Os Retalhadores de Áries escrita por Haru


Capítulo 4
— Um novo brilho




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— Um novo brilho

Hizashi não era muito mais velho do que Yuna quando a encontrou vagando solitária pelas ruas, a diferença de idade entre eles se resumia a cinco anos; atualmente, ela tinha vinte, ele, vinte e cinco. A Assassina da Neve não passava dos dez anos quando o conheceu, o primeiro ministro do Reino de Altair já completara quinze e, apesar disso, estava com a cabeça toda feita, já traçara objetivos. Enxergou potencial nela no instante que a viu pela primeira vez. Não era segredo nenhum que os dois se relacionaram e que ela deu luz a um filho dele, o que ninguém sabia mesmo era onde essa criança estava.

Os "retalhadores bem sinistros" que Haru mencionou ajudaram Yuna a enfaixar os machucados com os quais ela saiu da batalha contra os três retalhadores de elite e depois deixaram-na a sós com Hizashi do lado de fora de um casebre de madeira. Ela mesma costurou o vestido azul escuro de alcinhas e saia rodada que adorava usar. Ganhou de seu salvador um carinhoso beijo na testa, o abraçou e aninhou o rosto no peitoral dele. Era a primeira pessoa desde a infância a quem demonstrava afeto.

— Por favor liberte o Hanzuki, tenho assuntos a tratar com o guardião. — Disse, assustando-a.

— Tem certeza? — O indagou. Preocupava-se com ele.

— Tenho, chegou a hora de matar aquele velho decrépito. Eu sonho com isso há muitos anos. Não tenha medo. — Prometeu.

— Tá. — Confiava nele. — O que precisa que eu faça enquanto você o enfrenta?

— Espere pelos nossos amigos de hoje cedo. Kin, Arashi... Eles com certeza já têm a nossa localização e estão vindo atrás de nós, não permita que eles se envolvam na minha luta contra o velho. Mate-os se tiver a chance, mas tome cuidado. Eu te amo.

— Também te amo. — Ela retribuiu, o beijando.

Para Yuna realmente era amor, Hizashi, por outro lado, só a estava usando, precisava dela emocionalmente dependente dele para alcançar seus objetivos. Arashi tinha razão, ela só não conseguia ver. No entanto, ouvi-lo chamá-lo de "manipulador lunático" deixou uma pulga atrás de sua orelha. Foi o guerreiro glacial quem salvou sua vida na manhã do massacre de Santsuki, muito embora fosse quatro anos mais velha do que ele. O que mais a impressionava era lembrar de não ter visto um só traço de desespero no rosto do retalhador de elite naquela manhã — naquele dia, soube que ele seria grande.

O primeiro ministro do Reino de Altair foi para a "Praça do Céu" aguardar o Guardião da Terra de Áries. O mais famoso ponto turístico do de Altair, aquela praça era também uma das maiores do planeta. Cercada de prédios pelos dois lados, seis coqueiros de muitos metros de comprimento a enfeitavam na esquerda e na direita e um museu muito antigo, arquitetado como um castelo, fora posto lá no final dela. Sua passarela era asfaltada, ela era espaçosa e bastante visitada, mas naquela tarde estava vazia. Os rebeldes que atacavam a Terra receberam a ordem de não se aproximar dali durante a luta que Hizashi esperava iniciar.

Um sorriso se estendeu nos lábios do Líder Altairiano quando ele notou que Hanzuki chegou. O ancião, carrancudo, estava parado quinze metros atrás dele, era muito menor em estatura, tinha uma barbicha grisalha no queixo, nenhum cabelo na cabeça e uma pele fortemente bronzeada.

— Esse foi o lugar onde eu te disse que me vingaria do Santsuki, você se lembra, guardião? — Puxou conversa. Virou-se para o baixinho, andou cinco passos em sua direção e parou. — Foi exatamente aqui que você tentou me convencer a esquecer essa vingança, eu tinha só doze anos. Você me prometeu me treinar para me tornar primeiro ministro desse reino, disse que queria que eu te sucedesse um dia. Mentiu pra mim.

— Não menti pra você, naquela época eu realmente esperava que você se tornasse o Guardião da Terra. Eu não sabia ainda o que se passava pela sua cabeça, demorei para ver, mas hoje sei que você é um maldito psicopata. — Retrucou. Se livrou do terno preto que usava, dobrou as mangas da camisa social roxa clara e o encarou. — Treinei você, Keiko, Hayate e a Meisa não só porque vi potencial como retalhadores em vocês. Foi porque eu os amava como se fossem meus filhos. Eles te consideravam um amigo, um irmão. Talvez por isso tenhamos demorado para perceber quem você é.

Uma gargalhada explodiu na garganta de Hizashi.

— Você fracassou, como sempre. Se tivesse percebido quem sou, nada disso estaria acontecendo, não é? Keiko, Hayate e Meisa deixarem passar despercebido tudo bem, eles eram jovens, mas você tem centenas de anos, conheceu milhares de retalhadores! Não passa de um velho tolo! — Continuou, rindo da cara dele. — Se tivesse detido Santsuki quando teve a chance, ele não teria assassinado o meu pai, destruindo a única família que eu tive! A única pessoa que eu já amei na vida!

Hanzuki não discordava de nada.

— Tem razão. — Expressou-se. — Eu fracassei em parar você antes e o Santsuki. Mas não vou deixar que você faça o que quer aqui, Hizashi. Uma coisa certa, no final da minha vida, eu vou fazer!

A batalha começou e o mundo inteiro ficou sabendo, pois os choques de seus golpes chacoalhavam todo o planeta. Lá no Reino de Órion, a milhares de quilômetros de distância do centro do confronto, Arashi sentiu os tremores no sofá e olhou para o teto. A lâmpada estourou e teria caído em cima da cabeça de Shiori, se Haru não a tivesse puxado pelo braço. Quem está fazendo uma batalha desse nível?, Arashi se questionava. Será que o Hayate voltou e estava lutando contra Hizashi? Só uma pessoa poderia lhe responder isso.

— Haru, veja, por favor, quem está com Hizashi. — Lhe pediu. Haru fechou os olhos e usou sua habilidade para ver Hizashi.

— É o ancião Hanzuki. Eles estão lutando na Praça do Céu. — O ruivinho respondeu.

Arashi se perguntou onde o guardião estava todo esse tempo e por que só agora deu as caras, também queria saber se com a idade que estava ele era páreo para o primeiro ministro. Irritava-o não poder fazer absolutamente nada. Estava incapaz até mesmo de ajudar Kin. Só o que lhe restava era ter fé neles, torcer. Mas jurou para si mesmo, no silêncio de sua consciência, que aquela era a última vez que ficaria parado num momento de crise da Terra.

Kin e as meninas correram para o Reino de Altair com a intenção de confrontar Hizashi, de talvez surpreendê-lo com alguma armadilha, mas logo na espaçosa estrada não asfaltada que antecipava a porta da fronteira foram paradas por Yuna. Mesmo ferida, a Assassina da Neve fazia frente às três. Os poderes de Naomi, capazes de degradar qualquer coisa ao menor toque das mãos dela, serviam como defesa contra os flocos de neve afiados que caíam do céu. As habilidades sensitivas de Yue ajudavam-nas a antever os passos da Altairiana e a força, a velocidade e as habilidades de Kin para o combate corpo a corpo a mantinham pressionada.

Naomi bateu a palma das mãos na terra e enviou sua energia para dentro dela: duas ondas púrpuras de poder arrebentaram o subsolo com violência, cercaram Yuna e colidiram para tentar acertá-la, mas seu alvo alçou voo e escapou. Contudo, os resquícios da energia da francesa a alcançaram e dissecaram os dois flocos de neve que Yuna levava nos braços, a desarmaram. Kin abriu as asas e a perseguiu no ar, a atacou usando sua espada de luz com tanta dedicação e sede de vitória, que viu aflição no rosto de sua fria adversária pela primeira vez.

Ao errar o último corte, a loira contraiu o braço, a lâmina e desferiu uma cotovelada, mas Yuna se protegeu dela usando os braços. As duas retornaram ofegantes para o chão. Agora se encaravam.

— Já viu que não vai conseguir nos vencer, não viu? — Perguntou Kin. — É questão de tempo até que eu consiga uma brecha. Eu vou te dar uma última chance: se entregue e nos deixe passar.

Yuna ergueu a guarda e gerou três flocos de neve novos, um no braço direito e dois no esquerdo.

— Kin, você me entende melhor do que qualquer uma aqui. Você ama o Arashi. Faria tudo para vê-lo conquistar os objetivos dele, para fazê-lo feliz, eu não estou certa? — Yuna a inquiriu. Kin, em resposta, fez silêncio. — Hizashi salvou a minha vida, me deu um lar, um objetivo na vida e me fez sentir amor de novo. Isso não é sobre vingança, é sobre gratidão. Amor. Nada vai fazer com que eu me renda, terão que me matar se quiserem passar daqui.

Atirou os três flocos contra a retalhadora de elite, Naomi entrou na frente dela e os dissolveu com suas mãos energizadas. Yue avançou contra Yuna, a atrapalhou com sua capacidade de prever os movimentos dos inimigos e seus socos, no entanto, não acertou nenhum deles no rosto da oponente. A Assassina da Neve se esquivou do último cruzado com um passo para trás, teria dado um chute no estômago de Yue se Kin não tivesse entrado na frente da menina e segurado sua perna, livrou a perna da mão de Kin, girou e mirou um chute rotatório no rosto da loira.

Errou o chute porque Kin se abaixou, ficou, graças a isso, aberta a contra-ataques. Obrigada por tudo, Hizashi, agradecia mentalmente ao seu grande benfeitor, preparada para o que quer que acontecesse. Você me deu uma razão para viver, pensou, jogando o corpo para o lado e desviando-se da serra de energia disparada por Naomi. Não importa o que digam de você, sempre vou te amar. Deu um salto lateral por sobre Yue, escapou de um soco dela, mas assim que pôs os pés no chão de novo, Kin veio pela frente com a espada de luz e a teve rendida, só precisava dar o golpe final.

Ao invés de enfiar a espada no coração de Yuna, Kin moveu a arma de baixo para cima e abriu um corte nela, um que se estendia de seu estômago até seu peito. A Assassina da Neve caiu de costas no chão, foi à lona. Estava derrotada mas não morta. Ela mesma, contemplando o céu, ficou sem entender. Perguntaria porque Kin a poupou, porém, mal conseguia mexer um dedo, não tinha forças para falar.

— Eu amo o Arashi e o que mais quero é vê-lo feliz, mas tem uma grande diferença entre o meu namorado e o seu... — Kin se aproximou e disse. — O meu daria a própria vida por mim, o seu te faz arriscar a sua pelos propósitos dele.

Aquilo deu à Yuna o que pensar. No entanto, não a convenceu. Não de imediato. A Altairiana usou todo o chikara que lhe restou para fazer cair uma tempestade de neve tão forte, tão abundante, que em alguns míseros segundos soterrou completamente suas três rivais. Toneladas e toneladas de neve pesavam sobre elas. As quatro lutadoras ficaram imóveis, em iguais condições, de certo modo. Uma quantia exorbitante de sangue escapava da ferida que Kin lhe fez. Eu as detive, fechou os olhos.

A Praça do Céu foi quase toda destruída, seu piso estava cheio de crateras, só o que restou de pé nela, ainda que cambaleante, foi seu velho museu. Por enquanto. Os dois combatentes que em seu centro se defrontavam davam tudo de si e não estavam nem um pouco preocupados com a arquitetura do local escolhido para campo de batalha, tampouco com o tempo de que precisariam para dar fim a aquele embate. Os dois sabiam que alguém iria morrer ali. Hizashi apostava que seria Hanzuki, Hanzuki, se fosse, esperava levá-lo junto.

Infelizmente, o Guardião da Terra já mostrava sinais de exaustão. Se aproximava de seus limites. Seu jovem competidor, por outro lado, no máximo ficou com a respiração um pouco mais sôfrega, mas tinha fôlego o suficiente para, se necessário, arrastar aquela contenda até o dia seguinte. Hanzuki acabava de se dar conta disso, no meio da atual troca de socos ultravelozes deles, na qual Hizashi mantinha o ritmo sem muito esforço e ele ia reduzindo-o aos poucos. Se queria pará-lo, teria que levar a disputa para o âmbito técnico.

O ancião parou o soco do inimigo com os braços e recuou. No decorrer disso, o primeiro ministro do Reino de Altair arremessou contra ele seus turbilhões trituradores de vento, Hanzuki saltou para a esquerda e desviou-se do primeiro, pulou para a direita e saiu da frente do segundo, todavia foi pego em cheio no meio por turbilhão que caiu de cima e o explodiu. Seu corpo, ainda que ferido, fatigado, resistiu, mas de sua camisa só restou a metade direita.

Hizashi correu até o guardião e acertou uma joelhada na cara dele, Hanzuki caiu para trás, sentado, reergueu-se rápido, protegeu o rosto de um direto de direita do ministro, aparou um jab de esquerda e levou um cruzado de direita na cara, caiu por terra. Estava de quatro. Não podia derrotá-lo. Quando, com sua visão turva, olhou o Altairiano de cima a baixo, sua mente foi abatida por um temporal de lembranças. Retornou para o tempo em que o homem que tão cruelmente o estava agredindo agora era somente um menino, se viu pensando nos momentos que o treinou junto a Meisa, Keiko e Hayate. Recordara-se de vê-lo sorrir. Eu fui realmente um velho tolo.

O governante de Altair encheu o punho direito de energia, fez girar um turbilhão de ventos cortantes nela e, olhando Hanzuki de cima, deu uma risada.

— Nunca despertou sua essência. Salta a vista que, apesar disso, seja tão forte. Eu ouvi que, vinte anos atrás, você era o único na Via Láctea capaz de fazer frente a Yume, Azin e Santsuki, o que mais se aproximava do poder da "Trindade Galática". Hoje, você não é nem a casca disso. — Insultou-o, permitindo que ele se pusesse de pé. Assim que o ancião se recompôs, usou a mão energizada para desferir um soco no estômago dele e facilmente o atravessou, viu seu punho ressurgir nas costas do velho. — Hoje você morre.

Semimorto, Hanzuki segurou seu braço com firmeza e o olhou nos olhos.

— Você tem razão quando diz que, como retalhador, eu não sou mais nada comparado ao que já fui. Mas tem uma coisa que você não sabe sobre mim. — Avisou o moribundo. Um clarão prateado iluminou seus rostos e cegou o primeiro ministro. — Eu despertei minha essência!

Em seu último gesto vivo, o Guardião da Terra de Áries explodiu o peitoral e parte do abdômen do sujeito que ameaçava a ordem em seu mundo. Cada um saiu voando para um lado. Velho desgraçado, Hizashi se sentou enfurecido, lotou as mãos de chikara e disparou, contra o cadáver de seu rival, outro de seus devastadores ataques. Eles teriam atingido Hanzuki e o trucidado se Naomi não tivesse pulado na frente e os anulado com as mãos. Quanto poder, ela pensou, surpresa com a dificuldade que teve para secar os turbilhões, apesar do estado de Hizashi.

Haru acolheu consigo o corpo sem vida do guardião.

— Senhor Hanzuki? Velhote? — O ruivinho tentava despertá-lo. Em vão.

— Fica esperto, Haru. — Yue o alertou. — Ele está machucado, mas ainda é um dos doze ministros da Terra de Áries.

Naomi concordou:

— Yue tem razão. Até a ajuda chegar, temos que nos preparar pra tudo.

Ao dizer "a ajuda", a francesa se referia a Kin e Arashi, os dois ficaram com Yuna para tentar descobrir o que aconteceu com os outros dez ministros. O guerreiro glacial esperou pela namorada, que, agachada, ainda tirava neve de dentro das orelhas, depois lhe deu a mão para ajudá-la a ficar de pé e foi até Yuna. Como partiu da Assassina da Neve a decisão de deixar Kin e as garotas saírem de baixo da montanha de neve, eles concluíram que ela havia abandonado os ideais de Hizashi.

Cansado, dolorido, Arashi sentou-se ao lado da Altairiana.

— Você ainda pode sobreviver, essa ferida não foi muito profunda. Podemos chamar uma ambulância, depois disso você irá a julgamento e talvez nem vá presa, só ganha uma pulseira que coíbe seus poderes e sua força. Terá a chance de levar uma vida longa e normal. — Arashi calmamente lhe dizia. — Mas preciso que nos diga o que Hizashi fez com os ministros e como podemos trazê-los de volta.

Diante da possibilidade de levar, nas palavras de Arashi, "uma vida longa e normal", a ouvinte pensou no bebê que gerou há mais ou menos sete meses. A luz de um novo amor brilhou em seu coração. Sentia-se no dever de educar aquela criança, de amá-la e lhe dar um lar. Tudo o que teve por pouco tempo quando era menininha. Lágrimas escorreram de seus olhos. Arashi salvava sua vida novamente, como quando eram crianças na manhã do massacre.

Os adversários de Hizashi, enquanto isso, estavam em maus lençóis. Yue acertou em cheio no que disse sobre ele, que se divertia arremessando seus ataques sobre os três para ver até quando Naomi suportaria suprimi-los. Ela não acreditava no quão poderoso aquele facínora era. Numa daquelas, o primeiro ministro sentiu o ferimento queimar abrasadoramente. Estava determinado a matar o trio, começando pela francesa, quando sentiu linhas puxarem seu corpo para baixo e um punho atingir sua cara com uma força brutal, arremessando-o contra o chão.

Hayate. Haru riu, sabia que ele estava vindo e foi quem o deixou invisível.

Imponente, o primeiro ministro do Reino de Órion disse:

— Acabou, Hizashi.

Os outros dez ministros apareceram e se puseram ao lado de Hayate para esperar alguma reação do Altairiano. Ele estava esgotado. Aquele foi realmente o fim de seu grande plano. Com a volta dos ministros para seus respectivos reinos, os ataques dos rebeldes foram facilmente neutralizados, naquele mesmo dia. A ordem foi restabelecida. A manhã seguinte foi marcada pelo enterro de Hanzuki, que contou com uma comovente cerimônia, a presença de todos os onze ministros e a de milhões de pessoas, que se revezavam para ir até o caixão e dar seu adeus ao ancião.

A noite, assim que saiu do hospital, a líder da equipe dos retalhadores de elite reuniu todos os seus amigos em sua espaçosa sala de estar de paredes e teto amarelos. Hayate queria dar um informe urgente. Kin, Arashi, Mahina, Kenichi, Kande, Gray, Hana, Inari, Emi e Shin, vestidos com o uniforme preto e branco do grupo, formaram uma linha na frente do sofá para ouvir o honorável ministro Orioniano, que, como sempre, trajava terno preto e camisa social azul clara.

— Primeiramente peço perdão pela minha ausência nesses dias. Foi algo de suma importância. — Começou. A insistência dele em manter sigilo sobre a razão de sua ausência chamou a atenção de Arashi. — Quero agradecer a presença de todos e seus trabalhos por esse reino. O que vocês fizeram pela Terra de Áries hoje foi indescritível, e falo isso em nome de todos os outros dez ministros. Também pelo do senhor Hanzuki, que iria adorar estar aqui. Não há palavras que possamos usar para expressar a gratidão que vocês merecem. Mas não foi unicamente por isso que pedi que se reunissem aqui hoje. Eu quero lhes comunicar a minha demissão do meu cargo e o meu adeus, assim como comuniquei aos ministros, porque nutro por vocês o mesmo respeito que por eles.

Conversas se espalharam pela sala e o interromperam. Kin e Arashi trocaram olhares, provavelmente eram os únicos no mundo que sabiam, antes de Hayate dizer, que ele não veio para ficar. O casal estava preocupado com o futuro da Terra sem Hayate por perto, mas ficaram tristes, principalmente. Afinal, era um amigo de longa data que os estava deixando. Na escada, Haru abaixou a cabeça. Yue, de pé na frente dele, fez carinho em seus cabelos ruivos para consolá-lo.

— No mundo inteiro não há um ministro tão satisfeito e orgulhoso quanto eu com a equipe de retalhadores de elite que defende seu reino. Vocês são o que a Terra tem de melhor. Permaneçam juntos. — Pediu Hayate. Como já era de se esperar, Mahina foi a primeira a começar a chorar, Kin foi logo depois dela. As lágrimas surpreendentes foram as de Gray, alguém que todos julgavam superficial e egoísta. — Também quero comunicar algumas promoções e dizer que tive a bênção de todos os outros dez ministros. A partir de hoje, Keiko será a Guardiã da Terra. Kin, você e Arashi serão os novos primeiros ministros do Reino de Órion. Mahina, você vai liderar a equipe dos Retalhadores de Elite e ficará encarregada de encontrar uma nova dupla para substituir Kin e Arashi. Isso é tudo.

Aplausos explodiram. Ninguém ficou insatisfeito com as mudanças feitas, mas todos estavam tristes e temerosos com a partida de Hayate. Kin e Arashi ainda estavam absorvendo a notícia, pensando no peso da responsabilidade que caíra sobre seus ombros. O casal de retalhadores compreendeu que a tenra idade que tinham tornava um e o outro individualmente não qualificados para o cargo, que demandava experiência e saber lidar com burocracia, mas, assim como quem os promoveu, tinham a esperança de juntos conseguirem formar o governante certo e cuidar do Reino de Órion da melhor forma.


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