Travessuras, por favor escrita por Sweet Madness


Capítulo 4
Capítulo 4 - Abandono




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Quando Sirius chegou a Grimmauld Place se surpreendeu. A casa ainda era bastante sombria, mas tinha um ar mais límpido. Sem cabeças de elfo, as paredes pareciam ter sido pintadas de camursa há pouco tempo. O chão de madeira havia sido envernizado. As janelas tinham vidros transparentes, que permitiam o sol entrar quando ele resolvia aparecer. Haviam pinturas de paisagem lindas no lugar dos antigos e desbotados quadros de sua mãe.

E claro, havia a imponente moldura de prata no corredor, de frente para a sala de música. O quadro encantado de Walburga.

—Samhain? Querida, o que faz em casa tão cedo? Suas aulas em Hogwarts não se encerraram, mocinha.

—Acredito que esperava a Black errada, mamãe.

Monstro estava paralisado no final do corredor. E Walburga torceu os lábios, vendo a figura de seu filho mais velho se aproximar. Sirius parou em frente ao quadro, com seu insolente olhar de rebeldia para sua mãe.

A matriarca Black percorreu a figura com seus olhos astutos. Aos poucos, sua boa ficou menos apertada, e o vinco de suas sobrancelhas foi se desmanchando. Ali Sirius viu um olhar, uma faceta, que ele não conhecia de sua mãe. Walburga estava preocupada.

—Tire esse casaco, Sirius.-Ainda intrigado, o mais novo obedeceu ao quadro, expondo toda a magreza e sujeira que havia em seu corpo.-Monstro!-O elfo arregalou os olhos.-Prepare um banho para Sirius. E pegue algumas das roupas que eu comprei para Régulos.  Devem servir nele por enquanto. E deixe o quarto impecável.-A mulher fechou os olhos, pressionando a ponte do nariz com os dedos longos.-E faça um jantar minimamente descente. Você precisa se alimentar, ou terá uma pneumonia, uma tuberculose... O diabo que o seja. E jogue esses trapos no lixo.

— Sim, senhora...

Era aquilo.

Aquilo que Walburga sentia tanta falta.

A rebeldia de seu impossivel primogênito. Tudo o que havia lhe sobrado dos barulhos de Grimmauld Place.

Sirius subiu para o banheiro indicado por Monstro, e lá tomou o banho quente que merecia, lavando toda a imundice de Azkaban de seu corpo. Suas tatuagens ficariam ali, gravadas pra sempre. Mas ele era um homem adulto. Iria ressignifica-las. Afinal, elas eram um símbolo de sua resistência. Não apenas de seu fracasso em proteger James e Lilly.

•~~•

Georg sempre sabia onde encontrar Samhain. Sem precisar do Mapa do Maroto.

Sob o velho pessegueiro, escondida por uma da dimensão pedras que circundavam o Lago Negro na orla da Floresta Proibida.

Desta vez ela lia poesias gregas. Eram sempre livros muito diferentes e ele gostava de ouví-la falar sobre o que lia.

Usou a varinha para derrubar algumas folhas do pessegueiro sobre ela e o livro. A assistiu retirar as folhas em gentileza antes de voltar a ler. E isso se repetiu por mais cinco vezes.

— Por quanto tempo pretende continuar com isso, Georg Weasley?

Abriu um sorriso maroto e se abaixou na frente dela, decidindo sentar no pedaço que restava da manta que ela sempre levava.

—Travessuras ou gostosuras, lady Black?

Ela riu e fechou o livro, marcando a página onde havia parado. O repousou nas pernas cruzadas, e lançou um olhar de interesse ao ruivo.

— Quais gostosuras trouxe?

O sorriso do ruivo ficou tímido, e ele mostrou as duas garrafinhas de Cerveja Amanteigada e o bolo de caldeirão. O sorriso que ganhou da moça o fez exaustivamente feliz.

— Você disse que queria comer um na semana passada... Eu lembrei hoje, na visita...

Ela largou o livro de vez e abraçou o ruivo sem nenhum tipo de constrangimento. Georg apenas deixou tudo sobre a manta e prendeu a mais velha nos braços com vontade, beijando o topo de sua cabeça.

—Muito obrigada!-Ela voltou a se sentar, ainda bem juntinha do Weasley.-Não sabia que prestava tanta atenção nos meus resmungos...

— Você fica muito fofa resmungando deitada em mim.

— Eu estava com a cabeça na sua coxa! E não deitada em cima de você.

Georg abriu as garrafas enquanto Samhain abria o bolo de caldeirão. Eles foram intercalando mordidas, goles e risadas. Até o sol começar a se por e a temperatura começar a cair mais.

Já estavam deitados de um lado da manta, enquanto a outra parte era usada como cobertor. Estavam deitados de lado, de frente um pro outro, e já não conversavam mais. Cada um havia se perdido nos próprios pensamentos.

—Sam... E agora?

— Agora?

—Sim. Você vai morar com seu tio? Vai continuar morando sozinha? Pra onde você vai? Você não quer ir pra Toca?

A morena deu um sorriso triste, erguendo os olhos desiguais para o céu. Então suspirou, voltando ao contato visual com Georg.

— Eu não tenho ideia... Eu não sei se posso voltar pra casa. Não sei se meu tio me quer lá... Eu.... Eu adoraria ir pra Toca com você.

—Mas...?

— Por quanto tempo eu posso ficar, Georg?

O ruivo franziu a sobrancelha. Ele conhecia a moça, sabia que aquele pergunta era mais profunda do que parecia. Mas ele não conseguia entender onde estava pisando. E isso tornava o terreno perigoso.

—Pelo tempo que quiser, Sam...

O sorriso dela ficou ainda mais triste, e ela deixou de olhá-lo nos olhos. Ele, de fato, não havia entendido. Mas precisava que ela dissesse do que estava com medo.

—Não é justo... Você me arrancar do meu silêncio, da minha solidão... Me mostrar todo o calor e o barulho que só você pode fazer... E então me abandonar.-Ela fechou os olhos, mas Georg viu que havia um princípio de lágrimas ali.-Não é justo...

Estreitou os braços ao redor de Samhain, a deixando se esconder em seu peito. Ele precisava de um momento. Tinha de entender o que estava prestes a dizer a ela. E, o que fosse, poderia destruir, pra sempre, tudo o que havia conquistado daquela doce e iinteressante Sonserina.

•~~•

O silêncio de Sirius sempre deixava Walburga de cabelos em pé. Sempre precedia algum tipo de traquinagem mais grave de seu primogênito.

Agora, depois de adulto, o silêncio de Sirius também a deixava apreensiva. Mas por outras razões. E por isso estava sentada em seu quadro, observando seu filho.

Sirius estava sentado no sofá da Sala de Música. Haviam chego algumas correspondências do Ministério.

Ele havia sido, oficialmente, reintegrado ao corpo de Aurores.

•A briga pela guarda de Harry seria mais fácil do que ele imaginava. Talvez a estivesse interinamente antes do meio do verão.

•Ele era, sobretudo, o guardião legal de sua sobrinha. E ficou muito feliz ao descobrir que Snape não detinha aquele título. Afinal, ele era o padrinho. E havia criado a menina.

Mas ali morava seu problema.

Não tinha como saber qual seria a reação de sua sobrinha quando soubesse. Não sabia se ela ficaria feliz por ele estar morando em Grimmauld Place. Muito menos sabia qual seria a reação dela e de sua mãe quando contasse que ali seria a nova sede da Ordem.

Mais do que nunca, Sirius estava perdido. Não saber o que o aguardava era uma das piores sensações possíveis, e ela não tinha como fugir daquilo, ou obter uma resposta mais rápida. Teria de buscar a sobrinha na Estação, e falar com Harry também, dali a três dias.

—Algo errado com o Ministério, Sirius?

A voz forte de sua mãe adentrou a sala, fazendo-o erguer o olhar diretamente para ela. Sirius não tinha certeza se gostava de conhecer essa nova verdade sua mãe. A versão que foi avó.

Isso o fazia pensar em quanta doçura sua sobrinha detinha... Se ela havia amolecido o coração e as expressões de Walburga Balck sala foram... Deveria ser imensurável.

Ao menos Remus viria amanhã para ajudá-lo. Estava desesperado e enviou uma nota mágica ao melhor amigo,, sendo respondido quase de imediato. Nunca fora tão grato a lealdade de Remus. Mesmo que não a merecesse.

—Não... É sobre a guarda das crianças.

— Você...-A matriarca respirou fundo, como mero ato dramatúrgico.-Você vai tirar minha neta de mim?

—Por que eu faria isso?

— Eu não sei. Você faria?

— Eu não sou como você e o meu pai.-Sirius fechou a expressão.-Eu jamais deixaria minha sobrinha sem apoio.

— Você não a conhece. Não a ama. Eu não sei o que se passa na sua cabeça, Sirius.

—Se não tivesse me abandonado, saberia.


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