Assim como eu, minha mãe era natural de Forks, mas s o sonho dela sempre foi morar numa cidade em que fizesse sol de verdade, por isso nos mudamos para Phoenix quando eu tinha seis anos, depois que a mãe dela, minha avó, faleceu.

Infelizmente porém, após a última tempestade na cidade, várias pessoas acabaram perdendo muita coisa. E nós fomos umas delas. E para melhorar a situação minha mãe acabou perdendo o emprego. Não estava sendo fácil para ninguém, e com o tempo e as dívidas acumulando, a única solução que encontramos foi voltar para a nossa velha cidade nublada, onde os dias com sol podiam ser contados só com os dedos das mãos. Eu tinha que admitir que não estava feliz, mas sabia que minha mãe também não estava, então não podia demonstrar.

Meu pai e Sam continuaram persistindo no assunto da escola. Ele e Renée acabaram brigando pelo telefone por causa disso. E eu acabei ouvindo, sem ela ver:

—Joshua, ela não quer ir para a escola da reserva, ela quer estudar com a Sara. - eu a ouvi gritando para o telefone. - você não acha que está levando isso longe demais?

E depois de ouvir o que meu pai falava do outro lado da linha ela continuou: - Eu sei, o Sam me ligou e falou a mesma coisa, mas eu simplesmente não entendo... Olha, ela vai para escola da cidade e pronto, estou cansada de discutir sobre isso, vou desligar. - e ela desligou mesmo, na cara dele.

Não sei se ele ficou bravo, mas pelo menos o assunto parecia decidido agora.

Como já estávamos em outubro, eu estava algumas semanas atrasada no semestre letivo, mas imaginei que não seria difícil me situar nas disciplinas. O que não tornava o primeiro dia de aula nem um pouco mais atraente. Mas era reconfortante ter Sara comigo. Saber que eu não estaria completamente sozinha, e que haveria alguém para me indicar as salas certas tornaria tudo muito mais fácil, e eu estava imensamente grata pela minha prima nesse momento. 

Mas ainda era assustador ir para uma escola totalmente nova, ainda mais numa cidade pequena como Forks, onde um aluno novo vira facilmente o centro das atenções... Só aideia de ter várias pessoas olhando para mim me deixava nauseada. 

Era segunda-feira, e eu fui buscar a Sara na casa dela para irmos juntas para a escola, como combinado. Para surpresa de ninguém, estava chovendo. Tive que reunir todas as minhas forças para não reclamar disso quando acordei.

—Bom dia. Eu já disse que você é minha prima favorita hoje? - cumprimentou Sara ao entrar na caminhonete. 

Eu ri.—Bom dia. Todo esse amor é porque sou sua nova motorista?

—Você não sabe o alívio que é não ter que ir andando.Devia ser péssimo mesmo ter que andar nessa chuva fria. 

—De nada - respondi sorrindo enquanto dava a partida.

—Está animada para o primeiro dia de aula na melhor escola da América? - Perguntou ela. 

Ri novamente. Sara era muito bem humorada, era fácil rir com ela.

—Achei que você não gostasse da escola - repliquei.

—Não gosto, mas estou tentando ser legal e fazer você gostar.

—Obrigada. - Agradeci. - Mas o primeiro dia de aula é sempre o pior.

—Eu sempre estudei na mesma escola, com as mesmas pessoas a vida toda, então não sei como deve ser, mas acredito em você.

Felizmente, ao chegarmos no estacionamento da escola eu encontrei uma vaga fácil. Sara me explicou rapidamente a geografia do lugar e onde seriam as minhas aulas. Por ela estar um ano atrás de mim teríamos poucas aulas juntas, apenas duas vezes por semana, e nenhuma era na segunda, o que não tornava o dia promissor para mim. 

—A escola é pequena, a sua em Phoenix devia ser muito maior. Até o final do dia você já vai ter aprendido tudo. - ela me encorajou. — Tudo certo?

—Tudo certo, obrigada - respondi.

—Nos vemos no almoço, boa sorte.

Eu agradeci novamente e então ela foi para sua sala enquanto eu ia para a secretaria, como me instituíram quando fiz a matrícula, para pegar um papel que os professores teriam de assinar. 

Eu rezei para que nenhum professor me chamasse na frente da turma para me apresentar à sala, mas a maioria fez exatamente isso. E eu fiquei vermelha todas as vezes. Também tropecei em outras. Não era nem metade do dia e eu já queria me esconder. 

Pelo menos no primeiro período um garoto chamado Eric Yorkie veio falar comigo, me desejou boas vindas, e se ofereceu para ajudar caso eu precisasse de alguma coisa. No segundo período uma garota chamada Jessica Stanley fez o mesmo. Gostei deles, pareciam simpáticos.

Quando o horário do almoço  finalmente chegou eu fui para o refeitório, aliviada que eu tinha sobrevivido até ali. Antes de entrar parei na porta para procurando ronde Sara estava sentada. Ela fez sinal para mim, e consegui acha-lá facilmente. Após pegar minha bandeja e me servir, fui na direção da mesa dela. Estava cheia, mas ela guardou um lugar para mim. Cumprimentei o pessoal a volta e percebi que Jessica e Eric estavam ali. Assim como Angela Weber, que eu já cconhecia porque no verão passado, quando vim visitar a cidade, fui ao cinema com ela e Sara.

—Oi Bella. Seja bem-vinda. - cumprimentou Angela. Ela parecia ser tímida, mas era gentil e eu também gostava dela.

—Como está indo até agora? - perguntou Sara.

—Tropecei algumas vezes, mas nenhuma catástrofe colossal por enquanto - respondi.

—Bom, ainda temos mais três períodos - Ela riu. E então me apresentou as outras pessoas da mesa: Mike Newton, Tyler Crowley e Lauren Mallory. Tentei rapidamente decorar pelo menos o primeiro nome de todos. Depois de também me darem as boas vindas retomaram a sua conversa usual, e eu me mantive em silêncio, tentando acompanhar.

Foi então que notei um grupo de alunos chegando pela porta que dava para o lado de fora do refeitório. Tentei não encarar, mas foi difícil. Eles eram... muito lindos. Para dizer o mínimo. Pareciam ter saído diretamente de algum elenco de filme. Não consegui deixar de fitá-los. Tive que me forçar para desviar o olhar. Tentei voltar minha atenção para a bandeja de comida na minha frente, mas continuei os enxergando pelo canto do olho. Eles eram cinco no total. Todos pálidos e muito bem vestidos. Sentaram numa mesa vazia do outro lado do refeitório. Eu soube imediatamente que aqueles eram os Cullen. E não apenas porque tia Cora e Sara já tinham falado deles, mas porque era nítido que eles não pertenciam àquele lugar. 

Fiquei tão impressionada com a visão deles que por um instante achei estranho que mais ninguém estivesse os encarando, mas então me dei conta de que todos já os conheciam, e eu provavelmente estava exagerando. Tentei novamente voltar minha atenção para a comida, torcendo para que ninguém tivesse notado minha reação.

—Hum, acho que Edward Cullen está olhando para sua prima - comentou Jessica para Sara. E eu imediatamente corei. Bebi um grande gole da garrafa de água para disfarçar.

Jessica estava do mesmo lado da mesa que eu, enquanto Sara estava de costas, então ela não conseguia ver a mesa dos Cullen de onde estava. Mas isso não a impediu. Ela virou, nada discretamente, para conferir o que Jessica tinha dito.

—Ah, ele está mesmo. - Ela disse animada, enquanto virava para mim e abria um sorriso. A resposta dela só me fez ficar ainda mais vermelha. —Olha lá, é o menino da ponta, de cabelo claro. - Ela disse para mim. 

Ao contrário dela eu tentei olhar de maneira disfarçada. Ele estava mesmo olhando para mim. Nossos olhos se encontraram e eu baixei a cabeça rapidamente. Meu Deus, ele era mesmo muito bonito. Não consegui decifrar sua expressão, mas ele parecia curioso. Me perguntei se tinha alguma de errado na minha aparência. Por que ele estava olhando para mim? Tentei evitar, mas não pude negar que gostei do fato daquele belo garoto ter me notado. Céus, eu estava sendo patética.

—Então eles são os famosos Cullen? - Eu falei, tentando parecer indiferente.

—Já ouviu falar deles né? - respondeu Jéssica. —Sim, são eles. Da esquerda pra direita: Alice e Jasper, eles são um casal. - Ela começou a explicar. —Depois Rosalie e Emmet, o outro casal. E Edward. Ele não teve nenhuma prima irmã para namorar... - ironizou ela.

—Jéssica! - repreendeu Angela.

—Ah Angela, nem vem, você sabe que é estranho. Eles moram todos juntos...

Mesmo sabendo que eles estavam longe e não teriam como ouvir, eu olhei um pouco apreensiva para a mesa dos Cullen. Edward e Emmet pareciam estar rindo de algo.

—Talvez seja por isso que ele não se interessa por nenhuma garota da escola. - Continou Jessica. E eu não pude deixar de notar certa amargura na sua voz.

—Adoramos especular sobre a vida deles aqui na escola, eles são tão misteriosos. - disse Sara.

Eu ri. Adorava a sinceridade dela.

—Acho que eles são um pouco tímidos. Ouvi dizer que o Dr. Cullen se muda muito, talvez por isso eles sejam mais reservados. - falou Angela para mim.

—Ou talvez eles só sejam esnobes - falou Mike dessa vez. Ele estava falando com Lauren e os meninos sobre outro assunto do outro lado da mesa, algum jogo eu acho, mas o nome dos Cullen parecia ter chamado sua atenção. — Nem perde seu tempo com eles, Bella. - ele disse para mim.Não gostei do jeito que ele falou deles, me lembrou meu pai e Sam.

— Não acho que eles sejam esnobes - falou Sara - eles são só ricos. E bonitos, claro. - completou ela.

— Não sei se eles são tão bonitos assim... - murmurou Mike.

—Ah, para Mike! Vai dizer que você não acha a Rosalie uma gata, então? - replicou Sara. —Ela poderia facilmente ser modelo. Ou atriz. Eu sinceramente não sei porque ela ainda não seguiu carreira, ela ganharia fácil vários concursos de beleza. Todos eles ganhariam. É tão injusto...

Mais uma vez espiei a mesa dos Cullen. Edward estava olhando para mim de novo. Meu coração acelerou. Fiquei vermelha mais uma vez. Ah, eu detestava que meu rosto me denunciasse tão facilmente. Desviei o olhar do dele. Por que ele continuava me olhando? E por que eu isso estava me afetando? Era só um garoto.

Finalmente o horário do almoço acabou. Me despedi de Sara e dos outros, mas a aula de Mike seria de biologia comigo, então ele me acompanhou no caminho para a sala. Enquanto andávamos até lá não pude evitar, mas acabei pensando na família Cullen novamente. Pelo que ouvi eles eram misteriosos. Ou pelo menos era sua que as pessoas achavam. Isso com certeza dava margem para muita especulação, será que era por isso que meu pai e Sam não gostavam deles? Será que havia algum rumor que eu ainda não sabia? De qualquer forma, eu devia deixar o assunto para lá, afinal, não era como se eu pretendesse me aproximar deles, ou alguma coisa assim.