A maldição da Sucessão escrita por Pms


Capítulo 42
Capítulo 42: A audiência do inocente.


Notas iniciais do capítulo

- Olá, mais um capítulo para vocês.

— Comentem!



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Pansy Parkinson encontra seus olhos no espelho e tenta mais uma vez um sorriso convincente que a situação exige. Um sorriso na medida certa torna sua imagem em algo leve e gentil, suas bochechas crescem e seus olhos diminuem e ela se torna novamente parecida com a criança inocente que um dia foi. A criança que seu pai dizia gostar, a criança que sua mãe ainda tentava dar atenção.

— Isso é uma perca de tempo. – resmunga ela apertando as mãos na borda de porcelana da pia. Ela quer vomitar, mas não tem nada em seu estômago para ser posto para fora.

Seu sorriso não irá convencer ninguém. O Ministério não liga para o seu sorriso, ou sua aparência impecável. Seu passado e dinheiro são o que importa atualmente. Com uma postura confiante, roupas caras e uma barriga saliente, ela pode até conseguir a boa afeição das câmeras e dos jornais, mas o que realmente pode alterar a visão do mundo bruxo sobre si é o bruxo que se encontra atrás da porta a esperando.

 Harry Potter, é sua salvação e maldição. Uma palavra dele poderá colocar ela para sempre em uma cela escura em Azkaban, da mesma forma que uma única palavra poderá limpar o fardo das decisões que a garota de Hogwarts fez.

A porta do banheiro é aberta e duas bruxas cochichando e rindo adentram.

— Você viu como Potter é lindo pessoalmente. – comenta uma delas. – Soube que ele ainda está solteiro.

As duas bruxas que aparentam ter a mesma idade ou dois anos mais velha que Pansy param abruptamente a conversa quando notam a presença dela em frente ao espelho. Inicialmente as duas bruxas parecem ter visto um fantasma antes de suas feições virarem uma crítica.

Pansy acostumada com essa recepção calorosa de outros bruxos continua a encarar as bruxas através do espelho com sua arrogância sendo transmitida em seu rosto.

— Uma foto duraria mais. – diz Pansy passando a varinha nos lábios para deixá-los mais avermelhados. – E eu até poderia autografar para vocês.

As bruxas sob o olhar de Pansy decidem tomar seu próprio rumo para as cabines do banheiro. Ela, enfim, consegue dar um sorriso verdadeiro de satisfação, e é com ele em seu rosto que se encontra com Harry ao lado de fora do banheiro feminino.

— Você está bem? – pergunta ele levando sua mão para a barriga arredondada dela.

— Estou ótima. – Pansy afasta a mão dele. – As duas bruxas que entraram no banheiro querem dormir com você, se você entrar agora, consegue as duas de uma única vez.

— O quê? – Harry lança uma olhada rápida e confusa para a porta do banheiro feminino.

Uma parte dela quer odiar e punir ele por ser quem é neste momento. É o bastante ver que o mundo bruxo o ama e o idolatra pelos jornais, estar ao lado dele e assistir toda adoração é insuportável. Principalmente quando a reação dos bruxos à ela é completamente oposta, ainda sendo ela também atualmente uma integrante das pessoas que estão o admirando.

Ela luta constantemente contra o borbulhar do sentimento no estômago. Harry Potter não é o significado de perfeição, ele é barulhento, bagunçado, estressado e traumatizado. Ela sempre soube que existia uma idealização grande sobre sua figura, aos seus olhos, a adoração por Potter era exagerada. Realmente, o feito de sobreviver ao Lordes das trevas é algo inacreditável para um bebê, se não for contada a versão completa que está cheia de coincidências vantajosas e ajudas valiosas.

“Às vezes não quero ser Harry Potter, mas me lembro que as coisas que tenho hoje, só conquistei porque sou Harry Potter.”

Ele murmurou para ela enquanto estavam aninhados um contra o outro em sua cama, após ele ter tido algum tipo de pesadelo com o Lorde das trevas e a batalha. Egoisticamente, ela agradeceu por ter se retirado de Hogwarts antes da batalha ter começado, pois o estado dele depois que acordou era preocupante, era como ainda estivesse guerreando naquele momento, o medo e terror brilhava em seus olhos.

Não existem palavras em seu vocabulário para dar conforto, ou atos de consolo ou demonstrações de suporte. Ela não é Gina Weasley, que talvez teria belas palavras encorajadoras e levantaria para ir à luta com ele. Ela é Pansy Parkinson, por isso, como no dia de seu aniversário, ela se virou e o beijou, esperando que desse algum efeito calmante para seu corpo trêmulo e suado pelo medo. Ela gostaria de fazê-lo sentir seguro da mesma maneira que ele a faz sentir, gostaria de fazê-lo esquecer seu passado, gostaria de poder fazer cada culpado pelo que foi feito a ele pagar. Contudo, ela teria que ser incluir nesta lista.

— Por isso demorou tanto?!– Harry segue incrédulo os passos rápidos dela pelo corredor do Ministério com sua capa oficial de auror voando e só param diante dos elevadores. – Você estava ouvindo a conversa das bruxas?

— Essa droga de elevador está demorando! – Pansy ignora a pergunta apertando com impaciência o botão de descida.

O elevador aparece sacudindo e fazendo um barulho anunciador.

— Precisamos conversar. - Harry está para continuar a falar e Pansy a ignorar quando a entrada de Ada Zabini seguida da deles a faz recordar do real movido de sua irritação. Não são as bruxas no banheiro e nem os outros bruxos, ou Harry Potter e sua fama. A audiência de redução de sentença de Draco Malfoy, é o principal motivo de estar no Ministério.

— Senhorita Parkinson. – Cumprimenta a mulher segurando sua capa elegante de bruxa antes de se colocar ao lado de Pansy no elevador. – Senhor Potter.

A última vez que havia visto Ada Zabini, mãe de Blásio, ele ainda estava vivo, não caído morto no chão da casa trouxa vestindo vestes de Comensal da morte. Pansy perde qualquer vestígio de um sorriso em seu rosto e evita olhar para a mulher ao seu lado.

— Meus parabéns. – parabeniza Ada indicando com a cabeça para sua barriga redonda. – É um menino ou uma menina?

“Departamento de Mistérios”, anuncia a voz de mulher do elevador impedindo-a de responder.

O corredor de paredes pretas são tão intimidadoras como as paredes de Azkaban. Sua respiração já está difícil pela nervosismo, com a escada que eles sobem sua lateral começa a queimar, pelo seu peso extra na barriga. Os passos de Pansy vão ficando cada vez mais lento à medida que se aproximam do final do corredor com uma porta totalmente preta, com uma enorme fechadura de ferro e escrito em dourado o “Décimo Tribunal”.

— Esperem aqui. – pede Harry dando um olhar estranho para Pansy antes de passar pela porta.

— Então, a criança é do Malfoy? – pergunta de repente Ada mexendo em suas luvas.

Pansy revira os olhos em vez de responder, ela continua a olhar para a porta que Potter entrou. Todos parecem gostar da ideia que ela e Draco estejam juntos, mesmo que ele esteja num relacionamento público com outra pessoa. A necessidade dos bruxos de denegrir a imagem dela chega até ser assustador.

— Estou perguntando porque dependendo de sua resposta saberei o rumo que essa audiência irá tomar. – Ada Zabini está com olhos vidrados nos de Pansy quando ela finalmente se vira para mulher.

Ada Zabini, é uma mulher que todos diriam ser bela, outros exótica, com sua pele cor de bronze que brilha em qualquer luminosidade, seus olhos verdes que parecem joias valiosas, e seu cabelo encaracolado destacando a feição marcada e inexpressiva de seu rosto, embora o cabelo passe a maior parte escondido sob os chapéus caros. Não é um fato estranho que ela tenha se casado sete vezes, sua beleza atípica a torna algo a ser desejado. O incomum é que todos maridos tenham morrido após alguns anos casados com ela.

— Um conselho que te dou, senhorita Parkinson. – a mulher abaixa o olhar avaliador para a barriga dela. – Nenhum amor por um homem será maior do que que sentirá por seu filho.

— Então, por isso que se casou sete vezes e só teve um único filho. – Pansy ajusta a saia comprida sobre seu estômago. Com seu aumento de peso, suas roupas tiveram que ser completamente renovadas para novas feitas sob medida. Ela sabe que não são as roupas que a fazem ser alvo dos olhares desde de que pisou no Ministério, mas ter a falsa noção de controle tentando arrumar suas roupas é o que precisa para não enfeitiçar alguém.

— Blásio sempre disse que você era esperta com as palavras. – Ada se aproxima de Pansy colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Mas me pergunto o porquê de uma bruxa esperta como você estaria fazendo defendendo alguém como Malfoy. O que você ganha com isso? Ser amante de Malfoy não parece um benefício, nem para você e nem para o bebê. Um nome sujo, dinheiro com histórico duvidoso e um passado vergonhoso é o que está à espera de seu bebê.

Pansy estreita os olhos para mulher tentando deduzir o rumo da conversa.

— Ao contrário do nome Zabini. – A mulher se aproxima ajustando as mangas de sua blusa que deixam seus ombros amostra, como fosse tirar medidas de Pansy. - A espera do seu bebê estaria uma herança grande, um nome significativo e uma avó orgulhosa e amável. – A mão de Ada Zabini vai ao encontro da barriga coberta pelo tecido. – E um pai que foi brutalmente assassinado pelo amigo.

Pansy parou de tentar entender o que levou Blásio a tentar matá-los. Sua mente não conseguiu encontrar justificativas viáveis que não incluísse enfeitiçamento para o que ocorreu na pousada. Blásio poderia ser egoísta, narcisista, arrogante e muitas outras coisas que todos eles são, mas nunca chegou a demonstrar qualquer indicativo que chegaria a matar. Ela demorou muito para chegar a uma conclusão, que só foi possível com a revelação do esquema de soltura dos prisioneiros de Azkaban. Blásio Zabini havia sido pago para matar, não eles, talvez somente Draco Malfoy, visto que o atacou primeiro. Blásio trabalhava roubando tesouros, um trabalho perigoso não comparado a matar alguém, porém, como viu acontecer na guerra, uma quantia certa de pagamento ou um negócio vantajoso faz qualquer um virar um assassino.

— E você seria a viúva de Blásio Zabini. – acrescenta a mulher.

Pansy agarra o pulso da mulher e afasta, deixando a mão dela no ar e longe de sua barriga.

— Não estou interessada. – Pansy leva sua própria mão para barriga. – E não quero sujar o seu limpo sobrenome quando atrelar ao meu. – ela usa um tom de ironia ao dizer que o nome é limpo.

A falta de ação da família Zabini para ambos os lados da guerra os deixou livres de qualquer acusação sobre apoio ao Lorde das trevas, como também da acusação de apoiar o “lado certo” da guerra. Seja qualquer lado que tivesse ganhado a guerra, a família Zabini teria saído como inocente. Um plano genial, Pansy não pode negar. Mas, é difícil acreditar que não contribuíram em algo na época da guerra para o Lorde das trevas.

Sua imagem atrelada a família Zabini é uma vantagem que teria, já que seu nome está comprometido no mundo bruxo. No entanto, ela não descobriu se sua teoria de pagamento é verdadeira, e por essa razão não irá atrelar o destino de seu filho ao um sobrenome de um homem que estava disposto a matá-los por dinheiro. Se tivesse descoberto, aceitaria a proposta somente para pegar toda a herança para si e destruiria o sobrenome “limpo” da família Zabini.

Deixando de lado qualquer rancor que tenha, Pansy sabe que não se pode pensar somente em si, não quando a vida de seu filho está envolvida. Seu filho tem um pai, tem um nome a herdar, um nome que lhe dará segurança. Ela não será o tipo de mãe que usa seu filho para seus próprios interesses.

A porta preta é aberta. Ada Zabini dá um passo para próximo de Pansy, abraçando-a, a mulher sussurra em seu ouvido:

— Faça Draco Malfoy pagar pela morte de Blásio. Mantenha-o numa cela de Azkaban por muito tempo. Blásio jamais teria feito algo assim, sua amizade era algo que ele prezava. – Ada Zabini se afasta com um sorriso forçado no rosto. – Foi muito bom ver uma amiga tão querida do meu filho.

A luz de uma câmera assusta Pansy. Ao se virar se depara com um jornalista a pouco centímetros delas.

— Só é permitido tirar fotos dentro do tribunal! – Harry censura o jornalista segurando a porta. - Já podem entrar.

 Ada Zabini passa pela porta sem olhar para trás, como também o jornalista.

Pansy veio preparada para ter fotos suas tiradas, e com falas prontas para qualquer pergunta que poderá ser feita pela imprensa, mas não esperava os jornalistas durante a audiência, somente após o término.

— Terão jornalistas durante a audiência? – pergunta ela para Harry.

— Foi permitido por causa da popularidade do caso. – explica Harry inconformado.

Com popularidade ele quer dizer com o fato de Draco Malfoy ser um ex - comensal da morte que será pela primeira vez culpado por algo que fez. Uma estratégia inteligente se quiser mostrar serviço ao povo bruxo depois da fuga de Azkaban, pensa Pansy. Se o Ministério quer usar a imprensa ao seu favor, ela também pode fazer isso.

Luzes vão em sua direção quando ela adentra o tribunal ao lado de Harry. A claridade é tanta que ela perde um pouco da visibilidade de seus olhos.

— Você vai sentar ali. – Harry aponta a parte mais baixa das arquibancadas que rodeia o lugar, à frente, as mais altas estão ocupadas por muitos vultos escuros, e mais abaixo bruxos que usam vestes cor de ameixa com um W bordado em fio de prata do lado esquerdo do peito. Alguns rostos são familiares para Pansy do julgamento de seu pai.

Bem no meio da primeira fila está sentado Quim Shacklebolt, o ministro da Magia escrevendo algo. À esquerda do ministro está Karen Brown, chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia. Do lado direito, um bruxo que Pansy não reconhece.

Pansy vasculha o local procurando o pai de Astória, como também Daphne. Eles disseram por carta que estariam aqui. Com Harry a guiando ela se assenta na arquibancada de frente para o lugar que Ada Zabini se encontra sentada, onde atua como a mulher em luto pela morte de seu filho. Não que Pansy ache que seja encenado, Ada Zabini amava muito seu filho e Blásio amava sua mãe. No entanto, as lágrimas não apareceram quando ela conversava com Pansy.

— Você vai sentar aqui? – estranha ela quando Harry ocupa o lugar ao lado dela.

A resposta dele é cortada pelas câmeras sendo acionadas e os murmúrios dos bruxos. Pansy pisca alguma vezes para conseguir distinguir a figura de Draco Malfoy seguido por um auror que o guia até a cadeira no centro da sala. Ele ainda parece o mesmo, embora esteja um pouco abaixo de seu peso ideal, sua roupa cara e postura erguida e orgulhosa não foi arrancada dele em Azkaban. Em outro tempo do Ministério, Draco Malfoy estaria acorrentado, sujo e vestindo a roupa desgasta de Azkaban, como seu pai.

Como sentisse o olhar de Pansy, Draco se vira diretamente para ela. Está ocorrendo uma comunicação silenciosa, ele quer saber se tudo está ocorrendo como o combinado, o assentir dela perde a importância para Draco que nota a presença de Harry à sua direita. Se houvesse um varinha nas mãos dele, Harry já estaria caído no chão.

— Muito bem – começa Shacklebolt colocando um pergaminho ao lado. – O acusado tendo finalmente chegado, podemos começar.

Um raio de nervosismo parece atingir Pansy com a fala, ela se remexe em seu assento. Ela encara seus sapatos pretos e por um minuto, sente uma fragrância de perfume semelhante ao que sua mãe usava. E já não é mais o Harry que está ao lado dela, mas sua mãe, e seu pai se encontra sentado na cadeira esperançoso que será liberto.

O martelo é batido na madeira e a sentença é dada. Ela acha que pode ter ouvido resmungo de decepção de seu pai, e a voz de sua mãe.

— Pansy, o que você fez?

— Pansy. – A voz de Harry sussurrada a tira da lembrança. – Você está fazendo nevar.

Ela olha em volta para ver pequenos flocos de neve sobre sua roupa e de Harry. 

— Droga de magia acidental! – reclama ela batendo na roupa. Ela não precisa que os outros bruxos saiba o quanto está nervosa.

— Assassino confesso, Draco Lúcio Malfoy, vem na presença da Suprema corte pedir redução de sentença do assassinato de Blásio Alfred Zabini, alegando a legítima defesa. – Anuncia Shacklebolt com uma voz que toma todo espaço.

“Inquiridores: Quim Enoch Shacklebolt, ministro da Magia; Karen Eveline Brown, chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia; Nelson Isaque Luther, representante do mundo trouxa.”

Pansy vasculha mais uma vez a procura do pai de Astória que não chegou. Por Draco ter se confessado culpado não é necessário um advogado para defendê-lo, neste caso, Apolo Greengrass será um representante legal de Astória Greegrass, já que a mesma não pode comparecer. 

  - Além da acusação de assassinato, o senhor Draco Malfoy é acusado de fuga, já que se encontrava sob a vigilância do Ministério para fins investigativos. Como também, o ataque ao uma trouxa, violando o Estatuto de Sigilo e dos Direitos dos trouxas.

Diretos dos trouxas?

— Declaro essa audiência iniciada. – Shacklebolt bate o martelo na madeira. – Senhor Malfoy, porque devemos diminuir sua sentença?

Draco não demonstra qualquer emoção em seu rosto fino.

— Porque a morte de Blásio Zabini foi em legítima defesa. – responde Draco num tom monótono. – Eu estava sendo ameaçado, e só ataquei o senhor Zabini após ele dar o primeiro ataque. No local estava minha esposa grávida, então, meu primeiro pensamento foi proteger minha esposa, não matar.

Quim estuda Draco com olhos como pudesse tirar algo dele só pelo olhar.

— Senhor Malfoy, assassinato é assassinato. – afirma ele. – O senhor Zabini continua morto, mesmo que suas palavras digam que sua intenção era proteger sua esposa, que casou em segredo com você e fugiu, sabendo que estavam descumprindo ordens do Ministério.

A senhora Zabini acena com a cabeça em concordância. Como também alguns bruxos.

— Senhor Malfoy. – Quim reflete suas próximas palavras. – Eu devo dizer que suas ações são questionáveis quando vistas como um todo. O senhor foi um comensal da morte perdoado, com a condição que aceitaria a total supervisão do Ministério durante alguns anos. Sua fuga para uma pousada trouxa protegida por feitiços feitos por você para não ser encontrado, é um descumprimento da condição aceita por você, o que já justificaria sua permanência maior em Azkaban.

Pansy estava ciente que o passado de Draco seria um impasse, como será para ela também.

— Embora justifique com a ameaça de morte contra sua vida. – Quim continua ponderadamente. - Sua recusa em tomar veritaserum ou fornecer a memória torna tudo suspeito e complexo para ser aceito como justificativa para diminuir sua pena em Azkaban. Suas ações não me parecem demonstrar arrependimento por nenhum ato feito por você, seja durante a guerra ou agora. O senhor tinha a oportunidade de pedir proteção do próprio Ministério quando as ameaças se iniciaram, porém, decidiu fugir.

Algo quente pousa em sua mão, Pansy abaixando o olhar vê a mão de Harry sobre a sua, como também a vermelhidão em seus dedos pelo movimento nervoso que está fazendo remexendo em seus anéis. Ela pensa em arrancar sua mão por causa do ambiente público, estar atrelada a Harry Potter seria o ideal, se ela não fosse Pansy Parkinson. A última coisa que ela precisa é ser massacrada pela imprensa acusando-a de tentar seduzir ele para ganhar audiência. Ela não retira, em vez disso, entrelaça seus dedos nos dele.

— O que me diz, Senhor Malfoy? – questiona Quim.

Pansy reconhece uma raiva crescendo em Draco enquanto espera ele responder, mesmo que sua feição continua inexpressível.

— Não sou o meu pai. – afirma Draco firme. – Não tinha e continuo não tendo intenção de ir contra o Ministério e seus regulamentos. Meu passado me fez ter muitos inimigos, e não vi outra maneira ao não ser fugir para algum lugar desconhecido quando o corpo de um amigo caiu na minha casa em frente à minha esposa grávida. Não foi uma atitude planejada, só reagi a situação.

Pansy sabe que Draco está tentando conseguir a simpatia das pessoas. Afirmar em alto e bom tom não ser igual ao seu pai e frisar em sua esposa grávida são formas de construir uma imagem humana dele. Foi a mesma coisa que seu tio, irmão de sua mãe, tentou fazer com seu pai quando os julgamentos estavam ocorrendo. Não, que não seja verdade Draco proclamar com toda firmeza não ser igual ao pai e a intenção de proteger Astória. Lúcio Malfoy deixou de ser o alvo de admiração de Draco quando o mesmo não pôde fazer o que era seu dever, ter protegido Draco. Era o que seus pais também deveriam ter feito. E Astória será a primeira ou talvez a única pessoa que Draco arriscaria sua vida para proteger sem pensar.

— Bem, entendo. Passamos para testemunha de defesa, Pansy Helena Parkinson. – Shacklebolt lê o seu nome. – Visto, que as duas outras testemunhas ainda não se apresentaram a esse tribunal.

O aperto de Harry em sua mão antes de ela se levantar, mesmo que negue é o encorajamento que precisa. Ela não quer deixar a mão dele, não quer sair do lado dele. Mesmo assim, Pansy Parkinson se levanta e caminha com determinação para a cadeira conjurada metros à frente da cadeira de Draco.

Seus dedos perderam toda a circulação sanguínea, sua mão está gelada e soam frio em cima de suas coxas. Seu estômago parece querer sair pela boca, e seu filho se remexe em seu ventre como quisesse anteceder o dia do nascimento. Uma cadeira nunca foi tão desconfortável quando a que está sentada nesse exato momento.

— A senhorita, confirma tudo o que foi dito em seu depoimento? – pergunta Shacklebolt após ler seu depoimento no pergaminho.

— Sim. – confirma Pansy sentindo a pressão do olhar de Ada Zabini em si.

— A senhorita, afirma ainda não saber o que levou o senhor Zabini a atacá-los naquele noite?

— Sim.

— A senhorita, não tem nenhuma prova que aponte que o senhor Zabini é o responsável pelas ameaças contra ti. Além da foto dada ao Ministério, que o senhor Zabini teve conhecimento.

— Não, não tenho.

— A senhorita, não recebeu mais ameaças após o acontecido?

— Não.

— Passo as perguntas para a senhora Brown. – Anuncia Shacklebolt.

Pansy morde dentro de sua boca para se distrair da queimação em seu estômago.

— Senhorita, como você descreveria seu relacionamento com o senhor Draco Malfoy? – pergunta a bruxa.

— Somos amigos desde da infância. – responde Pansy.

— A senhorita, não teve um relacionamento amoroso com ele?

Pansy suspira abrindo um sorriso discreto. Era previsível que fariam esse tipo de pergunta.

— Se você considera um único beijo desleixado de adolescentes de relacionamento amoroso, eu diria que tive um relacionamento amoroso com ele. – Ela sabe que está mentindo. Draco e ela tiveram mais do que isso, no entanto, não é da conta do Ministério.

Os bruxos presentes tanto na corte como os jornalista murmuram até se silenciarem quando a Karen Brown retorna a falar.

— A senhorita, não sabia do envolvimento do senhor Malfoy no plano de assassinar Alvo Dumbledore e na invasão da escola, correto?

— Sim. – responde sem hesitar.

Pela visão periférica ela sente Harry se remexer no seu assento. Agora não é hora de ser honesta. O que ganharia contando que sabia sobre o envolvimento de Draco? Sua imagem de culpada só aumentaria.

— A senhorita disse em seu testemunho que Draco Malfoy havia dito que estava sendo forçado a ser um comensal da morte com a ameaça de morte do antigo líder Lorde Voldemort, correto?

Todos bruxos presentes parecem congelar e entrar em estado de alerta pela citação do nome.

— Sim.

Não é total verdade e nem mentira. Draco não foi ameaçado de morte para ser comensal da morte, ele se vangloriou disso no início. A missão era sob ameaça de morte.

— O mesmo não pode ser dito de seu pai. – Pansy sente seu corpo ficar rígido. – Já que a senhorita informou que seu pai havia por espontânea escolha se tornado um comensal da morte em seu testemunho. - Karen Brown limpa a garganta antes de prosseguir. – Senhorita Parkinson, mesmo que seu pai não tenha chegado a fazer metades das coisas que o senhor Malfoy fez, a senhorita não tenta e nunca tentou testemunhar a favor da redução de sentença dele. Por quê?

O tribunal parece perder o tamanho, as paredes estão se comprimindo enquanto ela pensa na resposta. Seu pai, é um caso que não tem relação com o de Draco. Por que perguntariam sobre ele? O que Karen Brown procura com essa pergunta? Ela quer saber se tem algo que os dois escondem? Ela quer fazer o tribunal duvidar de seu testemunho?

— Porque ele nunca pediu redução de sentença. – responde simplesmente com primeira coisa que passa por sua cabeça.

— Então, se seu pai pedisse a redução de sentença a senhorita testemunharia a favor dele, mesmo que tenha sido o seu testemunho primordial para sua prisão?

Pansy engole sua saliva densa querendo ter sua varinha em mãos.

— Sim. – responde grave.

— Por quê? – insiste Karen. – Então, por que testemunhou a favor da prisão de seu pai, se sua intenção é que ele não fique em Azkaban pagando por seus crimes?

— O que isso tem a ver com o caso de Draco Malfoy? – Pansy não irá cair em qualquer armadilha que Karen Brown esteja fazendo. – Eu vim no tribunal errado?! Pensei que tivesse vindo para a audiência de Draco Lúcio Malfoy.

— Estou tentando avaliar a veracidade de seu testemunho. – transmite Karen Brown. - Já que como o senhor Malfoy, você se recusa a entregar sua memória ou tomar veritaserum.

Pansy bufa em divertimento debochado.

— Pensei que não fosse mais obrigatório entregar memórias ou tomar veritaserum. Achei que fosse coisa do antigo Ministério, sabe, aquele que aceitava o dinheiro do meu pai como suborno. – O comentário gera indignação dos bruxos presentes que começam a vaiar. – E caso não tenha percebido, estou grávida e não posso ficar tomando qualquer poção.

As batidas do martelo e o pedido de silêncio dá a Pansy o tempo para tentar se acalmar internamente. Ela não ousa a olhar para Harry que deve estar a censurando neste exato momento.

— A senhorita ainda não respondeu a minha pergunta. – retorna Karen Brown com o olhar cínico após os bruxos se silenciarem. – Por que a senhorita está aqui tentando fazer Draco Malfoy ter uma pena menor e não fez o mesmo com seu pai?

 Se ela continuar a fugir da resposta irá dar a impressão que ela esconde algo. Se zombar ou atacar o Ministério só irá fazê-los descredibilizar ela. Pansy aceita que terá que responder.

Pansy foi manipulada para entregar seu pai, porém, uma parte dela quis fazer o que fez. Ela pode mentir e dizer que queria proteger sua mãe de Azkaban, mas passou por sua cabeça que tanto como seu pai, sua mãe, também poderia ter passado um tempo em uma cela. Por quê?

Eles são seus pais, não mataram ninguém e nem participaram da guerra que matou muitos estudantes em Hogwarts, só ajudaram dando seu apoio os recebendo em casa e participando da parte política. Mesmo assim, ela não acha que mereciam sair livres.

A memória dos comensais da morte entrando em sua casa é o que ela vê, como só sente o desgosto de si mesmo após as aulas de tortura, a voz do Lorde das trevas em sua cabeça somente é ouvida. O medo e preocupação são constante.

“Achou que deixaríamos nossos filhos ser ensinados por uma bruxa como você.”

A mulher a olhou de cima para baixo com desdém e seu marido cuspiu no chão, antes de saírem e deixarem Pansy parado no Beco diagonal.

Eles mereciam pagar. Seu pai merecia pagar. Não por ter escolhido o lado negro da guerra, mas por ter destruído a vida de Pansy, por ter sido a causa inicial de tudo que o ocorreu com ela depois.

— Senhorita Parkinson?

 A feição parecida com algo como preocupação de Karen Brown, indica para Pansy que está em silêncio mais do que o aceitável.

Não há nenhuma hesitação ou remorso quando ela responde.

— Porque ele merecia pagar. 

— Como assim, senhorita Parkinson?

A abertura abrupta da porta e passos rápidos impede sua possibilidade de responder.

— Senhor Greengrass, esse tribunal já começou faz vinte minutos. – Adverte Quim Shacklebolt.

Pansy vira a cabeça para acompanhar a entrada do pai de Astória até o centro, onde ela está.

— Peço desculpa por meu atraso, ministro. – Apolo Greengrass está ofegante apoiando em sua bengala e com a outra mão segura um pergaminho enrolado e selado. – Minha filha, Astória Greengrass entrou em trabalho de parto prematuro. Sendo avô e pai, quis esperar para ver o progresso do nascimento.

A postura fria e distante de Draco se transforma para uma ansiosa e preocupada. Ele demonstra que vai se levantar da cadeira, mas a varinha do auror apontada em sua direção o faz recuar.

— Entendo, como sua filha está? – pergunta Quim demonstrando interesse.

— Minha filha deu a luz ao um menino pequeno, felizmente, saudável. – Conta Apolo olhando para Draco. – Já minha filha se encontra numa situação delicada de saúde. Estamos esperando sua recuperação.

Pansy abaixa o olhar para sua própria barriga. Pela contagem, Astória deu a luz aos sete meses de gestação, uma criança pequena, ainda assim, já formada no desenvolvimento. Pansy alcançará o sétimo mês de gravidez no próximo mês, e mesmo assim não consegue imaginar seu filho fora de sua barriga tão precocemente.

— A pedido de minha filha antes de entrar em trabalho de parto, trouxe comigo um novo depoimento escrito por ela. – Apolo se aproxima com sua bengala batendo no chão até o ministro erguendo o pergaminho. – Nesse novo depoimento, ela confessa ter assassinado Blásio Alfred Zabini. Como também, trago a memória dela e da Daphne Greengrass no dia do ocorrido.

O caos toma o tribunal, bruxos começam a protestar, outros erguem as mãos fazendo perguntas enquanto as câmeras são acionadas tirando diversas fotos. Apesar da desordem, o ministro Quim Shacklebolt quebra o selo e lê o que está escrito no pergaminho.

Pansy retorna o olhar confuso de Draco, antes que ele encare indignado Apolo Greengrass pelas costas.

— Isso não pode ser aceito! – grita algum bruxo. – Memórias podem ser alteradas!

— É muito conveniente ela confessar agora em seu leito de morte! – grita uma bruxa.

Pansy arregala os olhos inacreditada com a fala. Depois ela que é cruel.

— SILÊNCIO! – exclama Quim. Em seguida, um estampido, um forte clarão, e o silêncio se impôs a todos. – Teremos quinze minutos de recesso para averiguar essa confissão escrita...

— É verdade! – assegura em alto e com firmeza. – Foi Astória Greengrass que cometeu o crime.

Pansy estava completamente ciente de quem a voz pertence, mas seus olhos precisavam ver para acreditar. Harry Potter, em seu traje de auror, estava em pé encarando diretamente o Quim Shacklebolt com o queixo erguido.

 - Eu posso afirmar isso. – finaliza ele. – Obtive a confissão da senhorita Parkinson algum tempo.

Então, esse é o herói que tantos falam. Não há razão para estar surpresa, ele já demonstrava sinais que iria fazer algo. Tola em achar que ele prosseguiria aceitando a prisão de um homem inocente do crime que é acusado, mesmo que esse homem em questão seja seu inimigo de infância. Harry Potter havia salvado Draco da morte iminente, num tempo onde para muitos Draco Malfoy não merecia ser salvo.

A revelação do real culpado da morte do Blásio demorou para ser absorvida por ele, e quando ele entendeu o que significava já estava decidido a tomar as ações imprudentes que está acostumado. Harry Potter queria libertar Draco Malfoy da culpa do assassinato de Blásio. Pansy o convenceu a não tomar nenhuma atitude ainda, explicando o motivo de Draco ter tomado a culpa do assassinato para si e que talvez já houvesse um plano ocorrendo para sua liberdade.

Ele relutante pareceu aceitar por hora, o que está claro agora, Harry Potter não deixará nenhum inocente ir para Azkaban.

Sua confissão foi a prova de confiança que Pansy deu a ele. As acusações do Weasley a deixou insegura e brava, se fosse outras pessoas, ela pouco se importaria com as palavras, entretanto, não existe pessoas que tenham a plena confiança de Harry, além do Weasley e Granger.

Mesmo que ela odeie imensamente ter que reagir ao que os dois amigos de Harry pensem sobre si, ela tinha que provar que é merecedora de sua confiança. Como também, sabia que só ele poderia ter a maior chance de livrar Draco da prisão. Já que ela não tinha nenhum tipo de ideia e nem poder, ao contrário dele.

Ela não o merece. Ele sempre será um herói e ela sempre uma traidora. A ruiva, Gina Weasley é o destino ideal para ele, uma heroína cheia de coragem que lutará com ele suas batalhas. Pansy só traz as batalhas até ele.

Não importa. Enquanto o bichão- papão de Gina Weasley está afastado, Pansy aproveitará cada segundo para estar nos pensamentos de Harry Potter da mesma forma que ele está nos dela.

— Peça que a senhorita Parkinson entregue sua memória, e verá que as memórias são iguais. – sugere Harry.

Quim Shacklebolt perdeu sua linha de raciocínio. Ele corre os olhos pela corte, parecendo que estava perdido em algum lugar cheio de coisas sem sentido. Seu olhar para em Pansy, analisando com cautela.

— Senhorita Parkinson, você aceita entregar sua memória? – pergunta ele.

— Sim.

A raiva e frieza no olhar de Draco a acompanha enquanto ela segue o caminho indicado queira ou não a impacta, mesmo estando acostumada com esse tipo de olhar. Ser uma traidora e mentirosa não são as formas como ela quer ser lembrada, mas assim será. Amanhã, ela lerá nos jornais mais uma vez:

Pansy Parkinson, a traidora mentirosa.

E

Harry Potter, o herói justo.


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Notas finais do capítulo

- Perdoem qualquer erro.



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