Innocent escrita por ro_dollores


Capítulo 2
Capitulo 2




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“Não esqueça do meu presente!” - Grissom pegou o gato sapeca e olhou estranhamente para ela. Ele tinha uma leve desconfiança de quem teria a ideia de lhe dar aquilo.- “O que?”

Ele arqueou uma de suas sobrancelhas, ela adorava quando ele fazia aquilo. Muito delicadamente ele ajeitou o bicho em seu colo, carregou o compartimento de bagagem na traseira da cadeira de rodas e atravessou o corredor até o elevador.

“Tem algum lugar que queira passar, senhorita?”

“Com muletas? Uma balada?”

Eles riram. Um riso qualquer, mas um riso juntos. 

Sara reparou, como se fosse possível não fazê-lo que ele tinha decidido manter os pêlos em seu rosto.

Ele olhou para as paredes inacabadas. Ela estava cobrindo a tinta escura ou estava escurecendo a tinta pastel?

Grissom apenas ficou do lado dela, temendo que as muletas pudessem ficar instáveis e ela sofresse alguma queda. Ele não queria nem pensar.  Até sugeriu que a carregasse no colo, mas diante da ideia absurda ela nem respondeu. Não houve necessidade de colocar palavras no olhar de morte dela.

“Você pensou em como vai se virar?”

“Uma coisa de cada vez, só sinto pelas paredes, tinha começado  final de semana, estava tão animada.”

“Qual é a dessa pintura? Ou parte dela?”

“Estou clareando o ambiente, cansei!”

“E não pode arranjar um profissional?”

“Eu gosto de me ocupar com isso, fique sabendo …”

Ele levantou as mãos e olhou de perto o acabamento incrível que ela estava conseguindo.

“Está ficando muito bom …”

“Paguei uma fábula inteira por esta tinta, ela cobre o dobro de uma tinta comum com menos demãos. Eu sou boa nisso, acredite!”

“Quando precisar de  uma reforma sei em quem confiar!”

“Você ainda está ridicularizando minhas habilidades, quando eu terminar, vai se arrepender, ou quando tirar essa bota de gesso!”

“Não … eu estou impressionado, de verdade!”

A campainha tocou e eles entraram em bando. Warrick, Greg, Nick e Cath.

Caixas de pizzas,  refrigerantes, potes de sorvete e um filme de terror.

Grissom tinha razão, ele fofocou que ela teria visitas, e ele havia se recusado apenas para que ela pudesse passar um tempo com seus amigos. 

“Não vista sua roupa de guerra … ”

“Eu não tenho uma roupa de guerra.”

“Todo mundo tem, querida. Divirta-se, amanhã passarei por aí!”

Eles esqueceram até do filme com as palhaçadas de Greg, Sara confiou a eles o presente horroroso que ela havia recebido e da paquera com a vendedora.

Eles fizeram o jogo da mímica e assistiram um programa de perguntas e respostas. Nenhuma das questões deixou de ser respondida pelos espertos CSIs.

Assim que deixaram a cozinha brilhando, a sala toda ajeitada, eles foram embora prometendo uma nova empreitada assim que a equipe toda conseguisse de novo, uma folga.

Ela se deitou, ajeitando a altura de seu pé sobre a cama.

A adrenalina ainda estava abaixando quando viu o nome de Grissom no visor de seu telefone.

“É muito tarde?”

“Não, estou me ajeitando para dormir, acho que vai demorar …”

Como ele poderia saber que a equipe tinha partido?

“Como foi  a diversão?”

“Muito bom, você poderia ter vindo …”

Fora do laboratório ele tinha que admitir que Sara era apenas dele. Ele riu do pensamento, era absurdo e abusado. Mas pensar nela como parte dele lhe fez um bem danado.

“Você precisava se livrar de mim por um tempo, senão …”

“Senão o que?” - Ela olhou para o telefone quando ele emudeceu. - “Griss?”

“É que …  você vai se cansar de mim …”

Desta vez quem emudeceu foi ela, morrendo de vontade de dizer o que estava em sua cabeça. Ela nunca se cansaria dele, nem mesmo em outras vidas.

“Eu poderia dizer o mesmo!”

Novo silêncio.

“Bem, estou ligando por uma razão. Escute e não me interrompa.”

“Acho que não vou conseguir, é algo que deveria ser interrompido?”

“Pare de me fazer perguntas, Sara … apenas ouça.”

“Sim senhor …”

“Amanhã de manhã receberá a visita de minha ajudante, ela fará alguns serviços básicos de arrumação, vai gostar dela, silenciosa, discreta e muito ágil.”

“Não posso aceitar!”

“Você tem que aceitar.”

“E como foi explicar a ela … preciso que ajude uma moribunda inválida?”

Ela ouviu uma gargalhada do outro lado da linha, depois um barulho de gelo batendo no cristal. Ele estava bebendo algo.

“Mais ou menos isso …”

“Griss …”

“Por favor, deixe-me fazer isso por você, eu sei que faria o mesmo por mim …”

“Eu faria … certamente! Então deixe-me acertar com ela.”

“Não! Aceite como um presente … você consegue, aceitou um gato de nariz vermelho.”

“O Frajola? Ele não faria serviços domésticos.” - Isso porque ele não tinha visto a pobre joaninha desconstruída.

“Está vendo, pelo menos é um presente muito mais útil. Ela chegará às oito e se chama Maria. Boa noite querida!”

“Boa noite, Griss!”

...

Grissom mais uma vez tinha total razão, às treze horas Maria já havia terminado a arrumação, seu apartamento parecia mais confortável, apesar das paredes incompletas, um cheiro delicioso de casa limpa. 

“Está tudo tão perfeito! Obrigada Maria.”

“Foi um prazer em ajudar uma amiga do Dr. Grissom.”

“Você é um anjo, ainda tenho duas semanas com este acessório de beleza.”

Maria sorriu, piscando devagar!

“Tenha cuidado e tudo ficará bem … espero que se cure o mais rápido possível.”

Elas se despediram e Sara se ajeitou no sofá, esticando o pé sobre um puff e ligando a tv. 

Ela estava cochilando quando ouviu a campainha.

Com uma certa dificuldade, ela chegou até a porta e abriu com um sorriso nos lábios.

“Como você está?”

Ela viu quando ele colocou várias sacolas sobre a pequena mesa da cozinha.

“Bem … agradecida pela ajuda, tudo está muito limpo. O que é tudo isso?”

“Bem … potes com uma sopa que minha mãe me ensinou, algumas coisas semi prontas, pizzas e lasanha ... vegetarianas, claro … hum ... salada de frutas acondicionadas em pequenas porções!”

“Griss, estou me sentindo uma abusadora, deixe-me pelo menos pagar por isso.”

“Nem pense nisso.”

“Podemos dividir a sopa, antes de meu turno começar, ou o que quiser escolher.”

“Está ótimo para mim, estou curiosa com esta receita de família.”

“Você vai gostar … eu preciso falar com você.”

Eles se ajeitaram no sofá, um de frente ao outro.

“O que há?”

O telefone dele tocou e ele atendeu imediatamente, com um sorriso.

“Oi mãe”

Ela ouviu ele dizer que não estava mesmo em casa, algumas respostas monossilábicas, viu o rosto dele corar, um novo sorriso tímido. 

“Sim … falei …  não … nós não brigamos, ela estava muito ocupada.” 

Ele olhou para ela apertando os lábios, depois levando uma das mãos até a orelha em um gesto muito infantil. Era timidez.

“Também te amo! Eu darei”

Sara estava rindo para ele, na verdade se divertindo.

“O que?”

“Com quem você não brigou?”

“Você!”

Ele tinha dito sobre ela para a mãe?

“Como assim?”

“Eu disse que te liguei, e você nunca atendeu … ela me flagrou algumas vezes.”

Desta vez ela ficou ainda mais curiosa.

 “Você quer me contar isso direito?”

“Eu disse a ela que era … uma amiga. Aliás, ela te mandou um olá!”

Sara ficou surpresa e encantada. Parecia pouco, mas o pouco com Grissom sempre era muito.

“Bem … e o que quer falar comigo?”

“Você me disse que a pintura foi muito fácil, você aceitaria minha ajuda para terminar?” - Ele disse por mim, colocando um ponto final da conversa sobre sua mãe.

“Jamais!”

“Sara … por favor, eu quero fazer isso, vai ser divertido, você me dá as dicas e vai ter a oportunidade de mandar em mim!”

“Eu não acredito que usou esse argumento machista, como se mandar em você fosse um bônus! Não vou aceitar, quando estiver livre disso, farei!” - Ela apontou para a bota em seu pé.

Foi então que ela reparou que ele estava segurando uma gargalhada.

“Qual a graça?”

“Nunca fui chamado de machista. Na verdade a ideia era que mandar no chefe deve ser bom … descontar as frustrações que possa ter lhe causado.”

Como chefe, ele tinha a negligenciado algumas vezes, mas acabava aceitando por conta de saber o seu lugar, ela era a mais nova da equipe. Sua hora chegaria, além do mais ela sabia que ele a achava competente, afinal, havia lhe convidado para vir a Vegas.

“Bem … este ponto de vista parece tentador, mas de novo, não posso aceitar. Me sentiria ainda mais inválida, abusando de um … um …”

“Velho supervisor?”

“Não … um amigo …” - que está testando minha sanidade com essa agora de tentar uma nova aparência.

“Não me importo … ficarei feliz em ajudar.”

“Como consigo dizer não à você?”

“Não consegue. Fechado?”

Ele lhe estendeu a mão, Sara tocou no calor escaldante e sentiu que estava entrando em uma grande enrascada, ter aquele homem zanzando pelo apartamento, sendo comandado por ela, parecia tentador. Será que ele um dia passaria por aquela porta logo após o corredor e usaria sua cama? O pensamento a alterou, um rubor subiu pelo seu pescoço e tingiu sua face em segundos.

“Você está bem?”

“Sim … claro … então …  negócio fechado!” - Ela tratou logo de retirar a mão e descansar na própria coxa. Estava sentindo um calor absurdo.

...

“Griss … isso está delicioso …”

Ele limpou a boca em um guardanapo e se levantou. Ela não havia parado de falar sobre como a sopa estava maravilhosa, ele estava satisfeito e feliz.

Ele lavou a louça, guardou e ficou do lado dela até se sentar no sofá.

“Vou pegar a sobremesa.”

“A salada de frutas?”

“Não … outra coisa …  e você gosta, claro!”

“O que é?”

“Torta de limão!”

“Hummm …”

Ele a serviu e esperou que ela comesse.

“Você não quer?”

“Vou levar para o laboratório … tenho tantos relatórios para preparar e assinar …”

“Eu poderia te ajudar com isso, prometo sigilo absoluto.”

Aquilo soou como algo desvirtuado e os dois riram, com o mesmo pensamento.

“Vou pensar nisso! Precisa de ajuda com mais alguma coisa?”

Ela precisava que a ajudasse a vestir sua roupa de dormir.

“Não! Está mais que perfeito.”

“Até amanhã querida e, se precisar de algo … me ligue.”

Ele piscou um olho para ela e saiu.

...

Quando Sara abriu a porta quase teve um pequeno infarto. Seu coração quis sair pela boca com a visão dele de camiseta, uma velha calça jeans e tênis. Os cabelos pareciam ter recebido vento e estava deliciosamente em desalinho. 

“Hey …”

“Pronto para receber ordens, madame!”

Sem que notasse ela mordeu o lado do lábio inferior e o mediu minuciosamente. Ele estava realmente uma delícia.

Grissom arqueou suas sobrancelhas, muito sem jeito de como reagir àquela inspeção.

“Onde … estão as ferramentas? Você tem uma escada em algum lugar não é?”

Grissom saiu à procura para o lado da lavanderia, se ficasse perto dela o encarando daquele jeito, ele não poderia responder por si e estragaria tudo, com certeza. 

Jesus Cristo, ele era um homem, e ela era seu objeto de desejo, era perigoso demais olhar para ele como se quisesse  estar dentro dele. Ou quem sabe ...o contrário. Aquele pensamento quase o fez gritar,  não podia deixar que invadissem sua mente, ele precisava de controle e com ela, estava ficando difícil. Aquele cheiro era tão delicioso.

“Está por aí mesmo, pendurada em um apoio ao lado do armário.”

“Encontrei!”

Ela o ajudou a organizar tudo o que ele precisava, estendeu uma pequena lona que a casa de tintas havia lhe dado, deu dicas da preparação da tinta, viu ele encaixar com desenvoltura o rolo cheio de truques e depois puxou uma cadeira assistindo de camarote. Olhar para seu traseiro recheado, enchendo saborosamente suas calças era muita tentação.

Sara percebeu que estava ficando um pouco mais afogueada e precisava se mexer, precisava empurrar aquilo tudo para um canto menos perigoso de sua mente.

“Você aceita um café?”

Ela olhou para a parede perfeita e sorriu. 

Grissom parecia um garoto esperando aprovação.

“Está ficando lindo, Griss!”

Ele bebeu um gole do café e jogou um biscoito amanteigado na boca.

“Isso é bom …”

“É dinamarquês, é um velho hábito.”

Ela olhou para uma pequena mancha de tinta em sua camiseta cinza com um número em alto relevo que deixava seus ombros ainda mais impressionantes.

“Acho que te devo uma camiseta …”

“Você me deve um jantar … podemos pedir comida chinesa.”

“Eu aceito … vou me sentir melhor se retribuir tudo o que está fazendo por mim …”

Ele olhou para os lábios dela e se concentrou na forma como eles eram lindos, em como ela estava linda, os cabelos brilhantes, a camisa branca arregaçada nas mangas, os dedos longos e delicados, tocando sobre os lábios em um gesto parecido com algo que ela estava lembrando. Então ela o encarou também.

Foi uma troca de energia pura, castanhos nos azuis, ela notando a curva da barba que deixava seu rosto ainda mais elegante, enquanto Grissom descia os olhos para o pescoço nobre.

O encanto se quebrou quando ambos perceberam o que estavam fazendo ao se encararem daquela maneira.

“Vou voltar ao trabalho, falta pouco, pretendo ir para casa tomar um banho e voltar para meu pagamento.”

Ela abriu um sorriso muito divertido e expansivo. Era melhor se distrair com outras coisas e sair daquele turbilhão.

“Combinado.”

Sara estava cantarolando no banho, sem perceber, tentando equilibrar o pé fora da linha da água, mesmo todo envolto em filme plástico, podia correr o risco de molhar e botar a perder sua boa recuperação, quando a campainha tocou!”

“Tão cedo? Ele mal saiu daqui.”

Ela só teve tempo de se ajustar em um robe, se vestir demoraria muito mais.

“Hey … desculpe meus trajes, estava no banho. Você foi rápido.”

A verdade era que ele estava ansioso para estar com ela aquela noite de sua folga. E a surpresa de vê-la em um robe de seda, com pequenas estampas delicadas, o cabelo preso em um coque mal arranjado, o pescoço à mostra, o fez ficar sem fôlego.

“Desculpe se te fiz apressar seu banho. Achei até que me demorei demais.”

Ele tinha vontade de perguntar se ela precisava de ajuda, mas não se atreveu, era uma brincadeira muito perigosa.

Ele a viu voltar para o quarto o tecido gostoso marcando seu corpo, e ele sabia que ela não estava usando nada por baixo.

Um longo suspiro.

“Eu já volto, pode ir pedindo nosso jantar se quiser, o meu com vegetais crocantes por favor, o telefone está na geladeira, um cardápio vermelho, tenho umas cervejas na geladeira se quiser.”

“Eu trouxe … posso ligar a tv? Tem um jogo do CUBS.”

“Fique à vontade, a casa é sua , Gris!”

Ele viu que ela tinha arrumado alguns quadros na parede recém pintada criando um ambiente bastante aconchegante. Ela estava certa, clarear a parede tinha ficado muito bom.

Quando ela voltou para a sala, ele estava concentrado no jogo, brincando de girar uma cerveja nas mãos, parecendo mais um gesto nervoso.

“Como está o jogo?”

“Estamos ganhando, mas é um jogo muito ruim.- Ela se sentou ao seu lado. - “Sara, se não gosta … podemos assistir o que você quiser …”

“Eu gosto … preciso arrumar a mesa e …”

“Já fiz … eu mexi nas suas gavetas se não se importa.”

“Não me importo!”

Seu pensamento voou até a cena deles, ele estava tomando posse de sua tv, das coisas de sua cozinha … estava até pintando suas paredes. Tinha sido uma evolução surpreendente, e mesmo que nenhum dos dois falassem sobre o que estava acontecendo, ele sabia que ela também pensava sobre tudo.

Uma jogada errada e ele soltou um sonoro palavrão.

“Desculpe … querida, eu não deveria …”

“Já passei dos quinze, Griss e minha mãe não está por perto.”

Eles riram um para o outro e segurar a mão dela foi um gesto natural e involuntário.

A campainha tocou.

“Deixa que eu atendo, você está inválida.”

“Griss!” - Ela ralhou. - “Vou pegar meu cartão e …”

O entregador já tinha ido.

“Você não fez isso! Poxa … você me prometeu que eu pagaria.”

“Onde você tem uma caneta, um pedaço de papel.”

“Pra quê?”

“”Onde?” - ele insistiu.

Sara apontou para uma gaveta no armário da cozinha.

Ele anotou alguma coisa e fixou na geladeira com um dos muitos menus que recheavam a porta.

“Pronto … vou anotar tudo que me deve, não serei um homem generoso.”

“Estou apavorada!”

Mais uma vez eles riram juntos.

Foi uma noite mais que agradável, eles comeram devagar, conversando sobre se ela pretendia mudar mais alguma coisa naquele apartamento, sobre o jogo que por pouco seu time não saíra derrotado, falaram sobre o assalto que tinha acontecido em um dos cassinos de Sam Braun, depois ela cochilou ao lado dele no sofá por conta dos remédios para dor e ele se despediu, prometendo vê-la em breve.

Os próximos dias foram quase um borrão, ele não conseguiu um tempo de qualidade com ela, precisou ir para Los Angeles para um caso com o FBI e teve que ouvir Conrad Ecklie lamentar quando ele próprio precisou auxiliar nos casos noturnos, por falta de pessoal.

Eles se falaram ao telefone várias vezes, ela recebeu a visita de Greg, que a levou para o retorno em seu médico. E então o gesso se foi e ela começou a fazer a fisioterapia.

Quando estava entrando em seu apartamento, ela notou alguém à sua espera.

“Griss!” - Havia muitas pastas em suas mãos e ele tinha aparado a barba lindamente.

“Olá … você parece muito bem.”

“E você parece cansado!” - Os olhos fundos, e um sorriso tímido que ela teve vontade de encher a banheira, dar um banho demorado nele, e colocá-lo para dormir. Era de dar pena. - “Entre, você precisa descansar …”

Ele se sentou no sofá, enquanto ela andava bem devagar ainda, atrás dele notando os ombros pesados.

“O que é isso?” - ela apontou para as pastas.

“Vou aceitar sua ajuda, se não se importar, pode ser minhas mãos e olhos?”

“Com toda certeza, é só me dar o start, você está com fome?”

“Sim …”

Ela deu uma nova boa olhada nele.

“Há quanto tempo não tem boas horas de sono, Griss?”

“Não me lembro …”

“Meus Deus … fique aí, eu tenho uma mesa para notebook, posso encaixar no sofá, vai ser muito útil.”

Ele obedeceu, retirou sua jaqueta e ajeitou no braço do sofá.

A mesa deu muito certo e ela deixou a pilha de pastas à frente dele.

“Me dê um tempo rápido para um banho e depois podemos pedir pizza  enquanto te ajudo.”

“Nem sei como agradecer … querida!”

“Você já fez o bastante por mim.”

Eles trabalharam bem juntos, ela enumerou os processos, colocando em ordem de datas, revisou as anotações, escreveu algumas outras observações que ele ditou e depois de um bom tempo, tudo estava em ordem. 

“Acho que terminamos … ficou ótimo.”

Ele segurou na mão dela e agradeceu novamente com os olhos pesados.

“Não sei o que faria sem você.”

“Não fiz nada demais.”

Ele bocejou, estava terrivelmente acabado e o sofá pareceu tão convidativo. Ela o viu descansar a cabeça no encosto e fechar os olhos, imediatamente entrando em estado de sonolência.

Sara puxou a mesa devagar, depois com muito cuidado conseguiu fazê-lo se deitar com a cabeça nas almofadas macias, ajeitou as pernas dele na extensão do assento, tirou seus sapatos e foi em busca de um cobertor.

Tão adorável, o rosto tranquilo e bom. Ela sentiu seu peito inflar de amor por ele, como se tivessem vivido juntos desde sempre, era um sentimento tranquilo e renovador.

Suas mãos coçaram para ajeitar uma mecha de cabelo encaracolado que insistia em sair do lugar em sua testa.

Ela o fez. E foi bom.

Com um dedo, fez o caminho em sua bochecha barbada, que pôde perceber os pêlos mais crescidos, depois com a mão em co0ncha sentiu a textura macia, estava louca por aquele toque. Foi uma sensação incrível.

“Durma com os anjos.”

Ela apagou todas as luzes e foi para o quarto.

Sara não soube quanto tempo havia se passado, mas acordou com o barulho intermitente de um telefone distante.

Era o de Grissom.

Ela abriu a porta e ouviu a voz dele respondendo à Brass.

“Eu tenho que ir …”

“Descansou um pouco?”

“Sim … gostaria de pedir desculpas, eu … apaguei.”

“Você está cansado, deveria tirar um dia de folga … Griss!”

“Eu não posso …”

“Sei o quanto a equipe com um a menos é complicado …  logo estarei de volta … você não se livrou de mim …” - ela sorriu, apertando o robe.

“Muito obrigado, querida … de verdade!” - Ele segurou em seus braços e beijou sua bochecha sentindo o cheiro delicioso que emanava dela, tão perto e tão desejoso de fazer algo a mais que sem pensar, tocou seus lábios tão rapidamente que mal sentiu o gosto dela. E o medo chegou, ele temia tanto estragar tudo, ela o odiaria se quebrasse tantas coisas boas que haviam conquistado e ele morreria com a decepção dela. 

Mas ela sorriu de novo e foi o céu!

“Você ainda está dormindo, não é? Cuidado ao dirigir.”

Ela tinha levado tão bem, graças aos céus e ele aceitou o clima desligado e amigável que aquilo havia se transformado..

Nick estava à sua porta no instante em que ela abria para jogar o lixo pelo duto no corredor.

“Oi cowboy …”

“Aceita companhia?”

“Aceito … claro!”

“Eu preciso estar com gente que faça sentir vivo, que aqueça meu coração, tem sido complicado esses dias.”

Ela bem sabia, pois depois que Grissom havia saído de sua casa ela mal conseguia falar com ele, e tudo se transformou em uma nova onda de tempo escasso, outra vez. Em algum momento alguém daquela equipe iria ter uma estafa e ela temia o quão perto parecia estar para acontecer.

Sara arriscou uma omelete super recheada, pão de alho e como havia terminado seus medicamentos, dividiu  algumas cervejas com Nick.

Eles jogaram cartas e assistiram um filme de Tom Cruise

Ela estava rindo de algo engraçado que Nick dissera sobre a loira perfeita que estava nos braços do herói, quando o telefone tocou. Ela sabia quem era.

“Oi!”

Ela foi em direção ao corredor para abafar sua voz.

“Olá … tudo bem?”

“Tudo sim, Nick está aqui, estamos assistindo um filme.”

“Oh … que bom que tem companhia, eu vou desligar, não quero atrapalhar.”

“Nos falamos amanhã …”

“Fique bem …”

“Você também!”


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