Os Retalhadores de Áries escrita por Haru


Capítulo 3
— Calmo como uma brisa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/795576/chapter/3

— Calmo como uma brisa

Hayate estava desaparecido há três dias. O guardião da Terra de Áries, ancião Hanzuki, convocou uma reunião de emergência envolvendo os líderes das doze nações, porque uma decisão precisava ser tomada sobre o destino do já fragilizado Reino de Órion. Todas as figuras sentadas a mesa dourada da grande sala de pisos brancos onde aconteciam os debates estavam nervosas. Tanto quanto Hanzuki, elas queriam respostas, o sumiço de Hayate não afetava apenas Órion, dizia respeito ao planeta inteiro.

Quase todos estavam nervosos. Hizashi reservava no olhar, na postura e na fala uma calma funesta, incompreensível para quem observara. Sua grisalha franja ondulada, caída sobre parte de seu rosto alvo, não ocultava a frieza de seus olhos castanhos claros, sua comprida face magra, que passava a impressão de ter ficado ainda mais magra devido a camisa negra de gola rolê que ele vestia, encarava a parede. As discussões a seu redor aconteciam há cerca de uma hora. Voltaram a lhe pedir uma opinião.

O primeiro ministro do Reino de Altair se pôs de pé em silêncio, atraindo para si todos os olhares em volta, fitou o rosto de cada um e, de repente, um poder, emanado dele, envolveu toda a sala. Kin ficou de guarda lá em baixo, do lado de fora, e tudo o que ouviu foi uma explosão. Olhou alarmada para a fonte do estrondo. A sede da reunião dos doze ministros estava destruída e os destroços caíam sobre ela, que se esquivava deles e os fatiava com sua espada dourada de luz.

Nenhum dos ministros sabia explicar o que aconteceu, tampouco Hanzuki, mas todos na sala tinham certeza de que Hizashi fizera algo. Apesar da explosão, o salão da reunião, junto com tudo o que estava dentro dele, permanecia intacto.

— Hizashi, o que está acontecendo?! — O ancião levantou e se insurgiu contra ele. O jovem a quem dirigiu sua pergunta deu somente uma risada, o confundindo ainda mais.

— A Terra de Áries está para ser minha, como eu disse um dia. E todos vocês, junto com esse sistema falido, vão sumir de cena. — Afirmou, chocando a todos. Seus outrora companheiros tentaram atacá-lo, mas descobriram-se paralisados em suas cadeiras. Muito obrigado, Yuna, agradeceu mentalmente à sua fiel aliada, autora da armadilha que estava aprisionando os ministros. — Serão os primeiros a pagar por todas a humilhação que me fizeram passar nas mãos do miserável do Santsuki... e depois, com esse mundo em minhas mãos, eu vou atrás dele.

— Hizashi, seu desgraçado! — Keiko, a jovem governante do Reino de Bellatrix, bradou contra ele. A força da técnica que os aprisionava era tremenda, tanto que ela não conseguiu dizer mais nada. O infeliz os pegou mesmo de surpresa. Conhecia-o desde criança, o ouviu realmente falar sobre vingança, mas, com o passar dos anos, achou que ele se esqueceu disso. Achou que haviam se tornado amigos. Estava enganada. Tudo o que Hizashi esperou, esse tempo todo, foi pelo momento propício para agir, um em que a Terra estivesse fragilizada, e não existia hora melhor para tentar dominá-la do que uma em que o maior império dela, o Reino de Órion, quedara devastado.

— Volto em breve, velha amiga. — Foi a despedida do rato traiçoeiro.

A sede onde ocorria a reunião não foi destruída: Yuna a reduziu ao tamanho de um floco de neve — conversão que afetou tudo no interior dela, inclusive os ministros. Ao sinal de Hizashi, Yuna o retirou de lá e o fez recuperar seu tamanho normal. No meio disso tudo, uma pergunta ilustrava-se na mente de Keiko e dos outros: onde estava Hayate? Ele era a última chance da Terra de Áries.

Nas alturas, com suas fulgurantes asas douradas, Kin olhava distraída para os restos da sede, mas de repente foi atacada pelas costas. Sua habilidade sensitiva a avisou previamente de uma presença hostil em sua retaguarda, então, ainda que por muito pouco, se abaixou, esquivou-se e contra-atacou girando e desferindo um corte com sua espada de luz. Sua adversária usou um floco de neve enorme como escudo, mas este foi facilmente fatiado pela lâmina da loira, só serviu para atrasar o corte efetuado por ela e lhe dar tempo para recuar.

As duas estavam em terra firme, frente a frente. A oponente de Kin era ninguém mais ninguém menos do que Yuna, que resolveu matá-la logo por ver nela um potencial empecilho nos seus planos e nos de Hizashi. O desaparecimento de Hayate, a reunião dos ministros e agora isso. A retalhadora de elite suspeitava que algo grande estava acontecendo, que uma crise inédita estava tendo início na Terra, e se queria saber especificamente de que se tratava, se desejava fazer algo, precisava, antes de tudo, vencer aquela luta.

Cheias de determinação no olhar, as lutadoras partiram para o ataque. Kin podia não saber quem era ela, só o que ouviu foram histórias sobre uma retalhadora que criava e manipulava neve, mas Yuna tinha perfeita ciência de quem Kin era e a respeitava, não esperava uma batalha fácil. Foi avisada de que a retalhadora de elite estava mais fraca e vulnerável devido aos seis meses que passou sem treinar devidamente e se exercitar, o que a encorajava.

Nas demais nações da Terra, enquanto isso, supostos aliados se revelavam traidores e matavam aqueles de quem dependeram em outras horas. Ao decorrer dos anos, Hizashi conseguiu corromper milhões de pessoas, usou o ódio que elas sentiam por Santsuki para fazerem-nas cooperarem com seus objetivos, então além de ter o exército de seu próprio reino sob seu comando, ele tinha, espalhados pelo mundo, incontáveis espiões infiltrados nas mais variadas funções. Após mais de uma década, o plano finalmente estava sendo posto em prática.

Nem mesmo o já castigado Reino de Órion estava sendo poupado da revolta, centenas de conflitos civis espocavam pelas ruas dele, ainda em processo de reconstrução. Em casa, Arashi dormia despreocupadamente no sofá cinza escuro de sua sala de estar, pois assim como o reino, ele não se recuperara totalmente da explosão da qual foi vítima há seis meses. Acordou graças a um grito de sua irmã, que preparava algo na cozinha. Alguns retalhadores haviam pisado a porta dos fundos, invadido sua casa e estavam ameaçando Shiori.

— Vão embora! Eu sou uma civil, não há retalhador algum aqui! — Exclamou, ante as insistências deles. Assustada, armou guarda pondo os braços na frente do vestido verde claro de alças finas e saia rodada que usava e apoiou-se na pia de mármore.

— Sabemos que está mentindo... — O mais velho e mais forte dos três invasores progrediu alguns passos na direção da garota. — Diga onde ele está ou você morre agora!

Estava com medo, mas jamais entregaria seu irmão. Assim que o autor da ameaça se moveu para cumpri-la, Arashi entrou na frente da garota, enterrou uma faca de gelo no coração do pretenso carrasco dela e o arremessou morto para fora da casa. Os outros dois tentaram atacá-lo, mas foram facilmente assassinados e atirados porta a fora feito lixos, tão rápido que Shiori não conseguiu nem ver nada, só ouvir os passos no assoalho de madeira natural que formava o piso da cozinha. Passado o susto, Arashi bateu a porta para que sua sensível irmã não visse os cadáveres, a abraçou e deitou o rosto dela em sua camiseta branca sem figuras enquanto a ouvia chorar.

Sentou-se a mesa da cozinha com ela até tranquilizá-la. No meio disso, entrou em contato com Haru. Quando conseguiu acalmar sua irmã, voltou para a sala, calçou um par de botas pretas como a calça que estava usando, vestiu uma jaqueta cinza, sentou-se com Shiori e a abraçou de novo.

— Eu vou te levar até a casa da Kin e preciso que você fique lá, o Haru, a Naomi e a Yue te farão companhia e não deixarão que nada te aconteça. — Explicou. A menina, abalada, balançou a cabeça em concordância.

— Depois você vai pra onde? — Perguntou. Sabia que ele não estava em perfeito estado de saúde.

— Haru me contou que o que aconteceu aqui está acontecendo em todo o mundo, então eu vou até a sede da reunião dos ministros para descobrir o que é isso. — Respondeu. Tentou ficar de pé, mas uma tonteira seguida de uma grande fraqueza nas pernas quase o levaram ao chão, Shiori o apoiou nela. Foi porque eu usei minha essência, disse a si mesmo, consternado.

— Você ainda não tá legal, não se envolva em outra luta! — Ela o exortou.

— Vou ficar bem, contanto que não use meus poderes... — Acreditava. Seu corpo ainda estava muito fraco para suportar a passagem de chikara.

Os outros Retalhadores de Elite se juntaram à Força Policial para conter os avanços dos rebeldes, mas vários membros até mesmo da Força Policial se revelavam traidores. Até o momento, no Reino de Órion, a única equipe que se mostrou livre de infiltrados foi a liderada por Kin.

Gray, o loiro vaidoso, Shin, o asiático de pavio curto, Kande, a morena preguiçosa, Kenichi e Mahina se reuniram no ponto que contava com a maior quantidade de revoltados e faziam frente a eles. Mahina chamou Kin para perguntar o que estava havendo e onde ela havia se metido, mas a loira não lhe respondeu. Soube que sua líder foi escalada sozinha para fazer a guarda da reunião, por isso pressentia que ela estava em apuros.

Um pressentimento acertado, por azar. Após recuar o rosto e esquivar-se de um corte desferido por Kin, Yuna encobriu o braço com um floco de neve do tamanho de uma roda de caminhão, repleto de pontas afiadas, e contra-atacou antes da retalhadora de elite poder remontar a guarda.

Kin completou o giro que começou no corte falho que efetuou contra Yuna, se abaixou, escapou da morte mas não saiu ilesa, ganhou um corte que se estendia de sua região lombar até seu abdômen. Imediatamente deu um salto para trás e se afastou da seguidora de Hizashi, longe dela, arrancou a metade de baixo de sua camiseta branca para examinar o ferimento. Superficial, mas expelia muito sangue. Só então viu quão perto esteve da morte.

Vários outros flocos de neve, menores que aquele que foi usado para atingir Kin, surgiram nos braços de Yuna, que os arremessou na adversária como se fossem shurikens. A loira esquivou-se do primeiro, não sem se assustar com a velocidade dele. O segundo, o terceiro, o quarto e o quinto não tardaram a vir, Kin habilmente desviou-se de todos e partiu para o contra-ataque, entretanto, seu alvo fez voltar como um bumerangue o primeiro floco que lançou, na direção de suas costas. A guerreira de elite estava sem escapatória, sua morte parecia certa até Emi entrar na frente do floco afiado e pará-lo com uma barreira de energia rosa clara.

— Você parece mais devagar, loira. — Emi, sorridente, murmurou. Era outra integrante da equipe de elite chefiada por Kin. — Eu não sabia que podíamos cortar a camiseta do uniforme da equipe desse jeito... essa barriguinha a amostra ficou indecente, não combina com você.

O último comentário dela desconcertou Kin.

— Cala essa boca! — A loira exclamou. — Ela quase me matou, se vai ficar, não perca o foco!

— Calma, não precisa ficar bravinha... — Retrucou Emi, pondo-se ao lado dela. Ajeitou as curtas tranças castanhas claras nas costas, subiu e desceu os olhos violeta claros na figura da oponente e ergueu seus braços magros em guarda. Mais alta do que Kin, muito embora ambas tivessem apenas dezoito anos, tinha fama de ser a mais cruel entre os dez retalhadores de elite. — Você me conhece, já lutamos juntas, sabe que gosto de descontrair.

Yuna impiedosamente as atacou com inúmeras de suas lâminas de neve, durante os disparos Emi usou um cercado de energia para manter Kin e a si mesma protegidas. O local da luta, um pequeno bosque próximo da sede da reunião, sofreu uma mudança radical de aparência graças aos flocos que se chocaram com o escudo de Emi e se despedaçaram pelo chão. Através da barreira que usava para impedir os tiros da inimiga de lhe acertar, Emi disparou espinhos, pondo entre eles agulhas cuja finura as tornava quase imperceptível.

Forçada a se defender, Yuna alçou dezenas de flocos de neve e os fez girar como cataventos na frente dos espinhos e das agulhas. Algumas das agulhas passaram e a acertaram. Emi deu uma risada provocativa quando viu um corte se abrir na bochecha de sua adversária e uma gota de sangue manchar-lhe o rosto. A enigmática oponente das duas, inexpressiva, limpou a face com dois dedos e observou a premência de acabar com aquela batalha o quanto antes.

— Meus parabéns, você a irritou! — Notou Kin, preparada para ver o combate atingir um novo nível. — Tem alguma outra ideia brilhante? Não, né? Me dá cobertura!

Kin saiu de trás do escudo de Emi e partiu para cima de Yuna. Ao longo da investida de sua líder, Emi atacava Yuna com espinhos e agulhas, cumpria com seu trabalho de facilitar o caminho da loira até a retalhadora de cabelos azuis escuros. Ao enfim chegar nela, Kin tentou cortá-la centenas de vezes com sua espada de luz dourada, só que a errou em todas elas. Prosseguiu tentando, o que estava conseguindo, por outro lado, era forçá-la a recuar e obrigá-la a ficar na defensiva, então teve a ideia de, no meio de um desses cortes super rápidos, distraí-la fazendo a mão livre brilhar. Conseguiu.

O clarão na mão esquerda de Kin atraiu a atenção de Yuna, pois a principal preocupação dos inimigos da retalhadora de elite eram os disparos de luz dela, que eram feitos depois de um acúmulo de energia numa das mãos. A guerreira de cabelos encaracolados tirou proveito da perda de foco dela e tentou atravessar-lhe com a espada, Yuna, por reflexo, pôs uma das mãos na frente e desviou a lâmina da rota de seu coração, mas teve a mão e o ombro esquerdo severamente transpassados. Kin a olhou nos olhos e empurrou a lâmina mais fundo. Ela não sente dor, tal foi o espanto da loira, diante da impassibilidade de sua vítima. Mal sabia ela o que Yuna preparava.

A temperatura despencou rigorosamente, o céu, tão repentinamente quanto, ficou cinza. Yuna deu um cruzado de esquerda na cara de Kin, afastando-a de si. Uma tempestade de neve levou poucos segundos para converter em branco todo o verde natural da paisagem, as duas retalhadoras de elite sabiam que aquilo era obra dela e que não era coisa boa ficarem paradas naquele meio, Emi correu para perto de Kin e, junto com ela, se refugiou da chuva abaixo de um retângulo de energia rosado.

Nenhuma das duas esperava por uma investida vinda de dentro terra e teriam sido mortas pelos flocos que estava saindo do chão sob seus pés, se Arashi não os tivesse paralisado petrificando-os, transformando-os em gelo puro. Yuna olhou para trás, removeu do ombro a espada de Kin e proferiu suas primeiras palavras desde que começou a lutar naquele dia:

— Arashi Suzume.

O guerreiro glacial, debilitado, retrucou:

— Yuna Mitari. Então você é a "Assassina da Neve"? Jamais teria imaginado.

Kin e Emi juntaram-se a ele às pressas.

— Você a conhece? — Seu par na equipe de elite o questionou.

— Ela vivia no mesmo vilarejo que eu, antes do massacre do Santsuki. — Contou. Sabia que ela trabalhava com Hizashi, que era a guarda-costas dele, quando a viu lutar contra Kin e Emi, deduziu que eles estavam por trás de todo aquele caos que se alastrou pelo mundo, só não sabia ainda a real motivação deles. — Por que estão fazendo isso?

— Um novo tempo se iniciará na Terra de Áries. — Começou Yuna. — Depois de dar fim ao sistema falido de Yume e acabar com todos vocês, nós mataremos Santsuki. Vou lhes dar a última chance, já que também foram vítimas dele. Juntem-se a nós.

— Então é tudo sobre vingança? — Ele replicou. — Vamos rejeitar sua proposta e fazer uma contraproposta. Pare com isso, agora. Você foi vítima da manipulação do lunático do Hizashi.

Toda a neve que vinha do céu, Yuna transformou em pequenas serras mortais. Emi construiu uma tenda com seu poder e, junto com seus aliados, protegeu-se delas. Arashi havia convertido todo o chão numa pista de gelo, de modo que a possibilidade de ataques vindos de baixo estava anulada. Isso, no entanto, lhe custou caro: provocou-lhe uma dor tão forte no peito que o deixou prostrado. Logo que percebeu, Kin o apoiou em si e ajudou-o a permanecer de pé.

— Não faça mais esforço físico nenhum, tá? Deixe isso com a gente. — Falou Kin. Ele consentiu.

— E como vamos vencê-la, chefona? — Emi se intrometeu. — Não temos a eternidade pra decidir isso, eu não vou aguentar sustentar essa defesa por muito mais tempo. O campo de batalha é todo dela, quem sair daqui, morre.

As duas olharam para Arashi, ele era o responsável pelas estratégias. O guerreiro glacial abaixou o olhar e tentou pensar em algo. Enquanto ele fazia isso, Yuna duplicava, triplicava a força, a quantidade e a violência de seus ataques, só aguardava. Sabia que em algum momento um dos três precisaria sair. Não entendia a recusa de Arashi em colaborar com Hizashi. O guerreiro glacial sofreu tanto quanto ela, viu todos os que conhecia e amava morrerem, como ele não fez de exterminar Santsuki a sua meta de vida? Mas não importava. Quem os atrapalhasse nisso deveria morrer.

Era apenas uma menininha quando aquele monstro matou seus pais e suas irmãs na sua frente, quando, por culpa dele, vagou pelo mundo mendigando, dormindo com fome, frio, sede, ao relento. Viveu entre os cães até Hizashi encontrá-la. Ele a treinou, lhe deu um lar e, o mais importante, um sentido para viver. Se morresse fazendo qualquer outra coisa que não fosse ajudar o plano de Hizashi a progredir, estaria sendo ingrata. Teria falhado. Jamais pararia, nunca desistiria. Sua falta de reação ao ferimento que Kin lhe infligiu se explicava por sua indiferença a tudo o que a desviasse de seu objetivo.

Uma lança gigantesca brotou da dianteira da defesa de Emi. Uma distração?, Yuna pensava, tentando prever os passos de seus inimigos. Olhou para os lados e não viu ninguém, usou seu poder para envolver e imobilizar a lança de energia concreta de Emi com um braço de neve. A lança, de repente, começou a brilhar. Uma explosão aconteceu, neve e luz se espalharam para todos os lados. Silêncio. Emi, com uma faca na mão, surgiu a esquerda de Yuna, tentou perfurá-la no peito, Yuna se esquivou, Kin apareceu do outro lado com a espada dourada de luz nas mãos, pronta para matá-la, mas sua arma colidiu com um redemoinho e voou de suas mãos.

O redemoinho, a neve e a poeira se assentaram. Hizashi havia salvo a vida de Yuna e agora posava ao lado dela para encarar os três retalhadores de elite. Em condições normais eles talvez nem juntos venceriam o primeiro ministro, naquele cenário, com Kin enfraquecida, Arashi abatido e Yuna o ajudando, definitivamente não tinham a menor chance de vencer — o trio sabia disso, o que justificava a total falta de esperança em seus olhares. Para a sorte deles, o primeiro ministro do Reino de Altair tinha outros planos.

— Yuna, me acompanhe por favor. — Pediu, de costas para os retalhadores de elite. — Não se preocupe com seus amigos, você voltará a vê-los hoje mesmo. — Alegou, desdenhosamente os olhando por cima do ombro. A garota, em resposta, assentiu com um gesto sério e decidido de cabeça.

Arashi não podia deixar os dois irem sem alfinetá-los com sua ácida ironia:

— O primeiro ministro do majestoso Reino de Altair está se aproveitando da fragilidade do Reino de Órion e da ausência de Hayate para aprontar. Quando o gato sai, os ratos fazem a festa, não é? Achei que você fosse mais orgulhoso.

Yuna quase o atacou por chamá-los de ratos, Hizashi pôs o braço na frente dela e a deteve.

— Desculpe desapontá-lo, herói. Mas você, melhor que qualquer um aqui, entende que algumas coisas devem ser sacrificadas pelo bem de outras. — O ministro limitou-se a responder, antes de sumir.

Atendendo uma ordem de Kin, Emi foi para a Fronteira do Norte ajudar Inari, Hana e Shin a barrarem a entrada de alguns rebeldes. Kin voltou para casa com Arashi porque queriam pedir a ajuda de Haru e de Yue e porque o Guerreiro Glacial precisava de uma pausa. Porém, não podiam perder a localização de Hizashi, tinham que saber pra onde ele foi e o que houve com Hanzuki e os outros dez ministros. Nem Hizashi poderia com todos eles sozinho. Resumindo: não era mais apenas o Reino de Órion que dependia deles, era o mundo inteiro.

Assim que cruzou a porta da casa de Kin, Arashi foi recebido com um abraço por Shiori. Estava trêmula de preocupação. Parou no sofá com ela, Kin, Haru, Yue e Naomi e lhes contou tudo o que sabia. Depois de escutá-lo, Haru se sentou no último degrau da escadaria ao lado do sofá para procurar pelos ministros usando sua habilidade e em poucos instantes voltou com boas notícias. Disse a todos que os líderes das outras nações estavam em sérios apuros, que de algum modo eles foram aprisionados num lugar desconhecido, mas que estavam bem.

— Conseguiu achar o Hizashi? — Foi a pergunta feita por Arashi.

— Consegui, ele não tá muito longe do Reino de Altair, mas tá cercado de uns retalhadores bem sinistros.

Kin não aguentava mais ficar parada.

— Yue e Naomi, vocês vêm comigo. Haru, fique aqui, proteja o Arashi e a Shiori e continue procurando pelo Hayate. — Disse. Lembrou que vestia metade da camiseta original de seu uniforme de equipe, que a rasgou para verificar a profundidade da ferida. — Assim que eu trocar de camisa nós três saímos.

Todos concordaram com as divisões feitas por ela, Arashi mais do que qualquer um, pois queria ter Haru por perto caso Kin se metesse em problemas e sabia também que, por seus poderes, Haru era a pessoa mais qualificada para manter Shiori a salvo. Seu maior medo era sua namorada e as garotas darem de cara com Hizashi, mas, se ele não os matou na última vez que esbarraram com ele, não seria na próxima que o faria. Provavelmente era arrogante demais para "sujar as mãos com crianças".


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Retalhadores de Áries" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.