Deixe Os Sonhos Morrerem escrita por Skadi


Capítulo 1
Capítulo I




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Um barulho particularmente irritante ecoava no ambiente e só servia para piorar a enxaqueca crescente de Klaus — era como o irritante tique taque de um relógio numa casa silenciosa e ele não tinha ideia de onde estava vindo. Não tinha relógios em seu escritório, muito menos nos outros cômodos de seu apartamento luxuoso, então de onde diabos estava vindo aquele barulho infernal?

"Hey, terra para Klaus!"

Klaus ergueu os olhos, seu parceiro Johnny sentado a frente dele do outro lado da mesa. Johnny tinha olha olhos cheios de incerteza, a mandíbula tensa, e Klaus não podia culpá-lo pelo mau humor; também ficaria preocupado se aquele barulho maldito não o estivesse distraindo.

"Quanto?" Ele perguntou, observando Johnny respirar fundo como se estivesse se preparando para dar más notícias.

Johnny não era alguém que ficava nervoso, e se ele estava então significava que Klaus não iria gostar da situação, qualquer que fosse.

"Arrombaram um dos nossos armazéns."

"Quanto, Johnny?"

Johnny engoliu seco e lambeu os lábios nervosamente. "Vinte."

O cérebro de Klaus tentou processar as novas informações enquanto faziam umas contas rápidas. Ele pegou o maço de cigarros e tirou um, pegando o isqueiro e acendendo rapidamente. Deu uma longa tragada, deixando a fumaça se assentar em seus pulmões por alguns segundos antes de expirar.

"Então você está me dizendo que perdi 1 milhão e meio? Simples assim?"

Johnny estalou a língua e acenou com a cabeça. Merda.

"Você vai encontrar o filho da puta e traze-lo vivo para mim." Klaus deu outra longa tragada antes de continuar. "Não me importo se ele não tiver dinheiro. Vou achar um jeito de me divertir com ele."

Johnny revirou os olhos, e se fosse outra situação ele comentaria sobre, mas dessa vez não o fez. O som irritante continuava ecoando em sua mente.

"Temos imagens deles nas câmeras." Johnny acrescentou, para o qual Klaus ergueu uma sobrancelha.

"Esses filhos da puta conseguiram roubar minha droga mas se esqueceram das câmeras?"

"Acho que eles tiveram sorte, só isso." Johnny se abaixou para pegar seu laptop na mochila, colocando o laptop na mesa e começou a procurar a filmagem correto. "Eles queriam roubar mais, mas tiveram que interromper o processo porque a segurança entrou correndo."

"Ainda roubaram minhas coisas."

Era realmente ruim. Não porque o dinheiro que provavelmente acabou de perder seja um grande negócio — um milhão e meio não era nada, conseguia gastar isso em uma semana se estivesse se sentindo carente o suficiente —, era o fato de que alguém teve coragem o suficiente para rouba-lo. 

Ou talvez fosse o barulho infernal do tique taque e a maneira como sua cabeça continuava latejando desde que Johnny pediu uma reunião. Por que Johnny sempre tinha que trazer notícias ruins?

"Aqui." Johnny virou o laptop para ele.

A qualidade da imagem era a típica de câmeras de segurança, e mesmo com o armazém escuro ele conseguia distinguir as silhuetas dos ladrões. Dois homens correndo para dentro e rapidamente começando a pegar o máximo que podiam do estoque, jogando a droga embrulhada em plástico em duas grandes sacolas esportivas realmente grandes, cabendo facilmente quinze quilos cada uma, senão mais. De repente uma luz de lanterna aparece, os dois ladrões percebem e fogem imediatamente. Klaus podia ver seus rostos agora, enquanto eles se viravam e corriam, a câmera os capturando claramente.

"Um deles parece familiar." Klaus apontou para a tela.

"Isso porque ele é. Raphael Brown."

Klaus encolheu os ombros. "Isso deveria me dizer alguma coisa?"

"Ele era um dos nossos batedores pelos distritos ricos."

"Ele não vai ser merda nenhuma em breve." Klaus concordou. "Sabemos onde ele mora, certo?"

"Ele se mudou do endereço anterior recentemente, mas Lisbeth descobriu onde ele está se escondendo. O cara não é nem um pouco sutil."

Klaus riu, respirando um pouco mais de fumaça. "Isso é porque ele é um idiota, e só idiotas tentam roubar de mim."

"Devemos ir hoje a noite?"

"Não temos escolha, o pedaço de merda pode fugir a qualquer momento. Além disso," Ele lançou a Johnny um dos ligar astuto. "Tenho compromisso amanhã."

"Ah" Johnny fez uma careta. "Vamos hoje a noite então."

"Deixe-me terminar meu cigarro primeiro. Pegue um, fume comigo."

O rosto de Johnny finalmente se suavizou enquanto ele se inclinava sobre a mesa e pegava um cigarro para si, Klaus lhe oferecendo seu isqueiro de prata para acende-lo. Ambos fumam em um silêncio confortável por alguns minutos, ou melhor, o máximo de silêncio com aquele barulho insuportável.

"Vamos perder a comida chinesa do Wong hoje a noite." Johnny falou de repente. Klaus gemeu.

"Porra, eu queria chinesa." Ele suspirou. "Ligue para a Lisbeth e diga a ela que não podemos ir."

"Devo pedir para ela nos acompanhar?"

Klaus pensou sobre isso por um segundo, inalando a fumaça antes de balançar a cabeça e expirar. "Nah, ela faz muita bagunça. Eu quero manter minhas roupas limpas hoje."

Johnny riu, pegando seu celular e começando a digitar, provavelmente um texto para Lisbeth. "Ela vai ficar irritada quando descobrir que não a trouxemos conosco."

"Ela supera."

"Ou talvez você devesse superar o sangue nas suas roupas."

Klaus apenas rolou os olhos. Johnny bufou, guardando o celular no bolso e levando o cigarro aos lábios. 

Klaus suspirou e começou a massagear o nariz, sua enxaqueca se agravando a cada minuto. "Vamos, quanto mais cedo acabarmos com essa porra melhor, talvez até dê tempo para jantar."

Johnny zombou enquanto levantava de sua cadeira: "Eu não contaria com isso."



Klaus particularmente não gostava de seu trabalho.

Claro, existia todo esse mito de glória por trás da figura de um mafioso de sucesso, com sexo, drogas, prostitutas, jóias de ouro, champanhe caro e pilhas de dinheiro em suítes de hotel. Ele culpava isso aos filmes de Hollywood por glamourisarem toda a figura do gângster como esse homem poderoso, intimidador como Tony Montana — a realidade envolvia muita papelada, planejamento, enxaquecas e noites sem dormir.

Klaus achava que se você fosse completamente sociopata, talvez você fosse gostar do trabalho. Sua bússola moral podia ser um pouco quebrada, mas ainda funcionava suficientemente bem — ele parou de tentar não cruzar a linha há muito tempo, já que não fazia bem algum tentar passar uma noite sem pesadelos. Era irônico como os pesadelos só haviam aumentado por mais que ele tentasse manter as mãos limpas. Karma ruim, talvez.

Johnny dirigiu para um dos distritos médios, não particularmente rico considerando o estado da rua pelo qual passavam, mas haviam lugares piores por aí. Klaus viu o que deveria se um yuukai parado em um dos becos, não vestindo muito, os olhos ferozes acompanhando o carro — ele era lindo, não iria durar muito na rua.

"Lá." Johnny chamou a atenção de Klaus, apontando para um condomínio velho com todas as luzes apagadas. Era bem tarde, quase duas da manhã, mas ainda assim.

"Parece abandonado."

"Os apartamentos estão a venda há pouco tempo, cerca de um mês ou mais." Johnny apontou enquanto dirigia o carro mais perto do meio-dia. "É um bom lugar para se esconder, não tem ninguém lá."

"Isso funciona mais para nós que para ele."

Johnny estacionou o carro e desligou o motor, lançando um olhar para Klaus antes de suspirar e abrir o porta-luvas. Ele tirou uma arma e, surpreendentemente, luvas. Klaus quase riu com o pensamento de que Johnny provavelmente era a única pessoa no mundo a manter luvas naquele compartimento.

"Devo pegar minhas coisas?" Johnny perguntou, enfiando a arma sob o cinto de suas calças e cobrindo a arma com sua jaqueta.

Klaus acenou com a cabeça, passando a mão pelo cabelo loiro. "Ok, vamos lá."

Ambos saíram do carro, Klaus arrumando suas roupas para ficarem o mais apresentável possível, enquanto Johnny ia até o porta malas e pegava uma maleta preta. Com o carro trancado, ambos caminharam até a entrada do antigo condomínio.

"Qual andar?"

"Quarto." Johnny respondeu, tomando a liderança na frente de Klaus.

As escadas foram encontradas com relativa facilidade apesar do escuro, e ambos subiram o mais silenciosamente possível. Ao alcançar o quarto andar, Johnny acenou para Klaus segui-lo em silêncio — o ladrão deve ter pensado que se esconder ali era uma boa ideia, ninguém poderia ver o interior da rua.

Parados em frente a porta correta, Johnny rapidamente se ocupou de destrancar a porta, encaixando a chave de tensão na fechadura da porta girando-a levemente e a colocando fundo na fechadura. Com as sobrancelhas franzidas de concentração, ainda aplicando uma leve pressão, após alguns segundos foi ouvido um leve clique.

Johnny lançou um olhar para Klaus, acenou e então tirou a arma de seu cinto. Assim que a porta foi aberta, Klaus viu a silhueta de um homem segurando algo no ar, possivelmente um tipo de arma.

Raphael balançou o braço, tentando acertar Johnny mas este levantou o braço e agarrou o pulso do ladrão. Johnny foi rápido em torcer a mão para que pudesse dar uma coronhada na tempora de Raphael, forte o suficiente para Klaus ouvir. Quando Raphael gemeu e caiu no chão, Johnny agarrou seus braços e o arrastou para dentro do apartamento.

Klaus seguiu logo atrás, fechando a porta atrás de si. Olhou ao redor e encontrou um interruptor na parede, então o ligou. O apartamento estava praticamente vazio se fosse por um colchão nu jogado no chão, uma cadeira, roupas dobradas em um canto e pacotes de comida instantânea espalhadas ao redor. Havia também um fogão elétrico, uma chaleira e uma panela ao lado de garrafas de cerveja barata.

"Apagou ele?"

"Por alguns minutos." Johnny conseguiu arrastar o corpo inconsciente para a cadeira e levantou o corpo para soltar Raphael no assento. "Por que sempre eu que faço o trabalho sujo?"

"Você fala como se fosse fazer qualquer coisa no momento em que ele acordar. Aqui." Klaus entregou a maleta a ele.

Abrindo a maleta, ele tirou uma fita adesiva. Klaus se inclinou contra a parede e decidiu fumar um cigarro enquanto Johnny fazia sua parte do trabalho.

A habilidade de Johnny de trabalhar rápido era algo que sempre o deixava impressionado. Observou enquanto ele amarrava Raphael a cadeira, enrolando tira ao redor de seu corpo e no encosto da cadeira várias vezes, em seguida se ajoelhando e prendendo as pernas do homem as pernas da cadeira também. Havia um taco de baseball de metal no chão, provavelmente o que Raphael havia usado para tentar se defender.

"Esse lugar cheira a merda." Johnny murmurou quando terminou, ajustando os óculos na ponta do nariz.

"Nah, ele cheira a merda." Klaus apontou para o homem preso na cadeira. "Acho que a água não funciona."

"Mas a eletricidade funciona."

"Então ele simplesmente não deve dar a mínima para higiene pessoal, o que é pior ainda."

A sala era ampla, ligada a uma cozinha aberta, o corredor provavelmente levando aos quartos. Era um lugar relativamente decente — talvez devesse começar a investir em complexos de apartamentos.

Raphael gemeu e começou a se mexer na cadeira, animando Klaus que caminhou até ele e parou em frente a cadeira, esperando que ele volte a si. O ladrão abriu os olhos, piscando rapidamente, provavelmente cego pela luz, o cabelo despenteado e caindo sobre a testa em mechas oleosas. Assim que ele viu Klaus, a cor de seu rosto desapareceu.

"Raphael." Klaus inclinou a cabeça para o lado, os olhos verdes com o brilho perverso como o se um gato. "É um bom lugar que você tem aqui. Seu endereço porém, me diz que você mora em outra casa, na parte mais cara da cidade. Qual distrito mesmo?"

"Distrito 15." Johnny respondeu.

"Ah sim. Você mora em um bairro nobre, um apartamento caro que você pode pagar por causa do meu dinheiro." Klaus lambeu os lábios. "Então me diga, o que você está fazendo nesse apartamento de merda?"

Raphael teve a dignidade de pelo menos parecer assustado. Ele abriu a boca para falar, mas a fechou logo. Ele não estava tremendo, mas Klaus podia vê-lo engolindo seco.

"Sr. Burzynski, eu—"

"Onde está o que você roubou de mim, Raphael?" Klaus deu uma tragada no cigarro, soprando a fumaça e se sentindo gentil o suficiente para dar a Raphael algum tempo para pensar sobre sua resposta.

"Senhor, eu não sei o que—"

O braço de Klaus balançou rápido, as costas da mão colidindo com o rosto de Raphael com força suficiente para fazer a cabeça do homem girar para o lado.

"Não minta na minha cara. Eu odeio mentiras." Klaus rosnou, sua enxaqueca entrando em ação mais uma vez. "Eu aprecio a honestidade dos meus homens mais do que qualquer coisa. Você sabe alguma porra sobre, claramente, mas talvez você não queira brincar comigo. Vamos fazer isso rápido."

Raphael pressionou os lábios. "Eu não sei nada sob—"

Outro tapa, dessa vez mais forte, os nós dos dedos atingindo a bochecha do ladrão e provavelmente por causa de seus anéis, a pele de Raphael se abriu, sangue vindo a superfície.

"O que realmente me irrita," Klaus massageou as costas da mão. "É o fato de você ter uma posição alta e mesmo assim ser ganancioso o suficiente para roubar de mim. Onde está sua lealdade?"

Raphael ficou quieto, olhando para o chão.

"Não vai me dizer onde estão as drogas?Ok. Quem era o outro homem com você?"

"Eu não sei."

Puta que pariu.

"Escuta aqui," Klaus suspirou. "Eu não quero estar aqui e você quer sair o mais inteiro possível. Vamos nos ajudar. Se você disser quem é o outro homem, juro que vou pegar leve com você."

Raphael fez um som baixo que soou quase como um gemido, e só serviu para deixar Klaus mais irritado.

"Senhor, eu-eu realmente não sei do que você está falando, eu juro."

Outro tapa forte o suficiente para fazer Raphael ranger os dentes de dor, sua cabeça pendendo para baixo por um momento. Oh, Klaus sabia que esse com certeza doeu como uma vadia.

"Eu ficaria menos bravo se fosse a merda que vendemos na rua, mas minha coca pura?" Klaus sibilou. "Você tem ideia de como é chato perder milhões assim, seu desgraçado de merda?"

"Milhões?Eu—"

"Oh, claro que ele disse que valia menos que isso." Klaus zombou. "Ele brincou com você não foi? Isso não te deixa puto?Você está nessa situação porque ele fodeu com você. Agora me diga o nome dele."

E ainda assim Raphael permaneceu quieto. Mas Klaus podia ver que sua fachada estava começando a desmoronar, ele estava tremendo agora.

"Johnny, me de aquele taco de baseball."

Johnny se moveu imediatamente e Raphael empalideceu.

"Espere!" Ele gritou, se contorcendo na cadeira tentando se libertar e só conseguiu fazer a fita cravar em sua pele dolorosamente. "Eu não sei de nada! Sr.Burzynski eu não sei de nada!Eu juro!"

"Eu acredito em você." Klaus pegou o taco de baseball. Era mais pesado do que esperava, o metal frio e duro sob seus dedos. "Mas você deve saber o nome de outro homem. Ninguém é estupido o suficiente para trabalhar com alguém que não lhe dá o nome. Você é estupido, Raphael?"

Raphael continuou em silêncio, estava muito focado olhando para o taco como se fosse o anticristo ou algo assim, o medo correndo selvagem em seus olhos, o suor brotando em sua pele, os lábios secos.

"Quero quebrar algo hoje. Qualquer osso que você escolher." Klaus respirou fundo. "Diga-me um nome."

Raphael gemeu, se contorcendo na cadeira, o lábio inferior preso entre os dentes, parecendo já tão assustado que deu Klaus a certeza que não iria demorar muito. Não deveria ter cancelado com Lisbeth, ela teria feito as coisas mais divertidas.

"Eu não sei senhor!Eu juro que não sei, você tem que acreditar em mim!"

Klaus suspirou. "Eu não acredito em você."

Klaus pegou mais firmemente no bastão e o balançou rapidamente, fazendo o metal colidir com o joelho de Raphael. O som de osso quebrando foi algo arrepiante e Raphael gritou, se contorcendo na cadeira, tentando arquear as costas. Klaus se moveu para mais perto e agarrou o cabelo do ladrão, puxando sua cabeça para baixo e então a agachando na frente dele, o encarando nos olhos sem nem piscar.

"Isso dói?"

"Sim, Sr.Burzynski." Raphael choramingou, seus olhos vermelhos com lágrimas de dor.

"Vai doer mais se você não me disser o nome dele." Klaus soltou o bastão e se levantou, puxando o cabelo do rapaz. "Você acha que eu gosto disso?Eu não sou doente, garoto, eu não gosto de sair quebrando ossos na minha sexta a noite. Mas você não me disser a porra do nome dele eu vou fazer você comer sua própria merda. Você quer isso?"

"Nuh-não senhor eu-eu não quero."

"Então me diga o nome."

Raphael engoliu seco, e Klaus pôde ver que aquele era um sinal de desistência, a luta em seus olhos desaparecendo imediatamente.

"O nome dele é Christopher Lange. Mas eu não sei onde estão as drogas, eu juro."

"Eu acredito em você. Mas elabore, quem é Christopher Lange?"

Raphael fez um pequeno som lamentável, os olhos cheios de lágrimas. "Eu não sei senhor, não sei quem ele é. Ele veio até mim quando eu estava em China Town, ele me conhecia. Disse que ia me dar boa parte do lucro pelo roubo."

"Então ele está planejando uma venda."

"Sim senhor."

"Você não sabe para quem ele trabalha? Se ele trabalha para alguém?"

"Ele não me disse nada, senhor, e eu não perguntei."

"Claro que não." Klaus rosnou, fazendo Raphael se encolher. "Você só viu a oportunidade de me roubar e decidiu colocar sua confiança em um estranho. Você me traiu."

Raphael tentou balançar a cabeça, mas Klaus puxava seu cabelo com firmeza. "Não senhor, sinto muito!Eu não estava pensando, eu—"

"Você com certeza não estava. Traiu sua maldita família. E você não vira as costas para a família, Raphael."

Era uma grande mentira, porque Klaus não dava a mínima para família ou coisas assim, mas era um modo de obter informações. Se fosse outra pessoa, talvez fosse um bom ator e soubesse muito mais, mas Raphael claramente não sabia.

Ele era um ninguém e Christopher Lange sabia disso. Só precisava de alguém para ajudá-lo a chegar ao armazém.

"Sinto muito, sinto muito!Por favor, eu—isso é tudo que eu sei, eu juro, contei tudo!"

"Bom menino." Klaus soltou seu cabelo, ouvindo Raphael respirar aliviado. O que, de novo, era estúpido. "Johnny, ele é todo seu."

Johnny, que encostado na parede, se animou e deu um passo a frente. Raphael tentou se livrar da fita, gemendo ao tentar mover o joelho quebrado.

"Espere!" Ele gritou. "Eu não sei onde ele está mas-mas tem esse outro cara!"

Oh?

"Que outro cara?" Klaus perguntou, cruzando os braços.

"Christopher falava sobre ele as vezes, esse michê que ele vê toda semana ou coisa assim. Talvez ele sabia onde o Christopher está, ele falava muito desse cara."

"E esse cara tem nome?"

"Eu não sei o nome verdadeiro, mas ele chamava de Flor de Jade. Mas eu sei que ele trabalhava naquele clube no distrito vermelho, o seu clube."

Klaus franziu a testa. "Flor de Jade trabalha no Nightshade?"

"Sim!Eu juro!Christopher falou muito sobre ele senhor!"

Klaus lançou um olhar a Johnny, que assentiu.

"Muito bem, Raphael, você é um bom menino." Klaus sorriu para o homem amarrado, cujas feições relaxaram imediatamente de alívio. "Como eu disse, Johnny ele é todo seu."

Johnny finalmente caminhou até sua maleta, Raphael olhando para ele com os olhos arregalados de desespero.

"Não! Não!Você prometeu!"

"O que?" Klaus arqueou uma sobrancelha. "Não prometi nada. Não faço promessas com porcos."

"Você disse que se eu falasse—"

"Eu pegaria leve com você e eu o fiz." Ele apontou para Johnny. "Ele vai matar você rapidamente. Vai ser fácil para você."

Johnny rapidamente preparou o silenciador em sua pistola, travando-o no lugar antes de ficar de frente a Raphael.

"Por favor!" Raphael implorou com a voz baixa, lágrimas escorrendo por seu rosto pálido e tremendo. "Eu sinto muito."

"Eu também." Klaus disse, e ele realmente quis dizer isso.

Johnny rapidamente puxou o gatilho, a bala passando direto pelo crânio de Raphael, cuja cabeça voou para trás. A bala atravessou o osso e atingiu a parede, ficando presa lá. Klaus encarou o sangue se acumulando no chão e suspirou.

"Bem," Johnny murmurou. "Isso foi desagradável."

"Adicione isso a minha lista de pesadelos."

"Vamos deixá-lo assim?"

"Chame alguém para limpar amanhã. Diga a eles se desfazerem do corpo em algum lugar, possivelmente longe da nossa área."

Johnny concordou enquanto desmonta a sua arma e a colocava de volta na maleta. "E a tal Flor de Jade?"

"Iremos amanhã a noite. Não deve ser difícil achar."

"Amanhã?"

"O Lange tem quilos de droga pura para se livrar. Ele vai ter que fazer o máximo para tirar o proveito disso, então ele provavelmente fará o mais baixo grau possível. Isso leva tempo então é melhor amanhã. Estou cansado e com muita fome." Klaus se virou e voltou pela porta, Johnny o seguindo de perto. "Mande uma mensagem para Lisbeth, avise que vamos aparecer lá em alguns minutos."

"Ok." Ambos saíram do apartamento e Johnny trancou a porta novamente. "Que dia é hoje mesmo?"

Klaus franziu a testa. "Quarta feira."

"Puta merda." Johnny gemeu. "Quarta feira."

"Vamos cedo antes do clube abrir." Klaus deu de ombros. "Não queremos ser vistos enquanto já há clientes. Diga ao August que me acompanhe, preciso que você faça algumas pesquisas sobre Christopher Lange."

⸎⸺⸺⸺⳹۩᪥۩⳼⸺⸺⸺⸎

Bordeis eram de longe o seu lugar menos favorito de frequentar, mas isso não o fazia querer compra-los menos. Por isso, no momento em que subiu no trono, Klaus tratou de comprar clubes, pelo menos dois em cada distrito, o dinheiro vindo tão rápido que quase o deixou tonto após o primeiro mês de inaugurações. Dinheiro vindo do sexo e da perversão eram o dinheiro mais fácil que ele havia feito e quando você mora numa metrópole, você fará de tudo para esquecer como a vida é uma merda. Sexo, álcool e drogas eram a perfeita opção, especialmente com as pessoas certas trabalhando em um bordel com quartos de lençóis de ceda.

Uma música tocava no rádio, de alguma banda que Klaus não conhecia, mas August parecia contente enquanto cantarolava, seus dedos batendo no volante ao ritmo da melodia. Klaus olhou para ele por um instante, um sorriso brincando nos lábios; August Young era jovem, com grandes olhos castanhos brilhantes,cabelo escuro cheio de cachos bagunçado, traços suaves e de sorriso travesso, mas seu rosto já estava começando a perder o apelo juvenil aos poucos — e ele continuava incrivelmente bonito. Essa beleza fácil era a principal razão de Klaus tê-lo escolhido como acompanhante.

"Então,"Começou, acendendo um cigarro. "essa Flor…"

August parou de cantarolar enquanto paravam no sinal vermelho. "O que foi?"

"Você o conhece?"

"Por que eu deveria?"

"Você é quem cuida dos clubes, August.

August deu de ombros. "Não é como se eu conhecesse todo mundo. Eu só sei tipo, um "

Klaus sorriu. "Você sabe?"

As bochechas de August ficaram vermelhas. Deus, ele ainda era como uma criança. "Não gosto disso."

"Ok."

"É sério."

"Eu acredito em você."

"Não precisa." August continuou dirigindo assim que o semáforo ficou verde. "Tanto faz. Mas se esse cara trabalha no Nightshade, ele deve ser um dos queridinhos mais caros."

"Quão caro?"

"Caro. Com C maiúsculo."

O que significava que a Flor provavelmente não era humano. Ótimo. Internamente, Klaus rezou para que não fosse um yikol porque eles geralmente eram irritantes e bons em mentir.

O Distrito Vermelho se abriu diante deles. Era um bairro relativamente rico, cheio de hotéis, motéis, bares e boates — todos pertencentes a Klaus. Esse era o único distrito que ele não dividia com nenhuma outra gangue menor ou outras famílias. Havia certo orgulho naquilo, ver que havia sido tudo construído por ele.

August estacionou há poucos metros de distância do Nightshade, onde uma enorme placa de neon roxo e azul indicava a entrada do lugar. "A Cassie sabe que estamos aqui?"

"Não." Klaus murmurou ao abrir a porta do carro, jogando o cigarro que estava fumando no chão. "Ela iria comer meu couro se soubesse."

"Ela ainda vai." August riu. "Devemos ir?"

Klaus acenou com a cabeça e arrumou seu casaco. Estava vestido casualmente, afinal não era prudente revelar sua posição ainda mais quando estava a procura de alguém. August seguia a mesma linha, com um par de jeans e um moletom com capuz.

O exterior do Nightshade era discreto, o simples letreiro de neon com uma flor no topo, portas pretas com vidros opacos. Klaus entrou no lugar ainda vazio, fora do horário de abertura, ouvindo a música baixa ecoando pelo ambiente do salão principal mal iluminado. A última vez que havia estado ali havia sido na noite da inauguração e era uma surpresa boa que nada tivesse mudado — Klaus havia sido quem escolheu pessoalmente os móveis e a decoração, e

 estava feliz de ver tudo ainda no lugar.

O Nightshade deveria ser uma boate simples, com strippers e entretenimento similar, mas assim que percebeu o quão grande o lugar era, grande o suficiente para adicionar quartos particulares no segundo andar, uma mudança de planos foi rapidamente feita. No piso inferior, continuou sendo uma boate simples com músicas e strippers no grande palco; no segundo andar ficava o bordel para onde iam a maioria dos clientes. Ninguém ia àquele lugar atrás de entretenimento normal.

O salão principal estava vazio aquela hora, o palco limpo senão por um membro da equipe polindo os postes com um pano. As luzes eram fracas, cada lâmpada coberta por um vidro vermelho lançando tons de vinho pela sala. Klaus olhou para o balcão liso de madeira polida onde, atrás dele, Cassie o encarava de olhos arregalados.

"Oh"Disse ela, os lábios pintados de roxo se estendendo em um sorriso satisfeito. "Olá Klaus. August."

"Cassandra." Klaus a cumprimentou. August sorriu para ela enquanto ambos caminhavam até o balcão.

"Devo dizer que estou surpresa em vê-lo."Ela fez beijinho, mechas de longos cabelos rosa caindo de ombros enquanto ela se apoiava no balcão. "Você nunca mais veio me ver, Klaus."

"Eu sei, sinto muito, mas estou ocupado, você sabe."

"Ocupado pintando a cidade de vermelho, hein?" Ela ergueu uma sobrancelha, então virou-se para August. "E você, garoto? O Spencer não trabalha hoje, você sabe."

Oh?

Klaus se virou para August, vendo-o encarando a mulher com a boca aberta e orelhas vermelhas.

"Eu—" August limpou a garganta. "Eu não sei do que você está falando."

"Oh, eu falei muito?"

"Você sempre o faz." Klaus interrompeu. "Que boca grande."

"Ah claro!" Ela rolou os olhos. "Não seja um idiota comigo, Klaus. Você pode ser com todo mundo menos comigo."

"Por que você não me dá algo para beber, Cassie?"

"Qual a palavra mágica?"

"Por favor?"

"Bom menino." Cassie sorriu, passando o polegar pela bochecha de Klaus, que gemeu e se afastou. Ela riu, se virando para a prateleira de licores e bebidas, examinando as garrafas por um momento antes de pegar uma que contém o whisky favorito de Klaus. Ela foi rápida em servi-lo, tirando um copo limpo debaixo da bancada. "Mas afinal, porque você está aqui, querido Klaus?"

Klaus tomou um gole da bebida, deixando-a descansar em sua língua por um momento antes de engolir, sentindo-a queimar sua garganta e estômago.

"Como está o pequeno Daniel?" Klaus perguntou, fazendo Cassie arquear uma sobrancelha e cruzar os braços."

"Chorão e petulante como desde que nasceu. Por que você está tentando mudar de assunto?"

"Não a vejo há um tempo também." Ele deu de ombros. "Devíamos jantar um dia desses."

"Klaus."

"Preciso falar com um dos seus queridos."

Os olhos de Cassie se estreitaram, os lábios se contraindo em uma linha fina. "E posso saber o porquê?"

"Por que você faz tantas perguntas, Cassie?"

"Porque eu tomo conta deles."

"Tecnicamente, eles são todos meus."

"Klaus!"

Klaus suspirou. Não é que ele não aprecie o carinho e amor que Cassie tinha pelos funcionários do bordel, na verdade essa era a maior razão pelo qual ele a contratou — não queria que nenhum dos funcionários fossem maltratados como o último dono antes de Klaus o fazia, porque afinal era um trabalho sujo com clientes sujos e ações sujas, mas ele não deixaria seus funcionários serem rebaixados e tratados como lixo.

"Não vou machuca-lo, prometo. Só preciso fazer umas perguntas, ele pode saber algo importante."

"Eles vêem muitos homens importantes e ricos, Klaus. Eles sabem coisas, obviamente, mas sabem mais do que tudo que devem manter suas lindas bocas fechadas."

"Se eu pedir a um deles para falar, ele vai falar sem discutir, você sabe disso."

"É o que me preocupa."

"Cassie." Klaus suavizou a voz. "Por favor, eu preciso vê-lo."

Cassie pareceu considerar isso, seus olhos de afastando do rosto de Klaus e focando em um ponto aleatório da sala. "Qual deles é?"

"Flor de Jade."

Cassie franziu o cenho. "Por que ele?"

"Foi o nome que me deram assim que quebrei o joelho de um cara com um taco."

Cassie revirou os olhos e estalou a língua. "Você não toca nele, ouviu?"

"Já disse que não vou machuca-lo."

"Você nem mesmo o assusta, ouviu?Ele é um dos melhores que eu tenho aqui, um dos mais caros também."

Sim, já ouvi isso antes.

"O que ele é?" Perguntou de repente. "Se é tão caro então não é humano. Talvez um yuukai?Yikol?"

"Vampiro."

Oh pelo amor de Deus.

"E desde quando tem vampiros nos meus clubes? Não sabia que eles trabalhavam para humanos."

"Ele é o único aqui." Cassie bufou. "É por isso que eu estou dizendo para você não machuca-lo ou assusta-lo, ok?"

Claro que entendia. Vampiro trazia lucro, muito lucro — tantas pessoas dariam quantias enormes de dinheiro pelo prazer da mordida de um. Droga.

"Tudo bem" Klaus deu um longo gole em sua bebida, sibilando assim que ela se acomodou em seu estômago. "Entendi. Vou ser um cavalheiro, abrir a porta para ele e tudo, quem sabe até deixo ele me usar de tapete."

Cassie rolou os olhos. "Espere no meu escritório, vou manda-lo para você. Ele está se arrumando, pode levar alguns minutos."

"Obrigado, Cassie."

"Guarde esses sorrisos lindos pra quem você quer fpder, Klaus, eles não me enganam. Agora vá."

Klaus assentiu e se virou para August. "Espere aqui por mim e não vá se perder."

August franziu a testa. "Para onde eu iria?"

"Não sei, porque você não pergunta ao seu namorado Spencer?"

"Ah cala a boca."

Klaus riu com o rubor que cobriu as bochechas do jovem August, então saiu em direção ao escritório atrás do palco, depois de uma placa onde dizia apenas membros da equipe eram autorizados a entrar.

Aquele aparentemente era o único lugar que havia mudado desde a inauguração. A escrivaninha e a cadeira ainda eram as mesmas, mas agora haviam pinturas nas paredes, flores em um vaso de porcelana perto da janela, uma bela tapeçaria colorida na parede atrás da escrivaninha. Klaus deu a volta e se sentou na grande cadeira de couro, sorrindo ao notar a foto emoldurada na mesa do laptop — Cassie e Daniel, agora adolescente, sorrindo largamente enquanto abraçava a cintura de Cassie. Deus, como sentia falta daquele garoto as vezes, o conhecia desde que ele era um bebê.

Enfiando a mão no bolso da camisa, ele tirou os cigarros e acendeu um rapidamente. Seu momento de paz foi interrompido com celular vibrando em seu bolso, ao qual ele rolou os olhos ao destravar e ver as mensagens.

Lisbeth: VOU MORRER DE TÉDIO A QUALQUER SEGUNDO

Lisbeth: Sério chefe, por que me torturas assim?

Klaus: O que foi?

Klaus: Encontrou alguma coisa ou só quer me incomodar?

Lisbeth: Não sei se você falou com essa Flor

Lisbeth: mas não achei nada

Klaus: ???

Lisbeth: É como se esse Lange fosse um fantasma

Lisbeth: Não tem registro dele em lugar nenhum, nem mesmo no banco de dados da polícia ou do MEA

Klaus: Esse merda tá usando nome falso

Klaus: estou prestes a falar com Jade

Klaus:Mando mensagem se descobrir alguma coisa

Lisbeth: Me diga se ele é bonito ;)

Ao ouvir a maçaneta girando, Klaus rapidamente guardou o celular no bolso. Assim que a porta se abriu, percebeu que não estava preparado.

Nenhum humano poderia ser tão bonito, era óbvio que Flor de Jade não era humano. Ele tinha o rosto tão bonito, de grandes olhos castanho esverdeados, sua pele pálida e os ossos do rosto apenas ligeiramente aguçados. Era como se o céu tivesse lançado sobre a terra um anjo abandonado, de cachos ruivos e membros perfeitamente formados, de rosto belo e misterioso.

Os olhos de Klaus viajaram pelo corpo do vampiro, a garganta seca. Ele era alto e tonificado, e parecia ter saído direto de uma escultura de Michelangelo ou uma pintura de Caravaggio. Mas o que fez a mão de Klaus se apertar em torno da borda da mesa era o roupão que ele estava vestindo: era preto e mal chegava aos joelhos, tecido completamente de seda e cetim, amarrado somente por uma fita — seria tão fácil abri-lo e ver aquela criatura completamente nua, um pensamento que Klaus não conseguiu ignorar.

Flor fechou a porta, os olhos fixos em Klaus. "Gosta do que vê?"

Klaus piscou e olhou para ele. "O que?"

"A visão. Perguntei se gosta." Flor sorriu docemente, mostrando as presas afiadas em sua boca,mas Klaus pôde ver a alegria em seus olhos. Havia um leve sotaque francês em sua fala.

Arrogante, uh?

"Sente-se." Klaus o instruiu, apontando para a cadeira em frente a ele do outro lado da mesa.

Flor olhou para ele por um momento, sem dar sinais de querer obedecer. 

"Sabe, se você quisesse uma hora comigo, poderia ter reservado." A voz dele era como chocolate quente numa noite fria. "Sem necessidade de me colocar no escritório da Cassie."

"Gaguejei por acaso?" Klaus arqueou uma sobrancelha. "Sente-se."

Flor olhou para ele por mais alguns segundos antes de soltar um suspiro e se mover para a cadeira. Assim que o fez, Klaus atingido por um perfume difícil de descrever, quase como flores, mas muito mais forte do que isso, mais atraente. Havia âmbar em algum lugar nesse perfume também.

Flor então dobrou uma perna sobre a outra, a carne de suas coxas completamente exposta, o corte do roupão tão baixo que Klaus quase conseguia ver onde o estômago encontrava o umbigo.

Porra de Vampiro.

"Por que estou aqui?" Flor perguntou.

"Você sabe quem eu sou?"

Flor balançou a cabeça, um leve sorriso ainda nos lábios. Linda boca.

“Klaus Burzynski."

O sorriso não vacilou, mas seus olhos se arregalaram ligeiramente.

"Oh.Você é meu chefe."

Klaus levou um cigarro aos lábios. “Tecnicamente.”

“Não sabia que Klaus Burzynski era tão bonito. A beleza eslava é realmente especial.”

"Não sabia que te dei permissão para falar."

Flor arqueou uma sobrancelha, claramente divertida.

"Você fala quando eu fizer perguntas." Prometeu não assusta-lo, isso não significa que ele vai apenas sentar e deixá-lo falar o que quer que passe em sua mente. "Qual é o seu nome verdadeiro?"

"Por que eu te contaria isso?"

Klaus bateu o cigarro no cinzeiro. "Porque eu pedi para você."

Os lábios dele se contrairam por um segundo em um sorriso de escárnio irritado, seus olhos se estreitando. Não gostava de receber ordens, claramente.

"Laurent Bourbonnais." 

"Laurent," Klaus saboreou o nome em sua língua. "Acho que você pode ter algumas informações que eu preciso."

Laurent cruzou os braços sobre o estômago, o tecido do roupão deslizando de um de seus ombros, e Klaus não tinha certeza se era um acidente.

"Sobre?"

"Um certo homem."

"Vai ter que ser mais específico, querido." Disse Laurent, o olhar fixo na mão de Klaus que segurava o cigarro. "Eu encontro muitos homens todas as noites."

"Tenho certeza que sim. E quanto a um tal de Christopher Lange?"

Nada na postura ou expressão de Laurent mudou, ele permanecia neutro, o que era profundamente irritante.

"Não o conheço."

"É mesmo?"

"Certeza."

"Tenho razões para acreditar o contrário."

"Ofereça-me um cigarro e minha memória pode voltar."

Oh porra.

Klaus estalou a língua então pegou seu maço de cigarros novamente, entregando-o a Laurent. Ele desdobrou os braços e esticou a mão para pegar um cigarro e...ah que lindas mãos. Mãos bonitas com unhas ligeiramente compridas e com anéis dourados nos dedos.

Laurent colocou o cigarro entre os lábios e se inclinou para frente, arqueando uma sobrancelha. Com um suspiro, Klaus pegou o isqueiro da mesa e acendeu o cigarro. Laurent inalou, os lábios franzidos em torno do cigarro, se recostou na cadeira, pegou o cigarro entre os dedos e expirou uma nuvem de fumaça.

"O que ele fez?"

"Não é da sua conta."

"Ah mas é." Laurent sorriu. "Você veio até aqui falar comigo, ele deve ter feito algo ruim."

"Ele fez. Ele roubou de mim."

"Ah é?" Laurent inalou mais fumaça. "O que você quer saber?"

"Quem é ele?"

"Não sei."

"Sério?"

Laurent encolheu os ombros. "Eu sei que ele não fala muito. Eu acho que ele faz parte de uma gangue ou algo assim. Há tantos hoje em dia, tantos humanos em gangues ridículas que pensam que podem assistir o mundo queimar sentados em um trono de dinheiro. Eu não ficaria surpreso se ele fosse membro de uma."

Klaus deu uma última tragada em seu cigarro e o apagou no cinzeiro antes de empurra-lo para Laurent. "Christopher Lange é um nome verdadeiro?"

Laurent franziu a testa. "Eu acho? Quer dizer, para reservar o meu serviço você precisa ser membro do clube então ele teve que dar uma identidade, mas ela pode ter sido falsa. Ele se apresentou como Christopher e foi assim que o chamei, entre outras coisas."

"Há quanto tempo ele é um de seus clientes?"

"Três meses." Laurent respondeu, colocando seu pulso no braço da cadeira, fazendo Klaus respirar fundo mais uma vez ao ver o roupão de seda deslizando de seu ombro o suficiente para deixar seu peito visível. "Ele vinha todas as quintas, todas as semanas, não faltava um dia sequer. Acho que tinha uma queda por mim."

Klaus ergueu uma sobrancelha. "Uma queda?"

"Não é incomum, homens se apaixonam por prostitutas e michês o tempo todo. Ele costumava dizer que queria me comprar jóias bonitas e coisa assim. Prometeu que me tiraria daqui assim que tivesse algum dinheiro." Laurent revirou os olhos. "Como se eu fosse a algum lugar com aquele filho da puta feio."

"Ele alguma vez disse alguma coisa sobre ter aquele dinheiro de repente?"

“Ele disse algo sobre uma ideia que tinha para conseguir dinheiro. Que seria em breve, mas isso foi há cerca de três semanas.” Uma pausa. "Ele roubou seu dinheiro?"

"Algo parecido."Klaus deu de ombros. “Tem certeza de que não sabe nada sobre ele? Ele nunca mencionou nada sobre seu trabalho? Gangues afiliadas, alguma coisa?”

“Para mim, ele é apenas um cliente.”Ele olhou para baixo para seu pulso, os lábios virando para baixo em desgosto. "Um cliente de merda."

Klaus fez uma anotação mental dessa reação. Cliente de merda, deve ter feito algo desagradável com Laurent, visto que ele obviamente não gostava do homem mas isso vai além da simples indiferença ou antipatia. Laurent parecia desprezá- lo.

“Se você está com medo dele, não precisa. Se você não está falando porque tem medo das consequências, esqueça. Se você me contar tudo que sabe, vou garantir que nada aconteça com você.”

"Eu não preciso da sua proteção." Laurent retrucou uniformemente. “Sou mais do que capaz de cuidar de mim mesmo.”

"Não estou dizendo que você não é." Klaus inclinou a cabeça para o lado. “É sobre dinheiro? Porque se você falar, eu vou te dar isso também."

Laurent riu disso.Uma risada realmente divertida, adorável e Klaus apreciaria mais se os olhos de Laurent não estivessem jogando adagas nele.

"Dinheiro." Laurent balançou a cabeça. “Como se eu precisasse de dinheiro.” ele olhou para Klaus e deu uma última tragada no cigarro antes de jogá-lo no cinzeiro. “Querido, eu não sou qualquer um.Você tem ideia de quanto um cliente está disposto a pagar para que ele possa foder um vampiro?"

Klaus ficou quieto.

"Um monte de merda." Laurent continuou, parecendo tão presunçoso que Klaus está começando a odiar. “Dinheiro é algo que eu tenho. Demais, na verdade. ”

"Se você tem tanto dinheiro, o que está fazendo em um dos meus bordéis?"

Com isso, o sorriso divertido de Laurent se transformou em um sorriso malicioso, olhos escuros e de repente o ar ficou muito pesado. Laurent se inclinou mais uma vez, desta vez ainda mais perto, seu cheiro forte e tão bom que Klaus pôde sentir o calor zumbindo sob sua pele.

“Eu preciso de sangue humano para viver,chérie. Existem mulheres de pessoas que me dão o que eu preciso em troca do prazer sexual da minha mordida.”Laurent inclinou a cabeça para o lado, os olhos viajando ao longo do rosto de Klaus. “Quanto mais sujo melhor, este lugar está cheio de homens que desejam nada mais do que ter suas fantasias realizadas.E sou um amante de fantasias. Especialmente se eu for bem pago por elas.”

Klaus apertou a mandíbula,sua garganta estava apertada e o cheiro de Laurent era a única coisa que ele consegue cheirar, ainda mais forte do que o fedor de cigarros queimados e cinzas.

"Então, é tudo o que você sabe sobre o Lange?" Klaus conseguiu dizer, os olhos de Laurent focados nos seus mais uma vez.

"Sim." Laurent finalmente se afastou e Klaus conseguiu respirar. “Como eu disse, ele era apenas um cliente obcecado por mim. Eu sabia que ele é um tanto estranho, mas a maioria das pessoas que vêm aqui são. ”

Merda.

Isso foi uma completa perda de tempo.

"Algo mais?" Klaus perguntou, sentindo-se desesperado. “Qualquer coisa. Qualquer coisa que ele possa ter mencionado. ”

"Merda, chérie."Laurent bufou. "O que ele roubou de você para deixa-lo tão teimoso?"

"Não é uma questão do que ele roubou, é o fato de que ele pensou que poderia ir embora com algo meu e seu pau ainda pendurado entre as pernas que me irrita."

Não importa o quanto ele pensasse sobre isso, ainda não consegue se acalmar. O deixava louco saber que alguém o havia roubado.

Mas é culpa de seu pai, na verdade. Foi ele quem o fez assim, o maldito idiota.

Laurent lambeu os lábios, uma carranca concentrada em seu rosto. “Ele nunca falava muito, só sobre...sobre planos, sabe?Dinheiro,ele realmente queria dinheiro.Oh. ” Laurent piscou. "O relógio."

"O que?"

“Ele tinha um relógio caro.” Laurent respondeu. “Foi a única coisa que ele nunca vendeu,mas um dia sumiu. Foi no mesmo dia que ele me trouxe um presente,um colar. Um lindo colar de ouro verdadeiro e rubis. Perguntei a ele sobre o relógio e ele apenas disse para não me preocupar com isso,mas não demorei muito para entender que ele o vendeu para que pudesse me comprar o presente.Isso foi há quatro semanas? Sim, quatro semanas.”

Deus, finalmente.

Não é muito, mas é alguma coisa. Klaus poderia tirar algo disso.

"Você tem certeza disso?Tem certeza que ele vendeu para comprar um presente para você?"

Laurent deu de ombros. “Sério, não estou mentindo quando disse que ele estava obcecado por mim. Às vezes, eu o encontrava esgueirando-se pelo bordel na hora de fechar para me ver sair. Uma vez, ele me seguiu por um tempo antes de parar, não acho que ele sabe que eu posso nota-lo a quilômetros de distância. ”

"OK." Klaus concordou. "Ok, obrigado."

"Satisfeito?"

"Sim, obrigado."

"Bem, então estou indo."

"Espere." Klaus pegou uma caneta da mesa e então procurou por um papel, encontrando um na gaveta de cima da escrivaninha alguns post-its amarelos e arrancou um deles. "Esse é meu número." ele disse enquanto escrevia os dígitos. “Se alguma coisa vier à mente, qualquer coisa,me ligue. Ou me mande uma mensagem,tanto faz. ”

Laurent olhou o papel com desconfiança por alguns segundos, sem tirá-lo da mão de Klaus uma vez que ele o entrega. Então Laurent suspirou e pegou o pedaço de papel.

"Duvido muito que me lembre de qualquer outra coisa, eu realmente disse a você tudo o que sei."

"Melhor prevenir.." Klaus se levantou da cadeira, Laurent também. “Obrigado por sua ajuda, você está livre para ir.”

Laurent sorriu e se virou, caminhando de volta para a porta. Klaus não pôde deixar de notar o balanço em seus quadris, provavelmente algo que Laurent estava fazendo de propósito - mas Klaus é apenas humano e, merda, funciona. Especialmente considerando que o material puro do roupão realmente não cobria a bunda de Laurent.

Ele abre a porta e se vira. "Ah, se você sentir vontade de se divertir, não venha como Klaus." Laurent disse com um sorriso preguiçoso. “Venha como um cliente.”

E então ele foi embora, deixando Klaus sozinho na sala com aquele perfume floral ainda pairando no ar.

Deus, é por isso que Klaus não confiava em vampiros, eles tinham muitas armas escondidas em suas aparências.

Klaus respirou fundo, o que foi um erro porque aquele cheiro foi direto para seus pulmões,tão doce que ele quase pôde sentir o gosto em sua língua. Rapidamente sacudiu a cabeça e então deu a volta na mesa e saiu da sala, passos rápidos o trazendo de volta ao balcão do bar.

"Tudo correu bem?" August pergunta assim que o vê, Klaus concordou.

“Eu tenho algo, pelo menos. Vamos, quanto mais cedo melhor. ”

"Você não maltratou meu anjo, não é?" Cassie perguntou com uma sobrancelha levantada.

"Eu não encostei um dedo nele e até dei a ele um dos meus cigarros, Cass." Klaus respondeu. "Te disse. Um cavalheiro."

Cassie balançou a cabeça, sorrindo. "Ele é bonito, não é?"

"Eu não estou tendo essa conversa." Klaus murmurou. “De qualquer maneira, temos que ir agora. Mas vou tentar ouvir mais de você. ”

“Faça isso, Klaus. Senti sua falta mais do que gostaria de admitir. "Cassie então se virou para August. "Você se cuida, menino."

"Eu vou, Cass."

"E eu vou ter certeza de dizer ao Spencer que você veio." ela acrescentou, piscando para August.

"Por favor, não." August gemeu, mais uma vez corando e se afastando rapidamente.

Klaus decidiu não perguntar quem é esse Spencer ou por que August o conhece. Ele aprendeu há muito tempo que quanto menos souber das merdas que August faz, melhor é.

“Ligue para o Ryland e a Lisbeth” Klaus disse a August assim que eles saíram do Nightshade. "Diga a eles para estarem na cobertura em dez minutos, nós temos algumas investigações a fazer."

“Esse Christopher Lange,” August respondeu enquanto tirava o telefone do bolso de seu moletom preto. "Lisbeth me mandou uma mensagem e disse que não encontrou nada sobre ele."

"Sim."

"Você acha que ele usa identidade falsa?"

"Ou isso ou não registrado."

"Ou não humano."

Klaus parou de andar com isso, August parou também e olhou para ele. Klaus não considerou esse fator. Se Lange não fosse um humano, seria dez vezes mais fácil para ele estar fora do radar. Então de novo-

"Laurent não mencionou que ele é um não humano."

August arqueou uma sobrancelha. "E você confia nele?"

"Eu tenho motivos para não confiar?"

“Ele é um vampiro. Não é humano. E você sabe mais do que eu como todos eles são bons quando se trata de mentir. ”

Klaus zombou. "Você já expressou sua opinião sobre a lealdade deles ao seu querido Spencer?"

August desta vez não corou, ele apenas revirou os olhos e começou a andar novamente. “Na verdade, eu não confio no Spencer.E ele sabe disso muito bem.”

Jesus Cristo, no que August se meteu desta vez? E como é que Klaus conseguia controlar metade de uma cidade, mas não conseguia nem mesmo ter uma noção da vida de August depois que ele sai de sua casa? Isto é ridículo.

"Eu vou dirigir, me dê as chaves." Klaus disse, August tirando as chaves de seus bolsos e as entregando.

Eles entraram no carro em silêncio, Klaus ligando o motor e se afastando do meio-fio. "Você está bem, garoto?"

"Sim." August franziu a testa. "Porque a pergunta?"

"Sem motivo." Klaus disse que uma vez que conseguiu entrar com o carro no trânsito,o início da noite no distrito começando a ganhar vida. "Bem, eu gostaria que você me contasse sobre seus problemas, se você tiver problemas."

Silêncio por alguns segundos, Klaus podia sentir o olhar de August em seu rosto.

"Desde quando você se preocupa com meus problemas?"

Klaus estalou a língua. "Porra de pirralho ingrato, basicamente eu criei você."

"Ryland e Lisbeth me criaram."

“Ok, meio que criei você. Tanto faz."

"Estou bem, Klaus." August respondeu com uma voz baixa antes de olhar pela janela. “Qualquer que seja o meu problema, posso lidar com ele perfeitamente bem sozinho. E seja lá o que você ache que eu tenho com o Spencer, você provavelmente está errado."

O que significa que provavelmente era muito pior do que Klaus estava pensando em primeiro lugar. Ótimo.

Klaus suspirou e acelerou o carro, passando pelo semáforo vermelha e ignorando o xingamento de indignação de August.

Deus, ele gostaria de ter pelo menos um dia sem ter que se preocupar com um de seus amigos.Apenas um maldito dia, não é como se ele pedisse muito. Mas tudo bem, Klaus pegava o que podia, porque é assim que a vida funciona e não há nada que ele possa fazer a respeito.

Ele continuou dirigindo para casa em silêncio enquanto August pegava seu telefone e ligava para Ryland e Lisbeth.


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“Ele vendeu um relógio para comprar um presente para uma prostituta?” Ryland repetiu, os olhos arregalados de surpresa. "Ele é um idiota completo,ou-"

"Espera espera." Lisbeth levantou um dedo e mordeu sua fatia de pizza enquanto se sentava no tapete de Klaus. Um tapete caro. E Lisbeth estava comendo pizza nele, com óleo e molho escorrendo de sua mão e Klaus jurou por Deus que se Lisbeth manchasse seu maldito tapete, então- “Não vamos ser tão rápidos em atacar esse cara, Ry. ”

"O que?" Klaus perguntou cansado, já sentindo que ligar para aqueles dois havia sido um erro.

"Quão bonito é esse vampiro?"

A coisa mais bonita que eu já vi.

"Bonitinho." ele disse. August bufou em torno de seu refrigerante.

"Merda!" ele exclamaou, olhando para Klaus como se de repente crescessem duas cabeças extras. "É mentira, 'bonitinho'.Ele saiu daquele escritório parecendo um maldito fantasma nervoso.”

Lisbeth se dissolveu em uma gargalhada desagradável, Ryland tentou esconder seu próprio sorriso atrás de um guardanapo.

“E a propósito,eu o vi. Flor de Jade.” August adicionou. "E ele não é só bonitinho."

"OK." Ryland concorda. "O que significa que é provável que o Lange tenha comprado o colar para ele."

Klaus começou a esfregar a nuca, sentindo-a rígida e dolorida. "Laurent disse que o Lange estava obcecado por ele."

"Não era Flor de Jade?" Lisbeth perguntou com uma carranca.

"Bem, esse obviamente não é seu nome verdadeiro, Beth." Klaus murmurou, ganhando um olhar furioso da mulher de cabelos violeta. “De qualquer forma, eu ficaria de olho em Laurent também. Talvez o Johnny devesse ficar de olho nele, se for verdade que o Lange está obcecado por ele, ele pode voltar para o bordel ou aparecer na casa de Laurent. ”

"Por que você está tão decidido a encontrar esse cara?" Ryland perguntou com uma sobrancelha levantada. “É apenas cocaína, Klaus.”

“É dinheiro que não voltarei a ver e uma mancha na minha maldita reputação, especialmente se ele começar a vendê-lo e ouvir que há coca barata na rua e que, aparentemente, já me pertenceu. Eu não vou aceitar essa merda. ”

Ryland levantou ambos os braços em sinal de rendição. "OK.O que fazemos com essas informações sobre o relógio?”

“Laurent disse que o colar era de ouro verdadeiro e que o relógio que ele deu era caro. Vou precisar de vocês dois para fazer algumas ligações e descobrir quem comprou e onde ele comprou o colar."

Lisbeth gemeu, encostando a testa na mesa de centro. “Sempre esses trabalhos de merda. Vai levar uma eternidade. ”

“Ele não pode ter vendido o relógio em qualquer lugar. Ele deve ter feito isso em uma loja de penhores séria ou algo assim, em algum lugar que possa lhe dar dinheiro de verdade. O mesmo vale para o colar. ” August apontou, dando uma mordida em seu pedaço de pizza.

“Os joalheiros que aceitam dinheiro não são muitos e a maioria está nos nossos distritos. No que diz respeito a lojas de penhores, veja se existem alguns próximos aos joalheiros. Tenho a sensação de que ele ficou em nossos distritos, ou talvez em uma das famílias afiliadas, as ricas. Você não pode esperar obter muito dinheiro com lojas que estão nos distritos baixos. ”

Lisbeth enfiou um grande pedaço de pizza na boca, lambendo os dedos para limpar o óleo e o molho. "OK. Tenho alguns contatos no distrito oito,posso pedir que façam alguns check-ups para mim em algumas das lojas enquanto nos concentramos nas outras. ”

Ryland tirou o telefone do bolso da jaqueta e começou a digitar algo. “Vou falar com as nossas lojas e amanhã de manhã mando alguém para as joalharias dos bairros. Acredito que só temos lojas em três distritos? ”

"Eu acredito que sim." Klaus se levantou. "Faça isso, eu tenho que ligar para o Johnny agora."

"Ok, chefe." Lisbeth cantarolou, já começando a enviar mensagens de texto para seus contatos, então Klaus se levantou de sua poltrona e saiu da sala, indo para seu escritório.

Fechou a porta atrás de si e se sentou atrás de sua mesa, colocando um cigarro entre os lábios e o acendeu, rolando os contatos de seu telefone até encontrar o de Johnny.

Klaus.

"Eu preciso que você fique de olho em alguém."

"OK." Johnny respondeu, Klaus ouvindo um som metálico vindo do outro lado do telefone. "Quem?"

“Laurent Bourbonnais.”

"Quem é esse?"

"A Flor."

"Oh." Johnny fez uma pausa. "OK."

“Peça a Cassie a programação e os turnos de Laurent, diga a ela que eu pedi a você. Ela provavelmente vai reclamar disso por um tempo, mas diga que é importante. "

Klaus ouviu Johnny suspirando. "Por que eu sempre tenho que ouvi-la choramingar?"

"Eu te pago para fazer isso." Klaus murmurou antes de dar uma tragada na fumaça. “De qualquer forma, certifique-se de ficar na frente do clube toda vez que ele entrar e toda vez que ele sair. Dentro do clube quando está trabalhando. ”

"Estou procurando por...?"

“Para qualquer coisa incomum. Pelo Christopher Lange também. Aparentemente, ele costumava ir lá todas as quintas-feiras. ”

"Amanhã é quinta-feira."

"Por que você acha que estou lhe contando agora?"

"Ok, o que mais?"

“Se você vir pessoas que parecem pertencer a uma dessas pequenas gangues, certifique-se de não as perder. Fique de olho nas pessoas com quem Laurent fala e nos clientes que vão para seu quarto, peça a Cassie para dizer quais deles estão lá para Laurent. Ele disse que não sabe nada sobre o Lange, mas, pelo que eu sei, ele poderia estar mentindo. Portanto, fique de olho nele.”

"OK." Johnny faz uma pausa,provavelmente no processo de escrever em algum lugar todas as instruções de Klaus. "Você quer que eu o siga para casa também?"

Klaus pensou sobre isso por alguns segundos. "Só amanhã. Só para ver se ele se encontra com alguém. Caso contrário, siga-o para casa apenas se houver alguém com ele. ”

Como eu o reconheço, como ele se parece?”

Klaus zombou. "Confie em mim, você o reconhecerá muito bem."

"Bonito?"

"Ele é um vampiro, o que você acha?"

"Porra." Johnny sibilou. “Então, mais do que bonito.”

Klaus decidiu não adicionar nada à última declaração de Johnny. "Ele tem cabelo loiro ondulado,você o reconhecerá muito bem."

"Você acha que o Lange vai voltar por Laurent?"

Klaus exalou fumaça cinza pelo nariz. “Laurent disse que o Lange estava obcecado por ele. Trazia presentes para ele, às vezes esperava que ele saísse quando seu turno acabasse. ”

Tsk.” Johnny riu baixinho. “Apaixonar-se por um vampiro. Não é uma boa ideia."

"De fato." Klaus virou a cabeça para a esquerda e olhou pela parede de vidro. A noite estava manchada com luzes ainda acesas,a maioria delas nunca se apagaria lilás e neon vermelho nas partes ainda vivas dos distritos Por algum motivo, o pensamento o irrita. Mas há muitas coisas que irritam Klaus e ele parou de contar há muito tempo. "Obrigado, Johnny, eu terei notícias de você amanhã."

"Boa noite, Klaus."

Klaus terminou a ligação e colocou o telefone na mesa antes de girar sua cadeira de modo que ficasse de frente para a parede de vidro e se encostou totalmente no encosto. Ele encarou a cidade mais uma vez, podendo ver os carros na rua, que daquela altura não passavam de pontinhos de faróis amarelos, borrados e desaparecendo rapidamente.

Por que isso o está incomodando? Não, risque isso, ele sabe por quê. A verdadeira questão é: por que ele está percebendo a vista apenas agora? Porra, Lisbeth estava certa, Klaus estava ficando lento para pegar as coisas.

Levou o cigarro à boca e deu uma longa tragada, longa o suficiente para queimar seus pulmões depois de inalar.

“Você sempre teve uma visão, Klaus.” Seu pai lhe disse uma vez, enquanto ele estava olhando para uma parede estranhamente semelhante à que Klaus tinha agora em sua cobertura. “Você deveria ter uma vista da cidade perto de você, para ver o que realizou e o que espera realizar. Você pinta esta cidade com suas cores, certifique-se de reconhecê-las toda vez que olhar para ela. É o seu império. ”

É um chiqueiro.

Pode parecer bonito a primeira vista, mas era um lugar imundo. É por isso que o está irritando.

Era incrível como seu pai sempre voltava à sua cabeça. É como se, mesmo enterrado dois metros abaixo do solo, ele continuasse respirando no pescoço de Klaus. Ele cuspiu em cada propriedade de Klaus apenas para lembrá-lo de que ele existia.

Filho da puta egoísta.

O cigarro foi queimado até o filtro, as cinzas penduradas nele precariamente até que se quebrasse e caísse na perna de Klaus. Ele olhou para a bagunça em seu jeans por um tempo antes de limpá-la.

"Puta merda." ele murmurou antes de girar a cadeira e tentou ignorar o fato de que havia vidro atrás dele.


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A pesquisa sobre Christopher Lange não deu absolutamente nenhum resultado, o que realmente mexeu com a cabeça de Klaus. Ryland e Lisbeth gastaram maior parte do tempo telefonando e visitando lojas de penhores, compradores de ouro, joalheiros e ainda assim nada apareceu. Nesse ponto, nem mesmo era sobre a ausência de Lange nos registros, o que pode ter sido por causa da possibilidade de ele não ser humano.

É como se ele nem existisse.

August disse algo sobre ele ser um fantasma e Klaus estava começando a acreditar nele. Além da inscrição como membro do Nightshade, não haviam vestígios de Lange. Realmente, isso o enfurecia mais do que Klaus gostaria de admitir.

O telefone de Klaus vibrou na mesa de cabeceira, fazendo-o rolar na cama com um gemido irritado. Pegou o telefone e atendeu assim que viu o nome de Johnny na tela.

"Sim?"

"Há movimento." Johnny disse, e ele deveria estar no corredor de entrada ou do lado de fora, já que a música alta só podia ser ouvida fracamente ao fundo.

“Que tipo de movimento?”

“Três homens entraram, eles tinham uma tatuagem em comum.”

"Tatuagens iguais?"

“Não dava para ver bem no escuro, mas todos tinham uma tatuagem na nuca.”

"Eles subiram?"

“Ainda não, eles estão apenas bebendo. Mas eles são uma gangue, com certeza, e não um de nossos distritos.”

"Eu estarei aí em alguns minutos. Avise o August para mandar o carro." 

Klaus terminou a ligação e se levantou enquanto colocava o celular no bolso dos jeans. Vestiu a primeira camisa que encontrou e jogou uma jaqueta preta por cima e calçou as botas antes de correr para os elevadores.




August parou o carro em frente ao Nightshade,os dois saindo do veículo rapidamente. O segurança mal teve tempo de olhar Klaus no rosto para saber quem ele era, e uma vez que estavam no corredor, Klaus viu August verificando sua arma por um segundo antes de colocá-la em seu cinto sob a jaqueta.A própria arma de Klaus  estava pressionando suas costas desconfortavelmente.

Klaus abriu as cortinas e seguiu para o corredor principal no andar de baixo. Estava lotado de gente, a maioria sentada nas mesas, assistindo às strippers no palco se apresentarem, outros estavam andando ou sentados no balcão, mãos deslizando para cima e para baixo nas pernas dos garçons.

Klaus avistou Johnny atrás do bar e rapidamente caminhou até ele.

"Eles subiram há dois minutos." Johnny disse, sua voz nervosa.

"Merda." Klaus sibilou. "Só os três?"

“Um a princípio, ele reservou Laurent. No momento em que a Cassie se afastou por um maldito segundo, os outros dois subiram também. "

"OK.Ok, vamos atrás deles."

Klaus foi até as escadas e começou a subir. Ele realmente precisava dizer a Cassie para colocar a porra da segurança no andar de cima, droga.

"August, fique do lado de fora, mantenha a guarda, se alguém tentar fugir, você atira no joelho." Klaus disse,pegando sua arma. "Johnny, comigo, mate um deles, vamos tentar manter dois vivos, precisamos da informação."

"Entendi."

"Que sala?"

"Seis."

Assim que ele estava no segundo andar, Klaus fez um caminho mais curto para a sala, escaneando os números pintados nas portas. Assim que encontrou a sala 6, ele estalou os dedos e August passou por ele, posicionando-se ao lado da porta, de costas contra a parede.

Klaus olhou para Johnny, levantou sua arma e acenou com a cabeça. Johnny respirou fundo antes de abrir a porta com um chute e erguer o braço, mirando em alguém com sua arma.

Um tiro é disparado e há um grito de surpresa e o som de um corpo batendo no chão. Johnny entrou e Klaus o seguiu, ele avistou um homem, talvez na casa dos trinta. Ele tentou alcançar sua arma, mas Klaus apontou sua própria arma para ele.

"Não se mexa, porra." disse ele, o homem pandonseus movimentos, olhando para ele.

Então Klaus desviou o olhar e viu Laurent.

Ele estava de joelhos, quase nu, se não pelo tecido de suas calças e o robe de seda vermelha pendurado em um de seus ombros. E ele tinha uma corrente em volta do pescoço que parecia queimar a pele, as mãos enroladas em torno dela, tentando puxá-la para longe de sua garganta — prata. Mas o homem atrás dele estava segurando a corda com força, apertando ainda mais o pescoço dele.

O rosto de Laurent estava em uma carranca furiosa, mas ele estava claramente lutando para respirar, sua pele corada, lábios manchados de vermelho e lágrimas grudando em seus cílios.

"Um movimento." O homem disse, dando um forte puxão na corrente, fazendo Laurent engasgar. "Um movimento e eu realmente mato a porra desse filho da puta."

Jesus, por que é sempre tão difícil?

"Você é o Anthony Hernandez." Johnny disse, acenando para o homem que estava com a corrente. "Eu sei quem você é."

"Você não sabe nada."

"Deixe ele ir." Klaus disse, Johnny com sua arma apontada para o homem, mas o bastardo estava se escondendo atrás de Laurent.

"Por que você se importa tanto,Burzynski?"

"Essa não foi uma maldita pergunta." Klaus inclinou a cabeça para o lado. “Isso foi uma exigência. Deixe ele ir."

Anthony apertou a mandíbula, olhando para seu parceiro, que ainda estava congelado no local.

“Eu-”Laurent disse por entre dentes cerrados. "Eu nã-não sei de nada."

"Você mantém essa porra de boca fechada." o homem disse, puxando a corda novamente e então começou a se levantar, puxando Laurent com ele.

Klaus apertou a mandíbula quando viu um flash agudo de dor torcendo as feições de Laurent, ele lutando para manter os olhos abertos e suas pernas mal conseguiam mantê-lo de pé.

"Nós vamos embora e você vai nos deixar ir." O homem disse, mantendo Laurent na frente dele.

“Juro por Deus,” Klaus encarou o homem, sentindo sua paciência se esgotar. "Se você não o deixar ir agora, vou quebrar todos os ossos do seu corpo."

"Você está entrando em algo que não deveria preocupar você,Burzynski." Anthony disse.

Isso era estranho. Não era assim que ele estava pensando que seria. Esses homens deveriam estar aqui por causa de Lange, mas em vez disso, parecia que eles estavam aqui por algo totalmente diferente ou, pelo menos, não relacionado ao problema de Klaus.

"Você está procurando o merda do Lange?"

"Burzynski,afaste-se disso, porra."

Eles sabiam quem era Christopher Lange. Klaus viu no rosto do homem, mas não era por causa da cocaína. Eles não vieram aqui pelo próprio homem, eles vieram aqui por algo seu.

Antes que ele pudesse fazer outra pergunta, uma porta atrás de Laurent e Anthony (uma porta que Klaus nem percebeu que estava lá) se abriu e outra pessoa entrou.

“Laurent, que porra foi essa-”O rapaz empalideceu instantaneamente com a visão que o cumprimentou no quarto.

Klaus viu com o canto dos olhos o cara que ele tinha sob sua mira tentando mais uma vez pegar sua arma e, sem mesmo pensar duas vezes, Klaus atirou.

O cara gemeu por um segundo quando a bala o atingiu bem no peito e caiu para trás. Aproveitando a distração repentina, Anthony soltou a corrente e empurrou Laurent para longe, jogando-o no chão. O rapaz se encolheu de lado, tossindo, tentando respirar e se desvencilhar da corrente.

Anthony foi rápido em tirar sua arma do bolso de trás da calça, atirando uma bala na direção de Johnny, que correu para a direita assim que o viu levantando sua arma. A bala atingiu a parede, então Anthony se virou e agarrou o outro rapaz pelo ar, arrastando-o para frente dele.

"Eu vou matar essse aqui, eu não preciso dele, porra." Anthony estou, agarrando mechas de cabelo preto e pressionando a boca da arma contra a têmpora do garoto.

Klaus engoliu em seco, vendo o rosto assustado do rapaz que ele havia agarrado.

"Eu conheço você ." Anthony disse, sorrindo. "Você não gosta de baixas, não é?"

Klaus lançou um rápido olhar para Johnny, que parecia tão sem noção quanto ele. Não é assim que deveria ser. Laurent estava tentando ficar de joelhos, os olhos arregalados enquanto ele olhava para a cena com cautela.

"Spencer." ele sussurrou e Klaus olha bruscamente na direção do refém.

Oh.

"Você me deixa ir embora ou eu juro-"

"Tudo bem, então." Klaus abaixou sua arma, Johnny o encarou como se ele tivesse enlouquecido.

"Klaus, o que-"

"Vá" Klaus se afastou da entrada da sala. "Eu não estou impedindo você."

Anthony olhou para o seu caminho de saída, depois de volta para Klaus. "Aproxime-se e saia da porta, vocês dois."

Klaus revirou os olhos, mas faz o que diz, dando alguns passos para frente e se distanciando da porta.

Anthony então começou a andar, sua mão ainda agarrando o cabelo de Spencer enquanto ele usava o garoto como escudo. Ele se virou assim que estava perto da porta, para não perder a visão deles, andando para trás até sair da sala.

August estava sobre ele em um segundo, o punho de sua arma colidindo com força na nuca do homem.O aperto de Anthony em Spencer vacilou e ele conseguiu se libertar, correndo de volta para dentro.

August agarrou facilmente o pulso de Anthony quando o homem tentou atirar nele, o que é um movimento estúpido, considerando o quão perto eles estão.

Ele torceu o pulso de Anthony, que gritou de dor e deixou cair a arma, então August usou a coronha de sua arma mais uma vez para acertá-lo no nariz, o som chegando aos ouvidos de todos.

"Eu deveria quebrar suas mãos por tocá-lo." August rugiu antes de agarrar o pescoço do homem e empurrá-lo de volta para dentro da sala e de joelhos, o cano da arma agora contra a nuca de Anthony.

"Que porra é essa." Spencer sussurrou, se sentando no chão. "Que porra é essa?"

"Vocês." Klaus olhou para Anthony. "Por que você estava aqui?"

A respiração de Anthony era irregula, sangue pintando deu nariz e boca de vermelho. "Como se eu fosse te contar."

“Eu acho que você vai. Tenho razões para acreditar que posso ser muito convincente. ”

"Boa sorte com isso." Ele apertou a mandíbula com força e então o som de algo quebrando foi ouvido.

Klaus franziu a testa, olhando para a expressão no rosto de Anthony, então ele tossiu e seu corpo começou a tremer.

"Porra, não!" Johnny gritou, correndo para Anthony.

Ele se ajoelhou na frente dele e tentou abrir a boca de Anthony, mas a mandíbula do homem estava cerrada de forma anormal, havia espuma deslizando por seus lábios selados e Klaus sabia que era tarde demais.

"Uma maldita cápsula de veneno." ele sussurrou e, realmente, quase sentiu vontade de rir. Quem diabos ainda usava cápsulas?

Johnny sibilou em uma maldição e solta Anthony, seu corpo em convulsão. August revirou os olhos e caiu no chão, alguns sons gorgolejantes deixando Anthony antes que ele parasse de se mover completamente.

“O que-” Spencer sussurrou. "O que acabou de acontecer?"

"Ele se envenenou." August respondeu, então caminhou sobre o cadáver e se agachou na frente do rapaz. "Você está bem?"

Spencer piscou. "Eu pareço estar bem?!"

"Porque é que estás zangado comigo?!"

"Foda-se!"

"Spencer, pelo amor de Deus!"

"Você desaparece por duas semanas e quando você volta, você faz isso com uma arma?!"

"Ei." Klaus os chamou, os dois se voltando para ele. “Levem essa briga de relacionamento para fora daqui. August, leve-o para casa e diga a Cassie que eu mandei. ”

Merda, Cassie. Ela não ficará feliz.

August suspirou e se levanta, oferecendo sua mão a Spencer, mas a ele simplesmente a afastou com um olhar e se levantou sozinho, embora com as pernas fracas.

Spencer começou a caminhar de volta para a porta pela qual ele entrou,parecendo querer parar na frente de Laurent, mas o ruivo balançou a cabeça e lhe enviou um olhar. Spencer suspirou e começou a andar novamente, August atrás dele.

"Johnny, desça, conte a Cassie sobre o que aconteceu, diga a ela que eles vão para casa." Klaus declarou, começando a tirar a jaqueta. "Além disso, que Spencer e Laurent não voltarão aqui por um tempo até descobrirmos o que está acontecendo."

"E os corpos?"

Klaus olhou para Anthony, os outros dois cadáveres de homens caídos logo atrás dele. “Envie alguém para limpar.”

"Entendi. Eu te encontro lá embaixo. "

Klaus acenou com a cabeça e Johnny rapidamente saiu da sala.

Laurent estava olhando para o corpo de Anthony, os olhos fervendo de ódio e desprezo por aquele homem.Ajoelhado em frente a Laurent, Klaus colocou a jaqueta sobre seus ombros, o que fez Laurent piscar de surpresa e então olhar para ele.

"Eu sinto muito." Klaus disse e, realmente, ele estava falando sério. "Eu não pensei que isso fosse acontecer."

"Eu deveria ter rasgado a garganta dele quando tive a chance." Laurent sussurrou novamente, sua voz falhando. "Eu realmente não sei de nada..."

"Eu sei que não."

“Eles ficavam...ficavam me perguntando sobre os números, mas eu não sei nada sobre isso."

"Ei." Klaus agarrou o queixo de Laurent e se certificou de que os olhos estavam nele e não no cadáver. "Eu sei, ok? Eu sei. Mas agora eu tenho que tirar você daqui, então vamos."

Laurent olhou em seus olhos por alguns segundos antes de assentir lentamente.

"Venha, vamos." Klaus agarrou o braço de Laurent e o ajudou a se levantar, então começou a fechar os botões de sua jaqueta para que Laurent ficasse pelo menos um pouco coberto, tentando ignorar a marca da corrente de prata ao redor do pescoço dele.

Passaram pelo corpo então se dirigiram para as escadas. Klaus não o apressou enquanto desciam, apenas observou Laurent andar elegantemente como uma sombra.

Uma vez que chegaram embaixo, Cassie já estava caminhando para eles com algo perigoso piscando em seus olhos.

"O que diabos aconteceu lá?" Ela sibilou assim que ficou em frente a eles.

"Cassie, agora não."

"Jesus- o que aconteceu com ele ?!"

"Cassandra" Klaus repetiu, desta vez mais firme. "Agora não."

Cassie olhou para Laurent, suas feições suavizando ao vê-lo. "Bem, leve-o para casa, conversaremos amanhã. ”

"Mal posso esperar." Klaus murmurou antes de puxar o braço de Laurent e eles começarem a se mover novamente. Só agora percebeu que os pés de Laurent estão descalços, mas eles não tem tempo de voltar e pegar alguns sapatos para ele, Klaus não sabia se aqueles homens estavam realmente sozinhos ou se alguém estava vindo. Simplesmente guiou Laurent através dos corpos aglomerados em frente ao bar e então no corredor, a música desaparecendo na distância.

Lá fora está mais frio do que ele se lembrava, mas Laurent não pareceu sentir. Johnny estava esperando por eles no carro de Klaus.

"August e o outro garoto, qual é o nome dele?"

"Spencer." Klaus respondeu.

"Certo. Eles estão no meu carro, eu vou levá-los.” Johnny entregou as chaves do veículo a Klaus. “O que é mesmo aquele garoto? Um demônio?"

"Não sei, poderia ser."

"Yuukai. Demônio é meio ofensivo." Laurent interrompeu, seus olhos treinados no asfalto sob seus pés.

"Tanto faz. Vou levá-lo para casa."

"Não." Johnny balançou a cabeça. “Não, leve-o para a cobertura. Não sabemos se esses homens sabem onde Laurent mora, é muito perigoso. Mantenha-o na sua casa por enquanto, então assim que eu deixar o August e o namorado dele eu vou checar a casa de Laurent e ver se está tudo normal. ”

Klaus respirou fundo, seus olhos rolando tanto para trás que ele jurava que podia ver a porra de seu cérebro em algum momento.

“Tudo bem, certo. Como você sabia do Anthony? ”

“Ele faz parte do Garras, uma nova gangue, mas são grandes. Eu reconheci as tatuagens com as luzes acesas. Anthony faz parte de uma rede de tráfico humano ”

Ótimo. Klaus estava procurando sua coca, enquanto isso, tinha uma gangue de traficantes de seres humanos procurando pelo mesmo homem, mas por um motivo totalmente diferente.

Simplesmente ótimo.

"Me mande uma mensagem assim que você os deixar." Klaus disse. Johnny acenou com a cabeça e foi embora, indo para onde ele deve ter estacionado seu próprio carro.

Klaus gentilmente puxou Laurent para seu carro, e abriu a porta do banco do passageiro. Laurent deslizou para dentro rapidamente e Klaus fechou a porta, contornando o carro e ficando atrás do volante o mais rápido que pode. Realmente precisavam ir embora logo.

Klaus ligou o carro, se afastando do meio-fio, e enviou a Laurent um olhar rápido.

"Cinto de segurança."

Laurent piscou, se virando lentamente para ele. "Uh?"

"Coloque o cinto de segurança."

Klaus pegou a estrada, ignorando seu próprio cinto de segurança completamente, mas ouviu Laurent fazendo o que ele mandou. Dirigindo em um ritmo constante, os olhos de Klaus ficavam disparando várias vezes para o espelho retrovisor para se certificar de que ninguém os está seguindo. No carro imediatamente atrás dele havia um casal, um homem e uma mulher, Klaus também conseguiu distinguir a silhueta de uma criança sentada atrás.

Laurent estava quieto. Ele levantou as pernas, colocando um pé no assento e apoiando um braço no joelho enquanto olhava para a cidade passando através do vidro. Klaus parou em um sinal vermelho, recostando-se no assento e inspirando profundamente. Havia sido uma longa noite e não são nem duas da manhã.

Ele enviou a Laurent outro olhar, e não pode deixar de notar a marca vermelha em carne viva ao redor do pescoço dele, alguns pedaços de pele enegrecida se soltando — era como se tivessem colocado ferro quente contra ele. Horrível o suficiente para fazer o estômago de Klaus se revirar. Anthony tinha puxado com força e com força suficiente para romper a pele e queimar ainda mais profundamente.

Antes de realmente pensar sobre isso, Klaus levantou a mão e esbarrou na queimadura com os nós dos dedos, Laurent virando a cabeça para olhar para ele, uma carranca confusa em seu rosto.

Klaus não era um idiota. Podia não se importar muito com Laurent, ele não o conhece e, francamente, não tinha certeza se quer. Mas isso não está certo.

"Eu sinto muito." Klaus disse, novamente. "Eu realmente sinto muito."

O sinal ficou verde e Klaus se concentrou na rua novamente, com as mãos de volta no volante.

Laurent suspirou e encostou a cabeça na janela do carro.

“Não é sua culpa.” ele respondeu baixinho, então ele fecha os olhos. "Eu também errei lá."

Klaus tinha a sensação de que, talvez, realmente fosse culpa dele.


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