Uma voltinha e dez minutos depois, Gabi estava sobre a janela da cozinha enquanto Miguel descascava algumas batatas.

Ela havia fantasiado sobre um vento gostoso que tiraria suas dores e as mandaria para longe, mas ela era a única coisa que ele parecia querer carregar. Cada rebojo trazia um sentimento sestro e desconfortante. Imaginou que estar quase sendo atirada na panela influenciava sua visão sobre o fenômeno.

—Você gosta de janelas —Miguel quebrou o silêncio.

Era verdade. Não sabia o motivo, mas já fazia certo tempo que janelas a atraiam.

—Mas por favor, saia daí até o vento acalmar, sim?