Assim que me tirou do caminho de alguma maneira impossível que eu não entendia, Edward me soltou.

— Você está bem? Se machucou? - Continuei ouvindo os gritos dos alunos a volta enquanto ele perguntava.

— Estou... - consegui responder. - Mas como você... Você estava lá do outro lado... E como... - Eu gaguejei.

— Bella, eu... - ele parecia desconcertado - Eu estava bem ao seu lado. - Ele falou, agora decidido.

— Não... - Mas não consegui terminar a frase, uma ambulância tinha chegado e os paramédicos agora vinham até nós.

Imediatamente Edward falou que estava bem, e disse para eles me examinarem. E ele falou de forma tão decidida que eles nem contestaram.

Me colocaram numa maca, e puseram um imobilizador no meu pescoço, embora eu insistisse que não era necessário.

Enquanto eu entrava na ambulância Sara me alcançou. Estava pálida.

— Ah meu Deus, Bella, você está bem?

— Ela parece bem, estamos apenas seguindo o protocolo. - Respondeu rapidamente o paramédico por mim.

— Posso ir com ela? É minha prima... - Ela pediu.

— Tudo bem, ele concordou. - E eu fiquei aliviada.

Chegamos no hospital rapidamente, Sara ligou para a minha mãe, e uma enfermeira me levou para a sala de raio x. O carro que quase me atropelou era de Tyler, e ele parecia mais machucado que eu. Aparentemente ele bateu o rosto no volante.

— Me perdoa, Bella, o carro escorregou no gelo, e eu tentei frear, mas não consegui, meu Deus, me perdoa. - Ele falou quando ficamos na mesma sala de espera.

— Está tudo bem Tyler, é sério. - Respondi.

— Por um instante eu achei que... Mas que bom que você conseguiu sair do caminho! E o Edward, eu nem tinha visto ele também...

Felizmente a enfermeira da radiografia chegou, e eu não precisei responder.

Quando minha mãe chegou estava super preocupada. Sara tinha dito que estava tudo bem, mas ela demorou a acreditar.

— O Dr. Cullen vai vir falar com vocês. - Outra enfermeira veio avisar.

Eu ainda não tinha conseguido falar com Edward novamente, e isso estava me deixando impaciente. Eu queria conversar com ele. Perguntar sobre o que ele fez, ter certeza de que não estava louca. Talvez falar com o pai dele ajudasse, embora eu não soubesse como.

— Olá - disse um médico entrando na sala onde eu estava - Você deve ser a Srta. Uley, não é? Sou o Dr. Cullen, mas por favor me chame de Carlisle. - Fiquei surpresa em com a aparência dele. Era mais novo e mais bonito do que eu esperava.

— Olá. - Respondi.

— Olá Doutor... digo, Carlisle. Ela está bem? - perguntou rapidamente Renée.

— Não achei nenhuma fratura ou concussão nos exames. – Ele falou, e minha mãe suspirou aliviada. – Mas recomendo que ela fique de repouso, o susto pode causar estresse. – Ele virou para mim. – Como se sente Bella?

— Acho que estou bem, me sinto bem. – Respondi – Edward me ajudou. – Acrescentei. Esperava observar alguma coisa em sua expressão, mas seu rosto continuou impassível.

— Fico feliz por isso. – Ele respondeu simplesmente. – Vou te passar um analgésico caso você sinta alguma dor de cabeça devido ao susto. Mas está tudo certo. Se sentir alguma coisa, por favor, volte. Tudo bem?

— Tudo bem, muito obrigada. – Minha mãe respondeu.

— Vou pedir a sua alta. É Renée, não é? – ele se voltou a minha mãe.

— Isso. – Ela respondeu.

— Pode vir comigo para assinar uns papéis?

— Claro. – E saiu com ele.

— Edward te ajudou? – perguntou Sara, quando eles não estavam mais na sala.

Demorei um segundo para responder, não querendo revelar muito.

— Sim, ele... me tirou do caminho. – falei.

Antes que ela pudesse continuar, ouvimos alguém batendo na porta. Era Edward.

— Com licença, posso entrar? – ele pediu.

— Claro. – falou Sara.

— Só queria ver como você estava. – Ele entrou olhando para mim.

— Hm, acho que vou pegar alguma coisa para comer na máquina... – Resmungou Sara, dando uma desculpa para sair e nos deixar sozinhos. Fiquei grata e constrangida ao mesmo tempo.

— Carlisle já veio te ver? – Ele perguntou, enquanto Sara saia.

— Sim. – Respondi. – Estou bem. Não me machuquei.

— Fico feliz. – Ele disse.

— Obrigada. – Falei.

— Não precisa agradecer...

— Preciso sim. – O interrompi. – Por um segundo eu achei que...

— Eu não iria deixar.

— Não sei como... não sei como você fez aquilo, mas obrigada por fazer. – falei sinceramente.

— Eu estava bem ao seu lado. – Ele falou sério.

— Não estava não. – Agora eu estava começando a ficar nervosa. – E mesmo que estivesse, não teria como... não teria como parar o carro...

— Bella, acho que você não viu direito... – Ele falou.

— Eu sei o que eu vi, não haja como se eu estivesse maluca.

— Sabe que ninguém vai acreditar se você contar isso, não é? – Ele parecia preocupado.

— Não vou contar para ninguém. – Eu falei rapidamente. Será que ele achava que eu não sabia guardar segredo? –  Só quero que me explique...

— Bellla... – ele começou a falar, mas de repente parou: – Preciso ir. – Ele falou.

Senti um aperto no coração, não queria que ele ficasse irritado comigo. – Não, por favor, espere...

— Seu pai está aqui. – Ele explicou. – Seu irmão também. Eles não vão gostar de me ver com você... Posso sair pela janela?

Fiquei surpresa com a pergunta dele.

— Estamos no segundo andar...

— Eu sei. – Ele respondeu simplesmente, e me encarou.

— Tudo bem. - Concluí que para alguém que parava um carro inteiro com apenas uma mão, pular de uma janela seis metros acima do chão não seria nada demais. – Mas essa conversa não acabou, não é?

No caminho até a janela, ele parou perto de mim, na minha frente.

— Você não vai querer ter essa conversa, Bella, acredite em mim.

— Eu acho que quero sim. Vou me arriscar.

— Você já está se arriscando, não vê? Está aqui sozinha comigo agora...

— Está me ameaçando? – eu sussurrei, apesar de não estar com medo. Ele estava mais próximo ainda agora.

— Eu jamais faria isso! Não quero te assustar, eu só... – ele parecia angustiado – Seria melhor se você esquecesse o que aconteceu. – Ele concluiu.

— Não posso fazer isso, você me salvou...

— E salvaria quantas vezes fosse necessário, mas isso não significa que sou o que você pensa. – Ele parecia angustiado de novo. – Seu pai e seu irmão já vão entrar – ele falou olhando em direção a porta – Eles não gostam de mim, não gostam da minha família, você sabe. Talvez eles tenham razão, escute eles.

E então, no segundo seguinte ele tinha desaparecido pela janela. E a porta se abriu. Joshua e Sam entraram.

— Bella, você está bem? – Ele parecia ainda mais apreensivo do que minha mãe estava. Sam parecia desconfiado.

— Estou ótima, pai, é sério. Nenhuma lesão, nem nada. Olha... – levantei os braços na esperança dele ver que eu estava inteira.

— Onde está sua mãe? – ele perguntou, ainda apreensivo.

— Está assinando minha alta.

— Quem te examinou? – perguntou Sam.

E eu sabia que a resposta não iria agradá-los, as respondi mesmo assim. – Foi o Dr. Cullen.

Eles se entreolharam, nada discretamente.

— Vou procurá-la. – Joshua falou, e saiu rapidamente.

— O que aconteceu? – Sam perguntou, se referindo ao acidente.

— Bom, eu... – tive que decidir o que revelar sobre Edward antes de continuar. – Eu estava no estacionamento, foi na hora da saída, e o carro do Tyler derrapou no gelo. Ele provavelmente iria me acertar se Edward não estivesse por perto e me tirasse do caminho.

Sam demorou um segundo processando minha resposta.

— Edward Cullen?

— Sim. Ele... bom, ele me salvou...

— Mas o que ele estava fazendo perto de você?

Tive que pensar rapidamente no que falar. – Ele estava só me entregando um livro que esqueci na sala, temos uma aula na mesma classe. – Decidi não revelar que na verdade tínhamos mais de uma.

Sam ainda parecia desconfiado.

— Ele está aqui no hospital? – perguntou.

— Sim, ele passou aqui mais cedo para verificar se eu estava bem.

— Não gosto da ideia dele perto de você, Bella... – ele começou.

— Sei disso Sam, não precisa me lembrar que você e papai não gostam dos Cullen, eu já sei. – falei, um pouco irritada. – Mas Edward me salvou, e o Dr. Cullen parece ser um bom médico, então, será que pelo menos por hoje vocês podem deixar essa desavença, ou seja lá o que for, de lado?

— As coisas não são tão simples quanto você pensa. – Ele falou – Mas se o que estiver falando for verdade, fico grato por Edward ter te ajudado...

Sara entrou na sala.

— Oi Sam. – Ela cumprimentou. – Hm, acho que seus pais estão brigando, Bella... – ela sussurrou quando chegou perto de mim.

— O que? Por quê?

— Acho que seu pai quer a opinião de outro médico...

— Ah, meu Deus – murmurei. Minha irritação estava aumentando.

— Acho melhor eu ir lá. – Sam falou, e então saiu.

Algum tempo depois, Renée e Joshua voltaram para o quarto, e a discussão continuou. Joshua queria a opinião de outro médico, ou me levar para a clínica que ficava na reserva, e Renée estava indignada com ele por isso.

Sam foi conversar com o Dr. Cullen, e a discussão só terminou quando ele voltou e disse para o meu pai que estava tudo bem. Não sei o que ele e Carlisle conversaram, mas talvez o meu pedido de deixar as coisas de lado por hoje tivesse funcionado.

Também contei para o meu pai que Edward tinha me salvado, e ele me fez as mesmas perguntas que Sam. Aparentemente, eles estavam mais preocupados pelo motivo que o tinha levado até perto de mim do que com o fato de que ele salvou minha vida.

— Fico aliviado que ele tenha te ajudado, Bella, mas não quero você perto desse garoto. – Ele falou.

— Meu Deus, Joshua, isso é sério? – perguntou minha mãe, ainda indignada.

A discussão continuou até o caminho de casa, mas felizmente quando chegamos, eles pararam. Sara inventou que eu estava com dor de cabeça, e isso fez eles adiarem a briga.

Eu queria pensar em outra coisa, mas só conseguia continuar remoendo os acontecimentos da escola, e minha conversa com Edward. Eu queria falar com ele de novo.

Ele tinha me dito para escutar o que Sam e Joshua falavam, mas eles pareciam odiá-lo, e isso me deixava zangada. Como eu poderia concordar com eles? Edward tinha salvado minha vida, e mesmo antes disso... Eu gostava dele. Talvez até mais do que isso, mas eu não queria pensar nos meus sentimentos agora, já estava confusa demais com tudo o que estava acontecendo...

Edward era muito forte, sobre humanamente forte. E rápido. E sabe-se lá o que mais. Eu não conseguia deixar de presumir que Joshua e Sam sabiam disso. Não só sabiam, mas deviam saber o motivo, e não gostavam disso. Achavam os Cullens perigosos por causa disso. Será que eles estavam certos? Minha razão dizia que sim, mas ao mesmo tempo eu não conseguia acreditar que Edward pudesse ser perigoso, ainda mais para mim. Parecia que isso tudo só tinha feito eu querer me aproximar dele ainda mais, mesmo com tudo que ele, e meu pai e Sam disseram.

Eu queria saber mais. Precisava saber mais.