outras coisas, mas não o fez. Ela mesmo havia criado aquela situação e agora Kaiba estava lhe fazendo um favor, mesmo insatisfeita resolveu que iria ficar em silêncio. 

 

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Aquela situação havia sido estranha, tanto para Mai quanto para Seto. O caminho até a cozinha fora extremamente silencioso e desconfortável, pela primeira vez eles haviam passado mais de cinco minutos sem se ofenderem. 

Mai apenas observou enquanto Seto preparava o chá. Diferente do que imaginara, ele não acordou nenhum dos empregados e ele mesmo preparou a bebida, de forma rápida e elegante. Havia sido inusitado presenciar aquela cena, mas não desagradável. 

Tudo foi muito breve, logo após tomarem o chá Seto disse que deveriam subir. E naquele momento eles se encontravam novamente nas escadas, mas dessa vez as subindo. 

Já haviam passado mais da metade da escada, tudo em silêncio. O único barulho que se ouvia era o som dos passos de Seto, o que estava deixando Mai nervosa. O silêncio estava a matando, como se a proximidade entre os dois já não fosse o ruim o suficiente, aquela quietude a deixava desconfortável. 

Não restava nada para fazer além de observar Seto, estar nos braços dele a permitiu ter uma visão privilegiada. E ela não pode deixar de pensar o quão diferente ele parecia naquela noite, era um lado dele que julgou nunca ser capaz de conhecer. Ele parecia adorável, tão mais humano que o normal, bem diferente do típico Seto Kaiba.  

Talvez fosse o pijama que usava, tão diferente das roupas extravagantes que vestia com frequência, ou os cabelos que geralmente estavam sempre alinhados, mas que naquele momento encontravam-se bagunçados. 

— Você ainda não se cansou de admirar a minha beleza? — Kaiba perguntou de repente, num tom arrogante, virando-se para encará-la.  

Ele havia há muito tempo percebido o olhar dela sobre ele, mas preferiu se manter calado até então. 

— Não seja convencido. — ela disse desviando o olhar, tentando disfarçar ter sido pega no flagra. — É que você parece cansado, então eu estava curiosa para saber o porquê.  

— Isso não é algo que seja da sua conta. — disse seco, voltando novamente o olhar frente.  

Mai revirou os olhos e o observou novamente, ponderando sobre algo. 

— Agora que parei para pensar isso é estranho.  

— Do que está falando?  

— É que antes você disse que jamais se interessaria por alguém como eu… — começou ela, num tom zombeteiro. — E olha só agora, se esforçando tanto para me manter o mais perto possível de você.  

— O quê? Vai mesmo me provocar num momento como esse, Valentine? Você sabe que eu estou fazendo isso porque não tenho escolha, não pense coisas estranhas. — ele anunciou com severidade.  

— Não seja tão sério, é só uma brincadeira. E também foi você quem começou, mas deixando isso de lado, há algo que eu gostaria de te perguntar. 

— Vá em frente. Se não for uma questão estúpida, talvez eu te responda. 

Ela havia passado a semana tentando evitar Kaiba, mas já que as coisas terminaram daquele modo, resolveu que iria encarar a situação e livrar-se da dúvida que a incomodava tanto. 

— Aquele dia… por que você me beijou? 

Seto a encarou, surpreso com a pergunta, mas logo se recompôs e lhe respondeu com frieza. 

— Eu queria fazer com que você se calasse. 

— Não pode simplesmente beijar alguém só por isso! — protestou ela, claramente enfurecida. — Eu nunca te dei permissão para fazer algo assim. 

Então ele parou subitamente, a fitando com olhar intenso. 

— Por que toda essa revolta agora, Valentine? Se me lembro bem, naquele dia não houve praticamente nenhum protesto da sua parte, diria até que você adorou o que eu fiz. 

Ela desviou o olhar, se sentindo desconcertada por ele estar certo. Arrependeu-se de ter tocado naquele assunto, mas já era tarde demais. 

— Agora você já pode me colocar no chão, as escadas já acabaram. Eu posso ir sozinha daqui. — afirmou ela, ao perceber que haviam terminado de subir, vendo aquela como uma oportunidade de escapar.  

Seto percebeu o embaraço dela e deixou escapar uma curta risada. 

— Não, te levarei até o seu quarto. — ele disse, antes de começar a caminhar novamente. — É melhor ter certeza de que você não irá tentar mais nenhuma estupidez, pelo menos por hoje.  

— Isso não é necessário, pode só me colocar no chão e eu…  

— Não me faça perder a paciência, garota. — Seto interrompeu o protesto dela. — Apenas se cale e aproveite a minha gentileza, porque algo assim não vai acontecer novamente. 

Ela bufou, insatisfeita com a situação, mas se deu por vencida. 

— É incrível como mesmo sendo gentil você consegue soar como um babaca. 

Seto a ignorou e o silêncio voltou a reinar, até que finalmente se aproximaram do quarto.  

Mai se sentiu aliviada por aquela situação estar finalmente perto do fim, mas ao mesmo tempo se viu perturbada por um pensamento.  

Kaiba iria viajar em breve e talvez ela não o encontrasse novamente, então não teria outra oportunidade para agradecê-lo. Por mais que os dois não se dessem bem ela sabia que precisava o fazer, gostando ou não tinha uma enorme dívida com ele.  

— Provavelmente as minhas palavras soaram irrelevantes para você, mas de qualquer forma ainda preciso as dizer. — começou ela, despertando a atenção de Seto. — Eu sei que você não fez isso por mim, que está me ajudando pelo Mokuba, ainda assim tenho muito o que te agradecer. Se não fosse por você, nem sei o que teria acontecido comigo… então eu gostaria que soubesse que sou genuinamente grata por tudo o que fez por mim. 

Kaiba apenas a fitou profundamente por um instante, mas não disse nada em resposta ela. No entanto, a verdade era que apesar da aparente indiferença, ele não poderia estar mais atormentado. 

Ter Mai próxima a ele daquela forma era um grande problema. Havia lutado tanto para tirá-la da cabeça e todos os seus esforços foram arruinados com aquela situação. Afinal como poderia ignorá-la, quando ela estava em seus braços?  

Contudo, ao finalmente entrar no quarto ele sentiu-se mais tranquilo. Só precisava a deixar ali e tudo acabaria, era algo simples.  

Após alguns passos ele chegou até cama e a depositou ali com cuidado, mas o movimento fez com que seus olhos se encontrassem. Eles estavam perigosamente perto e Seto imediatamente sentiu que precisava se afastar depressa, porém ao tentar sair notou que os braços de Mai ainda estavam segurando seu pescoço, o impedindo de sair dali.  

— O que é isso, Valentine? Não vai me deixar ir embora? — perguntou, sem tirar os olhos dos dela.  

Mai então percebeu o que o fazia e sentiu-se estúpida. Tê-lo tão perto novamente fez com que não notasse que ainda o segurava, envergonhada ela logo tratou de soltá-lo e desviou o olhar para outro canto. 

— Me perdoe, eu… 

— Está tudo bem, talvez eu não queria ir. — ele confessou, ainda se mantendo tão próximo quanto antes. 

— Não? — perguntou confusa, encontrando novamente os olhos azuis dele, que pareciam invadir a sua a alma.  

Seto estava cansado de resistir. Haviam tantos problemas, se sentia tenso e estava tão cansado. Talvez por todas essas questões ele não tivesse força o suficiente para lutar contra seus instintos, ele a queria e estava cansado demais para continuar fingindo que não. 

Aquilo era meramente um desejo momentâneo, por que não o saciar e pôr um fim aquele tormento? Apenas deixar-se levar pela tentação uma única vez não faria realmente mal, certo? 

— Não. — Seto respondeu por fim antes de acabar com o espaço que ainda existia entre eles. 

Dessa vez ela não resistiu e apenas aproveitou aquela sensação, deixando-se levar pela lentidão e intensidade daquele beijo, permitiu que suas mãos voltassem novamente a nuca de Seto, o trazendo para ainda mais perto.  

 Em um certo ponto tiveram que se separar por falta de ar, mas antes de poder raciocinar ou mesmo se arrepender, seus lábios foram tomados novamente por Seto.  

Logo tudo pareceu se intensificar, os beijos se tornaram cada vez mais famintos e urgentes. Naquele momento não restava quase nenhum pudor entre os dois, mas quando Seto começou a descer os beijos para seu pescoço e desabotoar a camisola que ela usava, Mai pareceu recuperar a razão por um momento. 

— Kaiba, isso… nós deveríamos parar. — ela conseguiu dizer. 

— E porquê? — perguntou, a fitando com olhar brilhando de desejo. — Você parece querer isso tanto quanto eu, além do mais você me deve isso. — ele completou com arrogância, antes de voltar os lábios para o pescoço dela. 

— Eu não entendo… 

— É o meu prêmio como vencedor. — ele sussurrou em seu ouvido. — Ou será que já esqueceu da aposta? Esse é o prêmio que exijo e eu sei que você vai me entregá-lo de boa vontade.  

Seto tinha a certeza que ela já havia se rendido a ele e não existia necessidade de apelar para algo tão baixo, mas não pode parar a si mesmo. Ele queria a fazer pagar por sua arrogância, por pensar que seria capaz de vencê-lo uma segunda vez. Ela havia pensado que aquela aposta não teria nenhuma consequência, mas estava completamente enganada, ele iria fazê-la pagar com uma grande humilhação.    

E antes que houvesse tempo para que ela pensasse nas últimas palavras dele, Kaiba voltou a beijá-la, ainda mais intensamente. Então qualquer resquício de razão desapareceu por inteiro, não conseguiria mais voltar atrás mesmo que quisesse e apenas se entregou completamente a ele. 

 


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Notas finais do capítulo

E aproveitando vou indicar uma musiquinha, que me deu inspiração pra esse capítulo. O musical inteiro é lindo ♡
https://www.youtube.com/watch?v=2uhW8CMf57c



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