Sirius e Remus observaram o sorriso que Walburga abriu ao ver sua neta entrar em casa. Assim como o olhar doce que a menina dirigiu ao quadro da avó e a Monstro, que veio contente da cozinha.

—Aminha! Que bom vê-la. Um banho quente lhe aguarda em seu quarto e logo o chá estará devidamente servido. Precisa de algo? Quer que leve seu malão?

—Obrigada, Monstro. Posso levar sozinha. Vovó! Como está?

—Melhor agora que a tenho em casa. Vá ao seu quarto, querida. Posso esperar mais alguns minutos para conversarmos.

Ela sorriu e subiu as escadas rindo baixinho, o que fez ambos Marotos sorrirem. Walburga dispensou um olhar a eles, séria.

— Você precisa de carne em cima desses ossos, Lupin. Vá se banhar também. E vá tirar o uniforme de Auror, Sirius.

—Sim, senhora.

Ambos acataram as sugestões do quadro de Lady Black. Em cerca de 40 minutos estavam reunidos na sala de jantar. Monstro havia feito bolo de caldeirão e sanduichinhos. Walburga mantinha os olhos afiados sobre os Marotos, mas sorria sempre que olhava pra neta.

—Então, Sam... Você conviveu bastante com o seu pai?

A pergunta partiu de Sirius, que estava tentando achar uma forma não muito cômica ou bizarra de começar uma conversa com sua sobrinha. O que lhe rendeu um sorriso triste da menina e uma cotovelada de Remus.

—Dos dez meses aos três anos... Quando ele foi descoberto traidor e assassinado por Bellatrix...

—Hum... E com a sua avó?

— Até os sete anos... Depois fiquei com Monstro e com meu padrinho...

—Severus é seu padrinho.-Remus concluiu, ganhando um sorrisinho.-Que fofo. Você amoleceu o morcego das masmorras.

—Vovó amaldiçoaria você, se pudesse...-E pelo olhar de Walburga, ambos tiveram certeza disso.-Podem não implicar com ele? Eu não posso impedí-lo de amaldiçoar um de vocês.

Os três acabaram rindo e conversaram mais algumas amenidades, antes de Samhain deixá-los sozinhos. Até Remus e Sirius se incomodarem com o silêncio de Grimmauld Place.

•~~•

"Olá, Sam. Desculpe ter demorado tanto pra escrever. E por não ter ido a audiência do Harry. Eu queria ter visto você...

Acho que ele já te contou sobre a Copa Mundial... Você vem conosco, não é? E... Talvez... Sirius deixe você e Harry passarem o restante das férias conosco, aqui na Toca. Mamãe disse que enviaria uma carta a ele hoje de manhã...

Bom... Sinto falta de incomodar você. Por favor, venha ficar conosco.

Ah... Gostosuras ou Travessuras, Lady Black?

Georg Weasley

•~~•

Samhain leu a carta mais uma vez, sentindo o coração doer. Ela havia acabado de saber sobre o Torneio Tribruxo. Sirius e Remus estavam discutindo sobre isso. Ninfadora e Kingsley também estavam com eles. Estavam discutindo a melhor forma de garantir a segurança de Harry. Especialmente com a presença de Igor Karkarof.

É claro que ela havia enviado uma nota mágica a seu padrinho, provavelmente teria uma resposta até o jantar.

Estava escondida em sua sala de música, com os feitiços abafadores. Mas a vontade de tocar foi arrancada de si com a carta de Georg.

Aquilo tudo era tão estranho.

Agora havia barulho constante em Grimmauld Place. Isso fazia sua avó feliz. Mas não a fazia se sentir bem. Era como se não fosse bem-vinda dentro de sua própria casa. Talvez os anos vivendo apenas com seu silêncio cantante finalmente estivesse mostrando suas consequências.

Harry era uma ótima companhia.

Ele cozinhava com ela.

Jogavam xadrez.

Liam juntos, mesmo que livros de temas completamente diferentes.

As vezes Harry se deitava no tapete, e ficava quietinho, assistindo a figura feminina da casa tocar piano e cantar. Eram melodias densas e letras tristes. Mas ele gostava de ouvir. Normalmente era embalado ao sono enquanto ela cantava.

Sirius e Remus nunca tinham escutado. Ela só tocava quando os dois não estavam em casa, o que é bastante raro.

A saúde de Lupin tinha melhorado bastante, assim como o condicionamento físico de Sirius.

Sua prima fazia questão de cozinhar e semore manter os quatro bem alimentados. Por mais que Monstro ficasse indignado.

O Potter desceu de seu quarto, com um largo sorriso, a carta de Rony e os ingressos do jogo em mãos, invadindo a sala de musica

—Sam! Sam! Sam!-Ele parou com uma guinada, quase tropeçando, bem na frente da "prima".-Olha! Sirius e o Sr. Weasley combinaram de nos levar ao jogo da Copa Mundial de Quadribol! Hermione também vai!! Você acredita nisso? Vai ser tão... Maneiro!

A morena acabou dando uma risadinha e sorriu para o mais novo.

—E você já pediu ao tio Sirius para poder ficar um tempo na Toca?

Ele franziu a sobrancelha, antes de sorrir envergonhado e disparar porta a fora.

—Aluado! Almofadinhas!

E invadiu a reunião dos Aurores, nem um pouco interessado no assunto que acreditava ser burocrático. Iria convencer seu padrinho a deixá-lo na Toca.

•~~•

Molly estava ressabiada com aquele estranho habito de bater o pé esquerdo que Georg havia adquirido naquele dia.

A matriarca da família Weasley havia visto o filho escrever uma carta bem curtinha, depois de já ter amassado alguns rascunhos, e enviado assim que o dia amanheceu por completo. A falta de resposta estava mexendo com a ansiedade do filho, e isso a incomodava.

Havia ficado claro, para ela e Arthur, que a menina Black era uma paixão profunda.  Nada como as paixonites adolescentes que haviam lidado com Bill e Charlie ao longo dos anos deles em Hogwarts. Georg falava, exatamente com o mesmo tom e o mesmo olhar, sobre Samhain desde o segundo ano. E eles estavam indo para o sexto.

A mocinha era realmente muito bonita, eles a viram na Estação. E também viram a intensidade com a qual ela parecia disposta a proteger Harry. Além de tudo, também havia tido o carinho que ela apresentou pelo tio e pelo "primo" na tribuna ministerial, que fora decisivo para que Sirius estivesse a guarda integral do afilhado.

Mas o que ela e seu filho tinham, afinal? George, em momento algum, lhe dissera que estava namorando. Diferente de Fred, que já havia dito a mãe que pediria Angelina em namoro assim que tivesse uma oportunidade naquele ano.

Percy também disse que nunca havia pego Georg e Samhain em alguma cena inadequada, e que eles sempre faziam questão de se encontrarem em locais de fácil acesso, como as margens do Lago Negro, a Biblioteca, o Campo de Quadribol... Sem encontros secretos. E seu filho não teria porquê esconder algo assim.

—Querido, você vai abrir um buraco no chão.-O mais novo dos gêmeos olhou para a mãe, parando com o pé. Por fim deu um suspiro triste, enquanto ganhava um cookie.-O que você tem?

—Sam está chateada comigo... Ela fez uma pergunta e eu não tinha uma resposta pra ela... Acho que a decepcionei.

—E o que ela perguntou?

—Eu... Eu a convidei para vir ficar na Toca...

Ele parou de falar, como se ainda estivesse tentando entender o que havia acontecido naquele dia. Nenhum dos dois percebeu que os três irmãos mais velhos escutavam a conversa deles.

—E o que ela disse?

—Ela perguntou... Quanto tempo ela podia ficar...-Ele voltou a encara seu cookie.-Me disse pra não fazer aquilo. Que não queria ser abandonada quando o tempo acabasse. Mas eu tinha dito que ela poderia ficar o tempo que quisesse... Eu acho... Que no fim não entendi o que ela perguntou pra mim.

Arthur escolheu aquele momento para surgir na sala, com a chave de seu carro voador em mãos.

—Querida, vou buscar Harry, Hermione e Samhain para irmos ao jogo amanhã. Você arruma a cama para eles? Harry é Hermione já disseram que vão ficar aqui na Toca um tempo.

O senhor e a senhora Weasley viram a tristeza que se abateu sobre i maia novo dos gêmeos. Que apenas pediu licença e saiu da casa, indo se sentar no quintal.

—Arrumo sim... Boa viagem e cuidado com a direção.

—Sim senhora.