Crepúsculo escrita por Allison126Tw


Capítulo 11
Capitulo 11 - Adaptação




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"Há muitos anos atrás, na época do bisavô de Jacob, Ephrain Black, os Cullen estiveram aqui. Eles tentam ser diferentes. Ou o mais diferente possível que um sanguessuga consegue ser... Eles caçam animais, ao invés de humanos. E Ephrain Black fez um acordo com eles. Se eles não machucassem, nem transformassem ninguém em nossas terras, poderiam ficar e fingir a vida deles aqui. Só não poderiam pisar na reserva. Esse foi acordo." Sam falou. "Nem todos os anciãos gostaram disso, mas acataram porque não queriam guerra. Eles são fortes demais quando estão juntos. Até para nós."

Então, Edward era um vampiro.

E eu fazia parte de uma matilha de lobos.

Parecia que o mundo tinha virado de cabeça para baixo, e eu estava completamente deslocada. Nada disso parecia real. Parecia mais um sonho. Ou um sonho de um sonho. Fiquei em silêncio durante vários instantes, tentando digerir tudo.

"Mas..." Eu não sabia o que dizer. Não sabia o que sentir. Eu sabia que Edward era alguma coisa, mas isso... Tive medo de que Sam pudesse ouvir meus pensamentos mais íntimos, ou pior, minha memória mais recente com Edward, então as reprimi, e tentei pensar em outra coisa. O que ele faria se soubesse que eu beijei um vampiro? Ou pior ainda, que eu tinha sentimentos intensos por ele? "Os Cullens..." comecei devagar. "O Carlisle é médico. Como um vampiro pode ser médico?"

"O mais velho parece ter um autocontrole maior que os outros..." Ele admitiu. "Mas ainda assim não são confiáveis, não se deixe enganar pela aparência deles, Bella."

"O Edward me salvou no dia do acidente. Eu vi... vi ele parar o carro com apenas uma mão."

"Você não me contou essa parte..." Ele falou.

"Não queria que pensasse que eu estava ficando maluca." Menti. Na verdade eu tinha guardado o segredo porque ele pediu, mas Sam não precisava saber disso.

"Bom... sou grato por ele ter te salvado. Mas não muda o que ele é." Concluiu.

Eu não sabia o que pensar.

"Como fazemos parte da mesma matilha, nós conseguimos nos comunicar mentalmente. As vezes conseguimos até mais do que isso, e podemos trocar memórias e outros pensamentos. Isso nos ajuda, principalmente se precisarmos lutar." Sam continuou falando.

"Parece um pouco invasivo..." Eu falei, e ele riu.

"Você se acostuma com o tempo. Além disso, não precisa compartilhar tudo o que pensa. Sempre guardamos uma parte..."

"E você é o líder, não é? Da matilha?"

"Sou. Alfa, é como chamamos. Pela linhagem deveria ser o Jake, mas ele abriu mão. E como eu fui o primeiro..." Ele explicou.

"Desde quando... quando aconteceu a sua transformação?" Perguntei.

"Faz dois anos." Ele disse. "Quando os Cullens chegaram na cidade. Posso te mostrar, se quiser."

Eu assenti, e me preparei.

Uma enxurrada de pensamentos e memórias me invadiu. Sam correndo na floresta e se transformando pela primeira vez. O mesmo medo e a confusão que vi em Paul, agora multiplicados, pois não havia ninguém para explicar a ele o que estava acontecendo. Dias inteiros sobre as quatro patas. Depois eu vi Leah, e finalmente Emily. Essa era a visão mais clara de todas, de quando ele a viu pela primeira vez após a transformação. Alguma coisa aconteceu, e eu não são sabia explicar, só sabia que era forte.

Depois vi os outros chegando pelos olhos dele. Primeiro Paul, depois Embry, Jacob, Leah, Quil e por último Seth.

A transformação de Leah foi a mais difícil. Por um lado Sam ficou feliz de finalmente poder contar a verdade e explicar a ela o que aconteceu. Mas por outro lado, ela não aceitou bem a mudança. Ela detestava isso. Já Seth e Quil foram os que mais lidaram bem.

Sam também me mostrou quando ofereceu a posição de Alfa à Jacob, e ele recusou. Ele me mostrou a apreensão que ele e Joshua ficaram quando me ouviram dizer que estudaria na mesma escola dos vampiros. E por último, me mostrou a perseguição que eles fizeram a um grupo de vampiros que tinha chegado perto das fronteiras da cidade recentemente. Os Cullens não os conheciam, então a matilha foi atrás deles. Eles conseguiram fugir, mas foi por pouco.

Finalmente o fluxo de informações parou e eu pude parar para respirar e processar tudo.

Eu tinha várias perguntas, e Sam foi paciente comigo e me respondeu todas elas.

Ele me falou sobre a matilha, como ela funcionava. Me contou sobre as rondas que eles faziam todas as noites nas fronteiras. Me contou sobre o que aconteceu entre ele e Emily, sobre o Imprinting, o que era, como funcionava, sobre como foi difícil para ele e Emily, pois nenhum dos dois queria magoar Leah. Me contou sobre o dia em que ele não conseguiu se controlar e acabou se transformando perto demais de Emily, e acabou machucando seu rosto. Era seu maior arrependimento. Ele me contou tantas coisas... eu não lembrava da última vez que tínhamos tido uma conversa tão longa.

Quando o dia começou a amanhecer ele correu comigo até a Reserva.

"Vou te ajudar a voltar a sua forma humana agora. Mas você vai ter que se afastar das outras pessoas por um tempo. É difícil aprender a se controlar no início, então é mais seguro assim." Ele me falou.

E realmente não foi fácil. Tive que me concentrar muito, e o nervosismo não ajudava. Só que quanto mais eu queria voltar, mais nervosa eu ficava.

Quando o dia já estava totalmente claro eu finalmente consegui ficar sobre duas pernas novamente. Era tão estranho, uma sensação que eu nunca tinha sentido antes, foi difícil me acostumar, mas foi um alívio saber que eu não estaria em forma animal para sempre.

Fomos andando até a casa de Joshua, e eu estava exausta. Todos os acontecimentos da noite tinham drenado minha energia.

Felizmente não precisei explicar nada para o Joshua, Sam fez isso por mim. E meu pai agiu como se não fosse um acontecimento sobrenatural bizarro. Pelo contrário, ele simplesmente me abraçou, e eu tive vontade de chorar em gratidão.

— É melhor você se deitar um pouco. - Ele falou.

— Renée vai ficar preocupada se acordar e não me achar em casa. - Respondi.

— Eu ligo e invento alguma coisa para ela, não se preocupe com isso. - Ele disse, e eu obedeci. Fui para o quarto de hóspedes, que agora era meu quarto, e me joguei na cama.

Quando acordei eu não lembrava onde estava, e nem do que tinha me levado até ali. Lentamente os acontecimentos do dia e da noite anterior foram chegando. Lembrei de Edward, da nossa conversa e do beijo. Lembrei de ter corrido na floresta. E me lembrei de ser uma loba. Da conversa com Paul, Leah e Sam.

Tudo foi real. Tudo ainda era real. Eu suspirei, e me sentei na cama. Não fazia ideia de quanto tempo dormi.

Coloquei a mão no rosto. Eu precisava pensar. Em menos de vinte e quatro horas minha vida tinha mudado completamente. Eu era uma lobisomem. E o garoto pelo qual eu estava apaixonada era um vampiro. Seria irônico, se não fosse trágico.

Apesar de parte de mim estar muito surpresa, e ainda sem entender direito tudo isso, a outra parte de mim estava... como se já estivesse esperando por isso.

Eu sabia que Edward não era um simples garoto. Eu sabia que ele e sua família escondiam alguma coisa, assim como sabia que a minha também sabia de algo. Vampiros e lobisomens não era o que eu estava esperando, mas... fazia sentido. De alguma forma toda essa maluquice parecia fazer sentindo na minha mente, e eu acho que essa era a parte que mais me deixava surpresa.

Pensei com mais detalhes sobre Edward. O que significava ele ser um vampiro? Provavelmente significava que ele já tinha matado pessoas antes. Matado para beber sangue. Esse pensamento causou um frio na minha espinha, mas eu não conseguia conciliar a imagem de um ser assassino com a imagem de Edward. Eu não conseguia ter medo dele, por mais que soubesse que deveria.

Imaginei que, agora que éramos inimigos por natureza, eu devia sentir aversão por ele, devia sentir raiva, devia querer ele o mais longe possível de mim. Mas eu me sentia da maneira oposta. Me sentia da mesma maneira que senti quando me despedi dele no dia anterior. Eu tinha vontade de ir até ele e dizer que sabia o que ele era agora, e que isso não mudava em nada o que eu sentia. Mas isso definitivamente não podia acontecer. Sam não o deixaria se aproximar, e eu apostava que o resto da matilha nutria por ele os mesmos sentimentos antagônicos. Eu tinha vontade de chorar de novo. Tinha vontade de sair correndo. Mas sabia que se fizesse isso eu provavelmente acabaria na forma de lobo novamente, então respirei fundo para me acalmar.

Quando saí do quarto já eram quatro horas da tarde. Meu pai me falou que ligou para Renée e disse a ela que eu tinha ido mais cedo trabalhar hoje, e para confirmar Sam foi lá e trouxe a caminhonete antes de ela acordar. E agora eles já estavam pensando em alguma desculpa para dizer a ela, que justificaria eu não voltar para a casa durante a semana, e outra que justificasse minha transferência para a escola da reserva.

— É mais seguro assim - Eles disseram.

Então, no domingo eles inventaram que todos nós da casa, eu Joshua e Sam, tínhamos pegado algum tipo de virose e não podíamos sair de casa, e nem podíamos deixar ninguém nos visitar. Renée fez questão de falar comigo pelo telefone, claro, e eu a garanti que me cuidaria direitinho. Eu detestava mentir para ela, mas não havia outra escolha.

Quando a segunda-feira chegou eu não conseguia parar de pensar em Edward e no que ele pensaria quando eu não aparecesse na escola. Será que ele ficaria com raiva de mim? Será que ficaria triste? Será que pensaria que eu finalmente havia fugido dele, como ele disse que eu devia fazer? Todas as opções faziam meu coração afundar e ficar apertado.

No final do dia, Sam foi conversar comigo de novo, me contar mais coisas sobre esse novo mundo que eu estava aprendendo a viver.

— Na força física e na velocidade conseguimos nos comparar aos vampiros, mas a pele deles é quase impenetrável, como diamante, e isso dificulta. - Explicou Sam - O veneno deles não consegue nos transformar, nem nos matar, mas nos faz muito mal. Nosso organismo fica bem debilitado até que consiga expeli-lo. Mas a maior vantagem deles são suas habilidades especiais. Dons, podemos dizer. Felizmente nem todos os vampiros os possuem.

— Que tipos de... dons? - Perguntei.

— Bom, por exemplo sabemos que dos Cullens, Edward consegue... ler a mente das pessoas. Ou algo parecido com isso. E Jasper consegue ter um tipo de efeito de manipulação. Mas não sabemos direito como funciona nenhum dos dois.

— Espera, você disse... ler mentes? - De todas as informações que eu tinha recebido até agora, essa era uma das mais chocantes. - Tipo, os pensamentos das pessoas?

— É o que parece. - Ele respondeu, dando de ombros.

— Mas isso é impossível...

— Vampiros e lobisomens também são. - Sam respondeu, e eu não podia argumentar contra isso.

Então Edward podia ler mentes? Isso não fazia sentido. Ou fazia? Eu estava tentando me lembrar de todas as internações que tive com ele. Não parecia que ele tinha lido minha mente, ele estava sempre fazendo perguntas. Pessoas que lêem mentes não precisavam fazer perguntas, certo? Ou será que ele estava apenas brincando comigo? Esse pensamento fazia meu coração apertar de uma maneira dolorosa. Não podia ser... Ou podia? Sam insistia que nenhum vampiro era confiável... Mas era o Edward, ele não podia ser como os outros, eu o conhecia! De repente me lembrei do que ele me disse a última vez que nos vimos. Ele disse que era bom em ler as pessoas, mas não conseguia me ler. Será que isso significava que...? Minha mente estava muito confusa no momento. Passei o resto do dia sem conseguir pensar em outra coisa.

O resto da semana eu passei a maior parte na floresta, aprendendo. No final de cada dia eu estava exausta, e só queria que tudo acabasse. Mas eu sabia que não ia acabar tão cedo.

Sam contou que nós parávamos de envelhecer após a transformação, e eu ainda não sabia como me sentia em relação a isso. Felizmente, ele falou que, se ficássemos muito tempo sem nos transformar, voltaríamos a ser como antes. Mas claro, isso só aconteceria quando não houvesse mais vampiros por perto.

A parte mais difícil era aprender a ter autocontrole para me transformar, e aprender a lidar com todos os novos sentidos aguçados e a nova força, que vinham não só na forma de lobo, mas na forma humana também. Eu sempre fui uma pessoa um tanto desastrada, e essa característica estava ainda mais evidente agora.

Eu também não sabia lutar, então nos treinamentos eu acabava mais machucada que qualquer outra coisa. Felizmente o nosso fator de cura era acelerado, mas não rápido o suficiente para tudo que eu lesionava. Às noites eu só queria me deitar na minha cama, e dormir por doze horas consecutivas. Mas é claro que Sam preparava treinamentos a noite para mim também.

A única parte que eu realmente gostava era de estar com a matilha. Era bom ter pessoas que sabiam exatamente a loucura que eu estava passando. Jacob e Seth sempre tornavam tudo mais leve com seu bom humor. Embry era o mais cabeça quente, mas ele estava sempre disposto a me ajudar com as lutas. Quil adorava ser um lobo, e eu aprendia muito com ele também. Leah não era a pessoa mais simpática, e geralmente não tinha muita paciência, mas eu estava aprendendo a gostar do seu jeito sarcástico, mantinha os outros garotos na linha. Além disso, no fundo ela parecia estar contente de ter outra garota na matilha, e nós aprendemos que era muito divertido fazer competição de garotos versus garotas.

Com Sam, eu vi um lado completamente diferente dele. Ele era ele mesmo com a matilha. E eu só lembrava de ter visto ele ser mais aberto assim com a Emily. Era muito bom poder me aproximar do meu irmão. Ele guardava tantos segredos e responsabilidades que eu não fazia ideia. E acabei me aproximado de Joshua também. Pelo menos alguma coisa boa tinha acontecido com tudo isso.

Não horas vagas eu parava para refletir sobre tudo que eu estava aprendendo e descobrindo, sobre a matilha, sobre os vampiros e sobre Edward. Ele estava sempre em meus pensamentos, por mais que eu tentasse evitar.

Quando a semana acabou e o sábado chegou, fomos finalmente até minha casa. Eu estava apreensiva. Eu tinha treinado bastante meu autocontrole, mas tinha medo de acabar machucando minha mãe sem querer. Eu detestava me sentir assim, e detestava ter que mentir para ela.

Eu havia treinado o que diria, qual seria minha desculpa para deixar Joshua me transferir de escola, mas parecia que ela poderia ler as mentiras estampadas em meu rosto. Mas não foi o que aconteceu, ela acreditou:

— Tem certeza, filha? - Renée me perguntou.

— Sim, mãe. Eu realmente me aproximei de Joshua e Sam durante essa semana que ficamos juntos. - Essa parte era verdade. - E eu entendo agora por que é importante para ele que eu estude na Reserva, então eu... eu acho que seria uma coisa boa. Além disso, é só o que último ano, né? Vai passar rápido. 

— Se você tem certeza, então tudo bem. - Ela permitiu.

Sara também foi compreensiva quando eu falei com ela:

— Não vou mentir, Bella, vou sentir falta das caronas para a escola. Mas fico feliz que esteja se dando bem com seu pai, sei o quanto isso é importante. - O pai de Sara, tio Rick, havia falecido alguns anos atrás, e eu sabia que ela sentia muita falta dele.

— Obrigada Sara, você é a melhor prima do mundo. - Falei.

— Eu sei. - Ela respondeu rindo, e eu ri também.

Eu sentia muita falta dela, de tia Cora e da minha mãe. Essa era outra das partes difíceis. Parecia que elas só aumentavam, e eu não fazia ideia de como lidar e me adaptar a tudo.


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