Os Retalhadores de Áries escrita por Haru


Capítulo 17
— Assuntos pendentes




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— Assuntos pendentes

Como a líder da Equipe dos Retalhadores de Órion, era de Mahina o dever de fazer um discurso no velório de qualquer um dos membros do grupo, mas ela definitivamente não estava em condições. Kin engessou o braço há só dois dias, estava com intensas dores nele e também não conseguia parar de chorar, então Arashi não pôde dizer "não". Coube a ele falar e homenagear o herói. Ao som das sérias e honrosas palavras do guerreiro glacial, os amigos do falecido se abeiravam do caixão aberto e, em lágrimas, se despediam. O sentimento geral era um misto de descrença com tristeza.

Shin se avizinhou do caixão marrom escuro de madeira maciça. Só quando seus olhos bateram no cadáver do ruivo a ficha caiu para ele. O Kenichi... morreu, foi o pensamento que preencheu sua mente vazia, e as memórias de suas discussões com o finado vieram sem cessar. Costumavam xingar, gritar e ameaçar um ao outro, acabavam brigando quase sempre que ficavam cinco minutos no mesmo ambiente, todavia, foi diferente na última ocasião que estiveram a sós: trocaram ofensas novamente, mas antes de caírem no soco, Kenichi pediu para adiarem a luta e sorriu. "Fala como o Kenichi, tem a cara dele, a voz dele, mas não parece com ele", lembrou-se de ter pensado na hora do ocorrido.

A sala que escolheram para velar o soldado de elite não era das maiores, foi uma bem do tipo que ele teria gostado. Compuseram seu piso com material de quartzo branco amarronzado, suas estreitas paredes foram muito bem pintadas com uma fina tinta alva e o teto, enfeitado com apenas quatro lâmpadas douradas, foi tingido de um rosa quase níveo. O orador, de terno e gravata como os rapazes presentes, se situava no topo do caixão, os demais pararam juntos a poucos metros de distância dos pés do morto. Excetuando os pais de Mahina, só os ex-colegas de equipe do defunto estavam ali. Seus amigos, como o próprio os chamou em vida.

A última a vê-lo foi a pessoa de quem ele mais gostava, por quem ele se dispôs a declarar guerra sozinho contra o Reino de Bellatrix. Diferente das garotas, ela não veio com um elegante vestido negro: usava uma calça cinza clara de moletom, uma camiseta branca bastante larga e estava com o rosto borrado de maquiagem. Amparada no pai e na mãe, a garota foi até lá e chorou sobre a serena face do valente lutador. Seus pais nunca puderam lhe dar irmãos, quem lhe deu um foram Hayate e Kin ao permitirem que Kenichi fizesse o teste para ingressar naquela organização. Sua felicidade quando o ouviu confessar que se sentia da mesma forma foi sem igual. "Você também é minha favorita", ele disse. "Os outros são meus amigos, você é minha irmã."

Tomou uma decisão na manhã daquele dia e precisava comunicá-la a Kin. Depois de dizer adeus ao seu irmão, pediu licença aos pais, foi até a loira e lhe disse baixinho que queria falar com ela no fim do velório. Arashi reparou nisso mas continuou a falar como se não tivesse visto nada. Chegou a hora de contar a todos sua última experiência com Kenichi:

— Ele me pediu a revanche com a qual sempre sonhou, nós dois lutamos e eu fui derrotado num piscar de olhos. — Deu uma risada. — Eu fui o primeiro aqui a saber que ele era o retalhador mais forte do mundo. Assim como eu fiz com ele na nossa primeira luta, Kenichi me estendeu a mão depois que recuperei a consciência mas me falou pra eu não contar pra ninguém que eu tinha sido vencido por ele. Sempre admirei isso nele. Ele não queria parecer, queria ser. Nunca se importou com o que os outros diziam, as únicas opiniões sobre ele que importavam para ele eram a dele mesmo... e a da Mahina. — Olhou-a fixamente e prosseguiu: — O Kenichi me falou que você foi a pessoa mais verdadeira que ele conheceu. Ele se irritava facilmente, adorava brigar, era impulsivo mas desde que pisou pela primeira vez no Reino de Órion, quando era um menininho, sabia que o eterno tem mais valor do que o efêmero. Em suas últimas palavras disse que imortalizaria seu nome na história do nosso reino. Assim foi feito.

Arashi sinalizou para Gray com os olhos. O loiro e Inari entenderam isso como o fim do monólogo fúnebre e fecharam o caixão com delicadeza, em silêncio, e os pais da angustiada líder da ordem de defesa de Órion precisaram abraçá-la e distanciá-la da esquife para que os retalhadores conseguissem concluir o ritual. Ela estava completamente quebrada por dentro, pranteava e soluçava como uma criança. Todos a fitaram muito compadecidos e preocupados. Prosseguindo com o rito, Kande e Hana taparam o ataúde com um grande lençol branco. No centro dele brilhava o respeitado e ansiado símbolo do signo de Áries.

O primeiro ministro colocou as mãos no ferro de apoio do sepulcro e ajudou os outros orionianos a alçarem-no. Em seguida, calmamente levou-o com eles para fora da sala. Mahina e Kin ficaram a sós. As duas se abraçaram, Kin acariciou os cabelos da amiga e lhe disse repetidamente que aquela dor passaria, que tudo ficaria bem. Encerrado o caloroso gesto, Mahina segurou a mão da ministra e tentou pensar no jeito mais fácil de dizer o que queria.

— Eu estou deixando a equipe dos retalhadores de elite e abandonando o posto de retalhadora. — Resolveu ir direto ao ponto. Sob o olhar de espanto de sua chefe, se explicou melhor, se abriu com ela: — Não posso mais fazer isso, Kin. Eu nunca gostei de lutar, fazia isso acreditando que estava ajudando nosso mundo a melhorar, mas... tem tanta tragédia acontecendo por aí que... que eu nem sei se isso é possível. E agora eu perdi uma das pessoas que eu mais amava nesse mundo! É isso. Não dá mais.

A loirinha nada respondeu, apenas a abraçou quando ela parou de falar. Se espantou quando Mahina pediu demissão porque nunca imaginou aquela equipe sem ela, por emoção, mas já há muito tinha certeza de que a veria fazer isso uma hora ou outra, sempre soube que ela não gostava das coisas que a profissão a obrigava a fazer e disse isso a Arashi e Hayate várias vezes. Provavelmente só durou tanto tempo no cargo por influência indireta de Kenichi. Viu determinação nos olhos de Mahina, ainda que oculta sob uma densa camada de aflição. Sabia que nada do que dissesse a faria mudar de ideia.

Enxugou com o polegar uma pequena lágrima que percorreu a bochecha direita da ex-retalhadora. Suas próximas palavras não se dirigiram à uma soldada do Reino de Órion, não partiram de uma chefe à sua funcionária, mas de uma amiga para uma amiga:

— Faça o que te deixar feliz e não se preocupe mais com o mundo, ele é responsabilidade nossa, agora. Você é uma garota pura, tem um coração que não cabe dentro de você, lutar contra os monstros que estão por aí nunca deveria ter sido responsabilidade sua. Vá em busca da vida que você quer.

Mahina somente gesticulou de bem leve com a cabeça. Num dia normal a espremeria com seu abraço mais forte, pularia de tanta emoção ante palavras tão bonitas, mas perder Kenichi roubou toda a sua força. Kin tinha razão, aquela não foi uma ideia que surgiu de repente em sua cabeça, era um objetivo que ela já vinha alimentando no coração há anos. Nada nem ninguém podia dissuadi-la disso. Saber que tinha o apoio de Kin a fez se sentir melhor com sua escolha, uma das razões para não ter feito isso antes foi pensar que talvez estivesse sendo egoísta. Foi a ela esperando ter que convencê-la de que era o melhor que podia fazer e voltou sentindo-se bem consigo mesma.

Yue e Naomi quiseram ir com Kin e Arashi ao velório de Kenichi, mas os dois pediram a elas que fizessem companhia a Haru, que estivessem lá no quarto de hospital dele quando o ruivo acordasse. O susto das duas foi grande quando Sora deu as caras. Ele contou que ficou internado todo o dia anterior, em observação, que recebeu o digno tratamento médico das contusões que conquistou em batalha, os pontos nos machucados abertos e que fez questão de estar com o irmão mais novo da primeira ministra quando o garoto despertasse. Ninguém viu porquê impedi-lo. Para passar o tempo, conversou com Yue e Naomi das oito da manhã às uma da tarde — a exata hora que o retalhador de cabelos rubros começou a se mexer.

Os embaçados olhos castanhos claros de Haru, preguiçosos, miraram a esquerda e a direita da cama na qual o puseram. Estava num aposento espaçoso demais para apenas um paciente, com altas paredes azuis claras, um teto também azul claro, um firme piso de azulejo cinza e poltronas confortáveis ao redor de seu leito, as garotas sentaram-se à sua destra, Sora, no lado oposto ao delas. Foi envolto num macio lençol branco e em extensas bandagens que abrandavam o ardor das queimaduras com as quais saiu do combate que enfrentou. Passou vários segundos sem lembrar quem era e sem ter a menor ideia de porque estava aonde estava.

— Bom dia, herói! — Naomi percebeu antes dos outros que ele acordou. Sua fala e seu sorriso o fizeram corar.

— O quê...? Aonde é que eu tô? — Perguntou.

— Não tá vendo o sorriso dessa morena? Você morreu e tá no céu! — Sora se intrometeu. Ganhou um tapa leve no braço, se corrigiu: — Brincadeira... Se isso fosse o céu, eu não estaria aqui.

— Ignora esse idiota. — Foi a vez de Yue falar. Suas preocupações eram outras: — Você tá num hospital, a luta contra o Kazu terminou! Você salvou sua irmã e a Naomi! Como se sente?

Haru pensou um pouco, se examinou. Que bom que aquele pesadelo acabou, falou para si mesmo, referindo-se às dores provenientes do ataque daquele facínora e de ouvir Kin implorar para o vilão poupá-lo. Não, não estava com dores, só um tanto fraco e com fome, principalmente. O ronco de seu estômago falou por si mesmo. Yue não tinha que perguntar mais nada. Fez um esforço para se mover na cama.

— Apertado. Essas bandagens estão uma droga. — Foi sincero. Procurou a primeira ministra. — Cadê minha irmã?

Um silêncio tomou o recinto. Incapaz de dizer o que ocorreu sem chorar, Yue saiu do lugar, ajustou a camiseta rosa clara e avisou:

— Eu vou ao refeitório pegar alguma coisa pra você comer.

No caminho até a porta, esbarrou com a muito abatida Kin. A loira já trazia, em uma sacola presa ao ombro direito, o café da manhã de Haru.

— Já tá aqui, não precisa descer. — Avisou. Ganhou um abraço da garota, retribuiu, passou por ela e foi até seu irmão menor. Parada na frente dele, esforçou-se para sorrir e indagou: — Fala, herói! Como é que você tá?

— Mais preocupado com você. — Disse o menino, olhando o rosto dela e acabando com seu entusiasmo. — Conheço essa cara, você sempre faz ela quando algo muito ruim aconteceu. O que foi dessa vez?

A retalhadora encarou as garotas e Sora. Demorava para falar porque ainda não acreditava no que aconteceu, porque tinha a esperança de que fosse um pesadelo do qual iria acordar a qualquer momento.

— O Kenichi morreu... e a Mahina vai embora do Reino de Órion. — Contou. A segunda informação chocou todo mundo, ainda não tinha revelado ela nem para Arashi. Alguém ligou para seu comunicador. Jogou o rosto para o lado e atendeu. Era Gray. O loiro lhe disse algo que mudou completamente seu humor. — Entendi. Tô desligando, vou pra lá agora. — Replicou. Olhou para a francesa e pediu: — Naomi, vem comigo.

Saiu às pressas, com Naomi em seu encalço. De acordo com Gray, Kazu sobreviveu à batalha de dois dias atrás e estava internado naquele mesmo hospital pro qual Haru foi levado, o retalhador de elite delatou para Kin até o quarto onde o deixaram. O peito da ministra palpitava de ódio. Como ele podia ter sobrevivido? Tinha certeza de que fatiou o coração dele com aquele ataque. Mais do que isso: não era justo. Alguém sacrificou a própria vida para salvar o reino de um ataque orquestrado por Kazu, em consequência disso, a pessoa mais doce que Kin conhecia sofria terrivelmente e ele, o culpado por tudo, continuava vivo. Mas repararia essa injustiça. Daria, com as próprias mãos, o que o infeliz merecia.

Cada passo que efetuava expandia a fúria que queimava em seu interior. Sabendo que estava na iminência de encontrá-lo, começava a perder o controle, por isso trouxe Naomi consigo. Se ficasse sozinha com o desgraçado, não sabia o que seria capaz de fazer, quão longe iria. Chegou na esquina do corredor da sala dele e apressou o passo. Seus sentidos ficaram desfocados, perdeu parte do senso de orientação, quanto mais aproximava-se da porta, mais longe parecia que estava. O tempo todo, Naomi tentava chamar sua atenção. Atoa. A guerreira cacheada não queria ouvir ninguém.

Entrou no quarto de Kazu tão abrupta e repentinamente que o acordou. Extremamente fraco, enfaixado quase que da cabeça aos pés e respirando com a ajuda de aparelhos, o vilão sorriu ao notar sua presença.

— Primeira ministra...? Eu... estava te... esperando... — A provocou. Kin se colocou à sua direita na cama, Naomi não saiu da porta. — Consigo sentir o seu ódio por mim... Brinquei com a mente do seu... do seu querido Arashi, o chantageei ameaçando... matar a irmã dele, tentei destruir seu reino pela... p-pela segunda vez... Vocês dois... nunca souberam, souberam? Eu dei ao Santsuki... dei ao Santsuki a ideia da chacina no vilarejo do seu namorado... Falei daquele garoto pro Santsuki e nós... nós dois ficamos fascinados... Mas e então? Eu estou vivo, vou ficar... vou ficar bem.

— Não vai, não. — Kin pegou um travesseiro e o pressionou com força contra a face do acamado.

Horrorizada, Naomi correu até ela e a segurou nos braços a fim de detê-la, mas infelizmente Kin era mais forte. Se quisesse impedi-la, teria que recorrer à razão:

— Loira, não faça isso, ele não vale a pena! A morte seria a verdadeira recompensa dele! Além disso, você vai contra seus princípios, só vai se arrepender! Não vê que é isso que esse monstro quer?

A contragosto, concordou com a morena. Ela tem razão. Foi perdendo as forças. Os rostos de Yume, de Mari, de Arashi e de Haru a visitaram em pensamentos. Nenhum deles gostaria de saber que ela fez isso. Por fim, soltou o travesseiro e Naomi o tirou de sua mão. Olhava o miserável de cima a baixo, com um sombrio meio sorriso nos lábios trêmulos. A morte realmente seria um presente para alguém que causou tanta tragédia, Kazu precisava sofrer, pagar em vida por tudo o que fez.

Cruzou os braços, se inclinou até o ouvido do velho e sussurrou:

— Você vai apodrecer dentro da cadeia. E torça pra que não te coloquem em uma daquelas penitenciárias onde os presos são torturados pra cantar informação, ou pra não encontrar alguns dos prisioneiros que você mesmo pôs atrás das grades... Aliás, será que torcer vai adiantar de alguma coisa? A primeira ministra do Reino de Órion decide pra onde você vai e... hum, acho que ela não vai muito com a sua cara. Divirta-se pensando nisso até receber alta.

Arashi finalmente foi visitar Isamu na prisão subaquática para a qual o levaram. Ainda não contou a ninguém, mas na manhã daquele mesmo dia, logo após o fim do velório de Kenichi, acompanhou Shiori até a casa dela e ouviu coisas terríveis dos pais da garota. Levou uma bofetada na cara. O tapa não doeu nada, na verdade, afinal, a mãe dela era apenas uma humana, o que doeu mesmo foi ouvir que pôs a vida de sua irmã e a da família da menina em risco. Foi ouvir que devia ficar longe dela e, para mantê-la segura, nunca mais procurá-la. A pior parte foi não ter podido discordar dos dois, foi silenciado pela falta de argumentos.

Passeou pelo resistente piso branco de aço que formava o salão na frente da cela do jovem prisioneiro. O garoto notou sua presença e, antes de costas para as grades, voltou-se para elas. Arashi retirou as mãos de dentro dos bolsos da jaqueta jeans e encostou entre as barras.

— Eu não matei nossos pais. — Começou a falar. — Não participei da chacina, não ajudei a incendiar nosso vilarejo. Kazu e Santsuki fizeram isso. Na noite que tudo aconteceu, eu estava tentando proteger você e a minha irmã.

O delinquente juvenil cruzou os braços na frente do macacão cor de abóbora que o forçaram a usar, sentou no banco de concreto que havia em sua nova casa, apoiou a cabeça na parede atrás e riu.

— Não acredito em você. — Replicou.

Descontando a irritação por tudo o que aconteceu, o guerreiro glacial esmurrou as grades.

— Não ligo pro que você acredita. Por sua culpa, eu perdi um amigo, não posso mais ver a minha irmã, o irmão da minha namorada está num hospital e tenho que explicar pro Conselho de Órion os danos que o reino sofreu, posso perder meu cargo de primeiro ministro. Só vim dizer a verdade, porque a Shiori pediu. Agradeça a ela por isso e também por estar vivo. — Dito isso, deu-lhe as costas e se foi.

A noite, para o Reino de Órion, veio fria e trouxe um céu repleto de estrelas. Por toda a parte, o som mais alto era o do silêncio, até mesmo a natureza se aquietou. Parecia que a nação inteira estava de luto em respeito ao sacrifício do herói. Como fazia em momentos de crise e indecisão, Kin sentou-se com Arashi ao pé da árvore que cresceu na frente do muro da casa dele. O casal estava conversando ali há horas e, por já terem virado várias madrugadas conversando naquele ponto, não sabia se iria se despedir antes do sol dar as caras. 

Prevendo que poderiam passar mais uma noite ali, ela levou até comida na bolsa. O que era para ser um bate-papo de alguns minutos virou oficialmente um piquenique. 

— Ela te deu um tapa na cara e torceu a mão? — Perguntou, referindo-se ao incidente de Arashi com a mãe de Shiori. Esticou-se ao máximo e passou um sanduíche para ele, que estava sentado num galho pouco acima de sua cabeça. 

— E depois me falou pra ficar longe da minha irmã. — Complementou, já com o sanduíche em mãos. Deu uma mordida nele, recostou-se no tronco da árvore, fitou as estrelas e suspirou com tristeza. — Ela tá certa. Vai ser melhor pra Shiori se eu nunca mais me aproximar, é melhor... — Respirou fundo e refletiu. — Enfim, meus inimigos não vão saber que ela é minha irmã e não vão ameaçá-la. 

— Por um lado, você tem razão, ela estará mais segura se os nossos inimigos não souberem que ela é sua irmã. — Retrucou Kin. O moreno a olhou, ela sorriu, piscou para ele e disse: — É isso aí que você entendeu, seus inimigos são meus também. Como eu dizia antes dessa sua olhada galanteadora, ela ficará mais segura, mas será que não te ver mais vai mesmo ser bom pra ela? 

 O ouvinte respondeu com o silêncio. De fato, não pensou em como Shiori reagiria a saber o que os pais dela fizeram e disseram. Já a escutou reclamar antes sobre tomarem decisões por ela. Por não saber o que dizer ainda, estendeu a quietude por mais alguns instantes e mudou de assunto, lançou uma pergunta no ar:

— Perdemos o senhor Hanzuki, o Hayate, o Kenichi, a Mahina... O que nós vamos fazer?

— Sobreviver. — Kin redarguiu sem hesitar. — Vamos fazer o que sempre fizemos, gatinho. Nós vamos superar e sobreviver. 

Arashi não mascarou a surpresa por ouvir tais palavras vindas dela. Aquilo era o tipo de coisa que ele dizia. Talvez estejam certos os que dizem que, com a convivência, os amantes vão se assemelhando mais e mais com aqueles que amam. 


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