Alicia e as 12 bênçãos escrita por Creeper


Capítulo 6
A bênção dos deuses


Notas iniciais do capítulo

Oie ♥, acabei postando um pouco tarde hoje (00:47), tanto que já é domingo XD!
Lhes desejo uma boa leitura, finalmente conheceremos a terceira etapa do teste de admissão! Será que a Alicia irá passar?



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Não consegui assistir ao teste de Cassandra, pois fui limpar minhas pernas sujas de lama, mas de duas coisas eu tinha certeza: 1) ela ultrapassaria todos os obstáculos, nem que fosse na força do ódio e 2) ela seria aprovada.

— Eu estava me perguntando sobre algo. – Celine comentou enquanto esfregava uma de minhas botas com um lenço.

Nós havíamos nos sentado em um banco para descansar, cada uma segurando uma bota em mãos, limpando-as.

— E o que seria? – arqueei uma sobrancelha, conferindo cada centímetro do calçado. Havia mais lama do que eu podia imaginar.

— Por que a Linha de Exploração aceita apenas garotas? – ela franziu o cenho, pensativa.

— Tem um motivo. – respondi incerta. – Talvez seja apenas um boato, mas... – olhei para os lados, conferindo se estávamos sozinhas. – A princesa Louise se apaixona por qualquer rapaz que apareça em sua frente. Então acharam melhor que não tivesse nenhum garoto na Linha. – sussurrei.

A garota piscou os olhos, parecendo desacreditada.

— Isso só pode ser mentira. – ela constatou.

— Acredite, é verdade. – uma voz surgiu entre nós duas.

Automaticamente nos viramos para trás, encontrando uma mão adornada por um anel róseo apoiada no encosto do banco. Sua dona era uma mulher de cabelos ondulados tão amarelos quanto um girassol e íris azuladas que expressavam certo divertimento.

— Quem é você? – Celine puxou o ar.

— Vênus. – ela ajeitou seu chapéu de exploradora. – Atualmente, sou a professora de exploração daqui do instituto, mas já trabalhei no castelo. E posso dizer, esse boato é completamente verdadeiro. – revirou os olhos. – Por que acham que a princesa já vai completar vinte e um anos e não tem nenhum pretendente? Pois ela não consegue se manter com um noivo por vez.

Eu e Celine ficamos em silêncio diante da declaração. Percebendo isso, Vênus acrescentou rapidamente:

— Vocês não vão dizer que eu contei, vão?

Balançamos a cabeça em negação e a professora suspirou aliviada.

— Às vezes não consigo ficar quieta. – ela massageou sua nuca.

— Então você poderia nos contar qual será a terceira etapa do teste? – Celine perguntou sutilmente.

Depois de quase dois dias ao lado de Celine, tive a certeza de que ainda me surpreenderia com sua rapidez em casos extremamente específicos.

— Eu serei a professora responsável e... – Vênus disse de maneira descontraída, mas interrompeu-se subitamente. – Há! Boa tentativa, mocinha! – deu um sorriso carregadamente sarcástico.

— Não se pode culpar alguém por tentar. – a princesa deu de ombros e voltou sua atenção para a limpeza.

— Gostei de vocês. – a mulher assentiu satisfeita. – Quem sabe não nos tornemos alunas e professora? – afastou-se de nós, acenando.

— Teremos de nos acostumar com vários tipos de pessoas de agora em diante, não? – Celine olhou para o céu, rindo brevemente.

Se para permanecer em Ilha dos Saberes tivesse de lidar com princesas caindo de árvores, nobres de atitudes duvidosas, mulheres trajando coletes cinzentos e professoras estranhas... Eu não veria problema nenhum em tudo isso.

~*~

Um novo dia nasceu, nós tomamos café da manhã no refeitório do instituto e vestimos nossos trajes mais confortáveis, pois havia chegado a hora da terceira e última etapa do teste. Curiosamente, o final do teste não ocorreria no Royal Honor, mas sim em ruínas localizadas próximas a borda da ilha.

Paradas sobre um planalto, pudemos sentir a brisa marítima batendo em nossos rostos e esvoaçando nossos cabelos. Logo abaixo de nossos narizes, em uma depressão profunda, estavam as ruínas que se assemelhavam a construções gregas.

— Certo, podemos começar? – Vênus atraiu a atenção de todas. – Sejam muito bem-vindas à terceira etapa do teste de admissão! – ela abriu os braços.

Confesso que as participantes ainda pareciam um pouco doloridas por causa da segunda etapa e não esboçaram muita emoção, incluindo eu.

— Para aquelas que não me conhecem, sou a professora Vênus. – sorriu empolgada. – Estão vendo aquelas ruínas ali embaixo?

Todas assentiram após olharem rapidamente para os destroços.

— É impossível não ver. – Cassandra resmungou.

— Me digam, vocês acreditam nos deuses do Olimpo? – Vênus indagou.

Estranhamos sua pergunta repentina e aparentemente desconexa com o teste.

— Pois eu acho bom acreditarem. – a professora disse confiante.

— O que isso tem a ver com essa etapa? – alguém perguntou.

— Dentro dessas ruínas, existem diversos baús, mas apenas três possibilidades. – Vênus contou em um tom de mistério. – Primeira, encontrar uma pedra dos deuses e estar automaticamente admitida. – levantou um dedo. – Segunda, conseguir um pergaminho e ir para outra classe que não seja a Linha de Exploração. – mais um dedo foi erguido. – E terceira, não achar nada e ser eliminada do teste. – ao invés de elevar mais um dedo, ela abaixou os dois anteriores.

Meu corpo congelou ao escutar a terceira possibilidade e minha cabeça ficou desnorteada graças àquela imprevisível história de deuses.

— Lembrando que há apenas doze pedras correspondentes aos deuses do Olimpo. – Vênus sorriu inocentemente. – Então apenas doze de vocês irão para a Linha de Exploração.

Minhas chances reduziram-se em um piscar de olhos e um nó formou-se em minha garganta, eu já esperava que poucas garotas pudessem fazer parte da Linha, contudo, não esperava que fosse aquele número tão baixo.

— Doze?! – uma participante gritou surpresa.

— Mas somos pelo menos noventa! – outra garota argumentou.

— Como eu disse, vocês ainda têm a oportunidade de pegar um pergaminho que lhes proporcionará a entrada em uma outra classe do Royal Honor. – Vênus colocou uma mão na cintura. – Vamos descer? – acenou com a outra mão.

Senti meu estômago revirar-se ao adentramos a depressão. No dia anterior, meu sonho parecia estar tão perto de se realizar, mas de repente um tapete debaixo de meus pés foi puxado sem aviso prévio.

— Como isso funcionará? – perguntei insegura.

— Uma candidata por vez entrará nas ruínas e abrirá somente um baú. A entrada não será por ordem numérica, mas sim por sorteio, assim ninguém será favorecida.

Depois da explicação, a professora retirou de sua bolsa um enorme dado de mais faces do que eu podia contar, suspenso em uma estrutura de madeira fina. Ela o girou sem cerimônias, deixando-me hipnotizada até que ele parasse, exibindo a face 80.

— Candidata número oitenta, você tem a honra de ser a primeira a entrar nas ruínas. – Vênus anunciou.

A candidata chamada saiu do meio da multidão, revelando-se uma garota alta e magra. Ela passou as mãos por suas tranças loiras, resmungando:

— Tsc.

Diferente das outras garotas, ela não usava vestidos repletos de babados e forros, ao contrário, trajava uma calça vermelha com suspensórios de mesma cor.

— Assim que você sair, erga seu braço para nos mostrar o que conseguiu, certo? – Vênus ditou.

A garota adentrou as ruínas descansando as mãos nos bolsos, passando uma impressão relaxada e desinteressada.

— Professora, e se alguma candidata tentar abrir mais de um baú? – Celine questionou.

 - Ela será automaticamente desclassificada. – a mulher respondeu. – Aplicamos uma magia que fará as ruínas tremerem caso alguém tente abrir outro baú. – piscou um olho.

— Se me permite perguntar, por que os deuses foram envolvidos nisso? – fiquei ao lado da educadora.

— Espere e veja. – ela riu.

Não demorou muito para que a candidata 80 saísse das ruínas e erguesse seu braço, apresentando um rubi lustroso de cor vermelha.

O sorriso de Vênus expandiu-se ainda mais e ela voltou a abrir seus braços, extasiada.

— Quinn Harris da Ailàrtsua, abençoada de Afrodite. – a professora declarou e depois virou-se para me encarar. – Vocês receberão a bênção dos deuses para lutar! É a isso que as pedras correspondem.

Lembram quando eu disse que eventualmente a Linha de Exploração estaria sujeita a lutar? Eu apenas não esperava que fosse receber a benção dos deuses para isso. Tive um momento de choque, ficando muda.

Deuses? Não é como se eu não acreditasse neles, mas pensar que teríamos sua bênção direta... Era algo bizarro.

— Candidata número quinze. – Vênus proclamou após girar o dado pela quarta vez.

Até então, ninguém além de Quinn havia conseguido uma pedra, uma das candidatas saiu com um pergaminho e a outra sem nada. Estremeci ao ponderar sobre a hipótese de abrir um baú vazio.

— Se estamos falando de deuses, eu espero obter a bênção de Ares. – Cassandra exclamou.

— Por quê? – arqueei uma sobrancelha.

— Acho que o deus da guerra combina comigo. – a garota apontou para si mesma cheia de orgulho.

— Aliás, não existe uma versão da lenda de Lilith e Eva que envolve deuses? – Celine ergueu o rosto, reflexiva.

— Não me lembro de ter ouvido essa versão. – neguei um tanto curiosa.

— Se você sabia, por que não colocou isso na prova de conhecimentos?! – Vênus intrometeu-se.

— Porque eu não tinha muito tempo para escrever, então optei pela variante mais curta da lenda. – a princesa riu sem graça. – Espera, leu nossas provas?! – ruborizou.

— Claro que eu li, sou uma das professoras! – a mulher rebateu. – Ah, e não consideramos essa versão aqui na ilha. – virou o rosto rapidamente.

Isso foi estranho.”, fiz uma nota mental.

Nesse momento, uma garota gorda de cachos avermelhados saiu das ruínas carregando um rutilo na mão. Ela esbanjava uma euforia, mesmo que tentasse disfarçar sob uma postura educada.

— Hanna Schimid da Açìus, abençoada de Deméter. – Vênus afirmou, voltando a animar-se por alguém ter conseguido uma pedra. – A próxima será... – girou o dado. – Candidata duzentos e doze!

Cassandra encheu o peito e jogou para trás os cabelos que caíam sobre seus ombros, exalando certa metidez.

— Aguardem pela abençoada de Ares. – ela sibilou confiante, indo em direção às ruínas.

Em menos de um minuto, a nobre voltou com uma expressão fechada, estendendo seu braço para o alto e expondo um diamante amarelo.

— Cassandra Bennet de Serdnol, abençoada de Zeus. – a professora bradou.

A garota pareceu incrédula perante o pronunciamento, assim como eu e Celine. Cassandra avaliou o diamante tendo fagulhas saindo de seus olhos, cheguei a imaginar que ela fosse jogar a pedra longe, entretanto, contentou-se em voltar para perto de nós, bufando de frustração.

— É tudo uma questão de sorte. – Vênus consolou e rodou o dado. – De qualquer modo, alegre-se, você está na Linha de Exploração.

— Parabéns! – falei animada.

— Você conseguiu! – Celine bateu curtas palmas.

— Consegui, não é? – Cassandra esboçou um sorriso de canto, aliviando sua feição de fúria. – Até que Zeus não é nada mau. – conferiu sua pedra preciosa.

— Candidata vinte e sete. – a professora recorreu.

Foi a vez de uma garota muito baixa. Apesar de seu andar rígido, seus curtos cabelos pretos e os inúmeros babados de seu vestido balançavam graciosamente. Assim como Cassandra, ela não tardou muito a aparecer com uma pedra vermelha chamada granada.

— Miki Lefrebvre da Açnarf, abençoada de Ares.

— O quê?! – Cassandra ficou boquiaberta. – Impossível! – esfregou seus olhos.

— Eu disse que é tudo uma questão de sorte. – Vênus balançou a cabeça e voltou a sortear.

— Tsc, aposto que ela pagou por aquilo. – Cassandra cruzou os braços e virou o rosto.

— A rica aqui é você. – Celine deu uma risadinha.

Mais uma candidata foi chamada, sendo uma garota de olhos pequenos e longos cabelos pretos enfeitados por uma flor. Ela apresentou uma pedra alaranjada salpicada de branco, visivelmente feliz.

— Harumi Yoshida do Oãpaj, abençoada de Apolo.

— Aquela é uma pedra do sol, certo? – Celine bateu o dedo indicador em seu queixo.

— Henry nunca me falou sobre essa. – comentei pensativa.

— Quem é Henry? – ela me fitou, interessada.

— Meu amigo de infância. – respondi sentindo minha face se aquecer ao lembrar que ele me elogiou no dia de minha partida. – Ele é apaixonado por pedras, então sempre me contou sobre elas.

Outra garota voltou das ruínas e eu tive a impressão de que ela era igual a anterior, não fosse pelo cabelo curto com enfeite de floco de neve. Essa segurava uma pedra cor de gelo.

— É uma pedra da lua. – lembrei de seu nome.

— Fuyuki Yoshida do Oãpaj, abençoada de Ártemis. – Vênus se divertia sempre que anunciava uma nova bênção.

— Espera, são irmãs? – Cassandra levantou uma sobrancelha.

— A próxima candidata é... – a professora esperou que o dado parasse de girar. – Número duzentos e dez!

Celine deu um pulo de surpresa e andou endurecidamente até as ruínas. Antes de sumir atrás dos pilares destruídos, ela nos olhou por cima do ombro e sibilou: “desejem-me sorte”.

— Ei, Vênus. – Cassandra chamou de braços cruzados. – Você disse que é questão de sorte, mas as duas Yoshida conseguiram as pedras de deuses gêmeos. Isso me parece mais coincidência do que sorte.

— Você acha que eu estou influenciando os resultados? – Vênus semicerrou os olhos e sorriu sem mostrar os dentes.

— Talvez. – a garota deu de ombros. – Até porque não faz sentido que a Linha seja formada só porque as candidatas são “sortudas”. – lançou um olhar interrogativo para a mulher.

— Então que tal chamarmos de destino? – a professora voltou sua atenção para as ruínas.

Cassandra verificou seu diamante amarelo por alguns segundos, claramente insatisfeita com a resposta de Vênus.

Sequer percebi que Celine havia saído e erguia seu braço, apresentando uma pedra azulada, a qual reconheci como água marinha.

— Celine Dufour da Açnarf, abençoada de Poseidon. – Vênus assoviou.

Um sorriso surgiu na face da princesa acompanhado de pequenas lágrimas, ela correu até nós soltando gritinhos de felicidade.

— Estou na Linha de Exploração! – ela passou um braço pelo pescoço de Cassandra e outro pelo meu, juntando-nos em um abraço.

— Eu sabia que conseguiria! – retribui o abraço instantaneamente, feliz por ela.

Ao ver que minhas amigas haviam conseguido, me senti mais motivada e todo o medo que me assolava se esvaiu.

Mais quatro garotas foram chamadas, três conquistaram pergaminhos e uma saiu de mãos vazias.

— Quais as outras classes disponíveis? – indaguei, tendo pena da garota que abriu o baú vazio.

— Estudos dos artefatos, registros de objetos encontrados e culinária real. – Vênus respondeu, fazendo uma careta ao dizer o último.

— Culinária não tem nada a ver com os outros. – protestei.

— A princesa Louise é viciada em doces. É claro que no instituto dela teria algo assim. – a professora revirou os olhos e girou o dado. – Candidata vinte e dois.

Uma garota de olhos tão escuros quanto a noite e cabelos crespos em tom castanho dirigiu-se às ruínas esboçando um ar de determinação, saindo em seguida com uma ametista brilhante em mãos.

— Nala Mwangi do Otige, abençoada de Hera. – Vênus chegava a estar mais empolgada que as próprias abençoadas.

— Como você sabe magicamente o nome das candidatas? – Cassandra voltou a implicar.

— Você já disse. Magicamente. – a mulher estalou a língua.

— Leu as fichas de inscrição, não é? – a nobre disse sem ânimo.

— É. – Vênus bufou.

Dessa vez, a candidata chamada parecia meio avoada e sem saber direito o que fazer, tendo em vista que ela conseguiu se atrapalhar com as próprias mechas onduladas na frente de seus olhos. A garota demorou um pouco, mas obteve uma esfera preta com um único risco de luz em seu centro, conhecida como olho de gato.

— Luna Gimenez da Anitnegra, abençoada de Hermes. – Vênus sentou-se no chão e apoiou o dado entre as pernas.

— Posso girar o dado? – Celine acomodou-se ao lado da professora.

— Claro. – a mulher assentiu. – Que não! – ela mesma o girou. – Candidata sessenta e sete. – olhou para trás, procurando pelo número chamado.

A dona de frias íris azuis e cabelos amendoados conquistou uma alexandrita roxa em poucos segundos. Esboçava indiferença e até mesmo impaciência.

— Becky Miller do Àdanac, abençoada de Dionísio. – a professora apoiou o rosto em uma das mãos.

— Isso é cansativo. – abaixei-me frustrada. – Quando será minha vez?

Meu tédio dissipou-se ao vislumbrar as madeixas prateadas da nova participante, hipnotizando-me pelo tilintar de seus braceletes e colares quando ela mostrou uma esmeralda na palma da mão.

— Ambar Devi da Aidnì, abençoada de Atena.

Mais algumas garotas saíram sem nada, o que me deixou aflita, até que uma candidata exibindo um grande sorriso conseguiu uma opala de fogo. Ela agitou seus cachos em comemoração, revelando a lateral raspada de sua cabeça.

— Elena Miralha do Lisarb, abençoada de Hefesto. – Vênus espreguiçou-se. – A próxima será... Número duzentos e onze.

Tive um estalo na cabeça e coloquei-me de pé em uma velocidade absurda, recebendo uma dose de euforia que correu por minhas veias. Sorri para as garotas como se pedisse por boa sorte, porém, elas me encararam perplexas.

Não entendi o porquê da expressão delas, então apenas segui o caminho até as ruínas, enchendo-me de boas energias. Repassei mentalmente quais deuses já haviam sido citados para que eu pudesse imaginar por qual seria abençoada.

Afrodite, Deméter, Zeus, Ares, Apolo, Ártemis, Poseidon, Hera, Hermes, Dionísio, Atena e Hefesto.”, contei engolindo em seco. “Totalizando... Doze deuses.

Minhas pernas congelaram sobre os degraus de mármore e meu coração apertou-se ao falhar uma batida. Inúmeros pensamentos passaram por minha cabeça, confusos e agitados, mas acima de tudo incapazes de admitir o que estava acontecendo.

— Não. Não. Não. – balbuciei indignada.

Algo dentro de mim incentivou-me a mover-me, correndo para dentro do que um dia foi um templo e descobrindo uma sala escura tão silenciosa que fui capaz de escutar minha própria respiração.

— Eu não posso acreditar. – minha voz perdeu-se no escuro.

Vagando pelo local, choquei-me contra algo que a julgar pelo som deveria ser um baú. Recuei alguns passos com o susto e trombei em outro, caindo sobre ele. Um grito esganiçado desapareceu no ar.

Soltei um suspiro de frustração, sentindo toda minha energia se dissipar. Minha história não deveria terminar ali, eu não aceitava que terminasse ali.

— Se é assim que tem que ser, então que eu consiga um pergaminho. – impulsionei meu corpo para frente. – Eu me recuso a ir embora de Ilha dos Saberes.

Com as sobrancelhas franzidas e as mãos trêmulas, decidi abrir o baú que eu havia caído em cima, pois me pareceu a escolha certa a se fazer. Inseri meus dedos embaixo da tampa e a levantei cuidadosamente. O rangido da madeira ecoou pela sala ao mesmo tempo que uma corrente de vento abraçou-me, plantando um calafrio em minha espinha.

Sem poder enxergar nada, tateei o interior do baú de maneira desesperada, envolvendo em meus dedos a primeira coisa que encontrei. Em meu punho cerrado havia um objeto sólido, gélido e pequeno.

— O q-que é isso? – sussurrei confusa, direcionando-me à saída.

Sendo alvo de um leve incômodo causado pela luz do sol, elevei meu braço, revelando seja o que lá que eu tivesse pegado.

A professora mudou sua expressão de tédio para surpresa assim que me viu, piscando os olhos rapidamente. Ela levantou-se de modo súbito, apresentando-se incrédula. Mantive-me firme em minha postura, segurando toda minha decepção até que meu destino fosse anunciado.

— Alicia Foster de... De... – Vênus abriu e fechou a boca, as palavras saindo emboladas. Seus ombros caíram e ela continuou. – Abençoada de Hades.


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Notas finais do capítulo

Ailàrtsua = Austrália
Açìus = Suíça
Serdnol = Londres
Açnarf = França
Oãpaj = Japão
Otige = Egito
Anitnegra = Argentina
Àdanac = Canadá
Aidnì = Índia
Lisarb = Brasil

Ufa, quantos nomes, não XD? Esse capítulo foi mais para apresentar as integrantes da Linha e jogar algumas coisinhas no ar!
Espero que tenham gostado ♥!
Nos vemos na quarta-feira se tudo der certo, xuxus (fico tão triste por saber que as notas serão retiradas no novo site TnT).
Beijos.
—Creeper.



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