A maldição da Sucessão escrita por Pms


Capítulo 43
Capítulo 43: O convite.


Notas iniciais do capítulo

- Olá, eu voltei depois de um mês sumida. Desculpe, além de vários compromissos que ocorreram e falta de tempo para escrever, eu tive bloqueio criativo. No entanto, estou de volta a todo vapor.

— Um novo capítulo para vocês!

— Comentem!



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Draco Lúcio Malfoy, inocente da acusação de assassinato, culpado pela utilização do feitiço Petrificus Totalus em uma trouxa. Sentenciado à pagamento de multa. 

Blásio Alfred Zabini, culpado por ameaça e tentativa de assassinato.

Astória Lara Greengrass culpada pela morte de Blásio Alfred Zabini. Sentenciada à prisão domiciliar, tempo de reclusão em discussão. 

Harry não está completamente satisfeito com novamente Draco Malfoy se livrando de Azkaban, a atitude mal agradecida de Malfoy não ajudou a aumentar a satisfação. Ele merece passar uns meses em Azkaban, não pelo o assassinato. O seu ato de dar dinheiro ao um auror é o verdadeiro crime que deveria ter sido julgado. Contudo, Harry não se arrepende de ter dito a verdade. Como ele poderia exigir a verdade do Ministério se nem ao menos faz o mesmo?

— Ele vai superar. – Disse Pansy sorrindo enquanto os dois observavam Draco sair do tribunal. – Claro que ele passará eternamente remoendo esse momento no fundo da alma dele, igual à quando salvou ele de ser queimado vivo. Na verdade, quem não vai superar são esses bruxos que estão olhando para você, como tivesse deixado o próprio Lorde das trevas sair livre.

Por Pansy estar informada que Harry havia salvado a vida de Draco na Sala Precisa, o fez questionar quem havia contado para ela. Só havia outra pessoa, além de Draco, que presenciou o acontecido e que podia ter contado para Pansy. Ao imaginar que o próprio Draco Malfoy relatou ou confirmou o acontecido para ela, adicionou um lado dele que Harry não conhecia. E isso é o mais longe de gratidão que receberá de Draco Malfoy.

No entanto, a fazer análise de suas ações com os resultados que estão sendo obtidos, ele começa achar que deve estudar o que irá fazer antes de tomar uma ou qualquer atitude, por mais nobre que seja.

— Você é realmente o que dizem ser, senhor Potter. – comentou o senhor Greengrass ao seu lado após o veredito ter sido dado.

Harry se virou para o homem que o analisava.

— Quando você se candidatar ao cargo de ministro, ficarei feliz em apoia-lo.

Harry negou com a cabeça.

— Eu não quero ser ministro.

Apolo Greengrass soltou uma risada alta, como tivesse ouvido uma piada engraçada.

— O fato de não querer ser um ministro já te torna o indicado para o cargo. – o homem brincou com a bengala em seus dedos. – Olhe para eles. – indicou ele os juízes e bruxos da Suprema corte. – Todos impressionados e inacreditados com sua ação.

— Eu fiz o que era certo. – Harry passou o olhar em cada bruxo da Suprema Corte.

Os bruxos da Suprema Corte, todos, estavam de pé e conversavam entre si, lançando olhadas rápidas para Harry, tanto de admiração quanto de raiva. Os repórteres e jornalistas lutavam na fila para conseguir a primeira entrevista com o recém liberto Draco Malfoy, como também com Harry, mas eram impedidos de saírem de seus lugares pelos aurores presentes.

Quim Sacklebolt contemplava Harry do lugar onde estava. Não aparentava ser raiva ou rancor que marcava a expressão do ministro, uma curiosidade estava em seu rosto. Harry sentiu um alívio, não era sua intenção começar uma guerra com o ministro e nem com o Ministério, ele só queria que as coisas certas fossem feitas.

— Senhor Potter. – Apolo Greengrass chamou sua atenção colocando a mão em seu ombro. - Pense sobre isso.

Harry não quer ser ministro. Ele acredita que não tenha jeito para política, suas atitudes e ações foram impulsos para fazer o que achava certo e não com propósito de ganhar o apoio dos bruxos.

— Não se pode negar que Quim Shacklebolt foi uma escolha indicada para ministro após a guerra, mas isso somente pós- conflito. Atualmente, com a política restaurada um ministro que consiga unir todos, seja trouxas, mestiços e famílias tradicionais de puro sangue se tornou uma necessidade. E Harry Potter, salvador do mundo bruxo, vem se tornando o indicado para ocupar o cargo. Contudo, se Harry Potter pretende ocupar o cargo de ministro, podemos afirmar que uma parte do apoio da Suprema Corte ele já não tem. A pergunta que se mantém é: Qual é a estratégia que nosso herói está utilizando? Estaria ele começando uma guerra particular com o Ministério para se candidatar futuramente? – Hermione fecha seu exemplar do Profeta Diário, a qual estava lendo um artigo. – Como podem deduzir que você quer a carreira política se você nem demonstra interesse?

Harry acena com a cabeça em concordância sem tirar os olhos do seu próprio exemplar do Profeta Diário.

— Eu digo a mesma coisa. – afirma Rony sentado ao lado de Hermione comendo uma torrada. – Você que parece ser a mais indicada e interessada para o cargo de ministro.

— Você acha? – questiona Hermione olhando para Rony.

— Sim. – responde Rony. – Você terá mais apoio para assumir o cargo do que Harry.

Harry levanta o olhar para ver Hermione considerando a ideia em sua mente e sorrindo orgulhosamente.

— Eu acho que faria muito mais diferença no Ministério se eu fosse a ministra. – Hermione comenta brincando distraída com os feijões de seu café da manhã. – Sabe, meus projetos seriam aceitos com mais facilidade.

— É claro que quem só iriam se opor a sua candidatura seriam os sangue puros. – Adiciona Rony. – Famílias como os Malfoy.

O comentário de Rony poderia ser sem importância se não fosse a olhada bem sugestiva que ele lançou para Harry ao dizer o nome Malfoy. Rony ainda não aceitou a noção que Harry libertou Draco Malfoy de ser enviado para Azkaban, como também outros bruxos. Harry não vem tentando se explicar sobre a razão de seus atos, esperar que compreendam o que ele fez é ilusória, já que estão muito ocupados premeditando sua candidatura ou um ato revolucionário contra o Ministério.

Depois do encontro pouco amigável entre Pansy e seus dois melhores amigos, Harry foi até a casa deles conversar sobre o acontecido. Harry garantiu aos seus amigos que Pansy era confiável e pediu que eles se não confiavam nela, pelo menos confiassem nele. Ele não contou sobre a revelação que ela fizera depois que eles foram embora, mas sentiu a análise no olhar de Hermione.

Rony continuou relutante a aceitar a ideia de confiar em qualquer bruxo da sonserina, principalmente numa bruxa que vivia atrás de Malfoy, como dito nas palavras dele. Hermione também demonstrou não aceitar a ideia. Harry não tendo nenhuma outra opção, teve que questionar seus amigos se achavam que ele confiaria o cuidado e o bem estar de seu filho ao uma mulher que ele não tinha nenhuma confiança. O questionamento pareceu abrir a tolerância de seus dois amigos para aceitação de Pansy Parkinson na vida dele. E com a inocência de Malfoy, a aceitação se tornou tolerável, pelo menos para Hermione.

Com a situação resolvida, os três puderam dar atenção ao que realmente importa, que é o assassino da marca negra, a qual sua identidade ainda é um mistério.

Harry larga o Profeta diário e ignora o comentário de Rony. Ser criticado nos jornais e pelos bruxos é uma coisa que ele já devia ter se acostumado, ainda assim, está farto de ser o centro da atenção sempre. A perseguição a sua pessoa além de interferir na sua vida pessoal, acaba interferindo em seu trabalho, o foco devia estar no assassino da marca negra e não se ele pretende tentar a carreira política.

— Hermione, você tinha me dito que tem uma teoria sobre o assassino da marca negra. – Harry relembra ela.

— Sim, tenho. – Hermione limpa a boca com o guardanapo. – Eu acho que o assassino é uma pessoa que está por perto. Uma pessoa que possa vigiar e saber de coisas com facilidade, como eu estar te ajudando a encontrar a identidade dele, como também, você e Rony descobrindo sobre a verdade da fuga de Azkaban.

— Alguém do Ministério. – Deduz Harry.

— Sim. – Hermione bate o dedo do queixo pensando. – Alguém do Ministério poderia ter me visto com os papéis investigativos do caso do Assassino da marca negra. Alguém do Ministério saberia que vocês tinham ido visitar a esposa do Gray.

— Isso explicaria também os assassinatos dos aurores terem sido bem executados, e só alguém do Ministério poderia saber a verdade de Azkaban. – Completa Harry enchendo sua xícara com café. – Mas já tínhamos pensado sobre essa possibilidade.

— Sim. A partir disso, eu pensei em como podemos criar um plano. – Hermione diz entusiasmada. – Temos que achar algo em comum, a pessoa em comum em todas as vezes que o assassino se fez presente...

Um barulho baixo e sonolento de Pansy entrando na sala de jantar impede Hermione de continuar sua linha de raciocínio. A sala fica em completo silêncio, os barulhos de mastigação e os talheres se silenciam.  Harry sabe exatamente o motivo para seus amigos pararem o café da manhã, e por isso, continua a tomar seu café normalmente.

— Não sabia que tínhamos visitas tão cedo. – oferece Pansy um sorriso sonolento enquanto amarra seu cabelo curto, deixando algumas mechas caídas.  – Bom dia, amigos do Potter.

Harry acha que seus amigos já deveriam ter se acostumado com a presença de Pansy na casa, porém a forma como Rony fecha a cara e Hermione se endireita desconfortável na cadeira deixa claro que eles nunca irão se acostumar. Principalmente por Pansy parecer gostar de vê-los odiar a presença dela.

— Bom dia, Pansy. – Harry cumprimenta quando seus dois amigos parecem estar pensando se devem ou não responder.

Harry puxa a cadeira que está ao seu lado direito para ela se sentar. A ação foi impensável e natural, apesar disso, não é algo visto como natural para seus dois amigos que piscam como estivessem vendo algo completamente estranho e bizarro. Pansy dá uma piscada com um dos olhos em agradecimento antes de se sentar.

— Continuem o que estavam falando. – Fala ela apontando a varinha para o bule. – Não deixem que minha presença atrapalhem vocês.

 - Como está, Parkinson? – pergunta Hermione monotonamente, como estivesse lendo um texto.

— Estou ótima, Granger. – Pansy lança uma olhada maliciosa para Harry antes de se voltar para Hermione. – Gentil da sua parte perguntar.

Rony bufa voltando a comer e Hermione dá um sorriso inseguro para Pansy. Já Pansy se vira para Harry olhando por cima da borda da xícara com um semblante de divertimento. Ele balança a cabeça ignorando e retornando aos dois amigos, embora esteja sorrindo também.

É algo interessante assistir a interação entre Pansy e seus dois amigos. Ele se pergunta se agia da mesma forma quando a reencontrou, quando a presença dela já o deixava desestabilizado por causa do passado. Quando o comportamento dela não tirava sorrisos sinceros de seu rosto, ou quando a risada debochada dela era uma ofensa e não algo que gosta de ouvir.

— Bem. – pigarreia Rony. – O que vocês estavam falando antes de serem interrompidos?

— Fique quieto! – ordena Pansy recebendo olhares assustados de todos na mesa.

— O que você disse?! – Rony pergunta num tom alto.

— Não você, Weasley. – Pansy está acariciando um lado da barriga. – Estou falando com o filho do Potter.

Harry capta um sorriso nos lábios de Hermione, e já estranha a reação. Até que ela abaixa o olhar para sua própria barriga aparente numa elevação levemente arredondada.

— Meu filho, Parkinson? – Harry toma um gole de seu café. – Eu achei que fosse seu filho também.

— Quando ele está chutando os meus órgãos é só seu filho. 

Harry franze o cenho quando Pansy abre a boca para bocejar e o som que seus ouvidos captam é um guincho de coruja. Ele pisca pensando que está ouvindo coisas até Hermione apontar para algo acima dele.

Uma grande coruja branca revestida de algo dourada, como estivesse vestindo armadura, sobrevoa o teto da sala de jantar até pousar na mesa quase derrubando a jarra de suco.

— É do Ministério? – pergunta Rony.

Harry estuda a coruja alada. O pergaminho com bases douradas em cada extremidade e fechado com um selo desconhecido, além da coruja vestida, indicam que não pertence ao Ministério. Ele se levanta da cadeira e se aproxima cautelosamente, e ergue a mão para pegar o pergaminho, quando os seus dedos estão próximos, a coruja dá uma bicada em sua mão.

— Droga! – xinga Harry sacudindo a mão para aliviar a dor.

— É para mim. – Reconhece Pansy ao seu lado inclinada na mesa.

Pansy receosa estende a mão. A coruja diferente do que fez com Harry pousa o pergaminho na mão dela. Harry avista no laço amarrado no pergaminho um brasão em formato de uma silhueta de lobo, com as inicias PK, e com o nome Pansy escrito.

— De quem é? – pergunta Harry curioso enquanto Pansy lê em silêncio após abrir.

Ela não responde, só estende a carta para ele.

Senhorita Parkinson,

Nós, bruxos, membros da Fundação da antiga família bruxa, vem respeitosamente convidar a vossa presença, por meio deste, para participar do “Encontro pelas famílias bruxas antigas de puro-sangue”. Neste encontro serão tratados os assuntos referentes a lei aprovada “Dos bens para o bem”, como também outros assuntos relacionados aos direitos das antigas famílias bruxas.

O encontro ocorrerá ao anoitecer do dia 27 de Outubro, no novo Dragão Dourado.

Estando ciente de seu novo estado, aconselhamos a senhorita usar como meio de transporte o trem ou a carruagem...

— De quem é, Harry? - pergunta Hermione interrompendo sua leitura.

Harry inspira profundamente. Seu olhar se direciona para Pansy, que está comendo uma torrada tranquilamente.

— É o convite para o encontro das famílias de sangue puro.

Tanto Hermione quanto Rony fazem algum tipo de protesto não verbal de indignação.

— Você vai? – pergunta Harry para Pansy.

— Vou.

— Harry! – protesta Hermione.

— Você disse que a gente podia confiar nela! – Rony adiciona.

Harry não devolve o convite e nem desvia o olhar de Pansy. Como ela não havia recebido o convite, ele acabou se esquecendo. Ele não gosta de nenhum aspecto sobre esses encontros de famílias bruxas de sangue puro, principalmente pelo que elas podem representar e o que podem fazer futuramente. Pensar nas famílias de sangue puro se reunindo faz Harry ficar mal do estômago, um sentimento de rancor e raiva cresce em seu peito, memórias tristes e dolorosas voltam a sua mente.

— Por quê? – questiona Harry.

Pansy havia dito que não se importava mais com sangue puro, nascidos trouxas ou mestiços. No entanto, está na frente dele admitindo que irá comparecer ao um encontro que estará aprovando a supremacia novamente se for possível. Como ela aceita o convite sabendo do mal que situações semelhantes causou tanto na vida de ambos?

— Por que não iria? – retorna ela. – Esse encontro pretende defender o que é meu por direito.

— Estar acima de todos é seu direito?!– ataca Hermione. – Achar que merece o mundo bruxo mais do que os outros, por sua família supostamente não ter se relacionado com trouxas, é seu direito?! Escravizar elfos ou defender uma guerra em nome do sangue-puro, é seu direito? – Hermione procura em Harry um apoio, mas ele não demonstra nada. – Matar pessoas como eu, é seu direito?

Harry quer por um minuto que Hermione pare de falar para ele poder se expressar.

— Seu filho seria morto por ...

O movimento de Pansy de virar o rosto em direção a Hermione pareceu lento aos olhos de Harry, o que tornou ela mais ameaçadora do que realmente estava sendo. Talvez por esse motivo, Hermione teve hesitação para terminar o que estava dizendo.

— Termine o que iria dizer, Granger. – comanda Pansy.

Hermione não se oprime e mantém firme.

— Harry é mestiço. – esclarece ela. – Seu filho não é mais considerado um puro sangue.

Os olhos de Pansy se estreitaram-se e perfuram Hermione.

— Verdade, e você deve estar pulando de alegria sobre isso. – Pansy dá um sorriso mais forçado que Harry já viu. – Porque agora sou considerada uma traidora de sangue, não é? Parabéns Granger, você ganhou.

Harry está sentindo no clima que rumo desta conversa irá se tornar uma discussão.

— Rony e Hermione, eu preciso conversar com...

— O que você quis dizer com isso? – corta Hermione.

— Hermione, não. - pede Harry.

— Eu quero saber o que ela quis dizer com isso. - fala Hermione para Harry.

A feição de Pansy não muda, mas algo brilha nela. Como ela estivesse esperando que Hermione pedisse.

— Você pode ter me convencido por alguns segundos em Hogwarts que realmente não ligava para o fato de ter nascido trouxa, mas a forma que você devorava um livro depois do outro, sempre querendo está à frente de todos, tornava difícil acreditar que era só pelo o fato que você queria aprender. - Pansy continua parecendo desinteressada. – Mas deve ter incomodado muito você chegar numa escola onde alguns alunos já sabiam de coisas que você precisava ler em um livro para saber.

Hermione engasga em ironia.

 - E ainda deve te incomodar.

— Deve incomodar você, eu que nasci trouxa ser capaz de fazer coisas bem mais rápidas do que você. – devolve Hermione.

Pansy sorri.

— Você tem toda razão, Granger. Eu realmente gostaria de ser você e trocar meus pais bruxos e o mundo bruxo, para morar com seus pais trouxas. – Pansy faz uma pausa. – O que eles fazem mesmo? São dentistas? O que dentistas fazem? Ensinam a escovar os dentes da maneira certa?

— Chega! – Harry alto.

— Pelo menos, eu não tenho orgulho de meus pais terem sido comensais da morte ou por apoiarem um bruxo genocida.

— É claro! Como poderia? – Pansy dá os ombros. – Você é sangue...

Pansy não finaliza o que iria dizer. Ela tinha a intenção pela forma que sua boca está aberta, mas parece ter compreendido algo que a impediu de terminar sua frase. Todos permanecem em silêncio esperando a finalização, mesmo que soubessem o que ela está preste a falar.

— Não preciso dar explicações para você, Granger. – Pansy finalmente finaliza. Sua voz está baixa e carrega raiva, diferente da arrogância que estava antes. – Ou provar alguma coisa.

Sem mais nenhuma palavra, Pansy se levanta e se retira do cômodo com o pergaminho em mãos. A saída dela é seguida pela da coruja alada que rodeia a sala antes de partir.

— Ela quase me xingou de sangue-ruim. – informa Hermione para Harry.

— Eu sei. – rebate Harry rispidamente.

— Agora você entendeu o que eu estava tentando dizer, Harry. – Rony chama sua atenção. - Ela é a mesma garota de Hogwarts.

Harry fecha os olhos e passa a mão no cabelo não querendo discutir novamente o assunto.

— Vejo vocês no Ministério.

 Ele não irá tolerar este comportamento de Pansy. Esta não é a Pansy, mãe de seu filho, a bruxa que está convivendo a meses, que tem suas manias, que o faz rir, que ele vem conhecendo. Está é Pansy Parkinson, a garota de cara de pug, que vivia atrás de Draco Malfoy, que tentou acabar com o encontro dele e de Cho, fofocou sobre ele no Torneio tribuxo. Que tentou entregá-lo ao Lorde das trevas.

Harry já estava determinado ir atrás dela e gritar com ela e censurar seu comportamento. Mas a real coruja do Ministério passa pela janela com o aviso de antecipação da reunião marcada para tarde, o faz mudar o percurso.

O seu trabalho não rendeu como ele gostaria. Ele não teve paciência nenhuma para ouvir relatórios mensais do departamento e planos, como também, fez seu relato mais breve possível e deu respostas rápidas para as perguntas. Sua desatenção ajudou a ignorar comentários e perguntas dos outros bruxos sobre Draco Malfoy e sua liberdade. A pilha de pergaminhos que ele precisava ler e assinar foi o único trabalho que ele conseguiu colocar em dia, e com sua recusa para almoçar com Hermione e Rony deu a ele muito tempo sozinho em seu escritório, ele não considerou o dia como um fracasso completo.

Sua chegada no Largo Grimmauld foi seguida de um banho longo e demorado, e seu jantar foi um sanduíche que pediu que Monstro trouxesse em seu quarto, já que não desceu para jantar com Parkinson.

Enquanto estava deitado encarando o teto de seu quarto, Harry ficou tentando em ir ao quarto dela, já que sua cama não estava o deixando dormir, pois parecia estar maior e mais fria do que ele se lembrava. Ele não fez, continuou olhando fixamente para a tinta do teto, imaginando quanto tempo demoraria para seu corpo ceder a exaustão.

Um batida fraca na madeira da porta de seu quarto impede ele de cair profundamente no sono que quase estava caindo.

— Parkinson. – Diz ele ao abrir um pouco da porta e vê-la em seu pijama.

— Poupe sua saliva. – Começa ela um pouco baixo, embora seu queixo esteja erguido em uma forma desafiadora. - Não irei mudar de ideia sobre o encontro das famílias.

Harry bufa se encostando na porta.

— Então, o que você está fazendo aqui? – Harry não permite uma resposta. - Se você valoriza o sangue puro, por que não volta para sua mansão vazia? Que eu saiba, eu não tenho sangue puro, e sou amigo dos sangue –ruins, então, você não deveria estar comigo.

Ela desvia o olhar para algo além dele. Suas mãos se remexem nos bolsos do roupão de veludo que está vestindo sobre o pijama. Harry acha que pode ter identificado uma expressão de dor por um segundo antes de ela se voltar para ele. Isso quase o faz perder sua postura defensiva.

— E vou ser mãe em alguns meses. – Pansy murmura baixo. - Eu temo pela vida do meu filho, Harry. O fato de ele ser meu filho, já o coloca numa situação de risco.

Ela morde o lábio dando uma risada zombeteira.

— Você é o herói, o salvador do mundo bruxo. – Ridiculariza ela dando entonação de admiração. – Você tem o mundo bruxo ao seus pés. Eu não tenho nada a oferecer ao meu filho, além da minha herança e o meu passado.

Harry retira os óculos e passa a mão pelo rosto. E novamente eles estavam voltando ao assunto do passado de cada um, o obstáculo indestrutível que parecem sempre estar maior.

— Pansy... – Suspira ele cansado.

— Os bruxos podem me odiar e me olhar com desprezo, mas isso não acontecerá com ele enquanto for rico e tiver a proteção dos nossos nomes e herança. – Garante Pansy mais para si do que para ele. - Nenhum bruxo poderá pisar nele, sejam bruxos que estavam do lado certo da guerra, ou bruxos que digam que ele não é um bruxo de verdade por não ter um sangue puro.

Harry pisca confuso para ela. Ela já está considerando que o filho deles receberá ataques por não ter o sangue puro? Então, por qual razão estaria indo para um encontro de bruxos que prezam o sangue puro?

— Eu sei que você daria a vida para protegê-lo. – Ela parece estender a mão para tocá-lo, mas hesita e retorna a mão para o bolso. – Eu só quero garantir que eu vou poder proteger ele quando precisar. E só vou poder fazer isso, se mantiver o meu dinheiro, e meu nome.

Harry fica parado por um momento, incrédulo, pensando em tudo o que ela disse. Ele entende o medo que ela está sentindo, entretanto, não entende em como ir ao um encontro de bruxos que apoiariam novamente uma guerra por supremacia ajude a se sentir mais segura. O mundo bruxo pode ter seu ressentimento em relação a ela, mas com sua imagem ligada ao do famoso Harry Potter, ninguém terá a ousadia de atacá-la, ou ao filho deles. É mais provável que bruxos membros da antiga família queira atingi-los, pois, como ela mesma disse, o filho deles não é um sangue- puro.

Pensando nisso, Harry se pergunta por que convidaram Pansy se ela é considerada agora uma traidora de sangue?

— Eu não entendo. – assume Harry colocando os óculos novamente. – De acordo com o a lei do Ministério, a sua herança não vai ser perdida. Você irá ter o nosso filho para herdar. A sua verdadeira preocupação deveria estar...

— E se o Ministério não parar só nessa lei?! – indaga Pansy abruptamente. – E se continuarem a criar outras leis, que cada vez tire os meus direitos. Isso não é só em relação a minha herança, é sobre o poder que Ministério tem e o que pode fazer. Eles estão ao seu lado agora, mas se não estiverem. O Ministério já foi contra você.

Harry não tem argumentos para discordar. Ele mesmo não tem tanta confiança no Ministério depois das descobertas que fez. O Ministério foi contra ele quando avisava sobre o retorno de Voldemort, até mesmo o Ministério chegou a trabalhar a favor do Lorde das trevas no período da guerra.

Ela está à procura de alguma segurança, se o Ministério não está do lado dela, os sangues puros estarão. Mas estarão sabendo que ela se envolveu com um mestiço?

Harry respira fundo, sentindo seu corpo mais mole e pesado.

— Saiba que eu sei o que estou fazendo. – Pansy coloca a mão na bochecha dele fazendo seus olhos se encontrarem.

 Não há razão para ele duvidar dela.

— Vamos conversar sobre isso amanhã. - Harry agarra a mão dela que está em sua bochecha.

Ele abre a porta a puxando para dentro de seu quarto.

— Você não viu a encomenda que deixei aqui, não é? – Aponta Pansy para um embrulho em cima da poltrona de seu quarto.

Harry semicerra os olhos para enxergar o embrulho na pouca claridade que seu quarto tem. Enquanto ela vai em direção ao embrulho, Harry fecha a porta atrás de si e acende a luzes do cômodo. Quando o embrulho é pousado na cama, ele já desmancha o laço e rasca o embrulho rapidamente querendo ir dormir o mais rápido possível. Suas mãos paralisam no ar ao ver uma garrafa escura vazia que aparenta ser de firewhiskey, com um pergaminho enrolado dentro, que no lugar do seu rótulo está escrito: “O pior auror”.

— É do assassino. – Murmura Harry sentido um arrepio subindo em sua nuca.

— Do assassino da marca negra? – Pansy sobe na cama se aproximando.

Harry força as suas mãos a saírem do estado rígido e abre a garrafa já virando-a ao contrário para retirar o pergaminho enrolado.

— O que está escrito? – pergunta Pansy.

Se você quer que algo seja bem feito, então faça você mesmo.

Zabini fracassou, não cometerei o mesmo erro.

— Assassino da marca negra


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Notas finais do capítulo

- Semana que vem se der tudo certo, irá ter mais um capítulo.



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