A maldição da Sucessão escrita por Pms


Capítulo 41
Capítulo 41: Os dois diretores de Hogwarts.


Notas iniciais do capítulo

- Olá, depois de muito tempo!!

— Desculpem a demora para atualizar, final de ano é sempre uma correria para conseguir fazer as coisas.

— E demorei mais para publicar esse capítulo, pois escrevi dois capítulo de uma só vez. Além de ficar num bloqueia criativo.

— Obrigado, Thais por acompanhar essa história.

— Comentem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/794912/chapter/41

A luz pálida do amanhecer se infiltra entre as cortinas. Harry pode parecer estar analisando com muita atenção o quarto com as paredes pintadas de verde e branco rodeado de bichinhos de pelúcia, mas sua mente está na foto do jornal de hoje de manhã, num rosto de um homem que um dia fora um menino de cabelos louros pálidos, rosto fino e zombeteiro. 

Draco Malfoy já foi chamado de tantos nomes, porém, assassino é a primeira vez que está sendo encaixado para ele publicamente. A intimação para comparecer a audiência não deveria ser uma surpresa, já que Harry que decretou a prisão. Contudo, existe algo o incomodando sobre assistir e fazer parte da decisão que afetará a vida de Draco Malfoy.

Draco Malfoy assassinou uma pessoa e agrediu um auror, e foi um comensal da morte. Isso não pode ser ignorado, mas a névoa nos acontecimentos e no decorrer de tudo não torna a prisão justa.

Harry sabe que tem que fazer algo, já que não acha que audiência será justa, visto que o Ministério não está em posição nenhuma de julgar alguém quando deixou que funcionários corruptos deixassem prisioneiros perigosos fugir e nada fez a respeito disso ainda. A preocupação do Ministério em política, em vez da justiça, o deixa cada vez mais desacreditado na mudança que Quim Shacklebolt diz ter acontecido. 

— Você ainda tem muito o que aprender, senhor Potter. – aconselhou Shacklebolt. – Conquistar a paz é mais fácil do que mantê-la. Derrotar o Lorde das trevas foi um trabalho difícil, mas não foi o fim. Seus ideais só eram uma pequena parte de um todo.

Quim Shacklebolt mostrou um panfleto

— Está havendo reuniões secretas entre famílias bruxas de puro- sangue, reuniões políticas. – falou ele. - Isso não parece perigoso e familiar, senhor Potter?

 A recordação da reunião que teve com Quim Shacklebolt está fresca em sua memória. O temor de famílias bruxas poderosas se reerguerem está presente em Harry também, mas a forma que o Ministério tem tratado isso é o que causa um medo maior. Ocultações, mentiras, manipulações são as estratégias usadas para manter o Ministério em pé em sua estrutura frágil.

— E se você descobrir que há mais funcionários corruptos, colocará eles em Azkaban ou omitirá como está fazendo agora? – Harry acusou. – Tudo pela boa imagem do Ministério. Na verdade, tudo o que você faz desde da fuga sempre foi manter a imagem boa do Ministério, não é? Inclusive me promover a chefe.

— Se está me acusando de tomar atitudes em favor de proteger o Ministério, a resposta é sim. – assumiu Quim. - Essa estrutura está muito frágil e eu não quero que se quebre de novo.

Harry não devia estar surpreso por o ministro ser sincero, mas ouvir ele assumir que sua promoção foi um plano para melhorar a imagem o deixou desnorteado.

— Foi pelo medo que Fudge tomou todas as decisões que levaram ao retorno do Voldemort. – cuspiu ele.

Harry foi abusado ao proclamar o nome do Voldemort e comparar os dois ministros.

Quim Shacklebolt ficou em silêncio antes de descruzar as mãos e mexer nos papéis em cima da mesa.

— Se acha que estou agindo igual ao Fudge, e que pode fazer um trabalho melhor que o meu, senhor Potter. – continuou ele diplomaticamente. – Estou disposto a te apoiar em sua candidatura para o cargo de ministro.

Harry não esperava por essa resposta. Ele talvez esperasse que Shacklebolt se ofendesse igual a ele quando foi revelado que sua promoção só foi uma fachada. Não que Harry já não estava ciente disso, só não queria acreditar.

 - Devo me preocupar com seu olhar obsessivo para a armação presa no berço? – uma voz sonolenta soa atrás de si.

Harry olha por cima de seu ombro para a porta. Pansy está parada em sua camisola azul e robe branco, com uma das mãos na curva de sua barriga aparente, seu rosto inchado pelo sono.

— Eu estava pensando em trocar por um cheio de pomo de ouro. – responde ele.

Ela engasga tirando um sorriso torto de Harry.

— Com tanto que não seja com a temática da Grifinória.  - Ela adentra o quarto coçando os olhos.  – Está fazendo vigília? É muito cedo.  

— Só perdi o sono. – ele responde. – E você?

— Seu filho está me chutando. – resmunga Pansy acariciando a barriga.

A protuberância do estômago dela cresceu, não há como negar uma gravidez agora, como também suas reclamações sobre o desconforto que vem sentindo e as mudanças no corpo. É uma visão estranha ter Pansy Parkinson grávida de seu filho, é confuso e distorcido. Contudo, é um visão que ele gradualmente se acostumou e não consegue imaginar estar sem atualmente.

Harry estende mão pedindo que ela diminua a distância entre eles. Ela olha para a mão desconfiada antes de se aproximar, deixando a barriga arredondada sob a palma de sua mão. A procura por qualquer movimento pelo toque de seus dedos não obtêm sucesso.

— Ele está quieto, agora. – avisa ela bocejando. – Ou talvez, ele não gostou da sua ideia horrorosa.

Tiago sempre foi receptivo a qualquer contato de Harry com a barriga de Gina. Era natural que só o som de sua voz já o deixava agitado. Uma diferença grande entre o filho que Pansy espera, a única vez que ele o sentiu movimentar foi inesperado e demorou minutos até perceber que aquela pressão havia vindo dele.

Foi em seu aniversário, quando sua raiva e tristeza foram uma mistura desastrosa com a bebida. Quando pensa naquele dia, Harry se envergonha por conta de sua agressividade e vulnerabilidade, ele nunca foi calmo, em momentos que a fúria ou tristeza surgia ele transferia para o treinamento de auror e em caçar bruxos das trevas fugitivos. Desta vez, sua determinação e sentimentos não podiam ser transferidos pela frustração e falta de resultados. Ter Pansy presenciado o deixou constrangido a princípio, como ela lidou, mal sabia ele, era o que precisava.

Pansy não demonstrou nenhum problema no dia seguinte quando acordou na cama dele e nem nos outros dias que se seguiram. Apesar do conforto que Pansy deu a ele, arremessar um copo no ambiente que a mulher que carrega seu filho está, fez Harry se sentir mal consigo por dias. Que tipo de pai ele é? Que tipo de homem ele é?

O acontecimento ficou esquecido naquele semana, mas Harry se viu desejando aquele dia de novo. Sua cabeça não parava de trabalhar, nunca parou, ele queria que mais uma vez tudo ficasse em silêncio como quando ela o beijou, quando suas unhas arranhavam seu coro cabeludo e única coisa que ele conseguia ouvir em sua mente era seu nome sendo chamado por ela, não Potter, não o salvador, não o escolhido, só Harry.

— Ou talvez sua influência sob ele para me provocar já esteja fazendo efeito. - Harry dá um aperto suave em sua barriga.

Pansy dá um pequeno tapa em sua mão.

— Você deveria estar me agradecendo por ele puxar a minha personalidade. – ela acaricia a barriga. – Imagina se você tiver que aturar outro você. – aponta ela para ele. - Eu não sei onde estava com a cabeça para aceitar o filho do escolhido dentro de mim?! Um Potter já é difícil de lidar.

— Eu digo o mesmo, Parkinson. O mundo já tem o suficiente com você. – Harry só consegue rir quando um ursinho de pelúcia é arremessado nele.

— Você está na poltrona que comprei. – Pansy se aproxima ordenando que ele se levante com um aceno de mão. – Estou com dor nas costas.

— Então, volte para cama. – Harry se aconchega na poltrona.

Pansy o olha em desafio. Ela se coloca entre suas pernas. Com um de seus joelhos empurra uma das pernas dele, abrindo-as antes de se assentar em seu colo, deixando o peso do corpo cair sobre ele.

Harry analisa a barriga arredondada de Pansy agora sobre si. A paternidade já fora um assunto que o perturbou muito enquanto Gina estava grávida. Ter filhos sempre foi um plano, já que sempre desejou ter uma família. Como aconteceu o deixou paralisado no início, pois ele nunca teve a certeza de como ser um pai e esperava que tivesse tempo para aprender, algo que nunca foi possível na maior parte de sua vida.

O único pai a qual viu em ação por perto foi o Arthur Weasley, e Harry não sabe se consegue ser parecido com ele em algum dia. Sua tendência a agir de forma impulsa, sua personalidade forte e passado não o deixaria atuar como o Arthur Weasley. O nascimento de Tiago foi a prova mais assustadora que tivera que fazer sem estudo prévio, e ele acredita que não vem fazendo um ótimo trabalho que deseja. É cada novo aprendizado, ou um novo desenvolvimento, ou dentes que Harry não acompanhou acontecer. Ele teme, agora que Gina e ele estão oficialmente separados, que o menino fique cada vez mais distante e nem mais o reconheça como seu pai. O menino nem sequer exigiu a atenção de Harry na festa de aniversário de Gina, como fazia toda vez que via seu pai.

 Nenhuma criança jamais deve crescer sem o seu pai. Mesmo que não esteja com Gina, Harry lutará para ser um bom pai para seu filho, mesmo que ainda não saiba como fazer isso e tenha medo de fracassar.

A imagem dos dois meninos brincando no quarto retorna em sua mente. Na verdade, ele tentará ser um bom pai para seus dois meninos. Ele fará de tudo para ser o pai que não pôde conhecer. Quem sabe ele pode trazer Tiago para perto de si, para morar com eles. No Largo Grimmauld tem espaço suficiente para ele, Tiago e seu segundo filho. E para Pansy. A imagem de Pansy como está agora e seus dois filhos brincando em frente a eles, não aparenta ser absurda, é familiar e aconchegante.

— Devemos começar a pensar em nomes. – murmura Harry com os lábios no braço dela, pensando em como nomear o segundo garoto de sua imaginação.

— Nenhum filho meu vai receber o nome de Hagrid. – avisa ela agarrando uma de suas mãos.

— Por que você acha que eu daria esse nome para ele? – Harry observa ela passar um dedo sob sua cicatriz na mão.

— Pelo nome de seu primeiro filho ser uma homenagem direta ao seu padrinho e seu pai.

Não é mais um segredo para o mundo bruxo a relação entre Sirius e Harry. Sua biografia autorizada foi responsável por esclarecer muitas coisas que ficaram nebulosas durante a guerra, a inocência de Sirius foi uma delas.

Homenagear seu pai e seu padrinho colocando seus nomes em seu filho foi a forma que Harry encontrou para sentir perto deles. Toda vez que dizia o nome de seu filho, era como estivesse falando com os dois.

— Dar um nome para uma criança é definir ela. Nas famílias bruxas tradicionais escolhemos o nome com mais cuidado. – explica Pansy brincando com os dedos dele. - Se você der um nome que signifique fraqueza ou a pessoa que tinha o nome era fraca, a criança será fraca. Meu primeiro nome é em homenagem à flor favorita da minha mãe, símbolo do amor-perfeito, que em francês significa pensamento, flor apreciada por cupido e outras lendas sobre isso. O meu segundo nome é pela mulher mais bela do mundo.

— E isso quer dizer o quê? – Harry pergunta não conseguindo entender a ligação.

— Que meu amor é perfeito e que sou muito bela. – Acrescenta ela como se fosse óbvio. – Cuidado com que vai dizer, Potter. Eu estou dormindo bem ao seu lado.

Harry ergue as mãos em rendição.

— Eu sei que pode ser só superstição, mas gosto da tradição. – Pansy deita a cabeça acima da dele. – Agora, me fale os nomes que você tem em mente para eu poder recusar.

Quando Harry descobriu sobre Tiago ser um menino, ele listou três nomes de pessoas que gostaria de homenagear. Algo que parece que ele e as famílias bruxas tradicionais tem em comum, sempre estão querendo homenagear algo. Ele sabia que Gina aceitaria as suas duas sugestões, principalmente por se tratar de pessoas que ela apreciava. 

— Eu gostaria de homenagear o professor Dumbledore.

Pansy faz um barulho considerando o nome.

— Alvo. – adiciona Harry.

— O professor Dumbledore foi um grande e poderoso bruxo. Isso eu não posso negar. – assume Pansy. – É algo que eu gostaria que meu filho fosse, poderoso.

Harry pensa em discordar pelo motivo da escolha do nome, mas ela continua.

— Tem outra sugestão? – pergunta Pansy.

Há outro que ele nunca chegou a cogitar a mencionar. Gina poderia ser aberta a tudo, contudo, o nome do bruxo em questão é algo controverso. Severo Snape poderia ter salvo a vida de Harry de diversas maneiras, mas seu passado e suas atitudes são questionáveis e difíceis de ser esquecidas. Até para Harry é complexo seus pensamentos sobre Severo Snape, mesmo que ele tenha contado para o mundo bruxo sobre suas atitudes heroicas desconhecidas. Nomear um de seus filhos com esse nome só é uma forma de agradecer por salvar sua vida, já que não teve a chance de agradecer pessoalmente.

— Severo Snape.

É engraçado o jeito que Pansy congela e se vira para ele rapidamente.

— Eu sempre soube que você tinha um pé na Sonserina. – acusa ela sorrindo. – Eu sei que ele salvou sua vida, mas não esperava que quisesse colocar o nome de seu filho igual ao do professor que fazia sua vida insuportável em Hogwarts.

— Como você não tivesse feito o mesmo em Hogwarts. – ele comenta despretensiosamente. – E aqui está você.

Harry não perde o revirar de olhos dela.

— Você é contra?

— Eu acho que ele que vai ser contra. – Pansy aponta para barriga. – Não é um nome bonito. E também é um nome com um legado forte, mas é melhor do que homenagear meu pai. Vou pensar sobre isso. – ela envolve os braços em seu pescoço. – Ou posso pensar em Harry Tiago Potter II, o herói, salvador, misericordioso e a lenda. O que é isso?

O som alto da madeira de uma das portas do andar de baixo sendo batida é fortemente ecoado pela casa. Os olhos de Harry se movem para o corredor, e então volta-se para Pansy que se levanta se seu colo e olha para o corredor também.

É incomum algum bruxo bater em sua porta, embora seja irônico, já que ele é um bruxo famoso e deveria ter vários jornalistas e fãs atrás dele. O Ministério é o responsável de impedir que ele seja perturbado diariamente, um decreto para garantir sua privacidade é o bloqueio e sua proteção. A batida forte continua insistente.

 - Está esperando alguém? – pergunta Pansy baixo.

As únicas pessoas que Harry espera em sua casa são bruxos que podem usar a rede de flu, ou que sempre se comunica por coruja ou patrono. Ninguém que ele possa esperar vem bater em sua porta.

— Fique aqui.

Harry desce as escadas e vai até a porta de entrada encontrando Monstro falando com alguém atrás da porta.

— Monstro, somos nós. – A voz de Hermione vêm através da porta. – Rony e Hermione.

Harry, estranhando a escolha dos amigos para vir até sua casa, já se apressa para abrir a porta.

— Por que vocês não usaram a rede de flu? – pergunta ele permitindo a entrada dos dois. – Ou aparataram?

— Hermione recebeu uma ameaça. – Rony freneticamente dá algo enrolado para Harry. – O assassino ameaçou ela.

Harry abre apressadamente enquanto acompanha os amigos para sala de estar. A primeira vista, somente é o jornal da manhã do Profeta Diário, relatando sobre a audiência de Draco Malfoy que Harry leu ao acordar. O destaque para a notícia sobre o Malfoy perde o destaque para a do encontro político que está sendo previsto para acontecer contra a Lei dos bens para o bem, o encontro chamado de “Encontro pelas famílias bruxas antigas puro-sangue, o referendo que deveria ter sido feito.”

Em cima da notícia está escrito em vermelho.

Não é comigo que você deve se preocupar. Cuidado.

— Assassino da marca negra.

— Ela recebeu hoje de manhã. – Conta Rony com movimentos rápidos e nervosos.

Harry e Hermione trocam um olhar de preocupação.

— Como ele descobriu que estou te ajudando a tentar encontrar a identidade dele? – pergunta Hermione com tensão em sua voz.

A entrada de Pansy no cômodo com a varinha chama atenção dos três.

— O que ela está fazendo aqui?! – Rony aponta acusatoriamente.

Pansy encara Rony cínica pela grosseria.

— Você achou que eu perderia a honra de estar no mesmo ambiente que o trio de ouro. – Ela faz uma pequena reverência. – Desculpe a falta de tapete vermelho.

— Pansy. – adverti Harry.

Pansy curva os lábios em desgosto e bate o pé no chão. Harry tenta trazer o foco para ameaça implícita em sua mão, mas os dois amigos continuam em Parkinson e a mesma nota o olhar fixo de Hermione em sua barriga.

— É de verdade, Granger. – Pansy fala. – Quer tocar?

Hermione saí de seu estupor.

— É... – Pensa ela no que dizer. - Como está, Parkinson? 

— Melhor agora que estou grávida do escolhido. – provoca Pansy olhando para Rony.

— Eu não falei, Hermione. – Rony diz em um tom alto. – Parkinson está se divertindo com tudo. Ela está orgulhosa de estar grávida de Harry, como se o plano dela tivesse obtido sucesso. Você estava certa em desconfiar.

Perplexo, Harry olha para Hermione, ela acena com a cabeça tentando encontrar palavras para se explicar.

— Dez pontos para Grifinória pela descoberta de Granger. – Pansy aplaude lentamente.

— Pansy! – censura Harry.

Pansy morde o lábio indignada. Harry volta-se aos amigos abrindo os braços pedindo que se expliquem.

— O que está acontecendo?

Rony bufa acenando negativamente com a cabeça.

— É ela, Harry! – acusa ele indicando Pansy. – Você não notou que nada vai para frente depois que você se envolveu com ela. As investigações dos fugitivos estão paradas, nenhuma prova é concreta e você está lentamente se tornando distante. Você ficou minutos no aniversário de Gina na Toca. – ele enfatiza. – Além disso, ela vai depor a favor do Malfoy, o mesmo bruxo que ela desapareceu junto antes de dizer que está grávida de você. 

— Rony. – chama Hermione, a qual ele ignora.

— Diga a ele, Hermione. – exige Rony. – Talvez vindo de você, ele escute. A história do Zabini e as ameaças não parecem estranhas para você? E agora tem esses encontros das famílias bruxas que tenho certeza que ela foi convidada.

Harry se sente encurralado. Pansy e seus dois amigos no mesmo ambiente não foi nada que ele planejou que acontecesse ainda, e não desta forma. Nem tinha passado por sua cabeça. É tão inesperado que ele nem consegue dizer nada em sua defesa.

 - Harry, o Rony está dizendo de forma errada. – Interpõe Hermione. – O que estamos querendo dizer é que...

— É que Rony Weasley é um amigo invejoso que devia tomar conta da própria vida. – finaliza Pansy com veneno. – E que você é a mesma intrometida de Hogwarts. Ninguém vai te dar pontos extras, Granger.

— O que você está querendo, Parkinson?! – Rony rosna entre os dentes se avançando para Pansy que não se move do lugar onde está.

— Rony!

Harry e Hermione chegam juntos. Hermione agarra o braço de Rony. Harry está para se pôr entre eles, quando vê a varinha de Pansy apontada para Rony. 

— Pansy, abaixa a varinha! – ordena Harry alto.

— O que vai fazer, Weasley? – Pansy está sorrindo. – Me enfeitiçar? Aprendeu a usar a varinha desde do incidente com as lesmas?

— Rony, vamos! – Hermione tentando puxa-lo para longe. – Vamos!

— Se afasta, Rony. – Harry ajuda Hermione o empurrando para trás.

O arrependimento cai sobre Rony. Ele solta um longo suspiro e passa mão no rosto vermelho.

— Ela não é confiável, Harry. – fala ele com os olhos presos no de Harry. – Eu sei que ela está grávida, mas Hermione também está grávida.

— Harry, nos falamos depois. – Hermione lança uma olhada para Pansy.

Seus dois amigos saem pela porta que entraram e Harry, desnorteado, continua sem ação parado na sala de estar.

Pansy ofega movendo para se sentar no sofá e o conhecimento de ela estar lá e fazer parte do que ocorreu decaí para Harry.

— Você tinha que provocá-lo? - A irritação está em sua voz.

— O Weasley que começou! – Pansy gesticula para porta indignada.

— Ele estava assustado. – rebate Harry sentindo aborrecimento em seu peito. – A Hermione foi ameaçada, e ela está grávida. Sua atitude não ajudou para acalmar as coisas. Vai ser difícil eles gostarem de você se ficar agindo como estivesse em Hogwarts. Eles são minha família, Parkinson. E será do nosso filho também.

O dia mal começou e ele já se encontra com problemas.

— Não são minha família! – exclama Pansy. - Se você acha que seus dois amigos inúteis ou a família Weasley vai me aceitar, você está se fazendo de cego. Nunca vão aceitar uma filha de um bruxo das trevas, nunca vão fazer um suéter cafona de natal com a letra P para a vadia traidora que roubou Harry Potter da ruiva jogadora de quadribol.

— Você não pode culpá-los. Não depois do dia da batalha e antes disso...

— Eu também estava assustada, Potter! – Pansy se levanta do sofá apontando para si. – Os comensais da morte torturavam por diversão, não eram ordens de ninguém. Era preferível, eu torturar os alunos do que eles, porque eu não tinha prazer nenhum em fazer aquilo e não era tão boa em feitiços ao ponto de fazer alguém quase morrer. – ela engole profundamente a saliva antes de prosseguir. - Eles tinham livre acesso para minha casa, e ameaçavam a mim e minha família. E eu estava com medo do que poderiam fazer. Nessa época, eu já não me importava mais com trouxas, mestiços e nascidos trouxas mais. Eu só queria ficar segura.

Harry é pego desprevenido. Nunca ouviu o relato de nenhum dos alunos como Pansy sobre Hogwarts e sobre a guerra. Para ele, a vida deles era bem facilitada pelo “sangue –puro”.

— Apesar da guerra ter acabado, e vocês ficarem comemorando e suspirando de alívio por serem os heróis. Eu continuo com medo. Azkaban é a minha constante ameaça. O Ministério está querendo pegar minha herança e os bruxos só faltam me enfeitiçar pelas costas quando descobre quem eu sou. – continua ela com a voz falhando. - Aparentemente, agora um amigo de Hogwarts tentou me matar. Ou tentou matar só meu outro amigo por circunstâncias desconhecidas, ou por alguém ter pago ele para fazer isso. E eu estou grávida! Se o Weasley está assustado, eu estou apavorada.

Harry nunca pensou profundamente sobre o que Pansy sentia em relação às coisas que aconteceram. Ele estudou diversas vezes a feição inexpressível dela, querendo saber o que se passava em sua cabeça quando conversaram sobre a audiência do Malfoy e o acontecido da pousada após a chegada da intimação para depor. No entanto, ele procurava o que Pansy poderia estar escondendo, não o que ela sentia. A forma que ela foge para fazer qualquer coisa, que esteja longe do olhar de Harry, toda vez que esses assuntos eram citados ou o corta com um comentário sarcástico deviam ser sinais suficientes para ele entender que ela os evita.

— Como assim Zabini recebeu dinheiro para tentar matar vocês?! – Questiona Harry. Ela nunca havia citado essa possibilidade. – Ele ajudou vocês a se esconderem.

Pansy está desconfortável por ter se aberto. Ela coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha e cruza os braços em frente ao corpo.

— Talvez esse fosse o plano dele. – revela Pansy olhando para a camisa de Harry. - Assim, ninguém iria encontrar os corpos e ficaríamos desaparecidos para sempre.  E eu acho que ele só queria matar Draco, já que o atacou primeiro e o ameaçou primeiro.

Harry a encara incrédulo com a boca aberta.

— Ele seria capaz de matar um amigo por dinheiro?!

Pansy desvia o olhar para suas unhas pintadas. Sua feição está vazia de qualquer sentimento.

— Eu gostaria de acreditar que não, mas como não vivo no mundo cor de rosa. Qualquer um pode ser influenciado por uma grande quantia de dinheiro.

Harry bufa sentindo o peso dessas palavras. Nunca chegou a cogitar que Rony ou Hermione pudessem o trair, mesmo com a lista de grandes traições que testemunhou na época da guerra. A morte de seus pais foi resultado da traição de um amigo, a prisão de Sirius foi resultado da traição de um amigo. Ele olha para o jornal em sua mão, para Malfoy, traição talvez é algo doloroso até mesmo para pessoas como ele. Pelos fatos e circunstâncias, Draco Malfoy não contava com a traição de Blásio Zabini, como também Pansy, apesar de tentar demonstrar indiferença, a traição dele a abalou.

Embora a crença infantil de Harry volte e diga que sonserinos não são confiáveis, é difícil acreditar com toda firmeza depois de tudo que viveu e presenciou. Pessoas traem sejam da Sonserina ou não.

— Você tem ideia de quem poderia ter pago? – pergunta ele preso no jornal.

— É mais fácil perguntar quem não poderia ter pago. – Pansy ri friamente.

— Temos que olhar a conta dele em Gringotes, ou nos bancos estrangeiros. – Harry analisa as possibilidades que podem ser investigadas. – A quantia deve ser grande demais para não guardar em algum banco. Se houver alguém por trás do que aconteceu, isso pode ser usado a favor de vocês.

Pansy olha para ele de maneira engraçada. Por segundo, Harry sente que ela vai dizer algo importante.

— Você não concorda com o Weasley?

— O quê? – franze a testa.

— Você não desconfia de mim? – Pansy pergunta parecendo pasma. – Depois de tudo o que Weasley falou?

Harry gagueja pela quebra do assunto que estavam.

— Por que não acreditaria em você?

Pela primeira vez, depois de tanto tempo, após terem se reencontrado, Pansy o encara com admiração. Como ele tivesse acabado de ter feito o ato mais heroico que jamais fora visto. Ela solta uma risada irônica voltando a sentar no sofá.

— Eu te odeio, Harry Potter. – Ela diz cobrindo a boca com as duas mãos, ela balança a cabeça em descrença. – Nunca passou por sua cabeça se vingar do dia da batalha, não é? 

Harry solta fundo a respiração. Ele achou que esse assunto estava indiretamente resolvido entre eles. É claro que ele havia usado a ameaça de Azkaban em suas discussões, porém agora, depois de tudo, ele acreditou que o passado tinha ficado no passado. Eles trabalharam juntos, investigam juntos, ela está na casa dele, está grávida dele.

— Pansy, se eu quisesse me vingar já teria feito isso. – confessa Harry sinceramente. Vingança, nunca esteve nos planos dele.

— Ou seu plano de vingança é muito ruim. – zomba ela com pequeno sorriso voltando a olhar para ele. – Ou ótimo, você me engravidou.

 Ele quer beijá-la. É a única coisa que Harry consegue pensar quando atravessa o espaço entre eles. Ela ainda está o olhando com admiração, algo que Pansy Parkinson nunca concedeu a ele, mesmo tendo ele salvado o mundo bruxo.

Para ela, nada que ele fizesse era o suficiente para receber sua admiração. Um simples ato que ele faz o tornou digno. Tudo ainda parece confuso, mas ele não quer falar sobre isso. Ele quer continuar a receber esse olhar. 

Harry se inclina para frente e passa a mão em sua bochecha, ele sente a respiração dela engatar. Passando o polegar pelo seu lábio inferior, demonstra a intenção beijá-la quando ela o para no meio do caminho se afastando com a mão no peito dele.

— O que... – começa Harry.

— Me escuta, Potter. – Pansy acena com a mão o calando e se levantando do sofá. – Eu não me importo se a família Weasley me odeia ou seus amigos. Mas, eu não vou deixar nem os Weasley, ou qualquer outra pessoa tratar meu filho como um bastardo seu que merece ser humilhado. – sua voz torna baixo e firme e ela segura seu rosto entre seus dedos. – Eu espero que você faça o mesmo, porque se não fizer, eu prometo que desapareço com ele e você nunca mais vai nos encontrar.

Harry fecha as mãos em punho e trava a mandíbula desacreditado com o que ouviu, se preparando para ter um contra-argumento. No entanto, olhando em seus olhos castanhos trêmulos, vê uma pequena hesitação na promessa. 

— Nosso filho, Parkinson. – corrige ele. – Agora você me escuta. Não importa para onde você fuja, eu vou encontrar vocês dois. Eu quase te encontrei uma vez, conseguiria encontrar outras vezes. Porque eu sou ótimo em encontrar bruxos das trevas.

 Saíra algo sarcástico de sua boca, pensa Harry quando Pansy dá um sorriso de lado.

— Você está passando muito tempo comigo, Potter. – Pansy ergue a mão para afastar o cabelo revolto da testa dele.

Ela não faz nenhum outro movimento em direção a ele. Ela parece refletir enquanto passa o dedo em sua cicatriz na testa até voltar a encarar seus olhos verdes e dizer:

— Ele não o matou. – confessa ela. - Draco não matou o Blásio, foi a Astória.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

- Perdoem qualquer erro.

— O título capítulo, além de ser referência aos nomes dos citados, também é uma referência ao momento que Dumbledore e Snape entram em um acordo de proteção e começam a confiar um no outro por Harry. Que é o momento que Pansy e Harry deixam o passado para trás por causa de seu filho e Pansy faz a revelação.
Não sei se ficou claro a ideia, mas foi a ideia que tentei passar no capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A maldição da Sucessão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.