Crepúsculo escrita por Allison126Tw


Capítulo 4
Capítulo 4 - Cebola dourada




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Ao chegar na aula de biologia tive que esperar o professor chegar para pedir que ele assinasse meu papel, como os outros fizeram, então fiquei de pé ao lado da mesa dele. A sala era composta por bancadas duplas, e como a única pessoa que eu conhecia ali era o Mike, e ele me disse que já tinha um parceiro, presumi que acabaria ficando sozinha. Mas não me importei,era embaraçoso fazer trabalho com alguém que nunca conversei, então fiquei aliviada.

Conforme os alunos foram chegando eu vi que ninguém se sentava na primeira bancada do lado esquerdo,provavelmente porque era bem na frente da mesa do professor, e presumi que seria aquele  o lugar que eu teria de usar.

O professor chegou e eu finalmente pude falar com ele. Por algum motivo ele trouxe consigo uma cebola pintada de dourado. Franzi a testa ao ver a planta, mas imaginei que fosse para algum experimento. Talvez tenha sido esse o motivo da demora dele.

Enquanto eu ainda falava com o professor, que se apresentou como Sr. Molina, percebi um aluno que entrou na sala atrasado. Automaticamente desviei o olhar para ver quem era. Para minha surpresa era Edward. E ele se sentou na única bancada vazia, a frente da mesa do professor. Agora o único assento vazio na sala era o ao do dele. Respirei fundo.

Felizmente o Sr. Molina não pediu que eu me apresentasse para turma. Fiquei imensamente grata por isso. E como era de se esperar, ele indicou o lugar ao lado de Edward para eu me sentar.

Como eu tinha imaginado, a cebola dourada era mesmo para um experimento. Ou melhor, era o prêmio do experimento, para a dupla que resolvesse primeiro a tarefa de identificar corretamente em que fase da divisão celular estavam as células de raízes de cebola que ele nos daria no microscópio. Fiquei aliviada pois já tinha tido essa matéria em Phoenix, então não seria tão difícil.

—Você deve ser a Bella - disse Edward ao meu lado.

Me assustei quando ele falou meu nome, estava distraída tentando relembrar as fases da mitose, então demorei um segundo para responder.

—Oi. Isso, sou a Bella.

—Edward Cullen - ele se apresentou - é um prazer conhecê-la. — Ele sorriu, e ele ficava ainda mais bonito sorrindo, como era possível?

—Igualmente - respondi, sem saber se era a coisa certa a dizer.  Geralmente os adolescentes não costumavam ser tão formais.

—Você quer checar o microscópio antes, ou posso ver primeiro? - ele perguntou.

—Pode ver. - respondi.

E assim fomos fazendo a tarefa e acabamos sendo os primeiros a terminar. Aparentemente, além de ser lindo, ele também era inteligente. Era desconcertante.

—Então, você morava em Phoenix, certo? - Edward quis saber, depois que o professor Molina passou na nossa bancada e elogiou nosso trabalho. Fiquei surpresa dele já saber disso, mas me lembrei que provavelmente todos já deviam saber, as notícias se espalhavam rápido em Forks.

—Isso. Mas eu nasci aqui. - respondi.

—São lugares muito diferentes.

Isso eu sabia bem. —Pois é, eu vou sentir falta da vitamina D.

Ele riu. E eu nem sei por que, já que o que eu disse nem foi engraçado, mas meu coração aqueceu. Eu devia ter imaginado que ele teria o tipo de risada que você quer provocar e ouvir de novo.

—Bom, esse é o charme da cidade. - ele disse.

—O charme da cidade são cidadãos com deficiência de vitamina?

Dessa vez ele riu mais alto e, mesmo sem querer, me senti secretamente orgulhosa por ter feito ele dar risada de novo.

—Exatamente. Você descobriu o segredo. - ele respondeu sorrindo.  —Mas espero que isso não te impeça de gostar da cidade.

—Ah, eu vou me acostumar. - respondi, dando de ombros. Não era como se eu tivesse muita escolha.

—Se acostumar não é o mesmo que gostar. - observou ele, franzindo a testa.

Ele estava certo, e eu fiquei surpresa porque ele tinha sido a única pessoa que percebeu a brecha na resposta que eu havia dado para todas as pessoas que me perguntaram sobre o assunto. Eu não sabia como responder, então resolvi fazer uma pergunta de volta: —E você?Nasceu aqui? – eu sabia que não, mas achei que seria apropriado perguntar mesmo assim, ele não precisava saber que tinham me dado um relatório, e também certos avisos, sobre ele e sua família.

—Não. Antes daqui eu e minha família morávamos no Alasca. – ele não tinha exatamente respondido onde tinha nascido, mas não insisti.

—Então, vocês realmente gostam do charme de lugares frios e nublados, hein? – comentei.

—Precisamente. - Ele sorriu novamente, dessa vez de uma maneira um tanto misteriosa. – Se me permite,posso perguntar por que se mudou para cá?

Antes do dia começar o dia imaginei que algumas pessoas acabariam me perguntando isso, mas ele tinha a recém sido o primeiro.

—Claro, não é segredo. Você deve ter visto nos noticiários que algumas tempestades bem fortes causaram vários estragos em Phoenix, não é? Bom, minha mãe e eu acabamos sendo afetadas, então tivemos que voltar. – Expliquei.

—Sinto muito – ele disse de forma sincera. Fiquei grata por isso.

—Está tudo bem. – respondi, porque era a coisa a certa a dizer, mas acho que não fui muito convincente, pois ele respondeu:

—Mesmo assim, deve ter sido difícil para você e sua mãe.

—O lado bom é que estamos mais perto da família. 

—E você gosta disso? - Ele parecia genuinamente curioso, mas não de um jeito que achasse ruim.

Eu pensei em Tia Cora e Sara, e eu realmente adorava ter eles por perto. Pensei também em meu pai e Sam, e apesar de com eles as coisas serem diferentes, eu gostava da possibilidade de me aproximar mais deles, por mais estranhos que eles fossem ás vezes. 

—Gosto. Diria que é a coisa que mais gosto até agora. - Respondi por fim. — Do que você mais gosta em Forks? - Perguntei impulsivamente.

Ele pareceu surpreso com minha pergunta, e parou um momento para pensar. —Depois do charme do tempo nublado, eu diria que a escola tem começado a ser interessante. 

—Você deve ser o único aluno aqui colocaria as palavras "escola" e "interessante" na mesma frase.

—Ah, eu tenho meus problemas com a escola, não se engane. Eu detesto a forma como tudo é sempre igual, sabe? Mas hoje foi diferente.

Meu coração acelerou. Gostaria de pensar que ele estava se referindo a mim, mas seria muita vaidade da minha parte. 

—Tem razão, não é todo dia que a gente tem a possibilidade de ganhar uma cebola dourada. - Eu falei apontando para o objeto na mesa do Sr. Molina.

Edward riu. —Aposto que esse é tipo de coisa que você não teria em Phoenix. 

O professor chamou a atenção da turma, o tempo da atividade já tinha acabado. Ele corrigiu a tarefa e, claro,eu e Edward ganhamos a cebola dourada. Suspeitei que a maioria dos alunos talvez achasse o prêmio um tanto tosco, mas eu gostei.

—Parabéns Srta. Uley e Sr. Cullen – ele disse ao nos entregar a planta.

—Obrigada.

—Obrigado.

—Adorei a criatividade – eu comentei, apontando para a cebola.

—Sério? – ele pareceu surpreso. Talvez tenha achado que fui sarcástica.

—Sim – respondi – acho que minha mãe iria adorar também, ela tem uma queda por enfeites exóticos. – ri ao lembrar da coleção de garrafas decorativas que ela tinha. Ela sempre escolhia as que achava que ninguém mais escolheria porque dizia que assim não teria o risco de ficar igual à casa dos outros.

Ele pareceu curioso. – Quer levar então?

—Você não se importa?

—Não, claro que não. – falou - Além disso, acho que até o final do ano teremos algum outro vegetal dourado para tentar ganhar. – ele riu.

Peguei a estranha cebola dourada nas mãos. – Muito obrigada. – sorri em agradecimento.

— De nada. - Ele sorriu de volta, e eu quase fiquei sem fôlego. Desviei o olhar, estava começando a ficar embaraçoso o jeito que esse garoto estava me afetando. Se pelo menos ele não fosse tão gentil, além de bonito, e aparentemente esperto, teria sido mais fácil.

Finalmente, o tempo da aula acabou, e o professor nos dispensou. Comecei ajuntar as minhas coisas.

—Até mais, Bella. – disse Edward ao se levantar. — Foi bom te conhecer. Espero que goste mais de Forks do que espera. 

—Até mais. – respondi, sem jeito. Droga, eu estava corando de novo. Por que meu rosto tinha sempre que me entregar? Parte de mim  já queria passar mais tempo com ele, conhecê-lo melhor.

Mike se aproximou. – Parece que o Cullen gostou de você. – Ele disse. – Ele não costuma conversar muito. – explicou.

Não sabia o que dizer, então dei de ombros: —Ele deve ter ficado feliz por temos ganhado. – Levantei a cebola dourada e a exibi orgulhosamente.

Mike riu. – Você vai guardar esse troço?

—Claro que vou.

Ele riu de novo. – Tá bom então.
O restante dos períodos passou tranquilamente. Mais alguns alunos vieram me desejar boas vindas e oferecer ajuda caso eu precisasse, fiquei grata por eles, mesmo que depois não lembrasse o nome de todos.

Antes de ir para o estacionamento passei na secretaria para devolver o papel com as assinaturas dos professores e aparentemente eu teria que fazer o mesmo no dia seguinte.

Ao sair da secretaria, vi Sara, ela estava na porta de saída.

—Podemos ir? – perguntei.

—Hum? Claro. – ela estava olhando para o lado de fora antes de me responder. — Bella, aquele lá é seu irmão? – ela me perguntou.

Olhei para onde ela apontou e o vi. Era mesmo Sam, de moto. Fiquei surpresa.

—É, é sim. O que ele está fazendo aqui?

—Talvez queria falar com você.

—Será que aconteceu alguma coisa? Se fosse para falar comigo, ele podia ter ligado. – comecei a ficar preocupada. – Vamos até lá.

Enquanto caminhávamos até onde ele estava, que era do outro lado do estacionamento e de onde eu tinha estacionado a caminhonete, percebi que ele olhava fixamente para algum lugar. Procurei onde, e vi um volvo prateado, com Edward e uma de suas irmãs, Alice eu acho, parados ao lado do carro. Edward parecia estar olhando de volta. Gelei. Considerei a ideia de Sam ter vindo todo o caminho da reserva até a minha escola só para me checar. Parecia absurdo. Mas conforme ia me aproximando de Sam, imaginei que meu pai poderia muito bem ter o enviado até ali só por causa de qualquer que fosse o problema dele com os Cullen. Tentei não ficar irritada ao pensar nisso, mas foi difícil. Eles estavam sempre indo longe demais.

—E aí, Sam? – começou Sara.

—Oi Sam. Tá tudo bem? – eu disse também.

—Oi Sara. Oi Bella. Estou bem, você está bem? – ele parecia realmente preocupado, e um pouco tenso.

—Até que não foi um primeiro dia de aula tão ruim quanto eu achei que seria – brinquei, para tentar ver se ele se acalmava. – Eu até ganhei um prêmio na aula de biologia, uma cebola dourada. – Acrescentei, mas ele apenas acenou com a cabeça. — Então, por que veio até aqui? - perguntei.

Ele demorou um pouco para responder: —Ah, bom, eu só... queria ter certeza de como foi seu primeiro dia.

Sara trocou um olhar comigo, acho que ela também estava confusa.

—Ah, bem, obrigada. – respondi incerta.

—Vocês vão para a casa agora? – ele perguntou.

—Não, na verdade vamos para o estúdio de Tia Cora. – expliquei. Ela tinha uma escola de música no centro da cidade, mas todos o chamavam de estúdio. Minha mãe estava trabalhando com ela agora.

—Ah sim. Querem que eu as acompanhe? – ele se ofereceu.

Eu e Sara trocamos olhares de novo. Ele estava agindo muito preocupado, e não estávamos entendendo.

—Não precisa – respondi. —É perto.

Vi que ele desviou o olhar para o volvo saindo do estacionamento, e pareceu ficar mais calmo.
—Tudo bem então. Já vou indo. Qualquer coisa é só me ligar, eu venho na hora.

Não entendi a que "qualquer coisa" ele poderia estar se referindo, mas prometi que ligaria se precisasse.

Nos despedimos, e eu e Sara fomos para a caminhonete enquanto ele saia com a moto.

—Isso foi estranho – falei em voz alta.

—Eu também achei – ela concordou, fazendo uma careta - mas não ia falar para não ofender seu irmão.Eu ri. —Não se preocupa. – tranquilizei ela ao entrar na caminhonete. – Você não acha que... – comecei, mas hesitei em compartilhar minhas suspeitas.

—O que? – Ela quis saber.

—Você não acha que isso ainda tem a ver com meu pai e seja lá qual for o motivo para ele não gostar dos Cullen não é? Seria demais....

—Na verdade, acho. Mas também não quis falar... – ela fez outra careta.

Eu ri de novo. —Da próxima vez, fala. Desde quando você não fala o que pensa? 

—Às vezes eu tento ter sensibilidade. - Ela argumentou. —Mas já que etamos falando dos Cullens vou dizer que fiquei sabendo que você fez amizade com Edward. Provavelmente não deveria falar essa parte para Sam e seu pai.

—Eu não diria que fiz amizade, somo só parceiros na aula de biologia, mas concordo sobre a outra parte.
—Não foi isso que o Mike me disse, ele falou que Edward estava todo sorridente conversando com você. Acho que ele está com ciúmes.

—Quem?

—Mike. Acho que ele gostou de você.

—Claro que não. – respondi. E eu esperava que ela estivesse apenas brincando.

—Não é todo dia que uma garota bonita se matricula na escola, os garotos ficam agitados. – ela provocou, rindo.

—Cala a boca.

E isso a fez rir mais ainda.

Enquanto dirigíamos em direção ao estúdio de tia Cora, acabei pensando em Edward. Ele parecia diferente das outras pessoas, ele e sua família dele. Diferentes, de uma maneira que era difícil de descrever, mas que todo mundo notava. Eu não sabia explicar, mas tinha algo nele, além da aparência atraente, alguma coisa que me chamava a atenção. Algo que me atraía, mas ao mesmo tempo me deixava apreensiva. Parecia que a qualquer momento ele poderia sumir, ou ir embora sem explicação, e seria como se ele nunca estivesse estado lá. Eu não sabia explicar, mas era o que eu sentia, e o sentimento permaneceu comigo o restante do dia.


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Notas finais do capítulo

Como vocês podem ver, fiz algumas alterações da obra original nessa minha história alternativa. E uma delas é de que aqui a Bella não é a “la tua cantante” de Edward (como o Aro chama), ou seja, o sangue dela não é o mais atraente para ele, mais do que todos os outros. Muito pelo contrário, imaginei que por Bella ser descendente dos Quileutes, e parente de lobisomens, seu cheiro não seria atraente para ele se alimentar, da mesma forma como o sangue dos lobos não apetece os vampiros, por ser muito diferente. Ah, e mais uma diferença da história original é que apesar do cheiro de um para o outro (vampiros e lobisomens) ser diferente e muito característico, não é fedorento. Provavelmente Edward vai explicar isso para a Bella mais para a frente, mas achei interessante já deixar falado aqui.



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