Alicia e as 12 bênçãos escrita por Creeper


Capítulo 5
Nobres valem um ou dois cavalos


Notas iniciais do capítulo

Quarta-feira é dia de capítulo novo! Nada como uma atualização no meio da semana, né? XD
Tenham uma boa leitura ♥!



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Cambaleei para fora da fila um pouco atordoada, consequentemente trombando em mais uma pessoa. Afastei-me em um pulo, disparando um pedido de desculpas.

— Calma, sou eu! – Celine sorriu. – Parece que viu um fantasma. – brincou.

— É que acabei de perceber que Cassandra estava logo atrás da gente. – apontei para a garota fazendo seu registro.

— Droga, como somos distraídas! – ela bateu a mão na testa.

Prendi minha atenção em uma das torres do instituto, onde um relógio gigantesco movia seus ponteiros pelos números em formas de letras, marcando quinze para às duas.

— Melhor a deixarmos para depois, o teste já irá começar. – sugeri. – Devemos guardar nossas malas e... – percebi que Celine não carregava nada em mãos. – Onde estão suas coisas? – arregalei os olhos.

— É provável que Jarbas as traga mais tarde. – ela disse com simplicidade. – Oh, preciso prender minha placa. – alfinetou o círculo de número “210” em sua roupa.

Coloquei minhas malas no chão e fixei meu número no lado direito da jaqueta.

—  Espere, você é a duzentos e dez? – levantei as sobrancelhas. – Quer dizer que somos colegas de quarto!

— Isso só pode ser o destino! – Celine pareceu animada.

— Ou talvez porque fizemos o registro uma depois da outra. – voltei a segurar minha bagagem. Meus braços já estavam cansados de carregá-la de um lado para o outro.

Como tínhamos pouco tempo, corremos para dentro do prédio e deslizamos pelo chão lustroso de madeira do hall de entrada. Subimos as amplas escadas avermelhadas de dois em dois degraus, ignorando o uso do corrimão. Ao pisar no quarto andar, ofegávamos, ganhando olhares indiscretos de outras participantes.

Um largo corredor se desenhava a nossa frente com dez portas distribuídas igualmente de cada lado, algumas pessoas saindo e entrando delas.

— Vinte um, vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro... – balbuciei, conferindo os números nas portas. – Vinte e cinco! – parei em frente a porta de cor púrpura, girando a chave em sua fechadura.

Um cheiro de carvalho invadiu minhas narinas, incentivando-me a adentrar o cômodo. Minhas mãos curiosas amaciaram os lençóis brancos dos colchões dos dois beliches, notei que um estrado estava vazio sob um recado que dizia “a quarta cama está quebrada, não use”.

— Uau, tem até uma escrivaninha! – Celine deslizou os dedos pelo móvel abaixo da janela.

Admirada e distraída, quase bati o pé na quina de um baú que fazia par com o outro, provocando inveja na cômoda solitária no canto da parede.

— Isso é perfeito. – sussurrei emocionada.

— Nós definitivamente precisamos ficar. – ela sentou-se em uma das camas.

Coloquei minhas malas sobre a cama acima da que Celine instalou-se, marcando território.

— Para isso precisamos chegar sala do teste. – lhe lancei um olhar divertido.

A princesa prontamente levantou-se e iniciamos mais uma corrida, dessa vez para a Sala 5 do segundo andar, onde várias garotas já se encontravam sentadas nas bancadas, aguardando pela prova.

Eu e Celine nos acomodamos em uma das últimas bancadas, uma ao lado da outra. Respirei fundo, procurando manter-me relaxada. Meu momento de meditação durou pouco, pois logo em seguida escutei as portas sendo fechadas e mais uma mulher de colete ditar:

— A prova começará em trinta segundos. Vocês terão três horas para respondê-la.

Ao dizer isso, ela estalou os dedos e as provas de papel amarelado apareceram na frente de cada participante. Pisquei os olhos várias vezes, pasma.

— Isso não foi magia. – Celine sussurrou discretamente. – As provas já estavam aqui antes, apenas foram ocultadas com algum truque. – abaixou sua cabeça, focando-se em seu teste.

— Comecem. – a mulher ordenou.

Meus olhos leram as trinta questões em uma velocidade absurda, encontrando perguntas que iam desde conhecimentos gerais até questões sobre a ilha.

Não consegui impedir que minha perna ficasse balançando debaixo da mesa enquanto meu suor frio pingava sobre a prova. Engoli em seco, afundei o rosto nas mãos e expirei.

Meus ouvidos eram preenchidos pelo som de centenas de lápis batendo contra a superfície de papel, provocando um chiado desconfortável.

Concentre-se, concentre-se!”, rangi os dentes. “Você consegue.”, bufei silenciosamente, permitindo-me lembrar tudo que estudei durante o ano anterior inteiro.

Encarei o papel em minha frente e determinadamente comecei a preenchê-lo, ignorando o martelar em minha cabeça. Um nó sufocou minha garganta, por mais que eu soubesse as respostas, me sentia enjoada e nervosa.

Sob a mesa, outro joelho encostou-se ao meu. De soslaio, observei como o cabelo de Celine caía por seu rosto e sua postura indicava concentração. Ela sorriu, pois sabia que eu estava a olhando.

Voltei-me para a 30º pergunta que monopolizava uma única folha para si:

O que você sabe sobre a lenda de Eva e Lilith?

Existe uma resposta certa para isso? É uma armadilha?”, ponderei.

~*~

Três horas depois, eu podia dizer que minha alma havia deixado meu corpo quando as provas foram recolhidas.

— Vocês estão dispensadas. O resultado sairá amanhã ao meio-dia em ponto. – a mulher anunciou.

Desabei sobre a bancada, os ombros rígidos de tensão e a cabeça latejando de estresse.

— Eu quero morrer. – murmurei, deixando que um fio de saliva escorresse por minha boca escancarada.

— O pior já passou. – Celine acariciou minhas costas. – Você parecia bem...  Concentrada. Tenho certeza de que se saiu bem.

— Eu estava pirando. – virei minha cabeça para fitá-la. – Posso sentir meus miolos fritando até agora.

— Que tal irmos para o nosso quarto descansar? – ela aconselhou.

Saímos juntamente as outras inúmeras garotas, escutando murmúrios vindo de todos os lados, causando-me zonzeira.

Suspirei aliviada assim que alcançamos nosso dormitório, Celine se ofereceu para abrir a porta, contudo, ficou paralisada, impedindo minha passagem.

— O que houve? – fiquei nas pontas dos pés, olhando por cima de seu ombro.

Adquiri uma expressão de perplexidade ao deparar-me com Cassandra deitada na cama que havia sobrado, os olhos suavemente fechados e corpo encolhido.

— Ela parece um anjo. – sussurrei.

— Pelo menos quando está dormindo. – Celine acrescentou entrando nas pontas dos pés.

Fechei a porta atrás de mim silenciosamente, evitando até mesmo respirar alto demais para não acordar a garota.

— Faz sentido que ela seja nossa colega de quarto já que fez o registro depois de você. – a princesa analisou.

Inconscientemente, ambas ficamos paradas em frente a cama de Cassandra, a observando dormir. Talvez nenhuma de nós soubesse o que fazer.

Em meio ao nosso transe, os olhos da adormecida apertaram-se, abrindo-se em seguida, revelando suas íris de cor mel. Ela nos encarou durante um tempo com as sobrancelhas franzidas e nós congelamos no lugar.

— Quem são vocês? – Cassandra perguntou cautelosamente, imóvel.

— Suas colegas de quarto. – respondi entredentes.

— Ah, menos mal. – ela retirou a mão de debaixo do travesseiro, empunhando uma adaga.

— Você estava segurando isso enquanto dormia? – Celine indagou indignada.

— Digamos que eu não sou o ser humano mais amigável do mundo, então é sempre importante ter uma dessas por perto. – Cassandra manuseou a lâmina. – Seus rostos não me são estranhos. – avaliou, sentando-se.

— Nós vimos você chegar de carruagem. – comentei.

— Deixei-me adivinhar... – ela passou os dedos por seus cabelos, desembaraçando-os. – Thomas ofereceu algo para que vocês me capturassem?

Eu e Celine nos entreolhamos desconfortáveis sem saber o que responder.

— Ele faz isso toda vez que eu fujo. – Cassandra revirou os olhos e calçou seus sapatos de boneca. – O que vocês pediram? – cruzou os braços.

— Não pedimos nada... – balbuciei, tentando ocultar a situação.

— Um cavalo. – Celine respondeu de cara limpa.

— Ei, eu valho no mínimo dois cavalos! – Cassandra protestou.

— Então você realmente é filha de um nobre rico e influente? – a princesa inclinou-se na direção da garota.

— Argh. – ela encolheu os ombros e rangeu os dentes. – Sim, sou a unigênita dos Bennet. Moramos em Serdnol na Arretalgni.

Surpreendi-me ao saber que Cassandra viera do mesmo país que eu, porém, me mantive em silêncio.

A nobre dobrou um pouco o braço, levando o pulso para trás e depois para frente, lançando a adaga na direção da porta e fincando-a certeiramente no centro da madeira. O “zum” feito pela lâmina amedrontou meus ouvidos, me obrigando a recuar um passo.

— Não vão me entregar, vão? – ela nos fitou de soslaio. Tive a impressão de que a verdadeira pergunta era “vocês sabem que a próxima coisa que irei acertar são seus pescoços, não?”.

Celine fez menção de erguer a mão em discordância, contudo, segurei em seu pulso e balancei a cabeça lentamente. A princesa fez bico (provavelmente pensando no cavalo que não ganharia), suspirou tristemente e mudou de assunto:

— Como foi o teste... Cassandra?

Bastou ouvir a palavra “teste” que me estômago se revirou e eu caí em minha cama com um enjoo terrível. Lembro-me de me contorcer um pouco antes de adormecer.

Pensei que havia tirado um cochilo de cinco minutos, porém, ao abrir os olhos percebi que uma luz alaranjada preenchia o quarto e a temperatura havia caído. Um lençol repousava sobre meu corpo e um pano úmido estava grudado em minha testa.

Olhei ao redor, procurando pelas garotas, mas apenas encontrei um bilhete em cima da escrivaninha que dizia “fomos buscar minhas malas com Jarbas, voltaremos logo”. Espreguicei-me, os músculos tensos.

Reparei que havia uma porta aberta dentro do quarto que eu não havia reparado da primeira vez. Chegando mais perto, concluí que era um banheiro pequeno, mas exatamente o que eu precisava.

Girei a torneira, produzindo um som enferrujado e soltando um fio de água que aos poucos preenchia a banheira. Com cuidado, retirei o vestido que mamãe costurara e entrei na água morna, livrando-me de toda a apreensão.

Fiquei um tempo em devaneios, deixando a cabeça apoiada na borda e as pernas junto ao peito. Me perguntei como minha família estava e meus pensamentos me levaram até Richard. Senti meu coração doer ao lembrar de seu sorriso.

As coisas realmente estariam iguais quando eu voltasse?

Feliz aniversário, Alicia.”, uma voz disse ao longe. Mas eu não sabia de quem era.

~*~

No dia seguinte, ao meio-dia em ponto todas as garotas reuniram-se em frente a um enorme mural colocado no campus. Quando me aproximei junto de Celine e Cassandra, dei-me conta de que se tratava dos nomes das participantes que haviam passado na prova de conhecimentos.

Levei uma de minhas mãos a boca e comecei a roer minhas unhas, aflita.

— Que droga, saíam da frente! – Cassandra não se importava de distribuir cotoveladas nas demais para que pudesse chegar ao mural.

Apesar de constrangidas, eu e Celine não deixamos de segui-la, sendo esmagadas por centenas de garotas. Paramos quando o mural estava ao alcance de nossos olhos.

Eu tentava achar meu nome, todavia, as letras pareceram decidir dançar para me deixar zonza.

— Deve estar em ordem alfabética. – Celine comentou nervosa, segurando um de meus ombros.

Engoli em seco e desviei meus olhos para o início do mural, enxergando inúmeras letras “A” de maneira embaçada. Aos poucos minha vista foi se ajustando e meu olhar descendo a procura de meu nome. Vários flashs de meu trajeto até Ilha dos Saberes passaram por minha cabeça e eles só pararam quando encontrei “Alicia Foster, Nº 211” na última linha da segunda coluna.

Uma calma surreal preencheu meu corpo e um suspiro aliviado escapou de minha boca. Senti que poderia desmaiar ali mesmo, por sorte fui segurada por Celine.

— Nós passamos! Passamos! – Celine gritou animada, puxando-me para fora daquela multidão.

— Passamos, não é? Eu não estou sonhando, estou? – olhei de Celine para Cassandra, transbordando de felicidade.

A nobre curvou-se e deu soquinhos no ar, balbuciando alguma comemoração.

— Na sua cara, Thomas! – Cassandra exclamou.

Eu a princesa trocamos olhares, dando risadas abafadas. Cassandra percebeu, esboçando um sorriso travesso.

Institivamente nós três nos abraçamos, podíamos nos conhecer por apenas um dia, mas já havíamos formado um laço, por mais singelo que fosse. Além de torcer por mim, eu com certeza torceria por elas.

— As participantes que passaram na primeira etapa, favor dirigirem-se à arena de treinamento para a segunda etapa. – uma mulher de colete mandou. Gostaria de saber se havia um ninho de mulheres de colete, pois elas não deixavam de aparecer.

Chegamos à arena de areia repleta de obstáculos que presumi termos de passar. Talvez aquele fosse um péssimo dia para se usar vestido.

Fomos colocadas em cinco filas com base em nossos números, havendo uma trilha de obstáculos para cada fila. Devia ter sobrado apenas duzentas garotas de uma etapa para outra.

Minha atenção foi direcionada para a mulher alta e forte em nossa frente. Sua pele negra brilhava contra o sol e alguns cachos de seu cabelo curto caíam em seu rosto.

— Parabéns por terem chegado a segunda etapa. Sou a professora Eudora, no entanto hoje serei a juíza dessa prova. – ela elevou o tom de voz para que todas a ouvissem, assumindo uma postura impecável. – Agora, vocês terão de completar esse campo de obstáculos em uma margem de tempo de dois minutos.

— Dois minutos? – alguém reclamou.

— Isso é loucura! – outra ralhou.

Logo as vozes começaram a se levantar e criar um burburinho de insatisfação.

— Chamamos essa etapa de morte súbita. Se você não é capaz de cumprir esse teste em pouco tempo, significa que não está apta para fazer parte da Linha de Exploração. – Eudora rebateu, implacável.

— Pois bem! Comece esse teste de uma vez! – Cassandra gritou em um tom desafiador.

A trilha era iniciada por troncos na altura da cintura espalhados estrategicamente, seguidos por uma rede suspensa a pelo menos 5 metros do chão, obtendo o auxílio de escadas em cada uma de suas extremidades.

Fiquei nas pontas dos pés para conseguir enxergar o resto, avistando um profundo buraco cheio de lama, abaixo de uma corda presa a uma robusta estrutura de madeira. Comecei a traçar um plano para calcular a melhor rota.

Depois do fosso de lama, uma sequência de 6 torres giratórias erguia-se em zigue-zague, agredindo o ar com seus longos e afiados pinos de madeira.

Por último, mas não menos assustador, uma gigantesca parede de pedra cheia de irregularidades barrava a luz do sol, criando uma sombra espessa.

Eudora bradou um número da primeira fila, segurando um relógio e uma caderneta. A garota chamada obteve dificuldades de primeira, sendo incapaz de saltar os troncos.

— Eu não quero nem ver. – virei o rosto.

Mais quatro mulheres de colete apareceram, cada uma se posicionando em uma fila restante.

— Quarta fila, número duzentos e dez. – uma delas chamou.

— Sim, senhora. – Celine deu um passo à frente, o corpo enrijecido.

— Prepare-se. – a mulher manteve os olhos fixos em seu relógio de bolso. – Você terá de atravessar todos os obstáculos, os meios não importam durante essa etapa. O que conta é sua agilidade.

Celine ajeitou suas costas e ombros, fazendo um pequeno aquecimento.

— Um, dois, três. Já! – a mulher gritou.

A princesa adentrou a arena de um jeito nada convencional: dando uma rasteira de dois pés na areia, espalhando poeira para todo lado. Assim que o pó se dissipou, pude perceber que o plano de Celine era passar por debaixo dos troncos, ao invés de saltá-los.

Ao chegar na escada, Celine não fez nenhuma menção de subi-la, pelo contrário, ela simplesmente correu por debaixo da rede.

— Ela pode fazer isso?! – Cassandra perguntou indignada.

— Não é o recomendado, mas... – a mulher engoliu em seco, pasma. – Não posso reprová-la, a menos que ultrapasse o tempo limite. – atrapalhou-se ao manusear o relógio. – Céus, quem inventou essa regra de que os meios não importam? – balbuciou mais para si mesma do que para nós.

Ouvindo isso, uni minhas mãos em volta da boca e gritei o mais alto que pude:

— Continue, Celine!

E foi desse jeito que a princesa contornou o fosso de lama, as torres e a parede gigantesca de pedras.

A mulher rabiscou algo em sua caderneta e resmungou de mau gosto:

— Duzentos e dez aprovada.

Eu e Cassandra batemos nossas mãos discretamente.

— Duzentos e onze, é sua vez. – ela me lançou um olhar frio como se me alertasse para não repetir as atitudes de Celine.

Realizei um curto alongamento antes de escutar o autoritário “JÁ!”. Apertei minhas sobrancelhas e movi minhas pernas para dentro da arena. Apoiei minhas mãos nos troncos antes de pulá-los, rezando para que meu vestido não ficasse preso.

Os treinamentos de Henry e Richard auxiliaram em meus reflexos e habilidades físicas, então o primeiro obstáculo não me custou tanto tempo.

Mantendo o foco, subi a primeira escada, pressionando as barras com força. Já no alto, o sol batia em minha face e meu corpo inteiro tremeu ao colocar o primeiro pé na rede, sentindo-a balançar e ouvindo-a ranger.

— Tudo bem, eu consigo. – respirei fundo e coloquei o segundo pé.

Meu coração falhou uma batida quando a rede ondulou de uma extremidade a outra, derrubando-me sobre ela. Sob o medo de cair, meus dedos fecharam-se em torno do material, esperando um momento seguro para mover-me novamente.

Controlei minha respiração descompassada e comecei a engatinhar, agarrando-me fortemente à rede. Joguei-me escada abaixo, sentindo um enorme alívio ao voltar para a firmeza do chão.

Corri em direção ao fosso para tomar impulso e pulei na corda no último instante. Creio que me soltei antes da hora, pois meu tronco tocou o outro lado enquanto minhas pernas afundaram-se na lama.

Sem tempo para reclamações, apenas me arrastei para fora do buraco, ignorando a sujeira em minha pele e roupa.

— Por sorte não estou usando o vestido da mamãe hoje. – murmurei entrando no vão existente entre as torres.

Fui acertada pelos pinos logo de início, produzindo dores em locais que eu nem sabia que existiam em meu corpo. Fiquei tão dolorida que escapei do zigue-zague quase de joelhos, insatisfeita por ter desviado de tão poucos pinos. Richard sempre dizia que esquivar-me não era o meu forte.

Por fim pude encarar a gigantesca parede de pedras. Eu podia contorná-la como fez Celine, todavia, algo dentro de mim me mandava escalar aquelas irregularidades.

O ar cortado escapou de meus lábios e eu cuspi o suor que se acumulava em meus lábios.

Encaixei meus pés e mãos em todas as falhas da parede, impulsionando-me sempre que encontrava uma nova falha para me agarrar. Senti as gotículas de suor voltarem a se acumular e uma chama se acender em meu peito no momento em que alcancei o ponto mais alto da parede.

Elevei um de meus punhos cerrados para mostrar que havia conseguido. Ao longe, pude observar a mulher rabiscando algo em sua caderneta e Cassandra dando um de seus sorrisos convencidos.

Eu havia sido aprovada na segunda etapa do teste de admissão. Meu sonho tornava-se cada vez mais real.


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Notas finais do capítulo

Serdnol = Londres
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Edit (21hrs29): Pessoal, desculpe, eu tinha apagado uma informação no capítulo anterior (já consertei!) sobre o número do quarto das meninas, que é o 25. No caso, elas são colegas de dormitório por causa da sequência de registros ^^.
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Parece que esse é o surgimento de uma nova amizade! Até agora Alicia conseguiu enfrentar duas etapas do teste... Como ela se saíra na terceira? Descobriremos no final de semana!
Espero que tenham gostado ♥.
Beijos.
—Creeper.



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