Situação complicada escrita por Parcimônia


Capítulo 3
Estranha familiaridade


Notas iniciais do capítulo

Sim, depois de muitos apelos (e algumas ameaças) resolvi voltar para essa fanfic...



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Temari não tinha um bom plano de ação, pois precisava de mais informações. Podia conjecturar sobre conspirações, revirar sua mente em busca de jutsu que fossem capazes de produzir aquele resultado, ou pessoas tão fortes ao ponto de criar um genjutsu tão forte, mas no fim, nada ajudaria a sair daquilo — seriam só suposições e ela precisava de provas concretas. Então, quando Shikamaru percebeu que não estava brincando e sugeriu que fossem até o hospital, a Sabaku acatou a ideia. Não por confiar nele — ainda podia se tratar de uma mera ilusão para confundi-la — e sim, porque precisava descobrir onde tudo aquilo iria parar.

E havia o bebê.

Shikadai não passava dos quatro meses, Temari não sabia muita coisa sobre crianças, mas o achava até esperto para a idade — apesar de babar muito e tentar comer os próprios dedos com um ímpeto admirável. Com seus grandes olhos verdes — que imploravam por coisas que ela não sabia como dar — a pequena coisa ficava estendendo as mãozinhas gorduchas em sua direção a todo instante, fazendo barulhos estranhos — okay, fofos também  — enquanto Shikamaru arrumava ele para saírem.

Não precisava ser um grande gênio para chegar à conclusão inquietante de que, naquela realidade, ela tinha uma família. O que não fazia o menor sentido, já que de todos os homens do mundo ela nunca escolheria um fracote de Konoha para ser o pai do seu filho  — principalmente aquele chorão que não conseguia nem mesmo se defender sozinho, levando em conta seu último encontro.

— Konoha está diferente — murmurou.

Não era nada gritante, apenas algumas sutilezas. No centro comercial que atravessavam lojas novas haviam aparecido, as ruas se tornaram mais padronizadas e a vestimenta das pessoas não seguiam a mesma moda de duas semanas atrás. Se antes muitos shinobis dividiam espaço com os civis — com seus uniformes verdes — agora eram quase inexistentes.

— Qual a última lembrança que tem? — perguntou Shikamaru, levava Shikadai na frente do corpo em uma bolsa canguru.

Temari ainda sentia uma extrema dificuldade de encará-lo, sua mente simplesmente não conseguia conciliar a imagem que tinha do garoto magrelo de 13 anos, com o homem de agora. Até seu jeito de andar havia mudado, se antes o fracote se arrastava por aí, com preguiça e expressão de tédio, hoje a Sabaku percebia a cautela do treinamento ninja — sempre atento a tudo a sua volta — e a confiança de alguém perfeitamente confortável consigo mesmo.

— Depois da missão de resgate ao Sasuke, quando salvei sua pele — alfinetou — voltei para casa e tudo estava normal, dormi e acordei aqui.

— Isso faz quase 8 anos.

A revelação caiu como uma bomba, apesar de esperar que tivesse passado alguns anos — tanto ela quanto Shikamaru estavam visivelmente mais velhos — 8 anos pareciam muito tempo. Além de estar casada, ter um filho e morar em Konoha, o que mais havia perdido?

— Temari-sama! — um adolescente de cabelos castanhos a abordou com um sorriso enorme.

A Sabaku levou um momento para reconhecê-lo, pois o neto do Terceiro Hokage já não era o moleque remelento que vivia correndo com um cachecol maior que ele, ao qual ela havia dado aula na última missão na vila. Agora Konohamaru era quase um homem, e a tratava com uma intimidade alarmante.

— Olá, Shikadai — o adolescente estendeu a mão para a criança, que arrulhou e balançou as perninhas gorduchas, animado.

Aparentemente, o Sarutobi fazia parte da lista de preferências do pirralho.

— Não é um bom momento, Kono — Shikamaru logo tomou a frente.

— Ah, certo — ele coçou a cabeça sem jeito, com um sorriso que lembrava muito o idiota do Naruto — só queria saber se a Temari-sama podia me ajudar com o treinamento.

— E porque eu faria isso? — a pergunta direta e o tom empregado a ela, pareceu desconcertar o garoto.

— Bem, é que…

— Realmente não é um bom momento — Shikamaru repetiu, um tanto exasperado com a reação dela — estamos atrasados para um compromisso — e sem cerimônia alguma, a arrastou para longe do adolescente, segurando sua mão.

O contato foi mínimo, quase casual, no entanto, foi o bastante para acelerar o coração da Sabaku e esquentar sua face ao lembrar do beijo compartilhado pela manhã, e o fato de que acordou nua ao lado dele.

— Eu treino os pirralhos de Konoha agora? — puxou a mão da dele, blindando-se em desconfiança para esconder o desconforto do toque.

— Eventualmente — atravessaram a rua, ainda sob o olhar intrigado do neto do Hokage — você e Konohamaru tem uma ligação estranha, depois que ambos tentaram se matar quando ele era criança, meio que desenvolveram essa amizade — deu de ombros — os dois treinam as vezes.

— Ele tentou me matar? — perguntou, completamente descrente da audácia do moleque.

— É complicado — suspirou pesadamente, um gesto familiar para ela que era totalmente Shikamaru — ele só queria te derrotar, mas o imbecil do Naruto ensinou para o garoto um jutsu muito poderoso.

— Aposto que sim, ele sempre foi sem noção.

— É, graças a Kami cheguei antes do Kono realmente te ferir.

— Espera — ofendida, interrompeu o passo — eu perdi para o pirralho?

— Não… — o Nara respondeu lentamente, ciente do terreno perigoso que andava — ele com certeza perdeu, mas seria um problema diplomático se você tivesse se ferido no nosso territorio.

— Hum — ela estreitou os olhos, não totalmente convencida, mas resolveu deixar passar.

— Temos que ir logo, daqui a pouco mais alguém aparece querendo bater um papo.

— Qual o motivo da evasiva?

— Até sabermos o que provocou a amnésia, vamos manter isso em segredo.

— Porque?

— Isso pode ser uma resposta natural — quando seus olhos se encontraram, o Nara estava assustadoramente sério — ou alguma espécie de ataque.

— E porque alguém iria querer me atacar?

Uma vez que poderia se tratar de uma armadilha, Temari precisava ter cuidado e fazer as perguntas corretas.

— Não sei.

Ele estava mentindo, a Sabaku não sabia como, mas tinha certeza de que Shikamaru escondia algo. Porém, antes que pudesse interrogá-lo, Shikadai começou a chorar — talvez por pressentir o clima tenso, ou por algum motivo bizarro de bebê. O que levou toda atenção do Nara, que foi confortar a criança segurando na sua boca uma chupeta muito laranja.

A cada instante que passava a história ficava mais complexa e confusa.

 


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Notas finais do capítulo

O motivo de ter parado de atualizar foi minha total falta de inspiração, criei “Situação Complicada” num surto de procrastinação ativa, que é basicamente quando você faz milhões de outras coisas para evitar o que de fato importa (no meu caso, fui escrever fanfic no lugar de estudar para a minha semana de prova), enfim, depois que tudo passou eu só não tinha o que fazer...
Ainda não sei que rumo exatamente a história vai tomar, tenho algumas cenas já prontas na minha cabeça e sei que vou dar um ar mais “adulto” para essa aqui, pois diferente de “Colega de quarto” pretendo abordar temas como maternidade (de uma forma nada romantizada), depressão pós-parto, estresse pós traumático e mais algumas coisas. Entretanto, pode ficar tranquilo que ainda vão ter capítulos engraçados e prometo manter as coisas leves na medida do possível.
Outra coisa, a linha temporal: A princípio, pretendo manter duas, mas ambas serão pelo ponto de vista da Temari (provavelmente ela será a única narradora da história), e vão ajudar no conjunto da obra p resolver esse quebra cabeça. Vão ser bem sinalizadas...
Muito obrigada por todas os comentários, e a participação de vocês na enquete, me ajudaram muito a ter uma perspectiva melhor e entender o que queria.



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