Deixe Os Sonhos Morrerem escrita por Skadi


Capítulo 11
Capítulo X




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Era 24 de dezembro, há três anos.

Klaus estava sentado no escritório de seu pai, um cigarro entre os dedos enquanto olhava para a vista da cidade, coberta por uma espessa camada de neve, manchas brancas ainda caindo das nuvens cinzentas, flutuando lentamente no ar fresco. Seu pai estava sentado na cadeira do lado oposto da mesa, um cigarro entre os lábios que ele não estava fumando de verdade, ele apenas o mantinha na boca e ocasionalmente batia nele sobre o cinzeiro.

Não era comum que seu pai ficasse quieto por tanto tempo. Ele pediu a Klaus para ir ao escritório o mais rápido possível e então simplesmente sentou-se e olhou para a parede com os olhos vazios.

Klaus conhecia seu pai. Por mais que essa ideia fizesse seu estômago revirar de desgosto, Klaus passara a vida aprendendo sobre seu pai, principalmente para evitar suas explosões, principalmente para manter Lisbeth segura.

Ele deve ter estado imerso em seus pensamentos para permanecer em silêncio por tanto tempo.

Klaus suspirou. Ele queria voltar para casa, talvez convidar Lisbeth para sair. Ele queria estar seguro em seu apartamento e beber o quanto quisesse, adormecer com a mente nublada naquela adorável névoa que o álcool lhe dava.

A neve lá fora começou a cair mais rápida e espessa, tanto que Klaus mal conseguia distinguir as silhuetas dos prédios altos. Ele deu uma longa tragada no cigarro e o segurou nos pulmões por vários momentos antes de exalar.

"Você é muito paciente."

Klaus olhou pela janela para seu pai e descobriu que o homem agora estava olhando para ele.

"Paciente."

"Sim. Sempre pensei que você fosse.", disse o pai. "Você foi paciente quando falei com você, você foi paciente quando fiquei quieto, você foi paciente durante suas punições também."

Klaus assentiu. "Eu sabia que em algum momento as punições acabariam. É por isso que esperei."

"Sim." O homem acenou com a cabeça. "Todas as coisas chegam ao fim em um determinado ponto. Há um começo, um ponto de inflexão e depois o fim."

Klaus permaneceu quieto.

Seu pai olhou para a mesa então, para aquele mesmo pequeno envelope do ano passado, a noite em que disse a Klaus que morreria em breve.

"Klaus," ele disse enquanto movia as pontas dos dedos ao longo do envelope. "Este é o ponto de virada."

Klaus franziu a testa. "O que quer que esteja naquele envelope é o ponto de virada?"

Seu pai balançou a cabeça.

"Não inteiramente."

"Então o que é?"

Ele não respondeu por vários segundos. Então ele olhou para cima e seus olhos se encontraram. Não havia medo no olhar de seu pai, nenhuma apreensão.

"Este é o ponto."

Era 24 de dezembro.

Klaus não sabia disso ainda, mas seu pai morreria no dia seguinte.

⸎⸺⸺⸺⳹۩۩⳼⸺⸺⸺⸎

Quando Laurent dormia, sua respiração desacelerava consideravelmente.

Foi surpreendente no início, durante a primeira noite que Klaus passou com Laurent. Ele estava tão profundamente adormecido que seu peito mal se movia, respirações lentas e longas que eram quase silenciosas.

Ele estava acostumado com isso agora, com a quietude do sono de Laurent quando não estava cheio de pesadelos.

Estava nevando, o sol ainda não nasceu.

Os dias estavam ficando cada vez mais curtos, com o sol demorando para nascer e sendo tão rápido quando se tratava de se esconder atrás dos prédios, o céu é sempre de uma cor terrivelmente pálida, cinza como uma pérola. É realmente frustrante.

Laurent se mexeu um pouco e respirou profundamente antes de se acalmar mais uma vez, a testa pressionada contra o peito de Klaus.

Klaus cuidadosamente enfiou seus dedos entre os cabelos de Laurent e suspirou; sua memória não o estava ajudando. Ele continuava trazendo de volta os eventos da noite passada e eles estão vívidos em sua cabeça, assustadoramente. Sentia que, se focasse muito, poderia até se lembrar do gosto dos lábios de Laurent. Ou os ruídos suaves que ele fez.

Ele não deveria tentar, então.

Porra, ele não estava sendo inteligente.

Como seria a sensação de...

Ele não estava sendo inteligente.

Um miado baixo fez Klaus rolar os olhos e, logo, Marius estava se enrolando perto da cabeça de Laurent. O gatinho bocejou e depois pousa a cabeça nas patas, os olhos verdes piscando rápido, então a coisinha começou a esfregar o nariz nas costas da mão de Klaus.

"Não estou acariciando você", murmurou Klaus.

As orelhas do gato se contraíram, mas ele manteve sua atuação, chegando a ronronar.

Klaus fechou os olhos. Seu telefone começou a zumbir nas primeiras horas da manhã, talvez por volta das três ou mais. Ele não verificou os textos ainda, mas não precisava saber quem os enviou.

Lisbeth provavelmente passou a noite com eles.

Ah, foda-se.

Foda-se.

Klaus ouviu um zumbido e então Laurent se pressionou ainda mais perto dele.

"Estou com frio.", ele sussurrou, a voz um pouco rouca, ainda profundo pelo sono.

"Sim. Quer que eu pegue um cobertor?"

"Não."

"Então por que você está reclamando?"

Laurent fez um som que poderia ser uma risada.

"Já tão mal-humorado tão cedo."

Klaus sentiu seus lábios se contorcerem em um sorriso por um momento. "É um talento meu."

Laurent se afastou um pouco e olhou para Klaus, piscando lentamente.

"Seu cabelo está uma bagunça", disse ele.

Klaus arqueou uma sobrancelha. "O seu não é muito melhor, sabe?"

Laurent sorriu. "Eu sou sempre uma obra de arte, Klaus."

Klaus suspirou profundamente antes de rolar de costas. "Que seja, então."

Laurent pareceu notar a presença de Marius e então sorriu para o gatinho antes de começar a esfregar o queixo, provocando um longo ronronar do gato.

O telefone de Klaus vibrou novamente e ele gemeu, então ele rolou sobre o estômago e rastejou em direção à mesa de cabeceira. Ele pega o telefone e se afundou no colchão, percebendo que não são nem perto do meio dia e depois abriu os vários textos que recebeu, o primeiro já sendo enviado por volta de cinco da manhã.

Lisbeth [01:22]: VOCÊ REALMENTE DEIXOU A MINHA BUNDA LÁ WOW EU TIVE QUE PEGAR UM TÁXI VOCÊ SABE QUE ODEIO TÁXIS

Lisbeth [02:34]: ENTÃO VOCÊ SÓ VAI ME IGNORAR E FINGIR QUE EU NÃO EXISTO COMO UM CACHORRO CAIDO DO CAMINHÃO DA MUDANÇA

Lisbeth [02:35]: FODA-SE SEUS FALSOS AMIGOS ONDE ESTÃO MEUS AMIGOS DE VERDADE

Lisbeth [02: 47]: Klaus?

Lisbeth [02:47]: Eu sei que sua bunda chata ainda não está dormindo, é muito cedo para você dormir.

Lisbeth [03:35]: Klaus, está tudo bem?

Lisbeth [05:58]: Eu quero acreditar que você estava realmente dormindo e não me ignorando ativamente ou algo assim

Klaus pressionou a língua contra a parte interna da bochecha e começou a digitar uma resposta.

K: meu telefone estava morto burra

K: e você estava demorando demais no banheiro, então deixamos você lá

Lisbeth: Oh, então, você está vivo, WOW, você me deixou lá POR ISSO

Lisbeth: incrível.

K: você precisa de algo?

Lisbeth: novos amigos, aparentemente

K: não seja dramática

K: aliás, tenho uma coisa para te contar, posso ir mais tarde?

Lisbeth: sim sim tanto faz

Klaus jogou seu telefone na cama e respirou fundo, fechando os olhos e pensando no que fazer. Ele sabia que era uma boa ideia falar com Lisbeth, tinha que falar com ela. O problema é: o que ele iria dizer?

Isso não era sua culpa, Klaus disse a Lisbeth para ficar longe deles e, claramente, ela decidiu ignorar suas palavras.

Isso não era sua culpa.

Klaus sentiu Laurent se aconchegando mais perto, o queixo apoiado em seu ombro e dedos em volta de sua mão. Ele virou a cabeça para o lado, encontrando o rosto de Laurent próximo ao seu, narizes roçando.

"O que?" Ele perguntou.

"Diga você," Laurent respondeu com um pequeno sorriso. "O que há com você? Sendo tão azedo tão cedo?"

Klaus bufou. "Azedo."

"É assim que você parece agora."

"O quê, como um limão?"

Laurent revirou os olhos. “Preocupação não parece com um limão.”

"Como você sabe que é assim que estou me sentindo?"

Laurent encolheu os ombros. "Nós vampiros somos criaturas que se movem por instinto. Somos bons em perceber sentimentos, precisamos saber essas coisas se quisermos encontrar a presa perfeita."

Klaus cantarola. "Então, estou preocupado, hein?"

"Estou errado?"

"Eu acho que você não está." Klaus suspirou. "Não inteiramente, pelo menos."

"É sobre Lisbeth?"

Klaus piscou. "Sim. Eu realmente preciso me levantar e ir até ela."

Laurent gemeu e se aproximou um pouco mais. "Se você se levantar, vai ficar frio."

"Então pegue um cobertor."

"Eu quero dormir. Quero que você acaricie meu cabelo e essas coisas."

"Você é tão mimado, Laurent."

"Sim?" O sorriso de Laurent se tornou tímido. "E de quem é a culpa?"

É culpa dele, sim, ele sabe.

"Eu ainda vou ter que levantar logo. Eu tenho trabalho a fazer também."

Laurent teve a audácia de fazer beicinho com isso antes de pressionar seu nariz contra o ombro de Klaus.

"Basta dizer que você me odeia e vá embora", ele murmurou.

Klaus não conseguiu deixar de rir disso, ele viu os olhos de Laurent brilharem de satisfação.

Ah, realmente é preciso tão pouco para fazê-lo feliz.

Deus, como seria -

"Te odeio," Klaus murmurou. "Eu queria que fosse assim tão fácil."

Ah. Talvez ele tenha falado demais.

A luz nos olhos de Laurent mudou então. Klaus pôde ver isso, enquanto eles olharam um para o outro: havia uma espécie de compreensão mútua que eles estavam compartilhando agora.

Laurent entendia.

Klaus também entendia, muito bem.

Se ao menos fosse tão fácil odiar Laurent. Se Laurent não tornasse tão difícil ser odiado, seria muito mais fácil.

Laurent respirou fundo e então lentamente se moveu em uma posição diferente até que conseguiu descansar sua cabeça sobre o peito de Klaus, esfregando a bochecha lentamente sobre o algodão da camiseta dele.

"Podemos ficar assim um pouco mais?" Laurent perguntou. "Ainda está nevando. Só um pouco."

Sim.

Só um pouco.

Klaus assentiu e então enterrou os dedos no cabelo de Laurent, acariciando mechas ruivas despenteadas enquanto olhava pela janela, observando enquanto a neve ficava menos espessa e pesada.

Seria mais fácil se ele pudesse odiar Laurent.

Em vez disso, ele deitou lá com o jovem perto dele e ele se perguntou, novamente:

Como seria amar Laurent?

 

~•~



Assim que Lisbeth abriu a porta para ele, Klaus decidia que ele quer dar um tapa na cara dela. Forte.

O cabelo de Lisbeth estava uma bagunça total e há olheiras. Parece que ela dormiu duas horas ou talvez nada.

"Você não parece muito bonita", disse Klaus.

Lisbeth assentiu e bagunçou o cabelo, então ela se afastou para deixar Klaus entrar no apartamento.

"Sim, bem, eu dormi como uma merda", ela respondeu enquanto fechava a porta atrás deles. "E é tão cedo. Eu estava meio que cochilando antes de você chegar."

Klaus tirou o casaco e pendurou-o no cabide antes de entrar mais fundo na casa, indo para a sala de estar.

"Por que você não dormiu?"

Lisbeth encolheu os ombros e começou a coçar um ponto abaixo da clavícula.

"Sem motivo. Só não conseguia dormir. Porque, você sabe, eu pensei que meu melhor amigo tinha esquecido da minha existência desde que ele me deixou congelando minhas bolas no meio de uma rua suja." Lisbeth contornou o sofá vermelho e se sentou pesadamente, afundando nas almofadas. "Me deu alguns pensamentos para meditar durante a noite."

Certo.

Klaus decidiu se sentar na cadeira de couro em frente ao sofá, mantendo os olhos na mesinha de vidro. Havia uma caneca vazia de café nela, um maço de cigarros Blue Marlboro e um livro que tinha uma caneta entre as páginas, provavelmente usado como marcador porque Lisbeth é uma bagunça e não possuía um marcador de livro real.

"Isso é bom?"

Lisbeth esfregou a mão no rosto e franziu a testa para ele. "O que?"

Klaus acenou em direção ao livro. " 1Q84. Esse é um título estranho."

Lisbeth riu. "Sim, é bom. Você já leu algo de Murakami?"

Klaus balançou a cabeça. "Você sabe que eu não leio muito."

"Maldito idiota analfabeto."

"Cale-se."

"Todos os trabalhos de Murakami são bons. Este aqui é enorme pra caralho. Meio épico, meio impossível. É bom."

Lisbeth se inclinou para frente e pegou o maço de cigarros, tirando dois. Klaus balançou a cabeça quando Lisbeth ofereceu a ele, então ela deu de ombros e apenas acendeu o seu.

"Sabe, tenho boas notícias", disse ela, com fumaça saindo de sua boca enquanto fala. "Os negócios estão melhores."

Klaus arqueou uma sobrancelha. "Sim? Como?"

"Seu plano funcionou. Vender a cocaína barata nos clubes, quero dizer. Garotos comem essa merda, deixe-me dizer. E os corredores estão indo bem, houve um aumento na demanda por maconha e ansiolíticos, Valium fez sucesso de novo." Lisbeth colocou os cotovelos nas coxas. "E os clientes sofisticados permaneceram leais. Foi uma boa ideia reduzi-los a um círculo mais reduzido, ganhamos um bom dinheiro com os descontos. Então, sim, estamos meio que de volta aos trilhos."

Klaus acenou com a cabeça, seu dedo indicador começando a bater em seu joelho.

"Boa."

"Sim, é verdade. Quase não acreditei nos meus olhos quando recebi os dados deste mês."

Ele olhou para Lisbeth então. "E você teve tempo para fazer as vendas depois de passar a noite com Aiko e Hanzo ou entre ser chupada?"

Todo o corpo de Lisbeth ficou tenso em um segundo, Klaus pôde ver os músculos de suas pernas nuas se contraindo, seus dedos se contorcendo ao redor do cigarro e seus olhos estavam arregalados.

Deus, ela parece uma criança que foi pega enquanto tentava roubar dinheiro da bolsa da mãe.

Lisbeth pareceu se forçar a relaxar então, seus músculos perdendo a rigidez e ela engoliu em seco antes de levar o cigarro aos lábios. Ela deu uma longa tragada na fumaça e depois deu uma batidinha acima do cinzeiro. Ela olhou para os tentáculos cinzentos por alguns segundos antes de seus olhos piscarem de volta para Klaus.

"É por isso que você me deixou lá?" Ela perguntou com uma voz firme. "Você sabia?"

Klaus molhou os lábios. "Você estava demorando muito. O banheiro estava vazio."

"Você nos viu."

Klaus concordou. "Eu vi você."

Lisbeth exalou uma nuvem de fumaça e então desviou o olhar. Ela se recostou no sofá e lambeu os lábios, os olhos focados em um ponto da sala.

Klaus zombou. "Você não vai dizer nada?"

Lisbeth deu de ombros. "O que você quer que eu diga?"

"Uma explicação não seria tão ruim."

Lisbeth franziu a testa antes de olhar para Klaus. "Por que eu preciso te dar uma explicação?"

O que?

Que porra ela quis dizer com por quê?

Klaus balançou a cabeça, incrédulo. "O que diabos você está fazendo, Lis? Por que - por que você não me ouviu? Eu disse para você ficar longe deles."

Lisbeth concordou. "Sim. Você me disse."

"E você não me ouviu."

"Eu não fiz."

"Por quê?"

"Porque eu não sou obrigada a ouvir tudo que você me diz para fazer, Klaus."

"Eu - merda, há um motivo se eu disser para você ficar longe! Eles são perigosos, Lisbeth."

E novamente, Lisbeth concordou. "Eles são. Então?"

Ela parece tão - não impressionada.

Ela não liga. Klaus pôde ver, Lisbeth não dava a mínima para essa conversa e isso fez com que as palavras de Klaus morressem em sua boca. Ter uma conversa com alguém que não quer ouvir é uma batalha perdida antes mesmo de começar, então Klaus congelou.

"Você diz que eles são perigosos, mas você também é." Lisbeth deu uma tragada nervosa na fumaça, curta e rápida. " Eu também."

"É diferente."

"Como assim?" Lisbeth arqueou uma sobrancelha. "Eu sou parte de uma família, eles também. Eu sou da máfia, e eles também. Eu não sou humana, Aiko também não. Como isso é diferente?"

Klaus piscou. "Bem, merda, você os conheceu?!"

Lisbeth revirou os olhos.

"Lis, eu - você não os conhece como eu. Você não sabe como eles realmente são, o que eles têm não é bom. É - porra, é quase obsessivo! Por que diabos você iria querer estar no meio disso?"

"Obsessivo", murmurou Lisbeth com um pequeno sorriso. Ela não parecia feliz em usar essa palavra, de jeito nenhum. Quase parece enojada. "Neste ponto, eu sinto que você é quem não os conhece."

Esta porra-

"Então me esclareça, Lis. Porque estou tentando muito manter a calma, mas estou com vontade de dar um tapa em você até que algum sentido volte à sua cabeça."

Os olhos de Lisbeth se moveram para Klaus e havia uma calma estranha neles, algo tão perturbador que Klaus sentiu sua boca secar.

"Há beleza em perigo, Klaus", disse Lisbeth. "Você sabe disso, eu sei disso. Inferno, até August sabe disso. Você decidiu que não queria mais aquele perigo, mas eu ainda quero."

"Então é isso?" Klaus perguntou. "Você está agindo por emoção?"

"Acho que é parte disso. Talvez no começo fosse. Agora, porém..." Lisbeth balançou a cabeça. "Agora é diferente."

Espere.

"Lisbeth-"

"Você diz que é obsessivo, eu não vejo dessa forma. Inferno, eu estou experimentando isso, porra, não é assim."

"Lisbeth."

"Eles...eles não são obcecados, são devotos!" Lisbeth lambeu os lábios, sua voz ficando mais alta e seu rosto ficando vermelho. "Eles estão ligados e eu não estou apenas no meio, eu...eu os entendo e eles me entendem! Eles me querem, eles não são apenas perigosos, há mais para eles, muito mais e..."

"Lisbeth, me diga que vocês três estão apenas fodendo."

Lisbeth fechou a boca, os lábios pressionados com força. Ela olhou para Klaus, olhos tão apaixonados e ansiosos.

Klaus sentiu que estava prestes a vomitar.

"Por favor, estou implorando pra você", murmurou Klaus. "Diga-me que é apenas sexo."

Lisbeth inclinou o queixo para cima e respirou profundamente.

"Dizer que é apenas sexo-" Lisbeth lambeu os lábios. "Isso seria uma mentira."

Merda.

Puta que pariu.

Klaus balançou a cabeça, ignorando a maneira como seu coração estava batendo forte em sua caixa torácica, ele estava tentando manter a calma.

"Lisbeth, o que diabos você está fazendo?"

"Ouça­-"

"Não, você escuta." Klaus apontou o dedo para ela. "E desta vez realmente me escute. Você precisa interromper isso. Agora. Porra, agora, Lis."

"Não."

Respire fundo, Klaus pensou, Não a mate ainda, porra, respire fundo.

"Por que eles?" Klaus gemeu. "Por que eles? Sete bilhões de pessoas que você poderia ter escolhido e decidiu ir até eles!"

Lisbeth zombou. "Ousado de sua parte assumir que eu os escolhi."

"Lisbeth-"

"Você faz parecer que tomei uma decisão muito deliberada, como se tivesse passado um tempo pensando sobre isso. Você não escolhe esse tipo de merda, simplesmente acontece. Quer que eu me arrependa?" Lisbeth olhou para ele e encolheu os ombros. "Não vou me arrepender. Não consigo me obrigar a fazer isso."

"Merda," Klaus suspirou e esfregou a mão no rosto. "Você parece estar apaixonada."

"Eu estou."

Oh.

Ela está, não é?

Toda aquela calma em seu olhar, a maneira como ela se comportava com tanto orgulho quando dizia isso.

Ela estava apaixonada.

Klaus acenou com a cabeça antes de se levantar.

"Estou saindo", disse ele. "Eu vou ouvir de você quando eu precisar de você."

Lisbeth revirou os olhos. "Klaus, sente-se."

"Não."

"Klaus!”

"Eles vão arruinar você, porra!" Klaus gritou tão alto que Lisbeth recuou. "Eles vão drenar você! Eles vão apenas - apenas tomar e tomar até que você não tenha mais nada além de precisar! Até que você os deseje como uma merda de droga! Eles farão isso com você e você deixará acontecer, porra porque você é cega demais!"

"Pare!" Lisbeth gritou de volta, jogando o cigarro no cinzeiro e se levantou também. "Porra, pare de falar, você não tem a porra da ideia de como é entre nós, você não pode dizer merda nenhuma!"

"Oh, eu tenho a porra de uma ideia de como é," Klaus atirou de volta. "Deixe-me adivinhar, uh? Eles transam com você a noite toda, sussurram merdas para você, se abrem para você e dizem que você é tão bonita, tão boa para eles, que eles querem mantê-la! Eles tentam o seu melhor fazendo você se sentir tão importante e você acredita neles, não é?! "

"O que?" Lisbeth olhou para ele confusa. "Merda, o quê - estamos falando das mesmas pessoas?"

"Você não entende, mas você vai. Você vai, Lisbeth. Em um ponto você vai perceber que não pode dar a eles o que eles querem e você terá que fugir deles."

"Pare de usar a porra da sua experiência comigo! Eu não sou você!" Lisbeth deu um passo para trás. "Merda, você não acha que eu mereço isso?! Você não acha que eu mereço a porra de um amor na minha vida, por que não posso ter isso?!"

"Você," Klaus começou a dizer. "Você merece tudo."

Ela merece.

Deus, ele queria dar a Lisbeth a porra do mundo, dar a ela o raio do sol, ela merece tudo.

"Então por que-"

"Você merece alguém que brilha," Klaus murmurou pesadamente, suas mãos estão tremendo. "Você merece alguém que brilha tanto que te cega. Não eles."

As feições de Lisbeth suavizaram com isso, mas ela manteve sua posição. Ela não chegou perto de Klaus, seus olhos não vacilam.

"Klaus", disse ela. "Eles brilham para mim."

Deus, ela merece tudo.

"Eu já estou cego."

"Sim." Klaus concordou. "Deus, Lisbeth, o que você está fazendo?"

"Você sabe, você fica perguntando isso," Lisbeth de repente deu um passo à frente, de repente ele ficou agressiva, de repente - de repente é sobre defendê-los. "Mas eu poderia te perguntar a mesma merda."

"O que?"

"Que porra você está fazendo, uh? O que você está fazendo com Laurent?"

Não, foda-se isso.

"Ao contrário de você, sua idiota maldita, estou muito ciente do que é inteligente e o que é uma missão suicida. Eu sei como manter o sexo assim como sexo."

Lisbeth zombou. "Besteira."

"Nem tente, Lisbeth."

"Eu não tenho que fazer merda nenhuma, você faz tudo sozinho muito bem."

Klaus engoliu o nó em sua garganta, a raiva de repente amaldiçoando em suas veias.

"Você é tão cego!" Lisbeth exclamou. "Tão perdido em seu ato justo que você nem consegue ver o quanto você já está ligado a ele! Você o deixou marcar você, pelo amor de Deus. Você tem o cheiro e marcas dele por toda parte, você não parece nada como você! Você tem marcas dele! "

"Isso não é-"

"Você quase fodeu toda a reunião só para mantê-lo seguro!"

"Quer saber, é isso." Klaus levantou as mãos, quase como se estivesse se rendendo. Deus sabe que ele estava cansado disso. "Eu só estou tentando mantê-la segura, mas tudo bem. Você quer que aquelas duas sanguessugas sugem a sua vida? Seja a porra da minha convidada. Mas não diga que eu não avisei você."

Klaus girou sobre os calcanhares e começou a se afastar. Ele encerrou essa conversa, com Aiko e Hanzo, com Lisbeth também.

Foda-se isso, foda-se todos os três.

"Você é tão egoísta."

Klaus parou em seu caminho. Lentamente, ele se virou e encontrou Lisbeth olhando para ele com os punhos cerrados nos quadris.

"O que você acabou de dizer?"

"Eu sou leal a você", Lisbeth respondeu. "E eu sempre serei. Sempre. Por que você não pode me deixar ficar com isso?"

Fiel.

Lisbeth é leal a ele neste momento?

Ela tem sido até agora, talvez ainda seja. Mas e quanto ao futuro?

Eles vão roubar a lealdade dela.

"Passei minha vida inteira me certificando de que você estava segura", disse Klaus. "Se você quiser jogar tudo fora por uma assassina e um drogado de merda, fique à vontade."

"Foda-se!" Lisbeth gritou então, o rosto ficando vermelho de raiva. "Você não pode fazer essa merda, pare de agir como se estivesse me protegendo! Você só quer ter certeza de que não vou sair do seu lado para que você não termine completamente sozinho como seu pai!"

Ela não quis dizer isso.

Klaus sabia que não.

Assim que as palavras saíram de sua boca, Lisbeth pareceu horrorizada e seu rosto era uma máscara de culpa. Ela bateu a mão na boca, seus olhos se arregalando, ela parecia envergonhada.

Ela não quis dizer isso.

Ainda assim dói pra caralho.

Klaus expirou. "Fico feliz em saber como você se sente."

Ele se virou novamente e seguiu para a saída, agarrando seu casaco e então as mãos de Lisbeth envolveram seu pulso.

"Não, Klaus, nã-não, me desculpe. Me desculpe, não vá embora, eu-" Lisbeth engoliu seco, balançando a cabeça furiosamente e continuou agarrada a ele, dedos longos enrolando em torno de sua camisa. "Me desculpe, você sabe que eu não quis dizer isso. Por favor, me diga, você sabe, eu me sinto uma merda. Estou te implorando, não me deixe eu - merda, sinto muito, Klaus, eu sinto muito, porra. "

Klaus tentou tirar seu braço do aperto de Lisbeth, mas a mão dela apenas apertando mais.

"Me solte."

"Não! Não, me escute!" Lisbeth se inclinou mais perto, tão perto que Klaus pôde ver as manchas castanhas mais escuras em seus olhos. "Você sabe que eu te amo! Você sabe disso, devo tudo a você e - merda, você não é nada como seu pai, você é bom! Você é tão bom, sinto muito! E sobre Laurent, eu não - "

" Lisbeth ," Klaus ferveu, suas mãos tremendo. "Não me toque, porra."

A mão de Lisbeth soltou o pulso de Klaus e seus dedos afrouxaram o aperto em sua camisa. Ela olhou para Klaus com os lábios entreabertos e com algo semelhante à traição em seus olhos.

Klaus iria se sentir uma merda por causa disso mais tarde.

Agora ele só precisava sair desta casa.

Ele saiu furioso, batendo a porta atrás de si e não conseguia mais andar. Suas pernas pararam de ouvi-lo. Era como se seu corpo estivesse lhe dizendo para se virar, bater na porta e dizer a Lisbeth que está tudo bem. Está tudo bem, ela está perdoada, está tudo bem.

"Mova-se," Klaus murmurou. "Vamos."

Levou mais alguns segundos, mas, finalmente, ele começou a andar novamente.

Enquanto ele saia daquele apartamento, Klaus pensou que se Lisbeth fosse humana ela estaria chorando agora.

Se pudesse, Lisbeth choraria por causa dele.

~•~

Estava feliz por Laurent não estar no corredor principal, descansando no sofá como ele geralmente fazia quando chegava em casa.

Klaus subiu rapidamente as escadas, dois degraus de cada vez e se dirigiu para seu quarto. Ele abriu a porta e bateu com força, o barulho ecoando na sala vazia por alguns segundos antes de tudo ficar terrivelmente silencioso.

Klaus respirou fundo, mas foi interrompido, sua garganta bloqueando rapidamente e o impedindo de tomar oxigênio suficiente, seu coração batendo muito forte em seu peito, seu sangue correndo e suas mãos tremendo, é tudo demais, ele ia explodir. Ele vai explodir.

Deus, o rosto de Lisbeth quando ele disse a ela para não tocá-lo.

"Merda!" Klaus sibilou antes de bater com o punho contra a porta.

A dor do golpe foi primeiro focada no lado de sua mão que colidiu com a madeira dura, mas logo se espalhou para o resto dela e subiu por seus braços em ondas de calor formigando, as pontas dos dedos quase coçando. Klaus engoliu em seco e depois deixou o braço cair ao lado do corpo, ele abriu a mão e a sentiu tremer, principalmente por causa da sensação de dor persistente.

Estava muito calor então Klaus tirou o casaco, jogando-o no chão, ele faz o mesmo com o suéter e deixou sua camiseta branca mesmo que ela grudasse em seu corpo de forma desconfortável. Ele estava suando muito e ainda não conseguia respirar e-

E o rosto de Lisbeth, porra, seu rosto.

Klaus lambeu os lábios secos antes de caminhar apressadamente para sua gaveta. Ele se agachou para poder abrir a de baixo e suspirou quando seus olhos pousam nas muitas cordas diferentes que ele tinha ali, bem escondidas, todas cuidadosamente colocadas lado a lado, dobradas para que não se enredem.

Klaus olhou para eles por um momento antes de pegar a vermelha e ir para sua cama, sentando-se na beira do colchão. Ele desdobrou a corda e ouviu o fim dela atingir o chão com um som agudo e então passou a ponta dos dedos sobre ela. Esta é bem curta, mal tinha um metro e meio de comprimento, Klaus cortou sozinho.

Ele fechou os olhos e enrolou os dedos em torno dela antes de mover a mão para baixo, sentindo o deslizar áspero na pele. Ele respirou profundamente e conseguiu manter o ar nos pulmões por um momento.

"Estou perdendo o controle", ele murmurou.

Klaus balançou a cabeça antes de dobrar a corda em duas e então começar a enrolá-la no antebraço. Ele deu a volta no braço três vezes antes de fazer a ponta solta passar por baixo da corda já enrolada. Klaus colocou a corda solta entre os dentes e então pegou o gancho que se formou com os movimentos e o moveu sobre o nó feito pela metade. Ele o deslizou por baixo e, em seguida, empurrou mais fundo sob as seis rodadas de corda. Ele o puxou no quarto e, em seguida, puxou com força, prendendo o nó. Klaus abriu a boca e deixou a corda solta cair em seu colo. Saiu decentemente, talvez não o suficiente, mas ainda é o suficiente para senti-lo ao redor de sua pele, cavando nele.

Isso é bom. O nó ficou bom, isso é bom.

Ele estava perdendo. Ele estava perdendo o pouco controle que pensava ter sobrado, ele estava perdendo tudo.

Primeiro August, agora Lisbeth.

Ele os estava perdendo.

E Lisbeth estava certa, não é? Ele não queria acabar sozinho.

Não como seu pai. Deus, nunca como seu pai.

"Não é só isso," Klaus sussurrou no silêncio. "Eu não sou tão egoísta, não é só isso."

Eles vão arruiná-la. Eles a transformarão em uma casca do que ela era, do que ela poderia se tornar. Eles vão drená-la.

Assim como fizeram com Klaus.

Duas batidas na porta e Klaus recuou.

"Mon coeur?"

Merda.

"Espere."

Klaus rapidamente se levantou e pegou seu suéter do chão, colocando-o rapidamente. Ele olhou para baixo para a manga esquerda e o tecido dela estava folgado o suficiente para não mostrar a corda, ele não iria notar.

Klaus caminhou até a porta e a abriu, encontrando Laurent na soleira com uma expressão comprimida.

"O que?"

Laurent piscou. "O que há de errado?"

"Nada." Klaus balançou a cabeça. "Estou bem."

"Você fechou a porta como se quisesse quebrá-la."

"Estou bem."

"Não tente me enganar."

Ah, droga.

"Estou bem", ele repetiu. Laurent, entretanto, parece totalmente não impressionado.

Gentilmente, o ruivo entrou e Klaus não conseguiu fazer muito se afastando.

"Você não tem que me dizer o que aconteceu, ok?" Laurent disse. "Só queria ter certeza de que você não estava destruindo seu maldito piano ou algo assim."

Klaus fechou a porta e voltou para a cama, se sentando e encolhendo os ombros.

"Sou apenas dramático. Às vezes fico dramático."

"Certo. Às vezes."

"Sim."

Laurent se sentou ao seu lado, as mãos quase totalmente cobertas pelas mangas do moletom preto que ele estava vestindo, um enorme pedaço de tecido que o engole inteiro.

"É por causa de Lisbeth?" Laurent perguntou. "Você disse que tinha que ir encontra-la."

"Sim," Klaus suspirou. "Não foi muito bem."

"Sabia que algo tinha ido errado quando você entrou."

"Obrigado. Agora eu também tenho que me preocupar com isso."

Laurent revirou os olhos. "Você e Lisbeth, vocês dois parecem próximos."

"Nós somos. Nós crescemos juntos."

Laurent se virou para olhar para ele. "Você a ama, não é?"

Ela merece alguém que brilha.

"Eu morreria por ela," Klaus respondeu, honesto. "Eu mataria por ela também."

Laurent assentiu. "Vínculos como esses são difíceis de quebrar. Quando você está disposto a morrer por alguém, as brigas não importam."

Klaus zombou. "Esta meio que faz."

"Será mesmo?" Laurent inclinou a cabeça para o lado. "Ou vocês dois vão esquecer isso, fingir que nunca aconteceu?"

"Isso não seria muito inteligente."

"Mas quando há um vínculo assim entre duas pessoas, você tende a fingir que está tudo bem apenas para que o vínculo não se quebre. Você nunca iria querer que ele se quebrasse." Laurent piscou, parecendo quase como se lembrasse de algo. "Você finge até que o que une vocês dois é esticado tanto que parece que pode quebrar a qualquer momento."

Isso parece pessoal.

Talvez Laurent tivesse alguém assim no passado. Ou talvez seja sobre Spencer?

De repente, Laurent encolheu os ombros.

"Não importa", disse ele. "Você quer que eu saia?"

Não.

"Eu não quero ficar sozinho agora."

Ele ia explodir se fosse deixado sozinho.

Laurent pareceu entender isso. Ele sorriu um pouco e colocou o queixo no ombro de Klaus.

"Quer que eu te distraia?"

"Como você vai fazer isso?"

"Eu tenho meus caminhos."

"Mh. Aposto que sim."

Laurent sorriu, todas as feições suaves e olhos brilhantes.

Klaus se perguntou como ele ficaria se estivesse feliz. Se Laurent parecia tão brilhante quando estava se sentindo miserável, então ele deveria ser incrível quando a felicidade estava correndo em suas veias.

Ele se distraiu então, só porque Laurent tornava isso tão fácil. Ele deixou seus olhos captarem os pequenos detalhes do rosto de Laurent, os cílios curtos, mas grossos, sardas leves e a pele como porcelana. Ele não percebeu a mão de Laurent em seu braço até que os olhos dele se arregalaram e ele olhou para baixo.

"O que-" Laurent franziu a testa e apertando seu punho, logo acima do nó em seu antebraço. "Isso é um-"

Klaus puxou o braço e praguejou mentalmente.

"Não é nada", disse ele, puxando ainda mais a manga do suéter.

"Não, é-" Laurent se inclinou para frente, olhando para ele com olhos perscrutadores. "Ei, você está com vergonha?"

Klaus apertou sua mandíbula, ele balançou a cabeça abruptamente.

"Não, não é isso."

"Parece que é."

Não é isso.

"Você realmente acha que eu te julgaria?" Laurent perguntou.

Klaus se virou, Laurent arqueando uma sobrancelha, mas havia um calor em seus olhos. Ele não estava zombando dele, ele estava apenas curioso.

"Eu sou uma puta, Klaus, você realmente acha que eu te julgaria?"

"Eu realmente odeio essa palavra", disse Klaus. "Puta. Que palavra de merda."

Laurent sorriu. "Vamos lá, me mostre.”

Concedido, Klaus levou mais tempo do que ele gostaria de admitir para finalmente liberar a respiração que estava prendendo. Ele balançou a cabeça enquanto enrolava a manga e imediatamente os olhos de Laurent caíram na corda.

"Oh," ele murmurou. "É um belo nó."

"Por que eu sinto que você está tirando sarro de mim?"

"Eu realmente não estou. Uma algema?" Laurent acariciou a forma do nó com a ponta dos dedos.

"Sim."

"Você gosta disso?" Laurent perguntou então, seus olhos de volta em Klaus. "Estar amarrado?"

"Não gosto," Klaus responde. "Quer dizer, talvez, eu não sei. Eu não faço isso por causa disso, no entanto."

"Então por que?"

"Eu só-" Klaus pressionou os lábios, ele olhou para o braço. A pele já ficou vermelha sob a corda. "Eu gosto."

Laurent cantarola. "Por quê?"

"Controle, eu acho. Você sabe, você começa a fazer o nó, você move a corda e - e é você quem está controlando. Você é aquele que molda a forma. Você está controlando. " Klaus fez uma pausa. "Eu sempre me pego fazendo algo assim sempre que sinto que estou perdendo o controle. Quando sinto que a situação está fora do meu alcance, acabo fazendo um."

"Mas você faz isso na pele," a mão de Laurent subiu pelo braço e havia intenção por trás do movimento. "Você pode fazer nós sem se amarrar. Por quê?"

Klaus olhou para Laurent, ele encontrou olhos escuros e lábios entreabertos.

"Eu não tenho alguém com quem posso fazer isso."

Os lábios de Laurent se curvaram em um sorriso malicioso. "Você nunca experimentou?" Seus dedos se engancharam sob a algema e a puxam. "Sexo enquanto estava sendo amarrado?"

Klaus engoliu. "Não."

"Isso tem um nome."

"Eu sei."

"Você estudou isso?"

Klaus concordou.

“Sabe, conheci alguém que gostava muito de Shibari”, disse Laurent. "Um dos poucos clientes em que confiava. Mas, mesmo com ele, simplesmente não conseguia desfrutar totalmente. Um cliente ainda é um cliente."

"Mas?"

"Você quer o controle, mas já tentou perdê-lo?" A respiração de Laurent parou na bochecha de Klaus. "É uma sensação tão boa, sabe? Pode ser viciante. Não perder isso, não. Saber que você está dando o controle que tem sobre si mesmo para outra pessoa."

Klaus não disse nada, ele olhou para Laurent enquanto ele lambia seus lábios.

"Ser vulnerável, estar sob o controle de outra pessoa porque você escolheu ser - é algo próximo ao êxtase."

"Isso," Klaus murmurou. "Isso requer confiança, Laurent."

Laurent concordou. "E eu confio em você."

Deus, ele tornava tudo tão fácil.

"Você quer?" Laurent perguntou. "Você disse que queria que eu te distraísse. Então, se você quiser-"

A mão de Laurent estava quente em seu braço, dedos tão firmes que suas unhas estão cravando na carne.

Klaus engoliu. "Não estou usando juta em você."

Laurent franziu a testa. "Hã?"

"Se fizermos isso, não vou usar uma corda de juta em você." Klaus se levantou e caminha de volta para a gaveta, abrindo-a mais uma vez. Ele também desfez o nó do próprio braço, deixando-o cair no chão. "É uma corda muito firme e áspera, não é confortável. Posso rasgar sua pele ou algo assim. Já estou furioso do jeito que está, não quero fazer algo estúpido."

Laurent não disse nada sobre isso, então Klaus começou a procurar por suas cordas. Algo como o cânhamo funcionaria, ele permanecia macio e flexível na pele. Após um momento vasculhando, Klaus encontrou o que estava procurando. Bem dobrada e amarrada com um nó simples para não se embaraçar, a corda de cânhamo ficava em um canto da gaveta. Klaus o agarrou e se levantou, se voltando para Laurent.

"Tire a roupa", disse ele enquanto caminhava de volta para a cama.

Laurent rapidamente se livrou de seu moletom, o deixando cair no chão e depois tirou a cueca também, ficando nu por completo.

Klaus caminhou até ele enquanto desfazia o nó da corda, os olhos movendo-se sobre o corpo de Laurent, observando as curvas suaves de seus quadris, ombros estreitos e clavículas acentuadas.

"Vá para a cama, de joelhos e vire-se, hein?"

Klaus viu Laurent enquanto ele engolia em seco antes de se virar e ficar em cima da cama, sentado de joelhos na beira do colchão.

"Não vou amarrar suas pernas," Klaus disse enquanto desenrolava a corda, o som dela batendo no chão fazendo Laurent recuar por um segundo.

"Por quê?"

"Eu simplesmente não quero." Klaus rapidamente deu o primeiro nó no meio da corda, dobrado ao meio. "Eu não me sinto confortável sabendo que você não pode se mover."

Laurent permaneceu quieto por um segundo. "OK."

Klaus suspirou. "Vou precisar que você fale, ok? Se estiver muito apertado, se você não quiser mais fazer isso, me diga."

"Você sempre diz isso," Laurent girou um pouco a cabeça, um pequeno sorriso no rosto. "Você realmente acha que eu deixaria você fazer isso se eu estivesse desconfortável?"

Klaus achava que, no passado, Laurent fez exatamente isso. Ele se sentou lá, aceitou o que quer que fosse feito com ele sem nem mesmo um piscar de olhos. Afinal, era o seu trabalho.

Mas isso não é trabalho.

Ele não era um cliente.

"Está bem então."

Ele começou devagar. Ele não se importava se Laurent já fez isso, ele não iria se apressar.

Klaus colocou a corda fina em volta da nuca de Laurent e a deixou cair para frente, no peito dele. "Não vai ficar apertado no seu pescoço."

"Oh."

"Este é o padrão Karada Hishi ", explicou Klaus, ele colocou um joelho na cama para que pudesse ter uma visão da frente de Laurent quando ele começou a dar o primeiro nó, apenas contra a clavícula. "Basicamente, um padrão de diamante."

Os olhos de Laurent piscaram para ele por um momento. "Você gosta deste?"

"Não importa," Klaus respondeu enquanto descia alguns centímetros na corda e então deu outro nó simples. "Este não vai te machucar."

Laurent arqueou uma sobrancelha. "E se eu quiser dor?"

Klaus balançou a cabeça. "Hoje não. Estou falando sério, não confio muito em mim hoje."

Depois disso, Laurent permaneceu quieto e deixou Klaus trabalhar. Depois de fazer os dois nós da frente, Klaus dividiu as duas pontas da corda e as trouxe ao redor das costelas de Laurent. Ele saiu da cama para colocar as pontas da corda no meio das costas de Laurent, e começou a dar outro nó, puxando com força para fechá-lo. Laurent se engasgou com isso, mas Klaus sabia que não doeu.

"Está solto", disse Laurent.

"Vai apertar mais tarde."

Klaus trouxe a corda até a mordida do primeiro nó, aquele atrás da nuca de Laurent. Ele puxou através dele, prendendo tudo com outro nó no meio dos dois já presentes.

Klaus trabalhou silenciosamente; ele trouxe a corda de volta ao peito de Laurent, puxando a corda através das pontas duplas dos primeiros dois nós em seu peito, trazendo-a para as costas de Laurent e a movendo para baixo. Era mais fácil daqui, conforme ele repetia o movimento do outro lado do peito de Laurent, então ele prendeu o nó principal em suas costas, envolvendo a corda em volta do tronco.

A respiração de Laurent não era tão uniforme quanto antes. Klaus entendia; mesmo sem a amarração real acontecendo ainda, havia uma sensação de expectativa por si só, a sensação da corda na pele é eficaz.

Klaus repetiu os movimentos uma terceira vez, trazendo a corda de volta ao peito de Laurent, entre as pontas duplas dos nós centrais e então atrás de suas costas. Enquanto ele puxava a corda, Laurent estremeceu. Contra seu mamilo, a fricção devia ser particularmente agradável com o cânhamo macio, mais áspero que o normal, mas ainda bom o suficiente para fazê-lo respirar fundo.

Assim que Klaus terminou o padrão final, ele trouxe a corda de volta e enrolou a corda esquerda ao redor do caule e dá um nó até que ele acabasse. Klaus deu um puxão para ver se estava firme o suficiente; segurou bem e ficou bom, o padrão era limpo e não muito apertado.

"Bom?"

Laurent levou um momento para responder. "Sim."

"Não se mova."

Klaus voltou para a gaveta e pegou outro pedaço de corda, ainda cânhamo, mesmo que a cor seja um pouco mais escura do que a que ele usava antes. Ele caminhou de volta para Laurent e ficou atrás dele enquanto desembaraçava a corda.

"Braços atrás das costas."

Laurent obedeceu rapidamente. Suavemente, Laurent colocou os braços atrás das costas e os dobrou de forma que um ficasse acima do outro, as mãos envolvendo cada antebraço. Klaus dobrou a corda ao meio antes de colocá-la sob os braços de Laurent.

"Eu poderia ter feito outro," Klaus disse baixinho enquanto começava a enrolar a corda nos braços de Laurent. "Um que teria sido muito mais apertado."

"Por que você não fez?"

"Demais por hoje. Não estou fazendo isso para ver você lutando, estou fazendo isso porque você quer e porque preciso." Klaus olhou para os braços de Laurent, com os antebraços meio cobertos pela corda. "Quão apertado você quer?"

Laurent engoliu em seco, Klaus viu suas mãos se contraindo por um momento.

"Justa."

Klaus sentiu a primeira onda de excitação realmente o atingir, sentindo um calor em seu abdômen.

Ele embrulhou os nós, amarrando com um puxão forte e depois escondendo a corda que sobrou sob os envoltórios.

Klaus se inclinou para frente então, pressionando seus lábios no ombro de Laurent. "Você pode mover seus braços?"

Laurent tentou puxar suas mãos ainda mais, contorcendo os cotovelos, mas seus antebraços estavam fortemente amarrados.

"Não."

Klaus concordou. "Use suas palavras de agora em diante."

Antes que Laurent pudesse responder, Klaus o agarrou pela cintura e o empurrou para baixo na cama antes que ele puxasse seu quadril até que Laurent se deitasse de costas.

Klaus se afastou e observou.

Deus, ele sempre soube que Laurent teria ficado adorável com cordas amarrando seu corpo. As linhas da corda cravavam em sua pele perfeitamente, o padrão em forma de diamante era limpo e bem centrado, envolvendo seu peito perfeitamente. Laurent estava levemente corado, o peito subindo e descendo um pouco mais rápido do que o normal, olhos verdes encarando Klaus com intenção.

"Lindo."

Os lábios de Laurent se abriram e seu pênis se contorceu entre as coxas; eles estavam pressionados um contra o outro e ele os esfregou levemente.

"Você gosta de ser olhado?" Klaus perguntou, olhos vagando pelo corpo de Laurent, absorvendo tudo.

"Eu-" Laurent engoliu seco. "Eu gosto de como você olha para mim."

"Eu gostaria que você pudesse se ver." Klaus deu um passo à frente. "Você está perfeito."

A respiração de Laurent ficou presa na garganta e ele descobriu o pescoço, se exibindo ainda mais. Klaus parou na frente das pernas de Laurent e então cutucou seu joelho entre elas até que Laurent as separasse para ele.

Klaus se ajoelhou então, ele agarrou suas coxas pelas dobras atrás dos joelhos e as puxou até os ombros. Klaus virou a cabeça e abriu a boca na carne da coxa de Laurent, apertando-a entre os dentes antes de pressionar a língua contra a mancha avermelhada.

" Ah," Laurent ofegou, as pernas apertando a cabeça de Klaus por um momento antes de ele relaxar novamente.

Klaus olhou para ele por um momento antes de seus olhos caírem no comprimento de Laurent, meio duro em seu estômago.

Klaus colocou uma mão no umbigo de Laurent antes de se inclinar e colocar a cabeça do pênis de Laurent em sua boca. Laurent gemeu baixinho, as pernas tremendo nos ombros de Klaus enquanto ele levava seu pênis para baixo, relaxando sua mandíbula.

Ele sentiu o pênis de Laurent endurecendo em sua boca, o gosto pungente se espalhando em sua língua enquanto ele o pressionou bem na cabeça. Laurent gritou. Ele tentou empurrar seus quadris para cima, mas Klaus pressionou sua mão em seu estômago, segurando-o quieto e enviando-lhe um aviso beliscando a pele com força.

"Me desculpe," Laurent disse lá de cima. "'É bom."

Klaus fechou os olhos e desceu ainda mais, engolindo o comprimento de Laurent em sua boca, prendendo a respiração enquanto isso o preenchia. Já fazia muito tempo desde que ele fez um boquete para alguém, mas Klaus sempre gostou. Havia algo no poder que conferia ao prazer de alguém que fazia o calor lamber sua pele. Ele se afastou depois de alguns momentos, os lábios apertados ao redor do pau de Laurent, a língua espalmada por baixo dele.

Laurent gemeu, as pernas firmemente pressionadas em cada lado da cabeça de Klaus, a pele quente e macia. Enquanto Klaus começava a chupar o pau de Laurent seriamente, balançando a cabeça para cima e para baixo, chupando a cabeça e pressionando a língua entre a fenda, o desejo de Laurent continuava crescendo, enchendo os pulmões de Klaus até deixá-lo tonto, tonto de desejo.

"Faz um tempo que estou querendo colocar minha boca em você," Klaus disse, uma vez que saiu, sua voz rouca. "Queria provar você."

Laurent fez um pequeno som, algo semelhante a um gemido.

"Quero colocar minha boca em cada parte de você," Klaus suspirou.

Ele queria mais. Ele abriu as nádegas de Laurent e, em seguida, pressionou sua língua contra o buraco de Laurent.

"Merda," Laurent sibilou, abrindo ainda mais as pernas.

Klaus deu voltas na borda de Laurent, pressionando sua língua dentro e ouviu do som quebrado que Laurent fez, algo tão cru e necessitado que fazia a cabeça de Klaus girar. De repente, ele estava faminto por isso. Ele chupou a borda de Laurent, lambendo, sua língua dentro, uma camada lisa em sua língua e queixo, descendo por seu pescoço.

"Quente," Laurent choramingou, arqueado na cama. "está quente, então bo-bom, é gostoso."

Klaus de repente trouxe sua mão contra a parte interna da coxa de Laurent em um tapa forte, algo que fez o vampiro gemer um som rico. Klaus apertou a carne macia enquanto adicionava um dedo na bunda de Laurent, ainda lambendo seu buraco.

Laurent estava dizendo algo, palavras perdidas no som de seus gemidos. Ele estava estremecendo e se contorcendo, empurrando sua bunda para baixo no rosto de Klaus enquanto ele enfiava seu dedo duro e rápido, rapidamente adicionando outro.

"Senhor, por favor, eu -"

Klaus se afastou, sem fôlego e queimando sob a pele. "Quer que eu te foda?"

"Sim," Laurent gemeu, devasso e necessitado. "Quero que você me foda com força. Foda-me assim - como se você estivesse louco."

Merda.

Klaus torceu os dedos, pressionando as almofadas contra o feixe de nervos e Laurent empurrando seus quadris para cima.

"Me quer dentro de você?"

"Sim, eu quero que o senhor me foda. Quer o senhor, por favor."

Klaus respirou fundo, deixa o perfume de Laurent deixá-lo ainda mais tonto. Klaus puxou seus dedos para cima e se levantou, ficando entre as pernas separadas de Laurent. O vampiro olhou para ele com os olhos semicerrados, lágrimas caindo em seus cílios de uma forma que fazia Klaus querer destruí-lo ainda mais, ouvi-lo gritar seu nome.

Ele agarrou os quadris de Laurent e o rolou de bruços. Klaus olhou por alguns momentos como a corda cravou na pele, deixando formas já bonitas na carne. Ele agarrou a haste da corda no meio das costas de Laurent e puxou para cima, seu braço esticando com o esforço enquanto ele levantava os quadris de Laurent do colchão. Instintivamente, Laurent conseguiu colocar os joelhos na cama, mantendo sua bunda levantada enquanto seu peito ficava pressionado no colchão.

Klaus desabotoou o cinto em volta dos quadris e então abriu os botões, abrindo o zíper da calça. Ele tirou seu pênis, soltando um gemido enquanto o envolvia com a mão.

"Como é?" Klaus perguntou. "Completamente exposto, sendo tão vulnerável?"

Laurent estremeceu visivelmente.

"Você gosta disso?"

"Sim," Laurent murmurou. "Eu gosto disso, senhor."

"Você gosta de saber que posso fazer qualquer coisa com você."

"Sim," o corpo de Laurent tremeu. "Por favor."

Klaus se alinhou atrás de Laurent, apertando com a mão a haste grossa da corda e então ele pressionou seu pênis dentro da bunda de Laurent em um movimento lento. Ele gemeu enquanto chegava ao fundo, sentindo o aperto de Laurent em torno de seu comprimento, escorrendo pela parte interna de suas coxas e manchando seu jeans.

"Mova-se," Laurent gemeu, girando os quadris. "Por favor, eu quero ser fodido, por favor."

Klaus puxou a haste no meio das costas de Laurent novamente, uma onda de adrenalina correndo por suas veias quando Laurent choramingava ao sentir a corda cavando duramente em sua pele.

"Fique parado", disse Klaus. "Você faz o que eu digo."

Laurent fez o que ele mandou, parando e tremendo levemente, suas paredes se fechando com força.

Klaus lambeu os lábios, ainda sentindo o gosto da mancha neles, então ele esfrega a mão na boca e no queixo, olhando para baixo para ver seus dedos brilharem. Ele se estica então, encontrando os lábios de Laurent e pressionando as pontas de seus dedos contra eles. Laurent é rápido em abrir a boca, lambendo os dígitos que Klaus o alimenta, sugando ao redor deles com seus lábios firmemente enrolados e um zumbido profundo vindo de seu peito.

Com sua mão livre, Klaus alcançou o manto acima dos mamilos de Laurent e pressionou o tecido. Laurent arqueou para isso, seus quadris dando uma contração fraca antes que ele parasse novamente.

"Eu me lembro daquela vez no restaurante," Klaus começou a dizer, sua voz soa ofegante. "Olhei para você e achei que ficaria lindo com cordas. Especialmente seus pulsos."

Klaus começou a esfregar a corda no mamilo de Laurent, se contorcendo ao som dele, áspero e rouco.

"Você se sente lindo, meu anjo?"

Laurent gemeu em torno de seus dedos antes de se afastar deles.

"Eu me sinto muito bonito", ele respondeu fracamente. "Queria - queria você lá também."

"Eu sei," Klaus passou o polegar sobre o lábio inferior de Laurent antes que ele alcançasse para trás e agarrasse seu quadril. "Eu podia ver."

Laurent esfregou sua bochecha contra os lençóis.

"Eu sei que você podia. Eu queria que você soubesse disso."

Klaus pressionou seus dedos na carne do quadril de Laurent.

"Porque eu queria você", Laurent acrescentou em um sussurro. "Eu queria tanto você, senhor."

Então, como seria amar -

Klaus respirou fundo antes de puxar seus quadris para trás e então empurrar em Laurent com força. Ele o manteve imóvel segurando as grossas camadas de corda em suas costas e agarrando seu quadril, em movimentos rápidos e estremecendo enquanto os gemidos altos de Laurent enchem a sala.

Ele se inclinou para baixo, seu peito pressionado contra as costas de Laurent enquanto ele apertava entre os dentes a pele de sua nuca, pressionando sua língua no local depois. Laurent gemeu com a sensação, mas ainda descobriu o pescoço ainda mais.

Klaus olhou para ele, cílios molhados de lágrimas de prazer e boca aberta, olhos semicerrados em êxtase enquanto ele deixava Klaus fazer com ele do jeito que ele queria, forte o suficiente para doer, o suficiente para sentir o ódio que os mantinham juntos. E Klaus estava gostando disso, da confiança de Laurent, tanto que ele estava permitindo que isso aconteça, que ele pediu por isso. Esse controle ele tinha porque Laurent o deu a ele; fazia com que ele se perguntasse quem estava realmente no comando agora.

"Fale comigo," Klaus disse, suas palavras engasgadas com um gemido.

Os olhos de Laurent se fecharam por um momento antes de olhar para Klaus, olhos verdes mais escuros do que o normal.

"Eu me sinto bem." Laurent empurrou para trás para encontrar o impulso de Klaus. "E-eu amo isso, senhor."

"Eu disse para não se mexer," Klaus rosnou, puxando a corda.

Laurent respirou fundo, apertando-se ao redor de Klaus e por um momento Klaus não conseguiu respirar, ele sentiu sua garganta se fechando e seus olhos queimando.

"Merda." Klaus engoliu o nó em sua garganta. "O que você quer de mim, hein?O que mais você quer? Eu já estou controlando você, o que mais você quer?"

Laurent soluçou enquanto se pressionava contra o colchão, forte do jeito que pediu e ainda se contorcendo como se precisasse de mais.

"Que-quero você."

"Eu estou aqui."

"Mais forte", lamentou Laurent. "Quero que você ... me quebre, senhor."

Merda.

Klaus agarrou a mordida do nó na nuca de Laurent e o puxou para trás, puxando Laurent da cama. Nesta posição, com Laurent tão perfeitamente arqueado, bunda pressionada contra os quadris de Klaus, ele enfiou nele rápido, sons de tapa enchendo a sala e abastecendo Klaus para tomar mais.

"Oh Deus, bem aí!" Laurent gritou, sua voz quebrada enquanto a corda cavava em seu corpo.

"Você queria isso," Klaus rosnou em seu ouvido.

"Eu qu-queria isso," Ele choramingou, jogando sua cabeça para trás no ombro de Klaus.

"Tão bom, Laurent." Klaus pressionou seus lábios na têmpora de Laurent. "Você é tão bom, faz isso tão bem."

Laurent não podia fazer nada mais do que soltar uma série de ruídos desesperados, choramingos sufocados enquanto Klaus continuava com ele freneticamente, perdendo seu próprio ritmo enquanto o calor subia em sua virilha.

"Faça-me gozar", Laurent expirou. "Por favor, me faça gozar."

Klaus gemeu em seu ouvido antes de agarrar Laurent pela nuca e empurrá-lo para baixo no colchão, enterrando seu pênis profundamente dentro dele enquanto alcançava entre suas pernas e pegava o pênis de Laurent em sua mão.

Ele amassou rudemente a cabeça, lembrando-se de como Laurent gostava quando havia dor, acariciando-o com força, o punho apertado ao redor e então Laurent gozou com um gemido profundo, tremendo e apertando, o rosto pressionado contra os lençóis.

Klaus empurrou cegamente para dentro, se inclinando e pressionando seu nariz no cabelo de Laurent, inalando profundamente e quando uma onda de perfume encheu seus pulmões, gozando com o nome de Laurent em seus lábios, derramando dentro dele.

Por um momento, enquanto descia de seu orgasmo, Klaus se sentia como se estivesse flutuando, seu corpo estremecendo com o tremor do orgasmo. Ele engoliu seco e, lentamente, ele puxou. Laurent estremeceu, mas não faz nenhum barulho, simplesmente deitou de barriga para baixo, com o peito arfando.

"Meu anjo?" Klaus chamou, puxando rapidamente sua cueca e jeans de volta. "Palavras."

Laurent se contorceu na cama, puxando as pernas para cima enquanto se enrolava em si mesmo.

"Bom", ele sussurra. "Estou bem, senhor."

Klaus levou sua mão ao cabelo de Laurent, enredando seus dedos entre eles. "Não me chame senhor."

"Mmh," Laurent esfregou a bochecha no lençol. "Ok."

Klaus se ajoelhou e começou a desfazer o nó que mantinha os braços de Laurent amarrados. Os pulsos de Laurent estavam com marcas da corda profundas em sua pele, mas não havia cortes ou queimaduras, então o aperto foi bom. Enquanto ele desembaraçava a corda e a soltava atrás dele, Laurent levantou um pouco o braço, a mão aberta em sua direção. Klaus olhou para ele por um momento antes de agarrá-lo e Laurent suspirou enquanto entrelaça seus dedos frouxamente, deixando seu braço cair ao seu lado.

Klaus sabia que iria demorar mais para desfazer os nós mais complicados com apenas uma mão, mas tudo bem. Ele começou a desenhar círculos com o polegar nas costas da mão de Laurent e depois começou a trabalhar.

Não demorou tanto quanto ele temia, pois Klaus conseguiu ter os nós principais desfeitos em alguns minutos, o padrão agora perdido se não pelas escavações e marcas na pele de Laurent. Ele puxou a corda em volta do pescoço de Laurent até sua cabeça, o movendo de forma que ele casse deitado de lado e finalmente se livrou das amarras. Klaus deixou a corda cair no chão antes de se virar para Laurent, que estava acariciando seu pulso há algum tempo.

"Ei," Klaus murmurou. "Laurent?"

"Mmh."

"Quer um banho?"

"Não." Laurent inspirou. "Quero dormir."

"Você tem certeza?"

"Estou cansado."

"Ok. Ok, deixe-me pegar algo para limpar você, então."

O aperto de Laurent em sua mão ficou mais forte e ele abriu seus olhos.

"Eu não quero.", ele sussurrou.

Por alguma razão, isso fez Klaus bufar.

"Você quer dormir com esperma seco entre suas nádegas?"

"Ah," Laurent suspirou. "Eu também não quero isso."

"Escolha difícil."

"Sim," Ele choramingou, mas soltou a mão de Klaus. “Vá rápido então.”

Klaus assentiu e saiu da cama, indo rapidamente para o banheiro. Ele pegou a primeira toalha que encontrou e a molhou com água morna, apertando com força para que não ficasse muito encharcada.

Uma vez que ele estava de volta na sala, Klaus deixou Laurent pegar sua mão novamente enquanto ele cuidadosamente limpava a parte interna das coxas dele.

"Está frio."

"Vou pegar um cobertor em um segundo. Então vamos para o seu quarto, hein? Você gosta mais da sua cama do que desta."

Laurent assentiu.

"Os travesseiros são mais macios."

"Sim, eu sei." Klaus lhe deu uma olhada rápida. "Não adormeça ainda, ok?"

"Ok, mon coeur."

Assim que Laurent ficou limpo, Klaus soltou sua mão e foi para o armário. Ele tinha alguns cobertores guardados na prateleira de cima, mesmo que não os usasse com frequência. Ele pegou um macio o suficiente para não irritar a pele já sensível.

Klaus o envolveu sobre Laurent que se enroscou embaixo dele, puxando-o para perto.

"Você acha que pode andar?"

"Em um momento," Laurent olhou para ele e piscou sonolento. "Quente."

"Mh?"

"Este cobertor está quente.”

"Muito quente?"

"Eu gosto disso." Laurent rolou sobre seu estômago então, lentamente se ajoelhando.

Com cuidado, ele empurrou as pernas para fora da cama e se levantou, cambaleando no local por um segundo antes de recuperar o equilíbrio. Ele olhou para Klaus e deu um passo à frente, enterrando o rosto na curva do pescoço, esfregando o nariz ali.

"Nós vamos andar assim."

Klaus soltou uma risada, mas ele acenou antes de colocar a mão nas costas de Laurent.

"Ok, nós vamos assim."

Não foi uma tarefa fácil, com Laurent basicamente caminhando para trás enquanto ele insistentemente fuçava o pescoço e clavículas de Klaus enquanto tentava o seu melhor para guiá-los até o outro quarto. Eles fizeram funcionar de alguma forma e, em breve, Klaus estava abrindo a porta da sala vazia.

Marius estava deitado na cama, mas quando os viu se mexendo no quarto, ele se levantou sobre as pernas e foi para o lado do colchão, as orelhas se contorcendo de excitação enquanto esperava que eles se juntassem a ele.

Assim que as panturrilhas de Laurent atingiram a cama, ele se deitou, rolando sobre o estômago enquanto rastejava até os travesseiros, o cobertor ainda enrolado firmemente em torno dele.

Klaus também subiu na cama e deu uma olhada rápida pela janela; o sol estava sendo coberto por nuvens cinzentas, o que significava que nevaria novamente em breve, mas ainda era incrivelmente cedo, talvez perto do meio-dia.

Ele se deitou ao lado de Laurent e deixou o vampiro jogar um braço em seu estômago enquanto pressionava seu rosto no peito de Klaus, suspirando profundamente.

"Nós temos meus picolés?"

Klaus franziu a testa. "Você quer?"

"Agora não", respondeu Laurent. "Mais tarde."

Eles realmente não tinham mais.

"Vou pedir um pouco."

"O negativo seria ótimo."

Klaus bufou, começando a acariciar o cabelo de Laurent, como sempre.

"Eu gosto muito disso."

Klaus piscou. "Sério?"

"Sim." Laurent esfregou sua bochecha no peito de Klaus. "Eu não - não tenho certeza se posso explicar isso."

"Está bem."

"Eu quero explicar isso, no entanto." Ele fez uma pausa. "Sou cauteloso com os clientes. Tenho cuidado. Já vi outros morrerem em bordéis. Já vi todos eles. Por isso tenho cuidado. Não escorregue muito, não se perca nisso. É uma regra que tenho. Porque não sou eu com um cliente, sou outra pessoa. Uma boneca. "

Qual seria a sensação?
"Não sou uma boneca com você", Laurent ofereceu em um murmúrio. "Eu nunca chamaria um cliente do jeito que te chamo. Não por minha própria vontade, não porque eu quero."

Klaus cantarolou. "Você os chama de queridos?"

"Não." Laurent olhou para ele. "Eu não."

Por algum motivo, Klaus se sentiu aliviado.

"Confiança é difícil de encontrar, mon coeur, mas acho que é ainda mais difícil de dar." Laurent sorriu um pouco antes de fechar os olhos e se aninhar um pouco mais perto. "Mas você tem a minha."

E de alguma forma, isso era o suficiente para Klaus.

Ele sentiu seus músculos relaxando, uma tensão que ele não sabia que tinha desaparecendo de seu corpo, deixando-o quase dolorido.

"Obrigado por confiar em mim", sussurrou Klaus. "Por me deixar fazer isso com você."

"Você também," Laurent disse baixinho, as palavras se arrastando enquanto ele sucumbia ao sono. "Obrigado por fazer isso bom para mim."

Klaus permaneceu quieto depois disso e ouviu a respiração de Laurent até que ela se equilibrasse, até que seja apenas um som lento e silencioso.

Ele acha que deveria ter feito Laurent tomar um banho antes de deixá-lo dormir. Que talvez ele devesse ter um pouco de loção perto dele, porque ele sabia as marcas na pele de Laurent podem causar algum desconforto.

Ele acha que Laurent poderia não entender, mas Klaus confiava nele ainda mais. Muito mais.

Ele achava que talvez pudesse pedir mais sangue do que o necessário, manter muitos sabores diferentes na geladeira, já que Laurent aparentemente gostava.

Ele pensou, como seria amar Laurent?

Como?

Laurent era difícil. Ele vinha quando queria, pedia algo com palavras bonitas quando, na verdade, era exigente. Ele pegava o que queria, mas também devolvia. Beijava-o em um momento de vulnerabilidade e depois pedia desculpas por isso.

Ele empurrava e puxava, ele pegava e dava, exigia antes de ir embora quando estivesse satisfeito.

O afogava com tudo isso.

Como seria amar Laurent?

Klaus achava que seria como uma maré.

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Sua mãe costumava dobrar papéis com belas estampas em novos formatos.

Klaus se sentava no chão, pernas cruzadas e olhos arregalados enquanto olhava para os dedos de sua mãe se movendo suavemente, dobrando o papel rosa claro várias vezes, pressionando seus polegares em cada canto e alisando-os.

Ela sempre parecia realmente relaxada quando o fazia, um leve sorriso nos lábios, cabelo preso para trás para que não caísse sobre seus olhos e a distraísse.

Os lábios de Klaus se separaram quando ela terminou de dobrar o papel; sua mãe gentilmente pegou o peixe de papel em suas mãos, não mais do que sete centímetros e muito limpo e bonito.

"Aqui," ela disse enquanto oferecia o peixinho a Klaus. "Para você, principezinho."

Klaus deixou sua mãe colocar o papel dobrado em suas pequenas mãos e ficou maravilhado com ele por alguns segundos.

"Mamãe, como você fez isso?"

"Se você dobrar um pedaço de papel da maneira certa, você pode torná-lo em qualquer formato", respondeu ela, sorrindo para sua expressão maravilhada. "Chama-se origami. É japonês, principezinho. Pode traduzir?"

Klaus havia começado a aprender japonês apenas recentemente, mas descobriu que era fácil para ele aprender novos idiomas. Ele fez beicinho em concentração enquanto acariciava o papel com o polegar.

" Ori?"

"Sim, ori."

"Significa dobrar."

"Sim. E então kami."

"Papel. Oh!" Klaus deu uma risadinha. "Papel dobrável."

"É muito simples, sim."

"Que peixe é esse?"

"Uma carpa Koi. Aquela que eles mantêm nos lagos, pequeno príncipe. Você se lembra deles?"

Klaus acenou com a cabeça quando ele realmente se lembrava. Quando ele esteve no Japão, apenas no ano anterior, ele viu os lindos peixes movendo-se lentamente nas águas límpidas do lago, suas nadadeiras eram de cores brilhantes, brancas e vermelhas, às vezes laranja. Somente quando Klaus começou a alimentá-los com migalhas de pão, eles começaram a nadar freneticamente, com grandes bocas se abrindo em torno dos pedaços molhados de pão.

"Mamãe."

"Mh?"

"Você sente falta do Japão? Sua casa também era bonita. Tinha muitos quartos e - e todos aqueles painéis de papel de arroz. Você sente falta?"

Seu sorriso vacilou por um momento, olhos nublados com algo semelhante à dor. Mas ela superou isso rapidamente, balançando a cabeça e sorrindo largamente.

"Por que eu sentiria falta daquele lugar quando tenho você aqui?"

Klaus corou e olhou para o peixe-papel novamente, fazendo beicinho de vergonha enquanto suas bochechas coravam.

"Por que você faz isso?" ele perguntou. "Porque eles são bonitos?"

Sua mãe permaneceu em silêncio por alguns instantes antes de se levantar da cadeira e sentar-se na frente dele, as pernas dobradas elegantemente ao lado do corpo.

"Porque eu posso," ela respondeu, olhando para o origami nas mãos de Klaus. "Porque se eu dobrar do jeito que eu gosto, sou eu quem dá uma nova forma ao papel. Eu o controlo."

Klaus assentia mesmo sem entender de verdade. Ela pareceu notar isso e sorriu para ele antes de bagunçar seu cabelo.

"Os humanos anseiam por controle de muitas maneiras diferentes. Controle sobre sua vida, sobre o que eles querem comer. Às vezes, até sobre o controle em si. Eu não posso ter controle sobre muitas coisas, mas isso-" Ela apontou para o peixe. "Eu posso controlar suas formas. Sou eu quem decide. É reconfortante."

Klaus acenou com a cabeça, entendendo apenas a superfície do que sua mãe estava dizendo a ele, mas considerando o suficiente por enquanto.

"E quanto a mim?" Ele perguntou.

"Você?"

"O que eu controlo?"

"Qualquer coisa", respondeu ela. "Você controla o que quer ou quem você quiser. Eu quero que você se lembre disso, Klaus. Não importa o que seu pai diga, o que ele faz com você, não importa." Ela se aproximou e sussurrou. "No final de tudo, você será o único no controle."

Klaus pensou, por alguns anos, que havia encontrado seu controle.

Ele controlou sua vida, sua cidade, quem morreu e viveu nela.

Mas seu controle, o controle pelo qual ele lutou, estava desmoronando. Estava sendo roubado.

A cidade o estava comendo.

⸎⸺⸺⸺⳹۩۩⳼⸺⸺⸺⸎


G Anão: Klaus, estou chegando em duas horas.


K: mas tipo, e se eu não quiser que você venha

G Anão: e se eu não der a mínima?

K: e se eu não dou a mínima que você não dá a mínima

G Anão: Vou colocar uma bala nessa sua bunda chata

K: você é tão rude

K: bem, duas horas

G Anão: cadê sua casa?

K: oh sim, deixe-me apenas dizer por meio de mensagens que qualquer um poderia ler se conseguisse roubar meu telefone

K: para um informante você é um idiota

G Anão: Vou trazer meu rifle maior e enfiar na sua garganta

K: pergunte a Sulli, ela sabe onde eu moro.

G Anão: viu, não foi tão difícil

K: Me desculpe, não posso te ouvir daqui

G Anão: ESTA É UMA CONVERSA ESCRITA, ENTÃO O QUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO É QUE NÃO PODE LER

K: você me pegou

G Anão: Eu não suporto você.

K: então entre na fila

G Anão: Vou matar você com um grampo de cabelo

K: vejo você em duas horas Gabriel


~•~

Klaus olhou para Marius enquanto o gato olhava para a tigela de leite que ele preparou.

O gato estava sentado na bancada da cozinha, orelhas em pé, cauda enrolada em torno de suas patas enquanto seus olhos estavam focados no líquido branco. Ele não se movia há mais de dez minutos.

"Vamos," Klaus murmurou. "Beba."

Então, talvez Laurent estivesse em seu quarto dormindo ou lendo então Marius desceu para a cozinha. Talvez Klaus tenha passado uma hora de seu tempo acariciando o maldito gato e até mesmo se sentiu gentil o suficiente para encher uma pequena tigela com leite fresco.

Talvez o maldito gato seja ingrato, já que não tomou um único gole.

De repente, Marius se abaixou, seu focinho incrivelmente perto do leite. Klaus prendeu a respiração. Ele cheirou o conteúdo da tigela, bufou e se inclinou para trás. Ele teve a audácia de olhar para Klaus como se ele quisesse dizer a ele que merda é essa que você está me alimentando?

"Que porra de gato não bebe leite?" Klaus murmurou. "Você está quebrado? Laurent pegou um gato quebrado?"

Marius miou, quase indignado, então o telefone de Klaus vibrou. Klaus deu uma olhada no display, encontrando uma notificação de Gabriel. Ele suspirou e se levantou do banquinho, saindo do corredor principal, indo para o elevador. Klaus apertou o botão próximo às portas fechadas do elevador, ouvindo um zumbido alto, significando que os portões do jardim e a porta da garagem estavam se abrindo.

Klaus caminhou de volta para a cozinha então, sem realmente sentir vontade de esperar por Gabriel. Ele se sentou no banco e lambeu os lábios antes de apontar o dedo para Marius.

"Beba o maldito leite."

Marius piscou.

"Eu ajo como um humano decente pela primeira vez e você simplesmente cuspiu em meus esforços. Beba."

O gato miou e se levantou, se aproximando de Klaus e pressionando sua cabeça contra o dedo dele. Klaus suspirou, derrotado, e abrindo a mão para acariciar a cabeça e as costas do gato, sorrindo um pouco quando ele começou a ronronar.

Depois de um minuto ou mais, Klaus ouviu as portas do elevador se abrindo, então ele parou de coçar o queixo de Marius e esperou. Gabriel apareceu no corredor principal enquanto olhava ao redor da sala com os olhos arregalados.

"Droga, Klaus", diz ele. "Você está vivendo a vida bem."

"É apenas uma casa."

"Cale a boca, minha casa poderia caber na sua três vezes." Gabriel tirou o casaco e o dobrou sobre o braço enquanto caminhava até o balcão. "Você tem um gato?"

"Ele não é meu," Klaus respondeu. "Ele só mora aqui. Nem paga as contas."

"Do que diabos você está falando?"

"Não importa," Klaus acenou com a mão para ele com desdém. "Vamos, sente-se. Espere, você pode pelo menos alcançar os banquinhos ou-"

"Tenho uma Glock no bolso e não tenho medo de usá-la na sua bunda feia."

Klaus assentiu. "Entendi. Quer beber alguma coisa?"

Gabriel balançou a cabeça enquanto se sentava (com alguma luta) no banquinho.

"Não, eu estou bem."

"Boa." Klaus pegou seu maço de cigarro no balcão e ofereceu a Gabriel. O jovem pegou um cigarro para si e deixou Klaus acendê-lo para ele. "Como está Sulli?"

"Petulante como sempre," Gabriel respondeu antes de dar uma tragada na fumaça. "Mas ela está de bom humor desde que Zoya derramou o sangue do Ricci por toda parte."

Klaus acendeu seu próprio cigarro e assentiu em volta dele. "Isso pelo menos é bom."

"Ela fica nos importunando sobre você não vir jantar ou algo assim."

Klaus gemeu. "Jesus Cristo, essa cidade pode estar pegando fogo agora e tudo o que ela diria seria ‘sim, mas por que você não veio jantar?’ "

"Ela quer cozinhar."

Klaus arqueou uma sobrancelha. "Ok, mas ela sabe cozinhar?"

"Não."

"Oh Deus."

"Ela tem praticado, no entanto."

"Ah. Isso é fofo."

"Ela já queimou a panela cinco vezes tentando fazer macarrão, de acordo com a Cassie."

"Ela queimou uma frigideira fazendo macarrão frio?"

"Ela é uma mulher de muitos talentos."

"Sim, sem brincadeira."

Gabriel parecia que estava prestes a dizer algo quando o som de pés descalços no chão atingiu a cozinha. Klaus ergueu os olhos do cigarro e Laurent apareceu, o cabelo um pouco despenteado, mas ele não parecia com sono, então significava que ele realmente estava lendo.

"Oh, é onde Marius está", disse ele assim que seus olhos pousaram no gato. "Eu estive procurando por ele."

"Eu dei leite a ele e ele quis vai beber. Seu gato está quebrado."

Laurent revirou os olhos e caminhou até o balcão. Ele mergulhou um dedo na tigela de leite e depois o lambeu enquanto olha para Marius. Imediatamente, o gato se animou e se inclinou sobre a tigela, a língua disparando para lamber o leite.

"Que porra é essa?" Klaus sussurrou.

"Ele não está quebrado, ele está desconfiado. Ele não vai comer ou beber algo novo a menos que você mostre a ele que não vai prejudicá-lo." Laurent fez uma careta. "Tive que comer comida de gato na primeira vez que o alimentei, quase vomitei."

Klaus bufou e Laurent sorriu antes de se virar para Gabriel. Laurent ficou olhando por alguns momentos antes de franzir a testa.

"Mon coeur, há um você menor na cozinha."

Klaus prontamente se engasgou com a fumaça que acabou de inspirar, sua garganta queimando e os olhos lacrimejando.

"Porra", ele ofegou, batendo no peito. "Oh, eu quase morri."

Ele estava esperando que Gabriel fizesse algum tipo de comentário desagradável, mas houve apenas silêncio na sala. Quando Klaus se virou para olhar para ele, ele ficou surpreso ao encontrar Gabriel olhando para Laurent com olhos arregalados e um rubor muito óbvio em suas bochechas.

Oh.

Laurent inclinou a cabeça para o lado. "E você é quem?"

Gabriel piscou. "Eu-Gabriel. Eu sou Gabriel Waters."

Laurent assentiu e se virou para Klaus. "Eu interrompi você?"

"Tínhamos acabado de começar."

"Eu vou subir então. Vou levar Marius." Laurent pegou a tigela pela metade em sua mão e então agarrou o gato em seu peito, segurando-o com o braço livre. "Vejo você mais tarde."

Klaus acenou com a cabeça e esperou que Laurent desaparecesse de sua linha de visão antes de se virar para Gabriel com uma sobrancelha arqueada.

"Você está falando sério?"

"O que?" Gabriel deu uma tragada nervosa na fumaça.

"Você está apaixonado por ele?"

"Eu não estou!" Gabriel zombou, batendo o cigarro em cima do cinzeiro no balcão. "Eu só - bem, eu tenho olhos que funcionam."

"Você literalmente tem dois namorados."

"Sim, e você literalmente vive com uma porra de uma boneca que respira."

"Não o chame assim."

Gabriel congelou por um momento com a observação dura, dita bruscamente. Ele apertou os olhos e acenou com a cabeça.

"Desculpa."

"Não, tudo bem." Klaus balançou a cabeça. "Ele simplesmente odeia essa palavra. Aprendi a odiar também."

"Mmh." Gabriel levou o cigarro aos lábios. "Ele é o que Ricci queria, certo?"

"Sim, é ele."

"Que merda doentia", Gabriel suspirou, então ele encolheu os ombros. "Devemos começar a trabalhar?"

Klaus se mexeu no banquinho e apoiou os cotovelos no balcão. "Vamos."

"Como eu já disse, conheci essa mulher por acaso. Ela trabalha em um bordel de merda, o Dynasty."

"Nunca ouvi falar disso."

"Não me surpreende, é um buraco de merda no setor sul."

"Merda, ela está vivendo assim?"

“Nem todo mundo tem sorte como nós”, disse Gabriel. "Então, eu a encontrei e ela me disse que conheceu o homem. Mais de uma vez."

Klaus franziu a testa. "Não foi isso que você disse na reunião."

"Sim, porque eu não sou um idiota." Gabriel deu uma tragada na fumaça. "Nunca planejei dar a eles todas as informações, apenas o necessário."

"Justo."

"Ela disse que o Lange era um monstro do caralho", disse ele então. "Ela não entrou em detalhes, mas, pelo olhar em seu rosto, eu só posso imaginar o tipo de merda que ele fez com ela. Mas ele pagou bem, ele era generoso quando se tratava de dinheiro." Gabriel fez uma pausa. "Tão generoso que ela até o seguiu para casa uma noite."

Os olhos de Klaus se arregalaram quando uma onda de emoção percorreu seu corpo. Ele se inclinou para frente no balcão e sorriu.

"De jeito nenhum."

Gabriel concordou; "Ela me disse que esta é uma sobrevivência do tipo mais apto da cidade e, uma vez que o cara parecia rico o suficiente para pagar a ela todo aquele dinheiro por algumas horas de sexo, ela adivinhou que ele devia ter algo mais de dinheiro em sua casa. Estou citando ela."

"E?"

“Ela saiu furtivamente do bordel após a sessão com ele e o seguiu, ela tinha percebido que o cara nunca tinha a chave do carro com ele, então ele caminhou até o bordel ou pegou um táxi e, portanto, as chances de segui-lo eram boas. " Gabriel deu uma última tragada na fumaça antes de apagar o cigarro no cinzeiro. "Ela costumava sobreviver nas ruas graças a pequenos furtos, carteiristas e merdas assim, então ela estava confiante. Ela o seguiu por mais de duas horas, ele voltou para casa".

"Ela tem um endereço."

"Eu duvido que ele ainda more lá. Inferno, eu nem acho que ele realmente viveu na maldita casa, talvez tenha sido apenas um lugar que ele alugou por um tempo. Mas sim, nós temos um endereço."

"E?"

"Ela não quis me dar." Gabriel estalou a língua. "E acredite em mim, fui convincente. Ofereci a ela muito dinheiro, mas ela não cedeu."

"Por quê?"

"Ela estava bêbada pra caralho quando eu falei com ela, ela não estava fazendo muito sentido. Mas eu acho que ela deve ter percebido que estava falando demais, porque de repente ela ficou muito tensa e nervosa, ficou murmurando algo sobre ser descuidada. " Gabriel encolheu os ombros. "Ela também me disse que nunca realmente invadiu a casa porque fica em um condomínio rico, a segurança é alta e não havia como ela entrar furtivamente."

Klaus suspirou. "Bem, que informação muito útil você acabou de me dar."

"Shush, eu não terminei." Gabriel esfregou a nuca. "Eu não desisti, ok? Continuei prometendo merdas a ela, prometi a ela uma maldita casa, mas depois ela disse que não iria falar com alguém que não sabe merda nenhuma sobre a vida que ela vive. Basicamente, ela não confiou em mim. Ela pode até ter percebido que eu era um informante e, honestamente, sou um tipo de merda com as pessoas. Eu realmente não as deixo à vontade. "

"O quê? Não acredito!"

"Então," Gabriel continuou, ignorando-o. "Eu perguntei a ela se ela se sentiria mais segura com alguém que a entende. Ela pensou sobre isso por um momento e então disse que talvez ela estivesse disposta a falar com alguém como ela. Alguém que sabe o que ela passou."

Klaus franziu a testa. "Eu não entendo."

"Escute, Klaus, ela o odeia. Falo sério, nunca vi uma mulher ficar tão enojada antes. O principal motivo pelo qual ela começou a falar, além de estar bêbada, é porque eu deixei claro que estava procurando por ele porque há pessoas que o querem morto. Ela o quer morto também." Gabriel arqueia uma sobrancelha. "Ela pode não confiar em mim, mas ela confiaria em uma prostituta. Especialmente uma prostituta que teve contato com o Lange."

Ah, merda.

Klaus lambeu os lábios e lançou um olhar na direção de onde Laurent saiu. Ele levou o cigarro aos lábios e inalou profundamente.

"Não."

Gabriel arqueou uma sobrancelha. "Não?"

"Não vamos usar o Laurent."

"Usar é uma palavra grande."

"Eu não posso expô-lo ainda mais a essa merda."

"Sulli me contou por que o homem de Ricci invadiu sua casa, algo sobre coordenadas. Mas ele não as tem, certo? Quais são os riscos?"

Klaus arqueou uma sobrancelha. "Não sei, talvez a morte seja um dos riscos."

"Klaus, finalmente temos uma pista do caralho", disse Gabriel. "Nós poderíamos facilmente conseguir se você deixar-"

"Eu gaguejei, porra, Gabriel?" Klaus apagou o cigarro no cinzeiro. "Eu disse não."

Gabriel soltou um suspiro derrotado, os ombros caídos.

"Bem, então toda a merda que puxamos na reunião é meio inútil."

"Não, não será." Klaus respirou fundo. "Nós usaremos outra pessoa."

Gabriel franziu a testa. "Quem?"

"Outra prostituta, alguém que sabe o que ela passou." Deus, August vai matá-lo. "Usaremos Spencer."

"Espere." Os olhos de Gabriel se arregalaram. "Você quer dizer Spencer Hargreaves?"

"Você o conhece?"

"Klaus, Spencer é um informante que foi treinado pela Sulli, ele costumava ser igual a mim, é claro que eu o conheço." Gabriel balançou a cabeça. "Ele não trabalha no Nightshade agora?"

"Ele tem. Ele trabalha como informante para August."

"Spencer conheceu o Lange?"

"Não, mas Laurent sim e aqueles dois estão colados no quadril ou algo assim," Klaus respondeu. "Se perguntarmos a ele, ele dirá que sim. Ele deve saber algumas das coisas que Laurent experimentou com o Lange, ele pode usar isso."

"Você quer que ele minta para aquela mulher?"

"Mentir funciona e tenho a sensação de que Spencer é um mentiroso convincente."

Gabriel mordiscou o lábio inferior por alguns momentos. "É arriscado."

"É a escolha com menos riscos."

"E se ele disser não?"

"Ele não vai." Klaus acenou para si mesmo. "Ele ama Laurent demais, ele dirá que sim."

Gabriel não pareceu totalmente convencido. Ele assentiu hesitante, os olhos caindo em seu colo enquanto seus lábios se abriam em concentração. Ele provavelmente estava pensando nisso, pesando os prós e os contras como costumava fazer.

"OK." Gabriel acenou com a cabeça e depois olhou para cima. "Ok, se ele disser sim, podemos tentar. Onde?"

Klaus pensou sobre isso por um segundo. "Nightshade, quero ter certeza de que a tenhamos em algum lugar onde possamos controlá-la, de jeito nenhum faremos isso em um lugar que não é meu."

Gabriel assentiu. "Ok, vou marcar um encontro com ela, vou te dizer quando eu tiver um dia. Você pensa em convencer Spencer."

Klaus acenou com a cabeça, mas, com toda a honestidade, ele duvidava muito que fosse demorar para convencê-lo.

"Eu vou então." Gabriel saiu do banquinho e encolheu os ombros em seu casaco. "Eu sei como sair."

"Traga-me boas notícias."

"Sim, bem, vou tentar," Gabriel murmurou e então deu a Klaus um breve aceno de cabeça. "Vejo você em breve, Klaus."

"Sim. Ah, Gabriel?"

"O que?"

"Essas palmilhas não mudam muito sua altura."

Gabriel piscou. "A única razão pela qual eu não atirei em você ainda é porque a Sulli ficará triste se eu atirar."

Klaus sorriu. "Obrigado pelo seu trabalho, Gabriel."

O jovem revirou os olhos e acenou com a mão para ele antes de se afastar. Klaus esperou pelo som das portas do elevador fechando antes de respirar fundo e olhar para o telefone.

August não ficará feliz.

Ele pegou o telefone e rapidamente examinou seus contatos antes de encontrar o certo, tocando nele e leva o dispositivo ao ouvido, batendo o dedo no balcão enquanto esperava a ligação ser atendida.

"Klaus?"

"Sim," Klaus respondeu. "Eu tenho um favor para te pedir, Spencer."

~•~

 “Você realmente odeia se vestir bem, não é?"

Klaus segurou o último botão da camisa preta e suspirou. "Pior que sim."

"Você faz isso frequentemente." Laurent rolou de costas, deitado na cama com a perna dobrada, o lençol que o cobria facilmente escorregando.

Klaus assentiu e pegou seu paletó, dando um puxão forte enquanto o fixava em seu corpo.

"Quando preciso, não tenho escolha."

"Onde você vai?"

Klaus fungou e se virou para Laurent, ajeitando os punhos de sua camisa. "Para o Nightshade."

"Oh." Laurent levantou as sobrancelhas, surpreso. "Por quê?"

"Cass queria me ver, dar uma olhada nas contas do último mês.", Klaus respondeu suavemente. "Aparentemente, o lucro não tem sido tão grande desde que você e Spencer tiveram que deixar o lugar."

Com isso, Laurent sorriu. "Ah, Spencer e eu realmente dirigíamos aquele lugar então."

Klaus forçou uma risada, ignorando o pequeno puxão de culpa em seu peito. Ele não queria mentir para Laurent, mas foi Spencer quem pediu. A única coisa que ele pediu em troca pelo favor de Klaus, realmente.

"Se você contar a Laurent, então não vou te ajudar," Spencer disse depois que Klaus explicou em detalhes o que ele precisava.

"Tudo bem," Klaus respondeu ao telefone. "Por que, então? Você acha que ele vai tentar te impedir?"

Spencer permaneceu quieto por alguns segundos antes de responder.

"Acho que você descobrirá o porquê assim que estivermos lá."

Klaus não sabia o que estava acontecendo com cada não-humano sendo sempre tão enigmático, mas ele parou de perguntar. As respostas não surgiam em seu caminho mesmo se ele fizesse isso, tudo o que ele recebia são enxaquecas.

Klaus deu uma rápida olhada no espelho e decidiu que estava pronto.

"Eu não devo voltar tarde demais", disse Klaus. "Tem uma porrada de sangue na geladeira você ficar com fome."

Laurent arqueou uma sobrancelha. "Obrigado, mãe."

"Oh, cale a boca."

Laurent sorriu e se mexeu na cama, arqueando um pouco, ainda parecendo lindamente corado.

Klaus começou a dar tapinhas nos bolsos da jaqueta e franziu a testa. "Onde diabos está meu telefone?"

"Aqui."

Klaus olhou para onde Laurent estava apontando, o telefone estava no colchão, bem ao lado dele. Klaus se ajoelhou no colchão e se esticou acima de Laurent para agarrá-lo, mas, antes que ele pudesse se afastar, o ruivo agarrou a gola de seu paletó e o impediu.

"Sério, quem diabos fecha todos os botões da camisa assim?" Ele murmurou enquanto desfazia o primeiro botão, depois o segundo. "Mostre um pouco de pele, mon coeur, ninguém vai cuspir em você se você fizer isso."

Klaus agarrou o pulso de Laurent antes que ele pudesse desfazer o terceiro botão. Laurent olhou para ele com uma carranca leve antes de relaxar novamente.

"Não vai me mostrar hoje também, vai?"

Klaus fez uma careta. "Não é algo ruim."

Laurent assentiu e se contorceu um pouco. Deitado assim sob Klaus quase parecia um convite.

"Nenhuma cicatriz horrível se escondendo sob essas suas camisas?"

Klaus balançou a cabeça. "Nada disso. Quer dizer, eu tenho, mas não é isso."

"Então por que não consigo ver?"

"Porque eu não quero que você veja."

Talvez tenha saído mais duro do que ele pretendia.

Laurent piscou, surpreso com seu tom áspero, mas ele simplesmente concordou.

"OK, desculpe."

"Não, está tudo bem. Não se desculpe, está tudo bem." Klaus suspirou. "Eu vou te mostrar em algum momento."

"Ok," Laurent suspirou. "Você não tem que ir?"

Klaus assentiu. Ainda assim, ele não se moveu.

Eles estavam muito próximos de novo, Klaus pensou. Perto o suficiente para ver aquelas sardas leves no rosto de Laurent. Os olhos de Laurent se arregalaram um pouco, ele prendeu a respiração quando o olhar de Klaus caiu em seus lábios.

Seria bom provar novamente. Só por um momento, na verdade.

Apenas por um momento.

Laurent de repente virou o rosto para a esquerda, a mandíbula cerrada e os olhos focados em um ponto da parede. Klaus limpou a garganta e se afastou, soltando o pulso de Laurent, se levantando e ajeitando sua jaqueta.

"Vejo você mais tarde, então."

Laurent olhou para ele e deu um sorriso, um pouco tenso talvez, mas é genuíno.

"Claro", disse ele. "Não se mate, querido."

~•~


No carro, a atmosfera estava tensa o suficiente para fazer a pele de Klaus arrepiar-se desconfortavelmente.

Johnny dirigia em silêncio, Lisbeth se sentando ao lado dele no banco do passageiro e não dizendo uma única palavra desde que eles deixaram a casa de Klaus. Isso realmente não era surpreende, não depois da briga. Lisbeth é todo tipo de bom, gentil e altruísta, mas ela sempre foi incrivelmente hábil em guardar rancores, especialmente quando ela sentia que não era o único do lado errado da discussão.

O que aumentava o ar tenso geral é August.

Enquanto Spencer, que estava sentado no meio do banco de trás, parecia absolutamente relaxado e talvez até um pouco divertido, o mesmo não podia ser dito de August. Ele estava olhando pela janela do carro, com a mandíbula firme e os braços cruzados sobre o estômago. Ele também ainda precisava falar uma única palavra.

Que maneira ótima de começar uma missão.

"Então!" Johnny exclamou do nada, alto o suficiente para fazer Klaus estremecer. "Temos certeza de que essa mulher virá?"

Klaus suspirou. "Honestamente, eu não sei. Gabriel disse que conseguiu convencê-la, vamos torcer para que ela não mude de ideia."

"Se Gabrielie disse que ela-"

"Segure essa porra." Klaus se vira para a Spencer com uma carranca. "Gabrielie?"

Spencer encolhe os ombros. "Sim, somos amigos. Bem, se você perguntar a ele, ele dirá que somos apenas conhecidos. Mas você sabe como ele é, todo mal-humorado e essa merda. Ele gosta muito de mim, realmente, ele simplesmente não admite isto."

"Eu - tudo bem."

"De qualquer forma, se ele disse que a convenceu, então ela estará lá." Spencer acenou para si mesmo. "Gabriel é bom no que faz."

Klaus assentiu e deixou a conversa morrer naturalmente.

Eles dirigiram em silêncio de novo e, depois de vinte minutos ou mais, Johnny estava puxando o carro perto do meio-fio, a entrada do Nightshade a menos de dois metros deles.

"Deixe-me perguntar de novo," Spencer disse, olhando para Klaus. "Vou ter que fingir, certo? Finja que conheço o fulano lá."

Klaus concordou. "Basicamente. Laurent deve ter te contado algo sobre ele, apenas use o que você sabe."

Com isso, os olhos de Spencer se arregalaram. "Você quer que eu use o que aconteceu com Laurent?"

Klaus fez uma pausa.

"Você sabe o que aconteceu com Laurent, Klaus?" Spencer perguntou então. "Você tem alguma ideia?"

Johnny desligou o motor e um silêncio assustador caiu no carro.

"Eu não," Klaus responde. "Mas se é isso que precisamos para fazê-la falar, então faça o que você quiser. Diga o que quiser, use qualquer informação que você tenha. Eu não me importo."

"Você não se importa agora."

"Nós finalmente temos uma vantagem, Spencer, eu não vou perder isso."

Spencer olhou para ele por um momento e então suspirou, balançando a cabeça.

"Laurent vai me matar, porra."

"Laurent não vai saber."

"Tudo bem," Spencer murmurou. "Tudo bem, vamos logo."

Lisbeth foi a primeira a abrir a porta, saindo rapidamente do carro. Todos eles a seguiram e Klaus pôde ver que as ruas do distrito ainda estavam vazias senão pelos poucos trabalhadores do clube que se apressavam para começar a preparar-se para o turno.

Eles começaram a se mover em direção ao Nightshade, August um pouco atrás deles, seus passos lentos. Klaus se perguntou se era por causa de outra briga que ele pode ter tido com Spencer ou se era por causa de algo completamente diferente.

Ele teria que perguntar assim que terminasse aqui.

Assim que eles atravessaram a rua, Lisbeth, Johnny e Spencer começaram a entrar no Nightshade, mas August de repente agarrou o braço de Klaus.

"Klaus."

Klaus se virou para ele com uma carranca. "Sim?"

August engoliu visivelmente, respirando fundo pelo nariz e soltando o braço de Klaus.

“Não posso dizer nada neste momento porque Spencer já concordou,” ele começou dizendo, falando daquele jeito afiado dele. "Mas da próxima vez que você decidir que vai usar Spencer para qualquer merda que você precisar, pense novamente."

Klaus permaneceu quieto por um momento, então ele arqueou uma sobrancelha.

"Você tem problemas com isso, Gustie?"

August estreitou os olhos e deu um passo à frente.

"Você não queria usar Laurent, mas não tem problema em usar o Spencer," murmurou August. "Você não pode ser egoísta."

"Egoísta."

"Klaus." August se endireitou. "Mantenha suas mãos longe do que não pertence a você."

Depois disso, August passou por Klaus e se dirigiu para dentro do Nightshade. Klaus permaneceu congelado, olhando para a entrada do clube, seu coração batendo forte no peito.

Hã.

Ele realmente perdeu a lealdade de August.

"Ah, merda", ele murmurou antes de forçar as pernas a se moverem.

É verdade que já fazia um bom tempo desde a última vez que Klaus veio ao Nightshade, mas nada mudou. A mesma sala com os mesmos móveis, mesmo palco e mesmo balcão de bar, espaço mal iluminado pelas luzes vermelhas.

Cassie estava ao lado do bar, os braços cruzados sobre o peito.

"Cass," Klaus disse enquanto se juntava aos outros. "Desculpe pela inconveniência."

Ela encolheu os ombros, sorrindo. "Eu não me importo. Contanto que você termine antes do horário de funcionamento. Além disso, estou feliz em ver o Spencer novamente."

Spencer sorriu para isso. "Senti muita falta sua. Até um pouco deste lugar."

August, ao lado de Spencer, revirou os olhos.

Ótimo. Não poderia ficar mais desconfortável do que isso.

"Ela está aqui?" Lisbeth perguntou.

"Ela está." Cassie acenou com a cabeça e apontou para um dos sofás mais distantes.

Klaus pôde ver apenas seu cabelo e ombros da posição em que ela estava sentada, quase enrolada em si mesma.

"Vamos tentar ser rápidos", disse ele antes de se afastar do bar e se dirigir ao sofá.

Ao som de seus passos, a mulher enrijeceu visivelmente, mas ela se endireitou. Klaus contornou o sofá e ficou na frente dela. Ela era jovem, talvez tenha acabado de chegar aos trinta, cabelo preto curto e olhos grandes. Ela era bonita, pequena, com mãos pequenas e pulsos finos.

Lábios carnudos.

Um nariz reto.

Cristo.

Merda, ela se parecia com Laurent.

Klaus engoliu e então se curvou para ela, de repente ela se levantou e fez o mesmo, quase frenética em seus movimentos.

"Eu-"

"Eu sei quem você é", disse ela, tão rápido que as palavras saem arrastadas. "Klaus Burzynski."

Klaus piscou. "Bem, eu não sei quem você é."

Ele gesticulou para que ela se sentasse novamente e ela obedeceu. Ela parecia nervosa, muito nervosa, com um leve suor escorrendo pela testa.

"Marie Bernard", disse ela antes de pegar o copo de licor na mesa de café na frente dela.

Klaus olhou para ela enquanto a mulher engolia uma boa quantidade de álcool.

"Marie. Gabriel disse a você que-"

"Eu não deveria estar aqui", ela murmurou, quase embalando o copo contra o peito. "Eu não deveria. Eles vão me matar. Isso foi um erro, eu não deveria estar aqui."

Klaus lançou um olhar para Johnny, que simplesmente balançou a cabeça.

"Marie, ninguém vai descobrir."

"Não, eles já fizeram." Marie olhou para ele com olhos arregalados. "Eles...Sr.Burzynski, eu os vi. Há homens me seguindo. Desde que falei com Gabriel, há homens que têm me seguido."

Droga, como o Langue conseguia estar sempre um passo à frente deles?

"Eles esperam por mim quando eu saio do clube onde trabalho", ela murmurou. "Eles - às vezes eles estão fora da minha casa, apenas olhando. Como se eles quisessem que eu soubesse que eles sabem, que ele sabe."

"Quantos?"

"Três homens, às vezes quatro. Deus, eu não deveria estar aqui."

"Marie, se alguém está seguindo você, então podemos cuidar deles", disse Klaus. "Eles não serão mais um problema."

Os olhos de Marie se estreitaram, suas bochechas corando.

"Então por que você precisa da ajuda de uma prostituta se você pode simplesmente cuidar deles?"

O que há com cada prostituta que ele conhece de sendo tão astuta?

Marie balançou a cabeça, belas feições retorcidas de medo. "Eu não deveria estar aqui, não deveria ter vindo. E-eu não posso te ajudar. Eu não quero te ajudar, ele vai descobrir e então ele vai me matar, eu-"

"Marie."

Klaus ergueu os olhos dela e viu Spencer caminhando até a mulher. Ele sorriu para ela antes de cair de joelhos na frente dela, suas mãos se movendo para o copo de Marie e ele o tirou dela.

"Você está tremendo tanto que vai derramar sua bebida", disse ele, gentil e cuidadoso. "E você está usando um vestido tão lindo, seria uma pena estragá-lo."

Marie piscou, claramente surpreso. Spencer, entretanto, não parecia nem um pouco perturbado. Ele ficou ali de joelhos, olhando para ela com um sorriso caloroso.

"Você deve estar com medo dele."

"Quem é você?"

“Meu nome é Spencer, eu sou como você,” Ele respondeu. "Assim como você."

"Oh." As feições de Marie suavizaram e algo mudou em seus olhos. "Deus, você é tão jovem."

Klaus viu August desviar o olhar, mas decidiu deixá-lo em paz.

"Tenho certeza de que você era jovem também quando começou." Spencer encolheu os ombros. "Eu o conheci também."

"Christopher?"

"Sim. Ele foi meu cliente há um tempo."

Marie engoliu, seus olhos se movendo para Klaus por um momento antes de focar em Spencer novamente.

"Ele é assustador", ela murmurou.

"Ele é."

"Ele era-"

"Eu sei."

"Ele me machucou, vai me machucar de novo se eu falar. Fui imprudente quando o segui, não deveria. Sei que não deveria, mas-"

"Marie," Spencer a interrompeu. "Se você nos contar este endereço, podemos pegá-lo. Podemos encontrá-lo."

Marie balançou a cabeça vigorosamente, olhos marejados.

"Nuh-não, ele vai me matar, ele vai me matar."

"O que ele fez com você?"

A mulher apertou os lábios, engasgando com um soluço.

"Eu na-não quero falar, eu não quero."

Spencer acenou com a cabeça. Ele ficou quieto por alguns segundos antes de pegar as mãos de Marie nas suas, apertando-as.

“Sabe, a primeira vez que ele veio até mim, ele não era ruim”, disse Spencer. "Ele não se comportou mal. Ele me fodeu, pagou muito, foi embora. Na segunda vez que ele voltou, na semana seguinte, pensei que ia ser igual."

Marie tomou uma respiração instável. "Mas não foi, foi?"

Spencer balançou a cabeça. "Não foi."

"Oh, você é tão jovem", ela suspirou, quase parecendo com o coração partido. "O quê ele fez pra você?"

Spencer se virou para Klaus com isso, olhos afiados.

Oh.

Ele não fez nada para Spencer. O que quer que ele diga a seguir não será algo que Spencer sentiu em sua pele, será sobre Laurent.

E Klaus não queria saber.

Levou o que pareceram horas antes de Klaus engolir em seco e concordar.

Spencer pareceu desapontado por um momento antes de se voltar para Marie novamente.

"Na segunda vez que ele gozou, ele foi mais áspero, mas nada que eu não pudesse controlar. Na terceira vez, também, só um pouco pior do que antes. Mas na quarta vez ele gozou-" Spencer pressionou seus polegares na palma das mãos da mulher. "Ele disse coisas que eram tão horríveis. Ele fez isso com você?"

Marie não respondeu, mas ela concordou.

“Eu nunca deixei as palavras me afetarem antes. Eu sei quem eu sou e, mesmo que não tenha orgulho disso, não deixo os insultos me atingirem,” Spencer disse, a voz baixa. "Mas as coisas que ele disse, acho que nunca vou esquecê-las. Eles me deixaram chorando no travesseiro como uma criança, foi tão patético."

"Ele faz você a-acreditar." Marie olhou para baixo. "Você acredita no que ele diz."

Spencer assentiu.

A sala estava silenciosa, silenciosa demais. Ele olhou para Johnny e o homem parecia que nem estava respirando. Lisbeth estava olhando para o chão. August era o único que estava olhando para Spencer.

"E então na quinta vez que ele veio-" Spencer fez uma pausa por um segundo. "Ele me cercou e começou a dizer aquelas coisas de novo. Então eu decidi que não aguentava mais, sabe? Empurrei-o e disse-lhe para ir embora, ele poderia ficar com o dinheiro." Spencer suspirou. "Ele não foi embora."

Marie choramingou e foi ela quem apertou as mãos de Spencer desta vez, com o rosto molhado de lágrimas.

"Meu amigo - eu tenho esse amigo." Spencer estremeceu. "E ele estava na outra sala. E ele podia ouvir tudo, mas...mas ele tinha um cliente, então ele não podia sair. Ele não podia fazer nada. Ele poderia apenas ficar lá, enquanto me ouvia gritando e gritando. Sabe, escolhemos nossos quartos porque são os únicos que estão conectados por uma porta. Nós os escolhemos apenas para isso: para que pudéssemos ir para o outro se algo assim acontecesse. Mas meu amigo simplesmente não podia vir. Ele tentou, mas— "Spencer balançou a cabeça. "Não foi culpa dele, na verdade, mas às vezes acho que ele ainda se sente culpado. Não importa." Ele encolheu os ombros então. "Eu apenas continuei gritando e - e arranhando, tentando tirá-lo de cima de mim, mas ele não ia embora. Ele nem mesmo se mexeu. Ele apenas continuou indo e eu continuei tentando fugir, mas ele tinha meus pulsos em suas mãos e - ele não parava de torcer e puxar. "

"Um cliente de merda."

Laurent disse isso na primeira vez que Klaus o conheceu.

"Um cliente de merda."

Marie fechou os olhos, um arrepio percorrendo seu corpo e ela balançando a cabeça, chorando baixinho.

"E então ele jogou algum dinheiro em mim e saiu. Ele simplesmente me deixou lá. Quebrado."

Klaus sentia que iria vomitar.

Ele deu um passo para trás e agarrou a poltrona ao seu lado para se apoiar, seu estômago embrulhando, algo ácido o fazendo querer vomitar.

"Ele continuou voltando. Todas as quartas-feiras. Eu simplesmente parei de lutar com ele, qual era o ponto? Eu não queria quebrar mais nada, então simplesmente parei de lutar."

"Por que você não disse ao dono?" Marie perguntou, ela rapidamente esfregou a mão em suas bochechas molhadas. "Aquela mulher, ela...ela parece legal, por que você não disse a ela? Ela o teria riscado da lista para que ele não voltasse."

Spencer permaneceu em silêncio por um momento.

"Meu amigo me perguntou a mesma coisa", ele murmurou. "Não sei por que não contei a Cassie. Não sei mesmo. Talvez seja porque eu estava com medo. Porque eu sabia disso - que ele era perigoso. Que ia me matar. Quebrar outra coisa." Spencer suspirou. "Ou talvez seja porque eu estava cansado. Eu estava - Deus, eu estava tão cansado. Ainda estou."

Havia algo na voz de Spencer que fez Klaus se sentir tonto.

"Eu queria me matar."

"Ele-" Marie engoliu. "A casa fica no distrito sete."

Klaus ergueu os olhos do chão para isso, os olhos fixos na mulher.

"É um condomínio grande, novo, bem perto da estrada comercial principal," Marie fungou, esfregando as mãos no rosto novamente. "Foi aí que eu o segui."

Spencer expirou lentamente.

"Obrigado."

"Você é tão jovem", ela murmurou novamente. "Sinto muito, garoto. Sinto muito." Marie olhou para Klaus então. "Mate ele."

A mão de Klaus apertou com força o couro da poltrona. "Confie em mim. Eu vou."

Marie manteve os olhos nele por mais alguns segundos antes de limpar a garganta e se levantar abruptamente. Spencer também se levantou, muito mais alto do que ela.

"Não vou contar o que ele fez comigo", disse ela. "Porque, comparado a você, eu estava melhor."

Spencer balançou a cabeça. "Isso não é-"

"Eu disse. Você nem mesmo me contou tudo o que ele fez, eu encontrei aquele homem apenas quatro vezes. Foi mais fácil. Então eu não vou te contar. Mas eu espero que você o mate." Marie olhou ao seu redor, olhos pousando em cada homem na sala. "Espero que você o mate antes que ele coloque as mãos em outra pessoa. Ou em você de novo."

"Marie," Klaus chamou. "Obrigado por falar. Eu sei que você está com medo. Se você me permitir, vou me certificar de que aqueles homens vão parar de segui-la."

Marie olhou para ele com algo em seu olhar que Klaus não conseguia identificar. Ela não pareceu duvidar, mas ainda estava um tanto desconfiada.

"Sr.Burzynski, tenho certeza que você tem coisas muito mais importantes para fazer do que cuidar de mim."

"Isso não importa, você me ajudou. Então, vou ajudá-lo em troca."

Marie suspirou profundamente, seu peito esvaziando visivelmente. Ela pegou o casaco que deixou no sofá e o vestiu.

"Sinto muito", ela murmurou novamente. "Vocês são todos muito jovens e...sinto muito."

Klaus franziu a testa, mas Marie simplesmente endireitou os ombros antes de se curvar para ele.

"Eu vou," ela disse antes de se virar para Spencer uma última vez. "Espero que você encontre alguma felicidade."

Spencer sorriu. "Sim você também."

Marie balançou a cabeça fracamente antes de girar sobre os calcanhares e sair com passos longos, seus calcanhares clicando no chão. Klaus olhou para ela até que ela desaparecesse de sua vista, fora do Nightshade.

"Sente-se," Johnny disse de repente, caminhando até ele. "Parece que você está prestes a desmaiar, porra, sente-se."

Klaus deixou Johnny agarrar seu braço e levá-lo para a poltrona, onde se sentou pesadamente e respirou fundo pelo nariz, seu estômago ainda doendo. Ele realmente sentia que iria vomitar. Ele olhou para Spencer, vendo-o parado na frente dele e olhando para o chão, sua expressão neutra, mas Klaus podia ver, ele não estava bem.

Ele não estava bem, porra.

"Me diga que você criou com isso," Klaus sussurrou, sua voz muito alta na sala silenciosa. "Que você inventou essa merda."

Spencer zombou, virando-se para Klaus com os lábios torcidos em uma careta de nojo.

"Inventei", ele repetiu. "Klaus, foi pior do que o que eu disse àquela mulher."

Porra.

Merda.

"Por que ele não disse a Cassie?" Klaus sibilou então, as mãos tremendo sobre os joelhos. "Por que você não disse a Cassie?"

"Você acha que eu não tentei?!" Spencer gritou de repente. "Que eu não tentei convencê-lo a contar a ela?! Ele não queria e quando eu disse a ele que ia contar a ela ele começou a gritar, dizendo que eu não podia! Que ele ia morrer, que esse merda iria matá-lo! Eu tentei, Klaus! " A voz de Spencer falhou no final. "Eu tentei. E-eu tentei entrar naquele quarto naquela noite, eu juro. Juro que tentei, mas-"

Spencer parou de falar quando August agarrou sua mão, segurando-a com força.

Klaus respirou profundamente.

"Você disse que era pior", ele murmurou. "Quão pior?"

Spencer fechou os olhos, estremecendo por um momento.

"Ele era tão-" Spencer faz uma pausa, olhando para Klaus com nada além de tristeza em seus olhos. "Ele era tão pequeno. E ele - ele continuava tremendo, todo enrolado em si mesmo, tinha arranhões na porra do rosto e nos braços - era nojento pra caralho, não era normal. O que aquele homem fez não foi normal. Ele não conseguia respirar e eu sei que suas costelas doíam, ele ficava dizendo que tudo doía. Eu juro, Klaus, eu juro: eu pensei que ele iria morrer."

Havia uma cicatriz no pulso de Laurent.

Não era particularmente fácil de detectar, apenas um pedaço de pele mais áspero em sua pele macia.

Klaus nunca pensou muito nisso, ele nem percebeu até alguns dias atrás.

"Nós temos que ir." Klaus se levantou, ele pôde ver que por um momento Johnny quase tentou mantê-lo sentado. "Vamos embora."

Assim que ele começou a andar, os outros o seguiram.

Cassie estava esperando por eles na porta, uma expressão comprimida no rosto.

"Está tudo bem?" ela perguntou.

"Estamos bem", disse Lisbeth, assentindo. "Está tudo bem, Cass."

Cassie os seguiu pelo corredor até chegarem à saída e assim que ele saiu, Klaus respirou fundo. A náusea estava desaparecendo lentamente, deixando apenas uma dor surda em seu estômago, algo que ele sabia que não iria se livrar facilmente.

Deus, como ele ia olhar para Laurent quando voltar?

Klaus se virou para Cassie.

"Diga a Sulli que preciso que ela vá mais fundo."

Cassie franziu a testa. "Sobre?"

"Ela sabe sobre o quê. Eu não posso esperar mais. Eu não quero."

Os outros estavam atrás dele na calçada, esperando que ele terminasse, Spencer e August ao seu lado.

"Diga a ela que ela precisa encontrá-lo. Eu não me importo como, porra, não me importo se ela tiver que mandar cada uma de suas bonecas pela cidade, batendo em cada maldita porta. Eu quero que ela encontre aquele homem. E eu quero matá-lo, porra. "

Cassie suspirou profundamente, ela abre a boca para dizer algo, mas então August se moveu.

Ele agarra os braços de Spencer e Klaus e se jogou no chão, carregando-os com ele.

Antes mesmo de Klaus tivesse tempo de grunhir com o choque da queda, o som alto de um tiro cortou o ar. A próxima coisa que ele sabia é que uma bala tinha se alojado na porta do Nightshade, bem próximo à cabeça de Cassie.

"Dentro!" Klaus gritou com Cassie, que caiu no chão em estado de choque. "Cassie, entre!"

Ela rapidamente ficou de joelhos e rastejou de volta para dentro, fechando a porta com o pé.

August agarrou sua camisa e o arrastou na calçada enquanto tirava ele e Spencer da linha de fogo, em direção ao grande SUV preto que estava estacionado em frente ao clube.

"Merda!" Lisbeth gritou, pressionando as costas contra o carro enquanto se agachava no chão. "Que porra é essa?!"

Klaus ficou de joelhos, mas continuou abaixado atrás da proteção do veículo, Johnny atrás dele.

"É a porra de um atirador de elite", August disse enquanto empurrava Spencer contra o carro, prendendo-o com seu corpo enquanto ele pegava sua arma, mantida sob as calças pelo cinto de couro. "Talvez mais."

Klaus pegou sua arma também, tirando a trava e olhando ao redor. Estava tudo quieto agora, exceto pelos gritos das poucas pessoas que estavam passando e agora estão fugindo.

"Merda!", ele sibilou. "Onde?"

"O que eu vi está no prédio bem na nossa frente."

Bem, merda.

Lisbeth respirou fundo antes de se levantar rapidamente, apenas para descer imediatamente. Uma nova rodada de tiros pôde ser ouvida antes que as balas atingissem as paredes do Nightshade.

"Oh, uau", murmurou Lisbeth. "Ele é rápido."

"Estamos fora de sua linha aqui", disse Johnny.

"Sim, até que ele decida atirar no maldito carro e fazê-lo explodir," Klaus respondeu. "Foda-se. Nosso carro está do outro lado da maldita rua."

"Fica literalmente a dois metros de distância, isso é ridículo." Johnny olhou para a arma em sua mão. "Eu tenho um maldito K9 na parte de trás do carro e não consigo pegá-lo."

Como eles sabiam?

Como diabos eles sabiam que estariam aqui se...

"Não," Klaus gemeu. "Não, porra. De jeito nenhum."

"O que?" Lisbeth perguntou a ele. "O que?!"

"Foi uma maldita armadilha!" Klaus gritou. "Marie armou para nós!"

"Spencer, respire."

Klaus olhou para August e então seus olhos cairam em Spencer. Ele estava olhando para o peito de August, tremendo como uma folha maldita e fazendo pequenos sons de respiração ofegante, como se o pânico tivesse tomado conta de seus pulmões.

Outra rodada de tiros, desta vez as janelas do carro do SUV explodiram em cacos de vidro sobre suas cabeças.

"Porra!" Lisbeth ergueu os olhos. "O que vamos fazer? Não podemos ficar aqui."

"Precisamos tirar o atirador", disse Klaus. "Alguém com boa pontaria?"

"Todos nós temos uma boa mira, mas boa sorte em tentar pegar o filho da puta dessa distância," Johnny murmurou. "Merda."

O barulho estridente e alto da raspagem pneumática no asfalto fez Klaus olhar para a esquerda. Um carro apareceu de repente atrás de um prédio, balançando enquanto recuperava o equilíbrio após a virada brusca. Um homem apareceu da janela do carro aberta, um maldito Agram 2000 em seus braços, apontado diretamente para eles.

August se afastou de Spencer e mirou sua arma, começando a atirar rapidamente, as balas atingindo primeiro a lateral do carro enquanto ele se dirigia para eles e então, finalmente, o homem que ele tinha em sua linha de visão. Klaus ouviu um gemido e um baque estridente, significando que o homem deve ter caído da janela do carro e atingido o chão.

August voltou à sua posição anterior, respirando rápido.

“Não peguei o motorista”, disse ele.

"O motorista é o nosso último problema de merda," Johnny sibilou. "Temos um maldito atirador pronto para estourar uma bala em nossas cabeças no momento em que saímos daqui."

"Merda," Klaus murmurou. "Nós vamos morrer."

Lisbeth gemeu e olhou para ele. "Cara, foda-se suas más vibrações, mano!"

Merda, agora Lisbeth estava pirando também.

"Eu sinto muito, sinto muito."

Klaus olhou para August, o encontrou segurando o rosto de Spencer em suas mãos.

"Eu sinto muito, eu não deveria ter trazido você aqui, eu sinto muito mesmo."

Merda, ele realmente não podia deixar aqueles dois morrerem assim.

"Precisamos de uma isca," murmurou Klaus. "Precisamos nos dividir, ao mesmo tempo, entrar em duas direções diferentes. Saímos correndo, pegamos o caminho longo, corremos de volta para o carro. Dessa forma, temos cinquenta por cento de chance de sair com vida, uma vez que estivermos no carro que estamos fora de sua linha, é muito perto do prédio para ele atirar em nós se ficarmos abaixados. "

"Não é à toa, mas este é o pior plano que já ouvi."

"Você tem um melhor, Lisbeth?!"

O motor de um carro rugiu, Klaus virou para a direita no momento em que uma van preta apareceu do beco, ela parando ao lado deles, a menos de um metro e meio deles, literalmente na esquina da estrada.

As portas da van se abriram, revelando três homens com suas metralhadoras já apontadas para eles e Klaus sabia que, no momento em que agarrou Johnny e o puxou para trás, eles iriam morrer.

Ele sentiu uma mão em seu ombro puxá-lo de volta e então Spencer estava agachado ao seu lado, olhos azuis brilhando de uma forma que não que humana. No momento em que os homens dispararam suas armas, as feições de Spencer se retorceram em uma careta, os olhos brilhantes. As balas nunca os alcançaram.

Klaus olhou, de olhos arregalados, enquanto as balas flutuavam no ar, paradas, como se o próprio tempo tivesse congelado. Os homens na van também estavam olhando para a cena como se vissem o próprio diabo.

Spencer estremeceu, as balas caíram no chão, e então ele deu um breve aceno de cabeça, inclinando-a para o lado.

Klaus estremece ao ver os pescoços dos homens se torcendo horrivelmente, suas cabeças quase completamente para trás. Seus corpos caíram, sem vida, e o motorista imediatamente ligou o carro novamente, movendo-o para longe e para a rua principal novamente.

Spencer engasgou antes de cair no chão, seu corpo inteiro tremendo violentamente.

"Merda!" August agarrou seu braço e o puxou contra seu peito.

"O que diabos ele fez?" Klaus encarou Spencer, mal reconhecendo-o.

A pele de Spencer estava acinzentada, as veias azuis claras sob a pele, os olhos revirados, mostrando apenas o branco, o corpo tremendo como se ele estivesse tendo uma convulsão.

"Vamos! Vamos." August agarrou as mãos de Spencer, apertando-as com força. "Vamos, Spencer."

"August, o que ele fez?!"

Outra rodada de tiros, desta vez do atirador, algumas balas atingindo a parede, mas Klaus podia sentir pelas vibrações do carro que ele estava atirando no veículo.

"Spencer!" August gritou. "Puta que pariu!"

O corpo de Spencer arqueou enquanto suas veias ficavam vermelhas, August estremeceu e fechou os olhos, mas ele apertou as mãos dele.

"Oh, Deus", murmurou Lisbeth.

Spencer respirou fundo, os olhos fechados com força antes de abri-los novamente, agora de volta à cor azul normal, injetados de sangue e lacrimejantes.

"Chega", ele suspirou. "Gus, me deixe."

"Cale-se."

"Chega!" Spencer puxou as mãos de August e ele rolou para o lado, pressionando-se contra o carro.

August estava ofegante, mais pálido do que antes e tremendo e - e de repente um monte de merda fez sentido e Klaus sentiu vontade de matá-los com as próprias mãos.

"Vocês dois estão mortos pra caralho depois disso", ele sibilou, mas foi interrompido no momento em que uma bala saiu da lateral do carro, entre ele e Lisbeth, alojando-se na parede.

"Puta merda, precisamos nos mover," Johnny olhou para a direita. "Vamos fazer isso, Klaus e Spencer comigo, Lisbeth e August do outro lado."

"O que?!" August balançou a cabeça. "Não, eu-"

" Não!" Johnny gritou. "Você vai ficar muito preocupado com ele, vá com Lisbeth! Nós cuidaremos do Spencer!"

Spencer é quem balançou a cabeça e rastejou para perto de Klaus.

Klaus lançou um olhar para August e então suspirou.

"Ok, todos nós corremos de uma vez."

Lisbeth balançou a cabeça e agarrou o braço de August, quase como se soubesse que, se não o fizesse, o garoto iria apenas correr atrás de Spencer como um cachorrinho perdido. Klaus olhou para a direita, a rua estava limpa.

Deus, este é um plano de merda.

"Agora."

Klaus se levantou rapidamente, Spencer e Johnny na frente dele. Eles correram em linha reta, mantendo a cabeça baixa enquanto uma nova rodada de tiros começava. Parecendo estar seguindo August e Lisbeth, mas não demoraria muito para que o atirador percebesse que Klaus estava do outro lado.

Johnny continuou correndo em linha reta por mais cinco segundos antes de repentinamente virar para a direita e correr, atravessando a rua que os separava do carro.

Spencer o seguiu, Klaus logo atrás dele, quando as balas mudaram de direção e terminam no asfalto, muito perto de Spencer, Klaus xingou antes de acelerar suas pernas, correndo e mergulhando para frente. Ele colidiu com as costas de Spencer e o derrubou no chão no momento em que as balas terminavam no local onde Spencer estava há um momento atrás.

Eles rolaram no chão por um segundo; Klaus gemeu alto quando a dor perfurou seu ombro esquerdo com o choque da aterrissagem. Ele se levantou imediatamente, pegando a jaqueta de Spencer e puxando-o para cima também, arrastando-o ao seu lado enquanto corriam para o carro.

Eles se agacharam assim que o alcançaram, rastejando no chão enquanto Johnny destrancava o carro e gritava para eles se apressarem. Ele entrou e foi para o assento do motorista, August e Lisbeth também fazendo isso, imediatamente abrindo as portas e entrando.

"Entre aí," Klaus grasnou, empurrando Spencer no banco do passageiro enquanto ele rastejava em direção à parte de trás do carro.

Lisbeth abriu a porta para ele e agarrou o braço de Klaus, puxando-o para dentro. Klaus sibilou quando outra onda de dor percorreu seu corpo, seu ombro devia estar deslocado. Ele bateu a porta quando Johnny ligou o carro, o sistema pneumático percorrendo o asfalto antes que o carro se movesse, rápido o suficiente para empurrá-lo contra os assentos.

"Oh meu Deus", murmurou Lisbeth. "Merda, estamos vivos."

"Alguém está nos seguindo?" Johnny perguntou.

Klaus viu August girando. "Porra, o carro de antes, o primeiro."

Ah, isso é ótimo pra caralho.

"Não podemos ir para a cobertura então, temos que perder o filho da puta." Johnny virou o carro para a esquerda assim que a rua permitiu. "Eu não estava brincando, pegue aquele maldito K9 na mala e mate o pedaço de merda."

Klaus parecia não conseguir recuperar o fôlego. O que é bom, realmente, a adrenalina estava passando, então ele precisava de um momento, tudo bem.

Ele jogou a cabeça para trás, ofegante. Deus, seu ombro doía tanto.

Ele olhou para frente e encontrou Spencer virado para ele do banco do passageiro, os olhos arregalados, o suor escorrendo por suas têmporas.

"Onde vamos?" August perguntou.

"Onde quer que esteja bom enquanto você pensa em atirar no filho da puta, vou tentar perdê-lo."

Seus ouvidos também estavam zumbindo. E tudo parecia um pouco abafado.

"Precisamos ligar para Ryland, precisamos contar a ele o que aconteceu."

"Espere, Lisbeth, estou tentando nos tirar daqui."

"Ele está sangrando."

Klaus franziu a testa para isso. Ele tentou sentar-se ereto, mas seu ombro doía tanto.

"Quem está sangrando?" Ele perguntou, suas palavras arrastadas, não soando como deveriam.

"Merda! Klaus, não se mexa, não se mexa!"

Klaus estava prestes a perguntar a Lisbeth por que diabos ela estava gritando assim, mas quando ele sentiu uma mão em seu ombro, tudo o que saiu de seus lábios foi um grito que ele nem sabia que poderia dar.

"Eu sei, me desculpe," Lisbeth disse enquanto tirava a jaqueta de Klaus.

Klaus gemeu e gritou novamente quando Lisbeth o afastou do encosto do assento.

"A porra perfurou seu ombro, merda."

"Isso é muito sangue."

"Eu sei, porra, pressione a jaqueta aqui, forte. August, mais forte!"

Klaus ouviu outro grito de gelar o sangue saindo de sua garganta quando Lisbeth e August começavam a pressionar seu ombro de ambos os lados e ele tentou se debater, mas seu corpo não o escutava.

Ele levou um tiro.

A bala perfurou seu ombro, isso não pode ser bom.

Ah, ele vai sangrar.

"Precisamos levá-lo a um hospital!"

"Eu não posso levá-lo a lugar nenhum com esse pedaço de merda atrás de nós!"

Ele estava tão cansado.

"Então apenas- Klaus, fique acordado!" Lisbeth gritou, Klaus abriu os olhos.

Ele realmente não podia ver muito bem, mas Lisbeth parecia apavorada.

Como aquela vez no estúdio de seu pai.

"Klaus! Porra, não!”

Porra, era difícil manter os olhos abertos.

Klaus sabia que Lisbeth estava gritando para ele ficar acordado, mas, honestamente, ele estava muito cansado.

Tão cansado.

Ah.

O que é que Laurent diz a ele toda vez que ele sai de casa?

Não se mate, querido.

Sim, é o que ele diz.

Deus, Laurent vai ficar tão bravo.


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