Deixe Os Sonhos Morrerem escrita por Skadi


Capítulo 5
Capítulo V




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Klaus não passava de um menino quando conheceu Johnny.

Tinha acabado de fazer 21, se mudado para seu primeiro apartamentos depois que o relacionamento com seu pai, se é que se podia chamar disso, finalmente desmoronou. 

Era perto do amanhecer quando fortes batidas em sua porta o acordaram. Ele franziu a testa e se levantou, pegando sua arma da mesa enquanto caminhava lentamente para a porta, o dedo já no gatilho.

"Quem é?" Ele perguntou.

"Klaus, abra essa merda de porta!"

Foi a urgência na voz de Ryland que fez Klaus diminuir a distância entre ele e a porta.

Ele nunca tinha ouvido essa rispidez na voz do homem. Como o próprio Ryland sempre gostou de dizer, “O valor de um homem não vale nada se a máscara que ele usa cai de seu rosto”.Ele vivia por aquelas palavras, seus olhos nunca deixavam nada escapar, seus lábios estavam sempre curvados no mais leve sorriso, sua voz sempre suave, ombros retos e uma aura ao redor dele que era imponente.

Mas naquela hora, naquela noite, Klaus ouviu o medo em sua voz.

Ele abriu a porta e olhou para Ryland e o sangue em sua camisa branca por um momento antes de se afastar. Ryland não estava sozinho. Ele estava arrastando um homem inconsciente com ele, que não poderia ser mais velho que Klaus.

“Me ajude,” Ryland disse com os dentes cerrados enquanto lutava para manter o estranho de pé, Klaus se moveu e agarrou a cintura do homem, pegou seu braço e o colocou em volta de seu ombro.

"Quem é?"

"Agora não." Ryland fechou a porta com um chute e então os dois se moveram para dentro do apartamento, as pontas dos sapatos do estranho arrastando contra o piso de madeira.

O estranho estava coberto de suor, sua respiração irregular, a pele quase branca.

Ryland acenou com a cabeça em direção ao sofá e eles conseguiram colocar o homem no sofá, fazendo-o deitar de costas. Klaus olhou para ele por alguns segundos, seus olhos estavam fechados, mas ele podia ver suas pálpebras tremendo, lábios abertos e secos. Ele estava vestindo uma camisa preta velha e surrada que estava molhada e mais escura em um ponto, logo acima de sua barriga. O sangue escorria pelo tecido de forma constante e Klaus engoliu em seco.

“Pegue uma toalha para mim,” Ryland o encorajou enquanto ele tirava o paletó, já desabotoando os punhos da camisa. "Álcool também, vou precisar fechar a ferida, diga-me que você tem uma porra de um kit de costura ou algo assim."

"Entendi." Klaus assentiu e correu para o banheiro.

Ele pegou a primeira toalha limpa que viu e vasculhou as gavetas, procurando o kit de costura que sabia ter em algum lugar.

Klaus não conhecia aquele homem e ele não se importava. Ele não precisava saber quem ele era quando Ryland estava tão inflexível em salvar sua vida. Não quando, pela primeira vez em muitos anos que Klaus o conhecia, Ryland estava demonstrando medo.

Ele finalmente encontrou o pequeno conjunto de costura na última gaveta do armário, um frasco de desinfetante ao lado dele. Ele voltou para a sala e caminhou até Ryland, que estava ajoelhado ao lado do sofá, suas mãos pressionando o ferimento do homem.

“Toalha,” Ryland disse. “Coloque onde minhas mãos estão.”

Klaus fez o que ele mandou, muito ciente de como tudo isso funcionava. Ele colocou a toalha na ferida assim que Ryland ergueu as mãos. O homem estava sem camisa agora, sua pele brilhando de suor, seu peito subindo e descendo rapidamente.

“Prepare uma agulha,” Ryland o instruiu enquanto pressionava a toalha no corte da carne do estranho. “Não é pequeno, mas não é grande e-”

"Eu sei." Klaus o cortou, abrindo o kit e rapidamente encontrou uma agulha de tamanho decente e empurrou um fio preto pelo orifício da agulha. Em seguida, ele abriu o frasco de desinfetante e derramou um pouco do líquido na agulha. "Você tem que limpar a ferida?"

Ryland acenou com a cabeça e removeu a toalha, o sangue já havia diminuído consideravelmente. Klaus compartilhou um olhar com Ryland antes de derramar mais líquido sobre a ferida. O corpo do homem estremeceu, Klaus o ouviu suspirar, mas ele não abriu os olhos nem disse nada, ainda inconsciente.

Ryland limpou o sangue de suas mãos com a toalha, então gesticulou para a agulha e Klaus deu a ele. Imediatamente, Ryland começou a trabalhar, rompendo a pele com a agulha e só então Klaus percebeu o quão estranho era o ferimento.

“Ryland,” ele começou quando o homem começou a fechar o corte. "O que aconteceu com ele?"

Ryland ficou em silêncio por vários segundos, os olhos semicerrados em concentração.

Foi um corte profundo, com certeza, mas - mas foi em um ponto que não poderia ter atingido ou danificado nenhum órgão. Foi profundo, mas deliberadamente, não profundo o suficiente para realmente fazer este homem sangrar.

Foi o ferimento perfeito.

"Ryland, o que aconteceu com ele?"

"Eu fiz isso."

Klaus não ficou surpreso. Ele já sabia, mas queria ver se Ryland iria admitir.

"Por quê?"

"Foi necessário." Ryland continuou fechando a ferida enquanto falava, o sangue ainda escorrendo pelas aberturas menores entre o fio, mas era fraco e lento. "Ele é um dos seus corredores, um novo."

Klaus concordou. "E você esfaqueou um dos meus corredores."

"Foi necessário,” ele repetiu, finalmente fechando o corte completamente. Ele estalou o fio e se recostou, respirando fundo. "Você tem curativos?"

Klaus suspirou e se levantou. "Eu volto já."




Horas depois, Klaus estava sentado no lado oposto da sala, fumando silenciosamente e observando o nascer do sol. Ryland estava sentado no chão perto do sofá, seu dedo indicador traçando padrões na mão do estranho.

Foi a primeira vez que Klaus viu Ryland em tal desordem. Sua camisa estava manchada de vermelho, mãos e pulsos rosa com sangue seco, olhos pesados ​​e maxilar cerrado.

Ele parecia humano, talvez pela primeira vez em anos.

O homem se mexeu de repente e Ryland se animou, ficou de joelhos e se inclinou sobre o corpo do outro. O estranho abriu lentamente os olhos, as pálpebras tremulando ao fazê-lo. Eles pousaram em Ryland e se alargaram, seus lábios se separando.

"Ei," Ryland sussurrou, sua cabeça acariciando o cabelo preto do homem. "Johnny, você pode me ouvir?"

O homem acenou com a cabeça, lentamente. Ele tentou se levantar, mas estremeceu ao fazê-lo, imediatamente caindo de costas no sofá.

“Não se mova, é- eu fechei a ferida, mas-” Ryland engoliu em seco. "Eu sinto muito."

Johnny apenas continuou olhando para Ryland com algo semelhante ao espanto, algo que brilhou em seu olhar. Klaus o viu agarrar gentilmente o pulso de Ryland, apertando-o levemente.

“Não,” ele murmurou, a voz crua. "Não sinta."

Klaus sentiu vontade de desviar o olhar. Como se ele estivesse se intrometendo.

Ryland gostava de Klaus. Ele sabia que sim, Ryland sempre gostou dele, sempre o tratou com respeito e cuidado, cuidou dele quando Lisbeth não podia. Ele sabia que gentileza e carinho estavam nos olhos de Ryland, mas isso? Isso não era carinho, não era respeito.

Era devoção.

"Eu deveria ter mirado melhor, era muito profundo, você poderia-"

“Obrigado,” Johnny disse, ele engoliu em seco e fechou os olhos. "Merda, Ry, obrigado."

Foi naquela noite que Klaus percebeu que Ryland não pertencia mais a ele.

Talvez ele tenha deixado de pertencer a ele muito antes, mas ele viu naquela noite.Então, a única coisa que Klaus poderia fazer era ter certeza de que Johnny pertencia a ele.

Mantenha um pássaro dentro de uma gaiola e seu dono não sairá de seu lado.

⸎⸺⸺⸺⳹۩᪥۩⳼⸺⸺⸺⸎

Johnny estacionou o carro embaixo da ponte e lhe deu uma olhada.

"Está pronto?"

Klaus suspirou,massageando a ponte do nariz antes de assentir. "Sim."

"Você não parece muito bem."

"Não dormi bem." Klaus soltou o cinto de segurança, abriu a porta e saiu do carro, seus pés pousando na grama seca.

Quando realmente começasse a nevar, a grama congelaria a ponto de queimar e Klaus poderia senti-la no ar. Podia sentir o cheiro de neve chegando, será em breve.

"Merda, está frio pra porra", ele murmurou enquanto tentava apertar o casaco em volta do corpo. "Por que diabos estamos aqui de madrugada?"

Johnny trancou o carro e bufou. “Então, da próxima vez, vamos transportar as drogas durante a tarde.”

"Como se alguém se importasse." Klaus respirou fundo e então gemeu, franzindo o nariz. "Cristo, cheira mal."

Johnny revirou os olhos. "Tem cheiro de água."

"Tem um cheiro podre de merda."

Houve um tempo em que o rio era realmente lindo, e caminhar por suas margens era nada além de um prazer. Esses tempos já se foram. Com todo o lixo tóxico despejado na água, o lugar agora cheira horrivelmente. Mesmo assim, a maioria dos armazéns de Klaus estão aqui, à vista de todos, construídos com todas as licenças de que um homem precisa.

Klaus olhou para o rio, uma pequena lancha está ancorada pert e, mesmo em meio à neblina da manhã, Klaus consegue distinguir um pequeno pedaço de terra artificial. Mas as mercadorias já devem ter sido transportadas, pois ele já pôde ver a maioria de seus homens se movendo, carregando caixas e sacolas para os depósitos não muito distantes deles.

"Lisbeth disse a você qual é o problema?" Klaus perguntou enquanto procurava seus cigarros no bolso de seu casaco azul.

“Nah, só que há um problema,” Johnny respondeu, aceitando o cigarro que Klaus lhe entrega e o acendeu. "Ela parecia tenso."

Klaus cantarolou, então acenou para a pequena multidão. "Vamos então, quanto mais cedo melhor."

Klaus acendeu seu próprio cigarro enquanto eles caminhavam em direção aonde a maioria dos homens está, o chão irregular sob seus pés, Klaus pôde sentir seixos e pedaços de pedra cavando sob a sola de seus sapatos.

Ao chegarem à costa, a maioria dos trabalhadores pareceu reconhecer Klaus e rapidamente se moveram para fora do caminho, olhos baixos e passos rápidos em levá-los o mais longe possível dele. Por mais que Klaus estivesse acostumado com isso, com o medo, isso ainda o perturba.

Lisbeth parecia estar em frente ao primeiro armazém, um armazém moderno, com vários metros de largura, tornando-o perfeito para seu uso principal. Ela estava olhando para uma caixa de madeira aberta, alta o suficiente para atingir a cintura.

"Ei," Johnny a chamou e Lisbeth se virou para eles, a mandíbula cerrada e um olhar tenso.

Klaus franziu a testa ao parar na frente de sua amiga e perceber a palidez no rosto dela, olhos injetados e lábios secos.

"Merda, Lis." Klaus olhou para ela por mais alguns segundos. "Que porra é essa? Você dormiu esta noite, ou-"

"Não", Lisbeth respondeu,limpando a voz logo em seguida.

"Você ficou aqui?" Johnny perguntou. "A noite toda?"

"Não." Lisbeth balançou a cabeça. "Não, cheguei aqui há apenas uma hora."

Espere.

"Você não passou a noite aqui, mas ainda não dormiu?" Klaus questionou e Lisbeth engoliu seco, então forçou um encolher de ombros.

Klaus e Johnny compartilham um olhar e, ao fazer isso, também compartilham um pensamento.

Esse pensamento é: ela transou.

“Temos um problema”, disse Lisbeth. "Um sério."

Klaus deu uma tragada na fumaça. "Qual é?"

"Você não vai gostar."

"Sim, bem, há um monte de coisas que eu não gosto, então-"

"A queda aconteceu," Lisbeth o interrompeu, os olhos fixos na caixa ainda. "Pegamos nossos produtos, ou pelo menos eu pensei assim."

"Algo está faltando?"

"Não é só isso." Lisbeth estalou a língua. "Deveríamos receber comprimidos, ácidos, coca. Os comprimidos não estão aqui."

Klaus deixou a informação se estabelecer, permitindo que seu cérebro tivesse alguns segundos para alcançá-la e, quando tudo isso aconteceu, seus dedos se apertaram em volta do cigarro.

"Como?"

"Eu não sei, mas esse não é o nosso grande problema." Lisbeth acenou em direção à caixa. "Essa é a coca que veio. Experimente."

Klaus franziu a testa, mas ele ainda foi até a caixa e olhou dentro. Tinham vários lotes de cocaína dentro, já todos em pó, que já mandou a Klaus um sentimento ruim.

"Nós pedimos puro, não é?"

Lisbeth lambeu os lábios. "Sim. Apenas- apenas tente."

Um dos sacos foi aberto, provavelmente por Lisbeth. Klaus inalou um pouco mais de fumaça antes de mergulhar o dedo indicador dentro do saco e o puxando para fora, a ponta fica coberta de branco. Olhou para ele por um momento antes de esfregar a ponta do dedo na gengiva e, imediatamente, soube o que estava errado.

Houve um calor intenso, mas é fraco e de tão curta duração que Klaus se perguntou se ele não o imaginou apenas por hábito.

Klaus respirou fundo e cuspiu no chão. "Essa merda está falsificada," Klaus sibilou, seu corpo ficando tenso com uma onda de raiva e irritação.

Lisbeth esfregou a mão no rosto. "Esta não é a cocaína que pedimos, Klaus."

Porra.

"Alguém bagunçou nosso pedido?" Johnny franziu a testa. "Como? E quando, porra?"

“Todas essas são perguntas adoráveis, não tenho uma resposta para nenhuma delas”, respondeu Lisbeth. "Não temos nossos comprimidos, não temos nossa coca. Temos merda branca, é isso que temos."

Klaus pôde sentir suas mãos tremendo e rapidamente as escondeu nos bolsos do casaco, sua garganta apertada e ele mal conseguia engolir. Havia uma nuvem envolvendo sua mente, entorpecendo cada som, cada cheiro, até mesmo o frio que estava agarrado a seus membros apenas um segundo atrás.

Sabia quem fez isso.

De repente, uma mão agarrou seu ombro e apertou com força.

"Não deixe eles te verem," Johnny sussurrou, olhando ao redor. "Esses homens são baixos, não deixe que eles saibam que algo está errado. Eles vão nos trair se puderem."

Klaus sabia disso, mas a raiva ainda estava lá e o estava atingindo com força. Ele respirou fundo, fechou os olhos por um segundo, então endireitou as costas e deu outra tragada na fumaça.

"Continue fazendo o que tem que fazer, Lis", disse ele. "Assim que eu tiver um plano de como contornar essa bagunça, vou te contar. Por enquanto, basta colocar essa merda no depósito."

Lisbeth balançou a cabeça rigidamente. "Isso é...porra, esse é o meu trabalho, não sei como aconteceu, mas não é desculpa. A culpa é minha."

"Não." Klaus balançou a cabeça. "Nah, não é sua culpa. Eu vou consertar isso, não se preocupe, você apenas se concentre em fazer o seu trabalho." Klaus acenou para si mesmo. "E durma um pouco, porra, parece que você vai cair morta e então teremos que jogar seu corpo neste maldito rio."

Antes que Lisbeth pudesse responder a ele, Johnny agarrou o braço de Klaus e o arrastou para longe, caminhando para longe do armazém e de volta para o carro, mas ele não parou, ele continuou caminhando ao longo da costa, às vezes olhando para trás para ver se os homens estavam ainda perto.

Klaus apenas deixou que ele o fizesse, Johnny sempre teve um certo talento em ajudá-lo a se acalmar durante esse tipo de situação.

Sabia quem fez isso, mas não sabia como ou por quê. E, por mais frustrante que seja, isso parece ser uma norma ultimamente. Klaus não tinha mais controle sobre o que estava acontecendo e achava que pelo menos ainda estava no comando quando se trata de seus produtos e sua principal fonte de renda e, o mais importante, respeito. Mas, aparentemente, não é mais assim.

Johnny parou de andar depois de alguns segundos, uma vez que ele considerou que eles estavam longe o suficiente da multidão. Ele soltou o braço de Klaus e suspirou, passando a mão no rosto.

"Merda", ele murmurou. "Você está bem?"

"Não." Klaus engoliu seco. "Não, eu não estou."

"O que diabos está acontecendo?"

"É o Lange."

"Como?" Johnny sibilou, os olhos arregalados. "Como diabos ele bagunçou nosso pedido?"

Klaus olhou para o rio; o tom esverdeado da água não lhe cai bem, há gravetos e garrafas plásticas flutuando na superfície, levados pela correnteza.

"Assim como ele roubou minha coca da primeira vez", Klaus respondeu. "Ele tem um homem lá dentro."

"Outra toupeira?"

"Gostaria de saber o que ele prometeu a eles desta vez."

"Quem poderia ser? Aqueles homens ali não sabem como funcionam os nossos despachos, não sabem de onde vêm as mercadorias."

"Então deve ser alguém que sabe. Esse é o último dos nossos problemas agora, no entanto."

Johnny arqueou uma sobrancelha. "Como é o último de-"

"Ele apenas nos fodeu regiamente." Klaus respirou fundo, prendendo-o nos pulmões até que comecem a queimar. "Ele tirou os comprimidos de nós, o que significa que tirou as boates de nós porque é onde vendemos a maioria delas. E você sabe que muito dinheiro vem disso. Sem mencionar que todos sabem que encontrarão médicos em nossas boates e eles sabem que é uma merda boa, mas agora não temos mais. E agora ele pegou nossa coca pura de novo, deixando-nos com aquela merda. Nós vendemos isso na rua, não para nossos clientes reais. " Klaus olha para Johnny. "Ele acabou de pegar nossos clientes, Johnny. Aqueles que pagam dinheiro de verdade, nós vamos perdê-los."

Johnny gemeu. "Porra."

"Agora ele tem a vantagem. Ele já está vendendo minha coca na rua, não vai demorar muito até que ele realmente roube meus clientes." Klaus estalou a língua. "O filho da puta vai levar meus clientes, meu dinheiro e minha posição."

"É muito cedo para isso."

"É realmente?"

"Você é intocável, Klaus," Johnny disse. "Você sabe que é. Vai demorar mais do que roubar um pouco de êxtase para alcançar você."

"E ainda assim, aqui estamos nós." Klaus se voltou para o rio novamente. "Completamente fodidos. Ele sabe o que está fazendo, mas não temos a porra da pista de como consertaremos essa merda, então quem é o que está por cima, Johnny?"

Johnny ficou quieto, um olhar de derrota já se manifestando em suas feições. Johnny nunca foi inclinado a esconder suas emoções, não importa se elas são positivas ou não; se ele e Klaus estiverem sozinhos, Johnny não vai esconder nada dele.

Klaus suspirou. "Ainda temos sobra pura, aquela que ele não conseguiu roubar."

"Sim."

“Avise aos nossos corredores, diga a eles que a partir de agora a merda boa está reservada apenas para os clientes reais. Estou falando de políticos, celebridades, sei lá.Quem tem dinheiro bom faz o bom negócio. Os traficantes vão vender a merda nas boates para que as pessoas não se importem muito com as pílulas desaparecidas. Não sei por quanto tempo podemos continuar, mas vamos ganhar algum tempo assim. "

Johnny acenou com a cabeça, sua língua pressionando contra o interior de sua bochecha. "Então, quando o tempo acabar?"

"Vamos encontrá-lo antes que aconteça", disse Klaus. "Além disso, diga a Lisbeth para encontrar o pedaço de merda que nos vendeu. Ela o encontra, o traz para mim e eu vou cortar seus dedos assim que ele responder às nossas perguntas."

"Vou fazer" Johnny se virou e olhou para o rio. "Klaus."

"Mh?"

"Por que você não dormiu?"

Uma gaivota voou sobre o rio, perto da água antes de desaparecer no céu.

"Laurent não está bem ultimamente," Klaus respondeu.

Johnny ergueu. "E daí, você faz companhia a ele agora durante a noite?"

"Não." Klaus olhou para ele. "Ele grita e chora quando acha que está sozinho de madrugada. Eu ouço tudo."

Os olhos de Johnny se arregalaram e, Klaus pôde ver, havia simpatia já escrita em seu olhar.

"Não consigo dizer a ele que posso ouvi-lo. E não consigo encontrar coragem para simplesmente ir até ele e ajudá-lo. Não sei como ajudá-lo." Klaus encolheu os ombros. "Eu não sei se ele quer ajuda também."

Johnny mudou seu peso em sua perna esquerda e chutou uma pedra para fora do caminho. "Quer ele queira ou não, ele precisa disso."

"Tenho a sensação de que ele não gosta de ser ajudado", murmurou Klaus. "Ele  tem todo esse orgulho em seus ombros, isso vai matá-lo antes que eu possa fazer qualquer coisa sobre isso."

Johnny tentou suprimir um sorriso por um segundo e limpou a voz. “Me lembra alguém.”

"Eu já joguei corpos neste rio antes, não me teste."

"Ouça, Klaus, Laurent é especial, ok?." Johnny olha para ele. “E  você o acolheu e agora ele é sua responsabilidade. Isso significa que você também precisa ter certeza de que ele não perderá a cabeça."

Klaus revirou os olhos. "Eu não sou um psiquiatra."

“Você é humano,” Johnny disse. "Você é humano e sabe como ele está se sentindo."

Com certeza, Klaus sabia. Ou, pelo menos, ele sabia muito sobre isso. A dor é diferente para cada pessoa, mas ainda é dor no final do dia. Então, novamente, Klaus também era familiarizado com o quão fácil é fugir de seus próprios problemas, então por que ele não deveria fazer o mesmo com os de Laurent?

"Tanto faz", ele disse no fim. "Vamos, tenho coisas a fazer. Você informa Lisbeth mais tarde, certo?"

"Eu vou." Johnny se virou e eles começam a caminhar para o carro novamente. "Para onde eu te levo?"

"De volta para casa," Klaus responde. "Eu tenho que falar com a Suli novamente, perguntar a ela se ela tem algo novo para mim.O mesmo vale para o Ryland."

"Ele está trabalhando muito ultimamente. Ele não aceitou bem quando sua coca roubada foi parar nas ruas."

"Excesso de trabalho de novo?"

"Você sabe como ele é."

"Eu sei." Klaus andou ao redor do carro e, uma vez que Johnny o destrancou,deslizou no banco do passageiro e respirou fundo. "Laurent encontrou um gato."

Johnny se sentou na frente do volante e lhe lançou um olhar questionador, então ligoi o motor. "Um gato."

"Sim. Ele encontrou a coisa no jardim." Klaus suspirou. "É- esse animal é menor do que a minha mão, mas caga como a porra de um Dobermann."

Johnny bufou alto enquanto dirigia o carro para fora da grama e para a estrada novamente, o veículo parando de tremer assim que as rodas estão de volta no asfalto.

"Estou surpreso que você tenha deixado ele ficar com o animal de estimação", disse Johnny. "Você não gosta muito de animais."

"Isso é besteira, eu gosto de animais."

"Não na sua maldita casa, você não gosta."

Klaus pressionou os lábios por um momento. "Não tive coragem de tirar o gato dele."

Johnny riu e Klaus lhe lançou um olhar, o encontrando sorrindo enquanto dirigia. Às vezes, Klaus sentia uma forte vontade de dar um tapa na nuca de Johnny com força suficiente para que sua testa se choque contra qualquer superfície disponível, mas, enquanto dirigia, Klaus engoliu a vontade e olhou pela janela do carro.

"Ele precisava de uma distração", é tudo o que ele disse.

Johnny ficou quieto por alguns segundos,trazendo o carro de volta para o tráfego principal, indo para o centro da cidade.

"A distração não está funcionando, Klaus."

Klaus sabia disso.

Uma distração é tudo que ele podia dar a Laurent agora.

"Há vozes circulando," Johnny disse de repente, Klaus se virando para olhar para ele. "Alguns dizem que em breve todas as famílias serão chamadas."

Klaus gemeu e fechou os olhos, jogando a cabeça para trás. "Porra, não."

"Pelo visto."

"Quem começou com isso?"

"Não sei, não me importo. Quando a cidade fala eu ouço. E a cidade nunca mente."

"A cidade pode beijar minha bunda", murmurou Klaus. "Puta merda de uma cidade ingrata."

Com isso, Johnny apenas deu de ombros, balançando a cabeça solenemente enquanto levava Klaus de volta para a cobertura.

~•~

A primeira coisa que aconteceu quando Klaus saiu do elevador e entrou em sua casa foi tropeçar em um maldito rato de brinquedo.

"Merda," Klaus sibilou enquanto recuperava o equilíbrio, lançando um olhar intenso para o pequeno brinquedo de plástico, um ratinho rosa que faz barulho.

Tirou o casaco enquanto caminhava para o corredor principal, evitando cuidadosamente todos aqueles brinquedos de gato estúpidos que foram deixados no chão. Laurent não estava mentindo quando disse que havia pedido um monte de coisas para o gatinho. Klaus tropeçou na tigela idiota do gato dez vezes nos últimos dois dias.

A casa agora parecia um maldito pet shop.

Klaus jogou o casaco no sofá e então percebeu que a porta da varanda estava aberta, ventos frios enchendo a sala. Ele franziu a testa e caminhou ao redor do sofá e para a varanda. Saindo, ele rangeu os dentes quando o frio o atingiu, sem o casaco para mantê-lo aquecido isso enviou um arrepio pela espinha.

Laurent estava sentado no sofá de vime, um cigarro na boca e o gatinho descansando entre as pernas cruzadas.

"Oi," Laurent disse, acariciando cuidadosamente a cabeça do gato com as pontas dos dedos. Klaus olhou para ele por alguns segundos, 

Laurent estava vestindo apenas uma camiseta fina de algodão e um par de shorts, com as pernas e os braços nus. "Está frio."

Laurent deu de ombros, levando o cigarro à boca e inalando. "Estava muito quente lá dentro. Eu estava derretendo, tive que tomar um pouco de ar fresco."

Klaus se sentou no sofá de vime, mantendo uma distância decente entre ele e o vampiro. "Isso é mais do que fresco."

Os lábios de Laurent se curvaram em um pequeno sorriso, seus olhos fixos na vista, a noite finalmente se erguendo sobre a cidade,o céu em um tom azulado rapidamente se transformando em preto. Em seu colo, Marius se contorceu, franziu o nariz, mas não se mexeu nem acordou.

"Você parece estressado, cherie," Laurent diz, olhando para ele. "Você passou o dia fora? Tenho certeza que ouvi você saindo bem cedo."

Klaus acenou com a cabeça e tentou relaxar em sua cadeira, embora seus músculos estivessem tensos e arrepios subissem em seus braços. "Sim, saí cedo. Ainda estava escuro."

"Tudo certo?"

Klaus expirou lentamente. "Tivemos um problema. Mas vamos consertar."

"Você não parece muito otimista."

"Não estou, mas não posso simplesmente sentar e chorar até dormir, então-"

Laurent acenou com a cabeça, cantarolando suavemente. "Mon chérie."

"Mh?"

"Você precisa transar."

Klaus bufou, rindo baixinho. Ele viu Laurent sorrindo junto, ainda acariciando a cabeça do gato, os olhos brilhando de alegria.

"Não se sinta muito especial, vinte pessoas diferentes me disseram a mesma coisa apenas na semana passada."

"Isso é porque todo mundo pode ver através de suas besteiras."

"Bem, isso é rude pra caralho," Klaus murmurou, se remexendo na cadeira por um momento. "Além disso, encontre-me alguém disposto a uma foda rápida, porque eu não vejo ninguém."

Os olhos de Laurent piscaram de volta para ele, mas ele não disse nada. Ele parecia querer, no entanto, mas no final ele olhou para o gatinho novamente, um sorriso contente esticando seus lábios enquanto ele coçava atrás da orelha do gato.

Com a luz da cidade, Klaus pôde ver o quão cansado Laurent estava. A pele sob seus olhos estava escura, ele estava mais pálido do que ontem.

"Você dormiu bem?" Klaus perguntou.

"Sim." Laurent concorda. "Eu dormi bem. Marius me acordou em algum momento, mas fora isso foi bom."

Klaus o ouviu acordar com um grito logo de manhã. Foi algo que o fez sair da cama e ficar de pé, alarmado com o quão cru e dolorido parecia.

No final, ele não saiu do quarto. Ele apenas ouviu.

"Você já se alimentou?"

Laurent balançou a cabeça. "Não estou com fome."

Klaus abriu a boca para dizer que ele deveria se alimentar,e sabia que Laurent precisava se alimentar agora mais do que nunca. Mas, novamente, ele permaneceu quieto.

Se sentia passivo. Não é algo a que ele estava acostumado ou, pelo menos, não mais. Não conseguia dizer o que deveria dizer ou fazer o que seria melhor. Não gostava de se sentir assim de novo, não depois de todos esses anos.

Laurent terminou seu cigarro e o jogou da varanda, então ele cuidadosamente pegou o gatinho em seus braços. Marius se agitou, mas se acomodou confortavelmente no peito de Laurent.

"Eu vou voltar para dentro, eu meio que quero tomar um banho."

Klaus zombou. "Você está aqui há menos de uma semana, mas tenho a sensação de que minhas contas vão ficar altas pra caralho."

"Perdoe-me se gosto de estar limpo."

"Você toma banhos de duas a três horas por noite."

"Oh, por favor, você é tão dramático."

Laurent se levantou e, assim que deu um passo à frente, suas pernas balançaram sob seu peso e por uma fração de segundo pareceu que ele iria cair de joelhos. O braço de Klaus se moveu antes que ele pudesse registrar e ele agarrou o pulso de Laurent, apertando-o com força.

"Estou bem," Laurent disse, piscando para ele e então limpou a voz. "Levantei muito rápido, estou bem. Não ia cair."

Klaus não o soltou por mais um momento, então deixou sua mão cair na coxa. "Certo. Desculpe."

Laurent balançou a cabeça. "Não, está tudo bem."

Klaus acenou com a cabeça e Laurent se afastou e voltou para a casa, deixando-o sozinho na varanda.

Klaus poderia atribuir a perda de equilíbrio e força a um monte de coisas: a falta de sono, a fome, o estresse que Laurent tem experimentado, até mesmo uma simples distração. Mas ele não é idiota, nem ingênuo ou cego.

Laurent precisava se alimentar.

⸎⸺⸺⸺⳹۩᪥۩⳼⸺⸺⸺⸎

Houve altos e baixos com Aiko e Hanzo o tempo todo em que ele esteve com eles.

Klaus nunca sentiu que estava atrapalhando, ou que era aquele outro cara, não. Eles nunca o fizeram se sentir assim, eles o queriam tanto quanto ele os queria. Ele costumava pensar que, talvez, eles o amavam. Mesmo que só um pouco.

Isso o fez se sentir uma merda.

Ele não estava lá por amor, ele nunca havia estado lá por amor. Ele estava lá para sentir algo, qualquer coisa, mas não amor.

Hanzo sempre foi todo tipo de perigo e todos os tipos de insuportáveis, mas, mesmo assim, Klaus gostava dele. Não muito. Apenas o suficiente.

Ele gostava do jeito que ria, mesmo que soasse como uma hiena estrangulada, Klaus sempre gostou de pessoas que falam alto quando riem. Ele gostava de como a pele do homem era macia, ele gostava de passar os dedos pelo cabelo preto de Hanzo, Klaus gostava de Hanzo mesmo quando o homem estava completamente chapado, rindo no silêncio da sala com felicidade em seus olhos.

Ele gostava de como Hanzo realmente ficava quieto durante o sexo. Ele era tagarela e adorava agir como um pirralho, mas sempre com uma voz baixa. Gemidos silenciosos, súplicas silenciosas. Klaus gostou de como Hanzo envolvia seus lábios em torno de seus dedos, olhando para ele com aqueles olhos escuros e bochechas coradas, tão confiante e seguro do que estava fazendo. Ele gostou do jeito que Hanzo beijou seu pescoço e deixou hematomas onde podia, sorrindo em sua pele porque sabia que Klaus não queria que ele o marcasse.

Ele gostava da ternura com que Hanzo dizia seu nome.

Aiko, por outro lado, ela sempre foi letal. E mesmo assim, Klaus gostava dela.

Ele gostava daqueles raros momentos em que ela não fingia seu sorriso, gostava dela quando ria genuinamente de alguma coisa, gostava do jeito que ela enrolava mechas de cabelo com os dedos, gostava dela quando ela bebia Martinis mesmo que fosse apenas manhã, ele gostava do jeito que ela falava quando estava com sono, devagar e suavemente, ele gostava de acariciar sua nuca. Klaus gostava de Aiko mesmo quando ela tremia de raiva, pronta para queimar o mundo inteiro.

Ele gostava de como ela sussurrava em sua orelha com a mais doce das vozes, enquanto seus olhos eram os mesmos de uma fera. Ele gostou do jeito que as unhas dela deixavam marcas em suas costas, ele gostou do sorriso em seu rosto quando ela o elogiou ou Hanzo por ser bom para ela, sua pele tão macia e quente sob as mãos de Klaus. Ele gostava da maneira como os olhos dela ficavam brilhantes e atordoados quando ele a fodia do jeito que ela queria, forte e rápido.

Ele gostava de como ela olhava para os dois como se fossem as únicas coisas boas que restavam no mundo.

Ele gostava deles, realmente gostava.

Deixá-los não foi fácil.

"Então é isso?" Hanzo perguntou, olhando para ele com olhos arregalados. "Você acabou?"

"Eu disse porque estou indo embora", respondeu ele. "Tenho meus motivos."

"Seus motivos são uma merda!" Hanzo balançou a cabeça. "Porra, Klaus, por que você iria embora por causa disso? Fizemos algo errado, não-"

"Vá então",Aiko sussurrou, olhando para ele com veneno nos olhos do sofá. "Vá embora. Você sabe que vai se arrepender e, assim que o fizer, vai tentar voltar para nós."

Klaus suspirou. "Eu não vou voltar."

"Sim, não. Nem tente." ela se levantou e caminhou até ele, olhou para ele com os lábios voltados para baixo em desgosto. "Nós não teríamos você de volta, mesmo se você implorasse."

Deixá-los não foi fácil.

Às vezes Klaus ainda sonhava com eles, sobre as noites sem dormir gastas falando sobre nada, seus corpos saciados e zumbindo e suas vozes se misturando no silêncio da sala.

⸎⸺⸺⸺⳹۩᪥۩⳼⸺⸺⸺⸎

Klaus achava que a principal razão pela qual ele cozinhava para si mesmo mais do que pedia comida é por causa de sua mãe.

Eles tinham um cozinheiro na mansão quando moravam com seu pai, um cozinheiro realmente treinado que poderia ter feito qualquer prato que eles quisessem. Mas no final, era sempre sua mãe quem cozinhava para os dois.

"O gosto não fica melhor quando você mesmo faz?" ela perguntava, sorrindo para Klaus enquanto ele mastigava um pedaço de cenoura. "Sempre tem um gosto melhor se feito com cuidado. Tudo na vida tem."

O que, Klaus não iria mentir, era extravagante e todo tipo de clichê. Mas sua mãe não era nenhuma dessas coisas, ela era apenas genuína e amorosa. Então, talvez seja por isso que ele preferia cozinhar sua própria comida.

Klaus mandou ver a frigideira na qual duas fatias de costeletas de porco estavam fritando, o óleo borbulhando e a massa em volta da carne rapidamente ganhando uma cor dourada.

Tinha sido um dia lento e ele finalmente conseguiu se livrar de toda a papelada que o manteve acordado até horas a fio. Klaus percebeu que não mataria ninguém se ele realmente gastasse mais de dez minutos preparando seu jantar.

Ele bateu o cigarro em cima da pia, deixando a cinza cair sobre o aço, depois o levou de volta à boca e começou a mexer o molho novamente. Estava engrossando agora, cheirando bem, mas Klaus tinha certeza de que colocou muito ketchup e iria ficar com um gosto azedo, mas ele não se incomodou em tentar consertar isso.

Klaus ouviu passos se aproximando e ele olhou por cima do ombro, Laurent entrando na cozinha com os olhos inchados e o gato o seguindo de perto, patas minúsculas batendo suavemente no chão.

"Você acabou de acordar?" Klaus perguntou.

"Eu-" Laurent franziu a testa. "Tirei uma soneca?"

"Por que é uma pergunta?"

"Acho que desmaiei ou algo assim." Laurent acenou com a mão no ar. "Não é importante."

Klaus rolou os olhos. Laurent basicamente desmaia por causa da falta de sono, mas isso não é importante para ele. Cristo.

"O que você está fazendo?"

Klaus deu uma tragada na fumaça e acenou com a cabeça em direção à panela com o molho. "Costeletas de porco com molho realmente azedo."

"Por que o molho está azedo?" Laurent perguntou com uma carranca, inclinando-se em direção à panela para ver a carne fritando. 

"Porque eu sou um cozinheiro amador péssimo."

"Eu consigo ver isso" Laurent respondeu, então ele lhe enviou um olhar. "Por que você está fumando enquanto cozinha? E se um pouco de cinza cair no molho?"

Klaus apenas inalou mais fumaça. "Honestamente, as cinzas podem salvar essa bagunça."

Laurent riu, ele pegou o alicate de metal e tirou a carne do óleo de fritura, colocando-a em cima do prato que Klaus havia preparado antes. "Quer que eu te ajude?"

"Basta colocar a outra costeleta no óleo, essa merda está basicamente pronta."

Laurent arqueou uma sobrancelha enquanto pegava outra fatia de porco e a coloca cuidadosamente no óleo, a cabeça inclinada para o lado quando o óleo começava a fritar.

"Por que um gato está na cozinha?" Klaus perguntou, olhando para a pequena bola de pelo preto que agora subiu em cima dos pés descalços de Laurent e estava apalpando seus tornozelos. "O pelo vai entrar na comida."

Laurent se virou para ele com uma sobrancelha arqueada. "Então, fumar na carne de porco tubem, mas gatinhos não são permitidos?"

"Sim."

"O pelo é mais natural do que a cinza de um cigarro."

"Minha cozinha, minhas regras."

"Você é tão-" Laurent suspirou. "Infantil. Você é tão infantil."

Os olhos de Klaus se arregalaram e ele cruzou os braços sobre o peito, o molho esquecido. "Porra, com licença?"

Laurent deu de ombros, indo em direção a geladeira e abrindo o congelador. "O que?"

"Infantil."

"Você é. Você sempre quer que as coisas saiam do seu jeito e sempre que elas não acontecem-" Laurent gesticulou. "Todo mal-humorado e essa merda. Como uma criança."

Klaus estalou os lábios, uma irritação estúpida zumbindo em seu peito, ele deu uma longa tragada e começou a mexer o molho novamente. "Não é à toa, mas eu normalmente atiraria no pé de alguém por um comentário como este."

Laurent riu. "Sim, mas você não tem uma arma com você agora. Além disso, reagindo a uma declaração muito simples como essa com uma ameaça?" O vampiro olha para ele com um sorriso. "Infantil."

Klaus tenta responder algo de volta, qualquer coisa, mas ele se encontrou sem palavras. OK. Ok, então, talvez ele seja infantil. Talvez. Às vezes. Seja como for, não é importante.

Klaus esfregou o nariz e se concentra no molho novamente. "Você está cheio de falar de mim hoje."

"Claro que estou, chérie." Laurent revirou os olhos, tirando do congelador algo que parecia um picolé vermelho escuro. 

Klaus decidiu parar de se importar com o que Laurent tinha a dizer sobre ele ou o que pensava de sua personalidade. Importar-se com o que as pessoas pensavam ou ainda pensam sobre ele não é como Klaus chegou onde estava agora. Ele ainda era mesquinho porque isso é algo que ele tem permissão para fazer e ninguém vai tirar isso dele.

Klaus lançou um olhar para Laurent, que estava com o picolé estranho entre os lábios. "Posso saber o que é isso?"

Laurent encolheu os ombros. "O negativo congelado.Um experimento meu, refrescante até."

Klaus ergueu uma sobrancelha. "Sangue no palito. Isso é a coisa mais estranha que eu já vi, mas ao menos você está se alimentando"

"Não sabia que você era minha babá. Você tem monitorado o quanto eu como?"

Ele não parecia bravo com isso, mas ainda havia um tom áspero em sua voz, como se o fato de Klaus realmente se importar com ele o irritasse. O que, em troca, irrita Klaus.

"Não", ele respondeu uniformemente. "Mas não sou cego nem burro. Sei que você precisa se alimentar e sei que não teve tanto quanto deveria."Ele faz uma pausa. "Eu também sei por quê."

Ao lado dele, Laurent ficou tenso em apenas um piscar de olhos. Klaus manteve os olhos no molho, mesmo sabendo que o molho já estava pronto, ele continuou mexendo.

"Eu não entendo você," Laurent então disse, sua voz fina. "O que você quer que eu faça? Fale com você?"

Klaus encolheu os ombros. "Não sei. Se você quer falar, então você pode falar."

Laurent respirou fundo.

"Você não é psiquiatra, chérie.", murmurou Laurent. "Você também não é meu amigo. Não somos amigos,somos apenas duas pessoas que se misturaram. Não fosse pelo Lange, você continuaria vivendo sua vida como você estava e o mesmo vale para mim. Não teríamos nos conhecido, não estaríamos aqui fazendo costeletas de porco e picolés,você não teria que me manter em sua casa. "

Klaus roubou um olhar, mas Laurent não estava olhando para ele.

"Assim que essa bagunça acabar, vou voltar para a minha vida e você vai voltar para a sua. Não vamos nos encontrar de novo porque, vamos encarar, não temos nada em comum. Você governa uma cidade e eu sobrevivo na cidade que você governa e é exatamente assim que sempre será." Laurent molhou os lábios. "Então não, eu não quero conversar. Não com você."

"Tudo bem", disse Klaus. "Não fale então. Mas há algo que eu gostaria de deixar claro."

Laurent não acrescentou nada, então Klaus engoliu em seco e esperou que não saisse tão estranho quanto ele sabia que ia ser.

"Podemos não ter nada em comum e, talvez, depois que o lange estiver morto, não nos encontraremos novamente." Klaus deu uma tragada no cigarro e bateu com o dedo indicador acima da pia. "Mas por enquanto, eu me importo com você."

Laurent virou a cabeça e olhou para ele por alguns segundos antes de seu olhar cair.

“Talvez não como um amigo, eu não iria tão longe para dizer isso”, acrescentou Klaus. "Mas eu me importo com você como pessoa. E o motivo é- é que eu sei como é. Ter sangue nas mãos quando você não o queria."

"Certo." Laurent zombou. "Claro que você sabe."

"Eu não me sinto mais assim," Klaus admitiu com um aceno de cabeça. "Se eu matar agora é porque eu quero que alguém esteja morto, porra. Mas houve um tempo em que eu não queria aquele sangue e ainda fiquei encharcado com ele. Então, sim, Laurent, eu sei como você se sente. E sinto muito. Eu realmente sinto. "

Laurent ficou quieto por alguns momentos, apenas olhando para o balcão da cozinha e lambendo seu picolé.

"Tudo bem", ele disse no final. "Obrigado."

Klaus olhou para Laurent e seus olhos viajaram ao longo da linha da mandíbula dele, um nítido contraste com seus traços suaves. A pele de Laurent é linda e Klaus percebeu desde o primeiro momento que se conheceram, ela é macia e parece porcelana, como se ele tivesse saído direto de uma pintura de Boticelli. Laurent é lindo, Klaus sabia que sim

Seus olhos seguiram a curva de seu pescoço, a camisa branca que ele estava vestindo tinha um corte largo e profundo, expondo seus ombros e clavículas e Klaus não conseguiu evitar, ele realmente não conseguiu, não ficar olhando.

Seria tão macio quanto parece?

Seu pescoço ficaria bem com vermelho e roxo, Klaus pensou. Ele pressionaria seus lábios no pescoço de Laurent e chuparia, morderia, lamberia e finalmente sentiria o gosto do que ele só foi capaz de observar.

A primeira onda de excitação o atingiu lentamente, viajando pelo corpo de Klaus e ficando firme na boca do estômago, fazendo sua pele zumbir. Klaus olhou para cima rapidamente e encontrou o olhar de Laurent de volta.

Houveram segundos durante os quais Klaus só conseguiu olhar, perceber o rubor na pele de Laurent e como seus olhos estavam escuros, mais escuros do que ele jamais os viu.

O vampiro engoliu em seco, ele abriu os lábios e apenas suspirou. Ele respirou profundamente,os olhos caindo nos lábios de Klaus.

Ele pode sentir no ar a excitação de Laurent, e assim como naquela vez naquele restaurante escuro, havia uma onda de adrenalina e desejo que enchia as veias de Klaus.

Klaus desviou o olhar e ouviu a respiração ofegante de Laurent. Ele levou o cigarro aos lábios e inalou com força, o cigarro queimando bem além da linha do filtro.

"Vou para a sala. Bom jantar." Laurent expirou, então ele se agachando para pegar gatinho em seus braços com a mão livre e o picolé na outra. Ele saiu rapidamente da cozinha.

Uma vez que estava sozinho, Klaus respirou fundo e fechou os olhos, suas mãos agarrando a borda do balcão. Ele ainda podia sentir o desejo em seu corpo e, porra, ele sabia que não seria capaz de simplesmente afastá-lo, não para sempre.

"Não", ele murmurou. "Não, não serei um de seus clientes. Não agirei como um de seus clientes.

Se perguntou se esse é o problema. Se estava realmente preocupado em agir como um dos clientes de Laurent ou se estava preocupado em ser tratado como um dos clientes de Laurent.

Se perguntou qual é.

Talvez ambos.

Porra, é assustador.

A atração é assustadora.

~•~

Sulli: adivinha o que tenho para você,anjo?

Eu: espero que boas notícias

Suli: uuuh assustador

Suli: mas sim, tenho novidades

Eu: qual é?

Suli: Santiago concordou em encontra-lo

Eu: realmente são boas notícias

Suli : bem, depende de como você vê a situação

Suli: você pode acabar com uma bala no crânio, então é realmente uma boa notícia? mmmm

Eu: diga-me quando e onde

Suli: amanhã à noite, 21:00 Restaurante Yuán

Suli: obviamente, qualquer tipo de arma é um grande não

Eu: então ele não só quer me encontrar em um bairro neutro, mas também quer que eu vá sozinho e sem armas em um restaurante que ele provavelmente possui

Suli: Sim!

Suli: é pegar ou largar. Ele não lhe dará outra chance.

Eu: foda-se tudo bem

Eu: Eu vou encontrá-lo em suas condições

Suli: bom :p

Suli: não seja morto, Klaus

Eu: ... obrigado pelo incentivo

Suli: se você sair do jantar vivo, venha ver eu e Cassie para jantar, certo?

Eu: eu vou

Suli: e traga Laurent também

Eu: por que você sabe o nome dele?

Eu: Cassie não iria te dizer, eu sei que ela não iria.

Suli: oh, eu sei de tudo.

Suli: divirta-se amanhã! tente não esfaquear o velho com seus pauzinhos ♥

~•~

"Você tem um encontro ou algo assim?"

Klaus se virou para o sofá enquanto ajeitava o paletó nos ombros. Laurent olhava para ele com os olhos mal abertos de onde ele estava deitado, um travesseiro apoiado sob sua cabeça e o gatinho enrolado em seu peito.

"Quem dera," Klaus murmurou. "Não. Jantar de negócios."

"Entendo."

"Eu provavelmente vou chegar atrasado."

"Não estava planejando esperar por você."

"Você não é encantador?" Klaus abotoou  a jaqueta na barriga e suspirou. "Tenho que me encontrar com um velho que lidera uma gangue. Você sabe o que isso significa?"

Laurent encolheu os ombros e fechou os olhos. "Comida grátis?"

"Significa que o filho da puta provavelmente vai cuspir orgulho quando falar," Klaus respondeu. "Idosos que lideram gangues poderosas têm mais orgulho do que gordura em suas bundas."

"Você parece tão amargo quanto aqueles velhos."

Klaus revirou os olhos e decidiu deixar esse comentário passar só porque tinha questões mais importantes com que se preocupar.

Johnny não ficou feliz quando Klaus disse a ele que ele tinha que encontrar Santiago sozinho e, o mais importante, sem armas.

"Eu vou me encontrar sozinho, foda-se, certo, ok, mas sem armas?" Johnny zombou do telefone. "É melhor cortar seu pau fora com suas próprias mãos e apenas colocá-lo em uma caixa chique e dar para o velho."

Klaus se virou para Laurent para dizer a ele para não deixar o maldito gato entrar em seu quarto (de novo), mas ele ficou quieto por um segundo assim que deu uma boa olhada no vampiro.

"Você está se sentindo bem?"

Laurent abriu os olhos e suspirou, seu peito subindo e descendo. "Poderia estar melhor. Só não estou em boa forma." Ele fechou os olhos novamente. "Estou muito cansado."

Klaus ficou parado um pouco mais antes de sair em direção ao elevador.

"Não se mate, chérie." Foi a última coisa que ele ouviu antes que as portas do elevador se fechassem e ele estivesse sozinho.

 

~•~



Aquele era um dos bairros mais antigos da cidade e, até hoje, permanecia neutro. Era grandioso de uma forma que sempre irritou Klaus, cheirando a luxo forçado e riqueza, cada prédio mais alto do que deveria ser, ruas chiques e lojas caras, hotéis que tentavam imitar as construções de Las Vegas mas nada parecido com os originais.

Klaus parou o carro em frente à entrada do restaurante, um grande jardim com duas fontes de mármore de cada lado do espaço aberto, plantas exuberantes colocadas em vasos de porcelana chinesa de verdade.

Klaus saiu do carro, deixando o motor ligado e contornando-o. O manobrista já estava sorrindo e se curvando para ele.

"Sr.Burzynski, é uma honra tê-lo aqui."

Klaus arqueou uma sobrancelha. "É mesmo?"

"Claro, senhor. Posso estacionar o seu carro?"

Klaus deu as chaves ao jovem. "Nem um arranhão."

"Claro, senhor. Sr.Ricci está esperando por você lá dentro, mesa de centro."

Klaus balançou a cabeça e se afastou, caminhando pelo jardim e até a entrada. Ele respirou fundo e então abriu a porta, seu nariz imediatamente atingido pelo cheiro de comida chinesa, óleo de gergelim e carne grelhada.

Ele olhou em volta, o restaurante cheirando a ricos falsos, mas as pessoas lá dentro deviam ter dinheiro de verdade, ninguém entraria naquele lugar sem dinheiro de verdade do lado deles.

Ele avistou Santiago Ricci facilmente.

Homens com poder real são fáceis de reconhecer, seus ombros são sempre muito retos e eles usam seu orgulho como um terno feito sob medida. Klaus caminhou até a mesa e se senta na cadeira livre em frente a Santiago.

"Burzynski," o homem começou, sorrindo. "Finalmente nos encontramos."

"É engraçado que não nos tenhamos conhecido antes, considerando as circunstâncias." Klaus abriu o botão de seu blazer. "Mas sim, finalmente."

Santiago vestia bem a sua idade, um corpo treinado e olhos espertos, brilhando nas luzes fracas do restaurante. Seu cabelo era grisalho e, com cada movimento sutil de seus músculos, as rugas em seu rosto se aprofundavam.As abotoaduras que ele usava eram de ouro de verdade, pegajosas de um jeito que quase fez Klaus fazer uma careta, mas ele pareceu não notar.

"Este é um lugar legal", disse Klaus.

"Obrigado, estou feliz que você gostou."

"Ah, é seu?" Klaus fingiu surpresa. Santiago provavelmente sabia disso, mas pareceu satisfeito mesmo assim.

"Sim, comprei há alguns anos. Foi um bom investimento."

"Aposto que sim, este distrito está florescendo." Klaus olhou em volta. "Espero que a comida seja tão boa quanto o lugar."

"Contratei os melhores chefs, você vai gostar da comida. Eu pedi para você também, espero que não se importe. Só os melhores pratos."

"Eu não me importo." Klaus viu que o copo à sua frente já foi enchido com um vinho tinto. "Não sou um grande fã de vinho."

A boca de Santiago se contorceu. "Oh, é mesmo? Posso pedir outra coisa."

"Baijiu. Faz anos que não bebo."

Santiago balançou a cabeça e estalou os dedos. Depois de alguns segundos, uma garçonete se aproximou da mesa.

"Baijiu para nosso convidado, querida."

Ela sorriu e acenou com a cabeça. "Claro, senhor, eu já volto. Sua comida deve estar aqui logo também."

"Boa." Santiago esperou a garota ir embora, então ele se virou para Klaus. "Ouvi dizer que os negócios estão indo bem para você, Burzynski."

Klaus encolheu os ombros. "É o mesmo de sempre."

"Seus distritos estão prosperando, eu sei que sim. Todos os seus clubes estão."

"Eu sei o que as pessoas gostam."

"Sim, você sabe."

"Mas ouvi dizer que seu negócio está indo tão bem, Ricci." Klaus viu a garota de antes voltar para a mesa carregando uma garrafa de Baijiu. Ela sorriu para ele enquanto despejava um pouco da bebida em um copo menor, depois deixou a garrafa na mesa e se afastou mais uma vez. "Os russos ainda estão beijando sua bunda?"

Santiago soltou uma risada, olhos desaparecendo enquanto ele fazia isso, rugas profundas cortando sua pele.

"Ah, sim. Sim, eles ainda são." Ele parou e se recostou na cadeira. "Sabe, Burzynski, eu sempre admirei você."

Klaus ergueu uma sobrancelha. Ele percebeu agora que estava com fome e, porra, estava com fome de bolinhos. "Por quê?"

"Você é tão jovem. Um homem muito jovem."

"Não tão jovem."

"Você fez trinta quando? Alguns meses atrás?" Santiago acena com a cabeça. "Uma idade jovem e ainda tantas coisas realizadas."

"Não sabia que você estava me vigiando."

"Eu não preciso. O dinheiro fala, Burzynski. E você é feito de dinheiro." O homem bateu um dedo na mesa. "Príncipe Klaus. Que nome adequado. Você já fez mais do que seu pai jamais sonhou."

Klaus deu um gole no Baijiu. Ele sibilou quando o líquido claro desceu por sua garganta, queimando quente como ele se lembrava. Abaixou o copo sobre a mesa e olhou para Santiago.

"Se quisermos que este jantar permaneça civilizado, sugiro manter meu pai fora de sua boca."

O sorriso de Santiago apenas se alargou, quase de uma forma presunçosa. Ele provavelmente sabia que falar sobre seu pai teria tocado em um ponto sensível e é por isso que ele fez isso.

Cobra feia do caralho.

"Me desculpe."

Dois garçons apareceram na mesa e Klaus se inclinou para trás e os deixou colocar os pratos na mesa. Não havia bolinhos, mas uma grande porção de Chow mein foi colocada na frente de Klaus, o macarrão ainda na chapa quente. Havia duas tigelas de sopa quente, um prato de Shaobing e uma porção de Xièfěn shīzi tóu também.

"Traga a carne mais tarde", disse Santiago aos garçons, que apenas acenaram com a cabeça e se afastaram rapidamente. Eles provavelmente queriam ficar o mais longe possível dessa mesa,e Klaus não podia culpá-los.

Percebeu então que o ambiente mudou, estava mais silencioso agora no restaurante, e sabia que se olhasse em volta encontraria os clientes olhando para ele, dando uma espiada.

"Por favor, coma." Santiago apontou para a comida.

Klaus esperou que o homem tomasse sua primeira porção; ele pegou a sopa, então Klaus se contentou com o macarrão frito na frente dele. Pegou seus pauzinhos e levou a comida à boca. Ele tentou saboreá-lo de fato, pois o sabor era delicioso, o macarrão coberto com molho por igual e os vegetais derretiam na boca. Seria um desperdício não aproveitar o jantar, independentemente da companhia.

“Você não estava mentindo sobre seus chefs, eles são bons”, disse Klaus depois de engolir sua primeira mordida na comida.

"Estou feliz que você pense assim." O homem levou uma colher de sopa à boca, engoliu e então pegou seu copo e bebeu um gole de vinho tinto. "Você e eu, nós dois somos homens de negócios, não somos?"

Klaus zombou. "Essa é uma maneira de nos ligar, sim."

"Reconhecemos um bom lucro e somos rápidos em agarrar uma chance assim que ela nos é apresentada." Santiago sorri. "Suli Kang, pelo menos, diz que você é assim."

"Ela tem uma opinião muito alta sobre mim."

"Tenho certeza de que ela pensa certo. Afinal, ela te conhece bem." Santiago lambeu os lábios. "Vou ser sincero, Burzynski, se não fosse por ela, acho que não teria concordado com esta reunião."

Klaus colocou mais macarrão na boca e mastigou lentamente. "Bem, se você não tivesse concordado em me encontrar imediatamente, eu teria feito você concordar. E se ainda não funcionasse, ainda teríamos nos conhecido."

Santiago riu. "Oh, é mesmo? Por quê? Porque é o destino nos encontrarmos?"

"Não." Klaus balançou a cabeça. "Porque eu mesmo teria feito questão de colocá-lo em um caixão se não tivesse outra escolha."

O sorriso de Santiago desapareceu lentamente, seu olhar ficando escuro em questão de segundos. O homem inclinou a cabeça para o lado e assentiu. "Eu entendo que o tempo para brincadeiras acabou."

"Você entendeu direito," Klaus disse antes de colocar os pauzinhos na mesa. "Precisamos conversar, não é?"

Santiago assentiu, guardando os talheres também e apoiando os cotovelos na mesa. "Eu acredito que sim."

Um longo silêncio se seguiu, os olhos de Santiago não deixando os seus por um momento, Klaus se perguntou quem falaria primeiro. Ele não deveria, deveria esperar. Quanto mais informações obtivesse, melhor lidaria com o resto da conversa. E se ele conhecia homens como Santiago, então também sabia que seu orgulho não o deixaria ficar quieto por muito mais tempo.

De repente, Santiago se endireitou. "Sabe, Burzynski, os escorpiões são criaturas incríveis."

Ah, sim, aí está ele. Ele não conseguia manter a boca fechada por mais de um minuto.

"Eles sobreviveram na Terra por milhões de anos, adaptando-se a todos os tipos de ambientes. Fortes e venenosos. Um bando de animais famintos como a minha família." Santiago acenou para si mesmo, seu dedo indicador traçando a linha de sua taça de vinho. "A Cardinal Company é a gangue mais velha viva nessa cidade. Você sabia disso?"

Klaus suspirou e então decidiu comer um pouco mais. Ele colocou mais macarrão na boca, o prato já quase vazio. "Fui informado, sim."

"Por que você acha que ainda estamos vivos e tão poderosos?"

"Acho que é porque você tem uma boa cabeça."

"Sim. Mas não é só isso. Meus homens, eles são fortes. Homens de honra. Estou orgulhoso deles, cada um deles."

Klaus limpou seu prato do último macarrão e então se acomodou em sua cadeira, seu pulso na mesa.

"Eles são homens fortes." Os olhos de Santiago se estreitaram e as próximas palavras foram ditas de uma forma que lembra um chiado. "É a porra da primeira vez que um dos meus homens é morto por um garoto de programa imundo."

A mão de Klaus se contorceu na mesa, uma faísca de raiva percorrendo seu corpo, mas ele manteve seu rosto neutro.

"Então, deixe-me dizer que talvez seus homens precisem de mais treinamento."

"Você acha que isso é uma piada?"

"Oh, Ricci, confie em mim. Eu levo esse assunto muito a sério."

"Eu sei que o desgraçado está sob sua proteção, ou algo assim." Santiago lambeu os lábios. "Você me desonrou, Burzynski."

É claro que ele puxaria este cartão, o desgraçado. Parecia uma velha máfia, mas também agia como uma.

"E o que devo fazer para fazer a correção?" Klaus perguntou, pegando seu copo de Baijiu e bebendo de uma vez. Sabia que iria precisar do álcool.

"Eu quero o prostituto."

"Não," Klaus respondeu. "Não, você não o terá."

Santiago apertou a mandíbula. "Ele matou um dos meus homens."

"Por que ele estava lá, Ricci?" Klaus perguntou. "Mh? Por que o seu homem invadiu a casa dele?"

Santiago zombou,bebendo a maior parte do vinho que tinha em sua taça e então torceu os lábios em um sorriso feio. "Eu não te devo explicações."

"Você queria as coordenadas." Klaus pressionou os lábios. "Eu quero saber porque."

"Não importa o porquê."

"O que ele roubou de você?"

Todo o corpo de Santiago ficou tenso, apenas por um momento. O segundo mais breve. Mas Klaus viu isso.

"Foi dinheiro? Ou talvez alguma de suas armas preciosas?"

Santiago respirou fundo. "Isso não é da porra da sua conta, Burzynski."

"Oh, mas é. Porque o seu precioso homem não apenas feriu um dos meus, mas tentou estuprá-lo. É isso que seus homens de honra são? Estupradores?"

O velho riu, algo irritantemente falso e alto, o suficiente para atrair a atenção dos clientes próximos.

"Oh, por favor. Desça do seu cavalinho, Burzynski, não somos santos", disse ele, sorrindo de orelha a orelha. "Nós pegamos o que queremos, quando queremos, como queremos. Isso é o que eu ensinei aos meus homens e é assim que eles vivem. O mesmo vale para você."

Klaus revirou os olhos. "Nah, temo que não seja o caso. Não encontro prazer em humilhar alguém que é mais fraco do que eu. Não encontro prazer em arrancar a dignidade de alguém. Porque eu não sou um monte de merda."

Os lábios de Santiago se contrairam, seus dedos se fechando ao redor da taça de vinho.

"Burzynski." ele começou. "Se você continuar se mantendo assim, temo que não chegaremos a uma solução fácil."

Klaus só pôde arquear uma sobrancelha para isso, genuinamente surpreso com a maneira como esse homem pensava.

Velhos. Tão fodidamente cheio de orgulho.

"Não estou aqui para encontrar uma solução", respondeu Klaus. "Estou aqui para lhe dizer como as coisas vão correr."

Santiago estalou a língua, irritação pintando-se em suas feições. "Seu filho da puta insolente-"

"Insultar-me não vai te levar a lugar nenhum, apenas sente e me escute. É assim que as coisas vão, você manterá seus homens longe de mim e do meu pessoal, você fará seus negócios em seu setor como sempre, fique na porra da sua pista e é isso. O vampiro fica fora disso e da próxima vez que eu encontrar um de seus brinquedos com as mãos em um dos meus, então vou me certificar de cortar seus dedos de suas mãos e dar para os cachorros comerem. " Klaus pegou a garrafa de Baijiu e encheu seu copo novamente. "E é isso."

Os garçons voltaram. Um começou a pegar os pratos vazios e a comida que foi deixada intacta da mesa enquanto o outro começou a servir porções de carne para eles. Klaus olhou para o frango com amêndoa por um momento, mas percebeu que seu apetite foi estragado.

"Quem exatamente você pensa que é, Burzynski?" Santiago perguntou quando os garçons foram embora, sua voz não estava tremendo, mas Klaus pôde reconhecer uma ponta de nervosismo nela. "Quem é você para me dizer o que devo fazer?"

Klaus encolheu os ombros. "Eu sou o dono desta maldita cidade. Quem diabos é você?"

"Como você ousa-"

"Quem diabos é você, sério? Eu nunca ouvi a porra do seu nome até que um dos seus homens tentou estuprar um protegido meu, então quem é você? Apenas um velho que seus próprios homens preciosos querem matar só para se livrar dele."

Os olhos de Santiago se arregalaram, seu rosto corando violentamente sob as luzes fracas.

Klaus sorriu afetadamente. "Oh, sim, eu sei tudo. É porque você está velho? Seus homens estão tentando fazer você se juntar aos seus parentes sob a terra para que outra pessoa possa assumir o controle. Isso é muito triste, Ricci."

Santiago bateu com o punho na mesa, os pratos e copos tilintando com a vibração severa, alguns suspiros atordoados dos outros clientes chegando aos ouvidos de Klaus.

"Você não passa de uma criança." Santiago sibilou. "Uma criança que gosta de brincar de Deus."

Klaus se inclinou para frente. "Ricci, em vez de fazer uma cena, tente abrir seus ouvidos por um momento, hein?" Klaus esperou alguns segundos, só para ver se Santiago ter coragem de abrir a boca novamente, mas ficou quieto. Orgulho.

“Eu sou a porra do seu rei,” Klaus disse, seu punho agora tremendo em seu colo, adrenalina e nojo o enchendo. "E você vai se curvar e beijar meus pés antes que eu deixe você chegar perto de um de meus amigos novamente."

"Você acha que as pessoas não sabem, Burzynski?Que você está protegendo uma maldita prostituta? Vozes viajam rápido, a cidade fala. As famílias e gangues sabem que Klaus Burzynski encontrou um novo buraco molhado para usar quando estiver entediado."

"Lave a porra da boca quando você falar comigo, filho da puta." Klaus sibilou. "Eu não dou a mínima para o que a cidade diz, ainda sou eu que tenho esta cidade nas mãos. E eu acabei de dizer, você vai deixar ele e meus homens fora disso. Estamos perseguindo o mesmo inimigo, Ricci."

"Eu não me importo." Santiago balançou a cabeça. "Deixe-me dizer uma coisa, Burzynski."

Klaus suspirou.

"Não importa a altura do trono", murmurou Santiago, cuspindo as palavras como se fossem venenosas. "Você ainda pode cair."

Oh, então é nisso que tudo se resume.

Poder.

Claro.

Klaus concordou. "Sabe, Ricci, para falar sobre o trono, a pessoa deveria ter se sentado nele pelo menos uma vez."

A mandíbula de Santiago se apertou com tanta força que Klaus se perguntou se dói, seus dentes deveriam estar rangendo com força.

"Acredito que, no fim, chegamos a uma solução, não é?" Klaus se levantou. "Obrigado pela refeição, cumprimente os chefs por mim, estava delicioso. Vejo você se for preciso, Ricci, boa sorte com seus homens leais."

Klaus se curvou para o homem, então se virou para sair.

"Burzynski, uma última coisa."

Klaus deu um suspiro, mas ainda se virou para a mesa.

Santiago estava olhando para ele com um sorriso presunçoso, olhos arregalados e brilhantes de raiva, punhos cerrados sobre a mesa.

"Você pode governar esta cidade, não me importa", disse ele, falando tão rápido que a saliva acabou na fina toalha de mesa. "Mas acredite em mim quando digo isto: vou encontrar aquele garoto de programa e fazer com que cada um dos meus homens se divirta com ele, depois o mandarei de volta para você ainda coberto de porra."

Klaus se moveu antes mesmo de pensar no que estava fazendo.

Ele agarrou a mesa e a virou, seus músculos doendo por um segundo, os pratos pesados ​​e as travessas caindo no chão, seguidos pelos copos e uma garrafa de Baijiu. Santiago permaneceu imóvel, atordoado, e Klaus não esperou para plantar seu pé em um chute forte contra o peito do homem. Santiago agitou os braços, tentando manter o equilíbrio, mas a cadeira já estava tombando para trás e logo ele caiu de costas com um baque surdo. Klaus pôde ouvir gritos de choque ao seu redor, mas ele os ignorou, muito ocupado ouvindo o rugido selvagem de seu próprio sangue em seus ouvidos, seu coração martelando em sua caixa torácica.

Klaus viu Santiago tentar rolar para o lado, gemendo enquanto se mexia, mas ele foi mais rápido. Fechou a distância entre eles e plantou a sola do sapato na garganta do homem. Santiago fez um barulho estrangulado e agarrou seu tornozelo, mas Klaus pressionou seu pé com mais força.

"Escute, seu velho patético," Klaus rosnou, ignorando o chiado que saia da garganta de Santiago. "No momento em que você colocar um dos seus malditos dedos nele, será o momento em que vou matá-lo. E não apenas você, mas cada um de seus insetos, sua família. Sua esposa? Vou matá-la,porra, seus filhos também e qualquer um ligado a você. A porra de um massacre, entendeu? Vou jogar sua própria porra de jogo por suas próprias regras e vou carregar o sangue dela em minhas mãos."

"Você-" Santiago tentou falar, Klaus pressionou com mais força, ouvindo movimento ao seu redor, mas ninguém tentou impedi-lo, eles não ousariam.

"Você brinca com o poder e eu entendo, eu realmente faço. Mas você não terá poder sobre ele, não terá poder sobre meu pessoal e certamente não terá poder sobre mim." Klaus se inclinou, seu próprio peso pesando na garganta do homem, cortando seu oxigênio. "Vou queimar tudo que você construiu, arrancar de você o seu orgulho ridículo. E farei tudo isso sentado naquele trono que você nunca verá."

Klaus pressionou uma última vez antes de puxar o pé para trás e Santiago começar a tossir violentamente enquanto finalmente inalava o ar, virando-se de lado e depois de joelhos, seu corpo tremendo, o suor escorrendo pelo rosto.

Klaus respira fundo, arrumou sua jaqueta e então se virou para os garçons aterrorizados que estavam olhando para a cena, congelados no local.

"Sinto muito pela bagunça", disse Klaus, tirando a carteira do bolso da calça. Rapidamente ele pegou algumas notas e as colocou com cuidado na bandeja que um dos garçons estava segurando. "Isso deve ser suficiente para cobrir o jantar e o que eu quebrei. Meus cumprimentos aos chefs, a comida estava maravilhosa, deixe uma mesa livre para mim? Eu posso voltar."

Klaus não esperou por uma resposta, ele sabia que não iria receber nenhuma, não quando o cara parecia que ia se urinar ou desmaiar.

Então Klaus simplesmente deu meia-volta e saiu, com as mãos trêmulas escondidas nos bolsos da calça. Ignorou cada ameaça que saiu dos lábios de Santiago, mas não iria esquecer. Oh não, iria manter isso na cabeça para a próxima vez que eles se encontrassem.

~•~

Quando Klaus estacionou o carro na garagem e desligou o motor, ele não saiu por alguns minutos. Ficou parado, sentado no pequeno espaço, as mãos ainda no volante, segurando a coisa como se ela fosse escorregar de suas mãos se ele afrouxasse o aperto por um segundo.

O que ele acabou de fazer foi imprudente e totalmente estúpido.

Porra, Ryland iria dar uma bronca nele, esse é o tipo de merda que começa guerras de verdade entre famílias e gangues, Deus sabe que eles já têm o suficiente como estão. Mas o que ele deveria fazer? Ficar quieto e apenas pegar? Não, foda-se, Klaus não vivia assim e certamente não iria começar a fazer isso agora. Ele não se curvava mais a ninguém, não levava insultos na cara como elogios. Não mais, não depois do pai, ele estava acima disso.

Ele foi confrontado com a humilhação e reagiu da única maneira que pôde.

Mas não é isso. Isso é uma desculpa e ele sabia disso.

Klaus suspirou e finalmente soltou o volante, caindo de volta no assento, com os olhos fechados. Era uma boa desculpa, iria se dar isso. Laurent agora fazia parte de sua família, ele é alguém que estava sob sua proteção e que guardava informações preciosas. Um insulto a ele é um insulto ao próprio Klaus, uma ameaça a Laurent é uma ameaça a toda a família.

Então, sim, é uma boa desculpa e uma desculpa que ele continuaria usando quando fosse confrontado com as consequências das ações desta noite. Mas isso é tudo, uma desculpa. E uma mentira.

"Porra." Klaus respirou fundo, então decidia que este poderia ser um bom momento para se recompor e parar de se esconder em seu maldito carro.

Soltou o cinto de segurança e saiu rapidamente do Lexus. Mexeu com o código e a chave de seu elevador enquanto organizava seus pensamentos. Sabia que realmente não podia contar a Laurent o que acabou de acontecer, isso só iria colocar mais estresse no garoto e quanto menos ele pensasse no que aconteceu com ele em sua própria casa, melhor.

O elevador parou e as portas se abriram, Klaus entrou em sua casa e se livrou de sua jaqueta, deixando-a cair no chão sem se importar. Ele desabotoou os primeiros botões da camisa preta, arregaçou as mangas e esperava poder tirar a roupa assim que entrasse no quarto. Em vez disso, ele parou quando estava no corredor principal e encontrou Laurent ainda no sofá.

"Você ainda está aqui?" Klaus perguntou, mas não obteve resposta.

Laurent se enrolou em si mesmo, um travesseiro pressionado com força contra seu peito e olhos fechados, lábios pressionados com tanta força que ficaram brancos. Klaus franziu a testa e se aproximou,se ajoelhando na frente do sofá e inclinando a cabeça para o lado, tentando olhar para ele melhor.

"Laurent? Você está bem?"

Houve um pequeno silêncio após a pergunta, Laurent puxou uma respiração instável. "'Estou bem."

Klaus podia dizer que era mentira apenas pelo som de sua voz, quase um sussurro e seu corpo inteiro estava tenso como a corda de um violino.

"Você não me parece bem," Klaus murmurou, levantando a mão e a colocando no ombro de Laurent. A vampiro estremeceu, um som chocado deixando seus lábios e Klaus quase se encolheu ao ver o quão fria a pele de Laurent estava, quase como um cadáver, mesmo sob o tecido da camiseta que ele estava vestindo.

"Merda. Laurent, você está mal," Klaus murmurou,movendo sua mão para a testa de Laurent, sua própria pele estremecendo com o contato. Laurent apenas fez outro pequeno som, abraçando o travesseiro com mais força. "O que você precisa, mh? Eu posso fazer alguma coisa, ou chamar alg-"

"Não chame ninguém," Laurent respirou fundo.

Klaus suspirou e passou a mão pelo cabelo ruivo de Laurent, seu polegar desenhando círculos em sua têmpora. Laurent gemeu, inclinando-se para mais perto do toque, os olhos ainda fechados e suas feições tensas, a pele mais pálida do que deveria estar — ele realmente estava parecendo um cadáver.

"Você está mal pra caralho", disse Klaus. "Você parece...como se estivesse com dor. Apenas me diga o que posso fazer."

Laurent suspirou, puxando suas pernas ainda mais perto de seu peito, tornando-se pequeno no sofá. "Apenas sente-se aqui."

Klaus franziu a testa, mas Laurent deu um tapinha no espaço livre do sofá acima de sua cabeça. Klaus ficou parado por um momento antes de se levantar e se sentar no sofá.

"Você se alimentou do sangue na geladeira?" ele perguntou, Laurent balançou a cabeça. "Você deveria comer, porra."

"O sangue na geladeira é o problema", murmurou Laurent. "Você cheira estranho."

Klaus piscou, surpreso com suas palavras. "Esquisito."

"Mmh." Lentamente, Laurent se levantou sobre os cotovelos e se arrastou para mais perto de Klaus. No final, ele simplesmente se deitou de lado novamente, sua cabeça agora apoiada na coxa de Klaus.

Klaus permanece congelado e olhou para Laurent, a vampiro mantendo os olhos fechados, mas suas feições suavizaram-se, os lábios se abrindo ligeiramente. Ele pareceu mais relaxado, quase como se o contato físico o ajudasse a se acalmar, apenas uma leve carranca em sua testa.

Klaus o deixou fazer isso, mesmo que enviasse algum tipo de alerta em sua cabeça. Mas ainda assim, ele o permitiu.

"Você cheira a-" Laurent rolou em seu estômago, sua bochecha pressionada contra a coxa de Klaus. "Como se você estivesse realmente bravo."

Klaus sentiu tudo de novo, tão forte quanto antes, a onda cegante de adrenalina e raiva que experimentou no restaurante. Ele engoliu seco, concentrando-se na presença de Laurent.

"Você pode sentir o cheiro disso?"

"Eu posso sentir o cheiro de muitas coisas," Laurent gemeu. "Porra."

"O que?" Klaus tentou ver melhor o rosto dele e encontrou a mesma tensão de antes. "Merda, o que há de errado com você?"

"Não é nada."

"Não é nada, claramente." Klaus suspirou. Ele então, lentamente, deixou seus dedos afundarem no cabelo de Laurent, as pontas de seus dedos massageando o couro cabeludo.

Todo o corpo de Laurent pareceu relaxar novamente com a atenção, uma respiração lenta deixando seus pulmões. Talvez ele realmente precisasse de contato físico, algum tipo de cuidado.

"Como da última vez." Laurent sussurrou, Klaus franziu a testa.

"Como o quê?"

"Faça como da última vez."

"Da última vez? Do que você está falando?"

Laurent murmurou algo baixinho, quase como se estivesse irritado. Klaus respirou fundo, sentindo uma espécie de impaciência queimando sob sua pele.

"Laurent, use suas palavras, como da última vez o quê?"

“Me chame assim de novo,” Laurent disse no final. "Como da última vez."

Oh.

A mão de Klaus se contorceu, ele parou de acariciar o cabelo de Laurent. Sabia o que ele estava pedindo.

Klaus engoliu em seco e, naquele momento, estava dolorosamente ciente do que isso pode significar. Ainda assim, seus lábios se abriram para falar.

"Słoneczko…"

A respiração de Laurent ficou presa na garganta, um arrepio percorrendo seu corpo visivelmente. A mão de Laurent se afastou do travesseiro, viajando lentamente até que repousou na coxa de Klaus, apertando a carne.

"Laurent", disse Klaus, mantendo a voz o tom firme mesmo sentindo algo se aquecendo em seu sistema. "O que você está fazendo?"

Laurent gemeu, virando a cabeça para poder olhar Klaus nos olhos e, talvez, isso fosse ainda pior. Havia algo em seus olhos que queimava e Klaus só podia chamar de fome. Laurent engoliu e sua mão apertou em torno de sua coxa.

"Chérie—"

"Não."

"Por favor."

"Laurent." Klaus respirou fundo. "Não."

"Eu estou-" Laurent suspirou, se aninhando em sua coxa, a mão de Klaus fechando em punho. "Estou com tanta fome, mon chérie."

Não.

Klaus queria dizer isso de novo, queria dizer não. Mas entre querer dizer algo e o que realmente queria, sua boca ficou fechada. Porque era inútil mentir para si mesmo, ele sabia o que queria. Klaus sabia mais do que gostaria de admitir.

Laurent considera seu silêncio um convite. Ele ficou de joelhos e subiu no colo de Klaus, com as pernas de cada lado das dele, olhos tão escuros que Klaus teve dificuldade para olhar para ele e ainda assim não conseguia desviar o olhar.

"Por favor?" Laurent tentou novamente, sua voz fina e Klaus pôde senti-lo tremer como se ele mal se contivesse. "Eu estou tão- eu não posso mais fazer isso."

Klaus respirava pela boca,tentando evitar o olhar de Laurent, que ele sabia que o fariam desmoronar. 

“Eu sei que você quer,” Laurent então disse. "Não vou morder onde eles podem ver, eu prometo."

"Você-"

"Você vai gostar, eu prometo, assim como você queria na cozinha." Laurent se inclinou para mais perto, sua boca apenas tímida da de Klaus por um fio de ar. "Você queria me foder, eu podia sentir o cheiro."

"Você não quer isso", Foi o que Klaus disse.

Lisbeth disse a ele. Ela disse a ele como vampiros são quando morrem de fome, eles fariam qualquer coisa. Eles implorariam por isso, aceitariam como é dado a eles.

"Você não sabe o que eu quero," Laurent respondeu, quase uma inclinação petulante em sua voz, parecendo que ele iria ter um acesso de raiva. "Eu também queria daquela vez. Sei que você sabe."

"Isso não é-"

"Eu queria no restaurante também." Os olhos de Laurent se moveram ao longo do rosto de Klaus, observando cada reação enquanto suas mãos se movem para o peito de Klaus, segurando a seda preta. "Eu quero provar você há tanto tempo."

"Eu-" Klaus engoliu. "Eu não vou ser um de seus clientes."

Com isso, Laurent piscou. Havia uma clareza agora em seus olhos enquanto olhava para Klaus, a realização aparecendo em suas feições.

Laurent se inclina então, seus lábios se arrastando ao longo da mandíbula de Klaus e ele suspirou, respirando profundamente.

"Você não seria," ele disse, sua respiração interrompendo a pele de Klaus. "Você não é um cliente."

E, por alguma razão fodida, é o suficiente.

Klaus fechou os olhos, respirando pelo nariz, flores enchendo seus pulmões.

"Então pegue o que você precisa."

Laurent suspirou, talvez de alívio, então ele empurrou seus quadris para baixo e se esfregou em seu colo. Houve um som quebrado que saiu de seus lábios, algo que fez Klaus conter um xingamento.

Klaus pôde sentir o arrasto do pau de Laurent em sua coxa, os estremecimentos que percorrem o corpo do ruivo, o cheiro de sua excitação. Mas seus movimentos eram instáveis, fracos, como se ele não tivesse força nele. Ele estava se esforçando tanto para perseguir seu prazer, para obter mais atrito, pressionando com mais força e administrando apenas movimentos trêmulos.

"Mon chérie," Laurent lamenta, aninhando-se no pescoço de Klaus. " Eu-"

Klaus amaldiçoou e agarrou o quadril de Laurent com força, um gemido baixo quebrando em seu pescoço e então Klaus começou a guiar os movimentos de Laurent. Sabia que estava duro também agora, sua ereção lutando contra as calças que estava vestindo, sua cabeça tonta com o toque Laurent.

"É bom-" Laurent gemeu, enterrando o rosto na curva do pescoço de Klaus, seguindo o empurrão da mão de Klaus com seus quadris. "É uma sensação boa."

Laurent abriu os olhos, olhou para a pele exposta do pescoço e ombro de Klaus, bem ali na frente dele e, antes que ele pudesse se conter, ele se inclinou e abriu a boca, pressionando os lábios na junção, suas presas cravando suavemente na pele do ombro. Os quadris de Klaus vacilaram, ele gemeu com necessidade e lindamente e expôs mais o pescoço, deixando tudo para Laurent. Havia algo viciante na disposição Klaus, apenas deixá-lo tocar e conseguir o que deseja. Como uma troca de poder.

"Você cheira tão bem," Klaus gemeu, as mãos enrolando nos cachos de Laurent. "Merda Laurent, você é—."

"Não adianta tentar esconder, hein?" Laurent respondeu, lambendo o sangue que saia da mordida e pressionando Klaus contra sua virilha, sentindo o pau do loiro se contorcer sob as calças que ele estava vestindo. "Consigo cheirar você Klaus."

Como podia uma criatura de tanta beleza e ao mesmo tempo inspirar tanta...o que era? Repulsa? Não, ele nunca sentiria repulsa com Laurent, tinha que admitir. O que sentia era um desejo intenso e desesperado.

Laurent gemeu, seus movimentos mais rápidos agora enquanto sugava o sangue que saia do ombro de Klaus. Klaus move suas mãos para baixo ainda guiando seus movimentos e os lábios de Laurent pressionaram mais seu pescoço, sua língua lambendo sua pele e o sangue que escorria do ferimento aberto pela mordida.

"Porra," Klaus move sua mão para cima no quadril de Laurent e depois para baixo, passando pelo cós do short e entre as nádegas dele. Laurent percebeu isso, gemendo e se pressiona mais perto dele.

"Você está tão molhado,Klaus", disse Laurent, uma mão sentindo a ereção de Klaus. "E você tem o gosto tão bom...vou te dar um presente por isso."

De olhos fechados, Klaus sentiu-se engasgando com um gemido, as mãos de Laurent puxando seu cabelo com força suficiente para picar enquanto o vampiro encostava o pulso em sua boca.

"Você é meu, Klaus, meu menino bonito."

Grandes choques elétricos percorreram o corpo de Klaus ao sentir o gosto de sangue. Por um instante pareceu que o ambiente ao seu redor estava cheio de sussurros enquanto ele se agarrava ao braço de Laurent, lambendo o sangue que mais parecia ser o mel mais doce que ele já tinha provado. Os lábios de Laurent continuavam em sua pele, tirando sua parte de um jeito que lhe enviava arrepios na espinha como o melhor prazer que já havia sentido. Era o suficiente para lhe deixar tonto.

"Eu vou gozar, eu vou-" Klaus respirou fundo, seu corpo tenso por um segundo, uma última tragada de seus quadris e ele estava derramando em suas calças. Laurent gemeu, seu corpo estremecendo e relaxado no de Klaus.

Laurent se afastou do pescoço de Klaus, suas coxas tremendo e puxou o braço para longe. Klaus olhou para ele e o encontrou corado, lábios brilhantes e olhos brilhando, positivamente destruído de uma forma que faz Klaus desejar mais.

"Klaus..." Laurent mordeu o lábio. "Você é—."

Klaus franziu a testa. "O que?"

"Delicioso." A mão de Laurent agarrou a camisa de Klaus novamente. "Quero mais."

As palavras lentamente conseguem passar pela névoa que pareceu envolver os sentidos de Klaus. Klaus respirou fundo. Havia outra súplica nos olhos de Laurent, uma que ele não conseguia dizer em voz alta. Klaus sabia que não precisava.

"Quer que eu te foda, Laurent?"

Os olhos de Laurent se fecharam, ele empurrando mais contra Klaus. "Preciso de você, menino bonito. Todo você."

"Precisa de mim," Klaus repetiu, levando seu tempo agora, olhando para ele. E não é uma surpresa, realmente, pensar que Laurent é bonito. Desde o primeiro momento que Klaus o viu, foi pura beleza e confiança e todas aquelas coisas pelas quais Klaus sempre teve uma queda.

Poder, de certa forma.

E esse poder ainda estava lá. Mesmo agora que Laurent estava tão vulnerável e precisava apenas se alimentar e conseguir o que queria, havia poder nele. Laurent sabia que era poderoso assim, que toda essa beleza era um poder. Ele sabia como usar.

Klaus sempre foi fraco em termos de confiança e poder.

 "Fique de quatro."

Houve um leve sorriso nos lábios sujos de sangue de Laurent enquanto ele descia do colo de Klaus. "É assim que você me quer, mon chérie?"

"Se não é assim que você quer, então-"

"Eu só quero você", disse Laurent. "Não importa como, eu já te disse; eu me alimento de você. Então faça como quiser e eu levo tudo."

Klaus não respondeu, ele apenas olhou para Laurent enquanto ele se virava no sofá e então se apoiava nos cotovelos, seus quadris para cima, as pernas abertas o máximo que pode.A respiração de Klaus ficou presa na garganta, alisando a palma da mão ao longo da pele de Laurent, sentindo a forma como ele arqueava suas costas ainda mais.

Algo sobre isso acendeu fogo no corpo de Klaus, o quanto Laurent precisava disso, uma necessidade crua da parte dele e uma necessidade crua de Klaus.

Ele agarrou o cós do short de Laurent e o puxou para baixo. Klaus empurrou seus dedos para dentro, arrastando ao longo das paredes de Laurent.

"Eu vou-" Laurent gemeu. "Eu vou gozar se- se você continuar fazendo isso."

"Sério?" Klaus perguntou, adicionando um terceiro dedo, sentindo Laurent apertar em torno deles.

"Chérie, por favor."

"Merda, seja paciente, eu não quero machucar você ou algo assim."

"Mas você não vai!" Laurent exclamou, de novo com aquela inclinação petulante em sua voz, seus quadris vacilando, ele querendo empurrar contra os dedos de Klaus, mas está se impedindo de fazer isso. "Você não vai, eu sou imortal, eu preciso muito disso, apenas faça! Eu não vou quebrar, me foda como você quiser."

Klaus engoliu, cruzando os dedos e viu os cotovelos de Laurent cederem, ele acabando com o peito pressionado contra o sofá, gemidos quebrados saindo de seus lábios.

"Não tenho certeza do quanto você gostaria do jeito que eu quero."

Laurent inclinou a cabeça, sua bochecha pressionada no sofá, olhos escuros. "Vou levar qualquer coisa."

Klaus sabia que ele falava sério. Ele iria aceitar qualquer coisa que Klaus desse a ele, de qualquer maneira. E isso o machucava mais do que ele esperava, mais do que ele poderia esperar. Laurent apenas pegaria, só porque ele precisava, por causa do que ele é.

Klaus engoliu e desfez as calças, mal puxando-as para baixo, apenas o suficiente para ter sua ereção em suas mãos. 

"Do jeito que eu quiser." Klaus agarrou a camisa de Laurent, agarrando o tecido e puxando-o e então se alinhou com ele.

Pôde ver a tensão no corpo de Laurent, impaciência e necessidade, Klaus pôde sentir o cheiro deles. Ele empurrou seu pênis além da borda de Laurent e então se enterrou dentro dele em um movimento severo, quadris batendo.

Klaus gemeu, suas pernas tremendo com a sensação opressora, o quão quente e apertado ele é, a sensação nublando seus sentidos por um momento, entorpecendo sua cabeça e apenas tornando seu próprio corpo mais consciente de como é bom. Ele quase perdeu o gemido chocado que Laurent fez antes de estremecer e gozar.

Klaus sibilou, Laurent se apertando em torno de seu pênis enquanto seu corpo tinha espasmos, mãos agarrando a almofada do sofá.

Ele estava respirando com dificuldade, o peito subindo e descendo, pequenos arrepios que fazendo seu corpo se contorcer e Klaus não conseguia nem falar por alguns segundos, imóvel enquanto estava enterrado profundamente dentro dele.

"Você gozou?"

Laurent não respondeu, gemendo baixinho, seus quadris se contraindo a cada respiração.

"Você acabou de gozar? Eu nem sequer toquei em você, você acabou de gozar?"

"Mon chérie," sussurrou Laurent. "Faça."

Klaus não tinha certeza se podia controlar seu corpo, puxou seus quadris para trás e então voltou para dentro. Estabeleceu um ritmo áspero, fodendo em Laurent rápido e forte, mal conseguindo conter seus gemidos, o punho que segurava a camisa de Laurent estava tão apertado ao redor do tecido que realmente doia, mas ele não conseguia parar.

Klaus tinha amantes, mais do que as pessoas imaginavam, ele tinha amantes que o deixavam tonto de prazer e satisfeito com suas necessidades. Mas nenhum deles era tão bom e nenhum deles fazia os sons que Laurent faz.

Laurent devia ser sensível, terrivelmente, mas o jeito que ele gritava de prazer era algo que adicionava fogo nas veias de Klaus. Ele estava completamente sem vergonha, confiante em ser barulhento e lindo pra caralho ao fazer isso.

"Sim-" Laurent choramingou enquanto Klaus continuava. "Você está- oh Deus, você está se saindo tão bem."

Klaus parou de se mover, seu peito arfando e Laurent começou a se contorcer, empurrando para trás, gemendo trêmulo.

"Não pare, por favor, por favor."

"Você pode- você pode sentir isso?" Klaus perguntou. "Você pode sentir como estou me sentindo?"

"Não é-" Laurent engoliu em seco, ainda tentando fazer Klaus se mover novamente, apertando em volta dele. "Não é assim, eu- é o seu cheiro e- e energia, eu sinto isso. Estou fazendo você se sentir bem, eu sei que estou, apenas- por favor, Klaus, continue."

Klaus se moveu, seus golpes lentos e profundos, Laurent gemendo alto, as costas arqueadas enquanto ele tentava conseguir mais.

"Você quer me fazer sentir bem, Laurent?" Klaus perguntou, cheio de adrenalina.

"Sim." Laurent expirou. "Quero fazer você se sentir bem, tão bem. Quero você gozar. Mas, por favor-"

"Por favor, o que?"

Laurent choramingou. "Mais forte."

Klaus praguejou baixinho, algo na voz de Laurent o fazendo explodir novamente. Ele soltou a camisa de Laurent e sua mão se moveu para seu cabelo novamente. Ele agarrou mechas vermelhas e puxou, Laurent levantando sua cabeça enquanto faz isso, choramingando entrecortadamente com a dor misturada com prazer e Klaus começou a fazer com ele mais rápido do que antes, forte o suficiente para doer.

"No meu pescoço." Laurent gemeu. "Mais um pouco para você."

Klaus se inclinou e  colocou sua boca no pescoço dele, chupando e lambendo a pele, sentindo o gosto doce do sangue de Laurent mais uma vez em sua boca saindo de um corte superficial que ele mesmo deve tê-lo feito. Parecia mágica, como se todos os seus sentidos se aguçassem ao mesmo tempo em uma explosão de sensações.

Era a melhor coisa do mundo.

Porém, sabia que não iria durar muito, não com o quão rápido estavam indo, mas não se importava apenas anseia por deixar ir, perseguir seu prazer como um homem faminto, se alimentar dos gemidos de Laurent e todas aquelas sensações .

"Você tem o gosto tão bom," Klaus sussurrou contra o pescoço de Laurent. "Lindo pra caralho."

Laurent empurrou para trás enquanto Klaus empurrava nele, quase como se nem isso fosse suficiente. O calor se acumulava na boca do estômago, quebrando o ritmo e transformando-o em algo mais frenético, desesperado.

"Vou gozar," Klaus sibilou.

"Por dentro," Laurent gemeu, sua mão se estendendo para trás e agarrando a camisa de Klaus. "Você precisa- gozar dentro, por favor."

Klaus puxou o cabelo de Laurent com mais força, sentindo um arrepio percorrer seu corpo enquanto ele ficava tenso e então ele gozou, mordendo o lábio inferior para manter os ruídos para si mesmo enquanto derramava dentro de Laurent.

Klaus abriu os olhos e encontrou Laurent tremendo e respirando com dificuldade. Klaus solta seu cabelo e a cabeça de Laurent caiu, a testa pressionada contra a almofada.

Cuidadosamente, Klaus se retirou, Laurent estremecendo, mas ele não disse nada, apenas caiu de bruços assim que suas pernas desistiram dele. Klaus engoliu seco, seu corpo ainda zumbindo de prazer. Ele dei um aperto no quadril de Laurent antes que rapidamente colocasse as calças novamente, fechando o botão e o zíper com os dedos desajeitados.

"Eu vou-" Klaus começou. "Vou pegar algo para limpar você."

Ele conseguiu se levantar, mas Laurent foi mais rápido. Klaus olhou para ele enquanto ele puxava seus shorts.

"Não há necessidade", murmurou Laurent. "Eu vou tomar um banho. Obrigado pelo sangue."

Klaus franziu a testa, Laurent lentamente se levantando sobre os joelhos e então saiu do sofá, as pernas tremendo sob seu peso.

"Você tem certeza que pode simplesmente andar? Deixe-me limpar-"

"Mon chérie," Laurent se virou para ele, o rosto agora corado e um pequeno sorriso nos lábios. "Seu trabalho está feito. Eu não preciso que você me mime. Estou bem agora."

Klaus piscou e descobriu que não tinha nada a dizer. Que ele gostaria de falar, mas simplesmente não haviam palavras que vinham à sua mente. Laurent estava lá, com as pernas fracas, com sua pele mais uma vez parecendo feita de ouro e é isso.

Ele percebeu, é isso.

Laurent conseguiu o que queria assim como Klaus. E isso é tudo que há para fazer.

"Obrigado, de verdade.", disse Laurent. "Eu irei agora."

Ele saiu assim, caminhando devagar, os pés descalços pisando no chão liso até subir as escadas e desaparecer da vista de Klaus.

Klaus ficou parado no sofá, sua respiração ainda áspera e irregular, sozinho. Havia perfume pairando no ar, o cheiro de suor e sexo enchendo a sala.

Laurent conseguiu o que queria e Klaus também.






Ficou acordado naquela noite, sozinho em seu quarto, as luzes apagadas. Devia estar perto do amanhecer agora, porque Klaus podia distinguir a silhueta de seu piano no canto da sala, uma luz fraca aparecendo pelas cortinas e caindo na superfície preta e lisa, batendo em algumas das teclas brancas.

Klaus olhou para ele e esperou, precisava saber se iria acontecer de novo.

Depois de alguns minutos, mesmo abafado, Klaus ouviu novamente: a dor de Laurent. E, novamente, ele não faz nada além de ouvir seus soluços e gritos abafados.

Não demorou muito para ele entender o que realmente aconteceu e o que continuava acontecendo.

Ele transou com Laurent e deu a ele seu sangue fresco, deu a ele o que ele precisava, pegou o que ele queria e então Laurent saiu e agora ele estava sozinho com sua dor. Laurent o tratou como qualquer outro cliente, mas, o que é pior, Laurent fez Klaus se comportar como qualquer outro cliente. Ele fez isso sem nem mesmo dizer a ele.

Klaus era apenas mais um cliente.


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