Innocent escrita por ro_dollores


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Capitulo Final



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Grissom não conseguia tirar Sara de sua cabeça, ele imaginou que essa era a sensação de sentir falta de alguém, cada minuto com ela era tão especial. oda aquela correria e falta de tempo estava o desgastando, a última vez que a viu estava tão esgotado que mal conseguiu ficar de olhos abertos. Ela tinha o ajudado com suas tarefas burocráticas do laboratório. Tinha dado um jeito de estar com ela mesmo que fosse trabalhando, e estava ficando cada vez mais frequente arranjar motivos. Ligar não estava mais sendo suficiente e ele estava temeroso com o tamanho que tudo estava tomando.  Ele ainda estava tão ocupado, sem conseguir atender as ligações dela, uma bagunça total com seu tempo, tudo muito maluco.

Na manhã seguinte ele precisava saber dela, pessoalmente.

O telefone tocou, ele atendeu imediatamente.

“Grissom!”

“Gil?”

“Heather?”

“Você pode falar?”

“Sim … o que houve?”

“Preciso de sua ajuda .... acho que estou sendo perseguida por um lunático.”

“Onde você está?”

“Em casa …”

“Estou indo para aí … eu devo levar Brass …”

“Se achar necessário … “

Em alguns minutos Brass e três policiais estavam inspecionando os cômodos da mansão de Heather enquanto Grissom tentava acalmá-la.

Eles tinham uma relação de confiança criada há um tempo quando um caso os levou até ali, um participante de suas atividades sadomasoquistas havia sido encontrado em condições precárias em um beco não muito distante dali, as vestes de couro, uma corda fina em seu pescoço, um aviso escrito em seu peito. Assassino!

Logo eles descobriram o inacreditável mundo e submundo SM, Grissom ficou impressionado com a desenvoltura, inteligência fugaz e a beleza dela. 

Uma beleza misteriosa, que por pouco ele não se curvou, ela era diferente, sem ser vulgar, mesmo estando em um ambiente tão degradado pelas aparências. Ele aprendeu a respeitar as preferências, sem pré julgamentos, sem apontar o dedo para o diferente.

E ela se encantou com aquilo, com a força de um homem acima da média, com a beleza quase aristocrática, máscula sem parecer arrogante, discreto e de uma inteligência rara. Seus olhos ganharam sua alma, o jeito quase tímido que balançou sua estrutura de mulher forte e ela precisou lutar consigo o atacando. Analisando seu perfil diferente, e ela teve um trabalho imenso. Ele era uma incógnita, outro com certeza se dobraria aos seus pés, mas a sedução não passou de uma tentativa de um beijo que nunca veio, a necessidade de experimentar aquilo tudo tinha quase a enlouquecido, mas depois ela se rendeu a uma amizade ímpar. Ele tinha alguém em seu coração e talvez nem soubesse ainda.

E era assim, havia sempre aquela atmosfera de quase se render. Mas ela sabia, ele jamais tomaria o primeiro passo, e ela fazê-lo a teria destruído, ela jamais se dobrou a um homem, mesmo que fosse ele!

A amizade e a troca de informações tão profundas e quase psíquicas, bastavam. Eles tinham um entendimento intelectual quase sobre humano, ninguém a fazia se doar tanto, vasculhando sensações e descobertas em seu próprio subconsciente.

Se ela percebesse que ele pudesse ter algum sentimento por ela, talvez valesse a pena, mas nunca aconteceria, além do mais, ele estava diferente desta vez, quase temeroso em se aproximar dela.

Ele a encarou, percebendo que ela estava pálida.

“Você está com medo, Heather. Nós vamos te ajudar.”

“É apreensão, um lunático que não sabe lidar com suas fraquezas e desvios de conduta pode prejudicar muito mais que a mim, eu tenho uma filha, temo por ela.”

Eles ouviram tiros e ele imediatamente a deitou no chão, derrubando uma pesada mesa como proteção à vida dela, tinha sido instintivo.

“Não se levante!”

Em alguns minutos Brass e os policiais desceram as escadas com um sujeito enorme, de compleição muito forte e um rosto assimétrico. Parecia latino.

“Ramon?”

“O conhece, Heather?”

“Sim … estava o ajudando com seu casamento …”

“Anna me abandonou, eu vou destruí-la, você e quem quer que faça parte de seu mundo.”

“Não mais, valentão. Há bombas em alguns quartos do pavimento superior, Heather, nós o interceptamos. Elas não foram acionadas, mas já chamei um esquadrão anti bombas e você terá que sair, vá para um hotel ou procure um lugar seguro até que cada canto deste lugar seja vasculhado.

“Não vou sair daqui, vou para o casa do caseiro, é uma  distância segura.”

“Ainda não sabemos qual o alcance exato se houver uma explosão, o perigo é iminente. Por favor, não pode se arriscar.”

“Venha Heather, a levarei onde precisa.” - Grissom aguardou  que ela pegasse uma pequena valise, enquanto o esquadrão chegava.

Ele a acomodou na Denali e ganhou a estrada que levava até o centro de Vegas.

“Você tem preferência em algum lugar?”

Ela estava um tanto assustada, ele nunca tinha a visto tão frágil.

“Ele estava ligando de dentro da minha própria casa, maldito seja!”

“Tudo vai ficar bem, você só precisa de um lugar seguro por hora, Brass avisará assim que puder voltar, confie!”

“Você pode … ficar por um tempo?”

Ele arqueou uma de suas sobrancelhas, não se sentia propenso a abandoná-la naquele momento.

“Você não me disse onde poderia se hospedar, tem alguma preferência?” - ele repetiu prestando atenção no caminho.

“Me leve para sua casa!”

Grissom abriu a porta e fez um gesto educado para que ela entrasse. Ele estava se sentindo estranho por ter alguém em sua casa, sob aquelas condições adversas. Ela não tinha sido convidada, ele não se sentia muito à vontade com ela como se fossem travar algo desconhecido, ela era um mistério que ele não cogitava a menor intenção de desvendar. O que quer que poderia ter acontecido entre eles foi no passado em um lapso de encantamento que durou muito pouco. Ele tinha respeito por ela e a via como uma amiga, mas não a ponto de partilhar o seu canto sagrado. Se uma mulher tivesse que estar ali, ele sabia muito bem quem seria. E eles estavam em construção de algo para acabar de vez ou quem sabe perdurar pelo resto de suas vidas. Ele tinha um medo apavorante das duas situações. Que ela percebesse que ele nunca valeria a pena ou que eles não conseguiriam mais viver um sem o outro . Ele tinha sido moldado para ser um solitário, mas ninguém o avisou que haveria uma Sara em seu caminho. Sara, Sara, Sara. E por que ele estava pensando loucamente nela? Meu Deus! Ele sabia o que era! Era um sentimento de traição.

Ele levou a mão aos cabelos, quase em desespero.

“Gil … você está bem? Se quiser …. eu posso ir para um hotel, me desculpe ter a petulância …

“Hei … não é nada disso! São coisas minhas que não vem ao caso … e você não atrapalha … é só que não estou acostumado com visitas”

Ela balançou a cabeça e quase sorriu o olhando profundamente. 

“Então é isso! Você não está acostumado com outra mulher em sua casa … talvez aqui seja território de um alguém … que compartilha …”

“Heather, pare!”

“Desculpe … eu não preciso me meter na sua vida para poder ficar em sua casa. Eu agradeço que me aceite, será apenas por uma noite.”

“Eu preciso voltar ao laboratório, venha quero lhe mostrar  o quarto, eu posso ficar no escritório, tenho um sofá confortável que se transforma em cama … às vezes descanso por lá!”

Heather sabia que ele estava nervoso, ele não tinha o hábito de tagarelar sem parar, mas ela estava achando tudo tão desafiante, tão diferente. E no fundo, ela tinha muito medo de voltar à mansão. A ideia de estar na casa dele foi tão surpreendente e inusitada quanto as reações que ele demonstrava.  Mas ao abrir a porta, ela sentiu o cheiro inebriante dele.

O ambiente era sofisticado, masculino ao extremo, madeiras nobres e uma cama enorme que comportaria no mínimo três pessoas confortavelmente.

“Não posso aceitar seu quarto. Eu durmo no escritório … ou seu sofá me pareceu aconchegante.”

Ele quase foi traído por seus pensamentos, as palavras chegaram a estar na porta de serem soltas, mas ele não seria deselegante de dizer à ela. Heather não era mulher que combinaria em um sofá, por mais confortável que pudesse ser ou em um escritório recheado de livros. Qualquer um que não a conhecesse, teria a primeira impressão que ela acabara de sair de um conto de Agatha Christie ou talvez de um castelo da mais alta casta, embora sua atividade fosse tão adversa à sua pompa.

“Isso não é uma negociação!”

Ela olhou para ele de olhos arregalados, ele impostou sua voz de uma forma que a fez não ter forças para argumentar o que quer que tentasse.

“Tudo bem …”

“Use como se estivesse em sua casa, há o banheiro e tudo que precisa no armário de cima.”

Ele puxou algumas peças de roupa de cama do armário, um enorme travesseiro novo que sabiamente sua mãe ajeitara para emergências, pegou seus próprios travesseiros, um pijama e seu roupão azul marinho para levar para seu novo quarto de dormir. Ele estava saindo quando ela segurou em seu braço.

“Eu queria te agradecer, Gil …”

“Tudo bem, Heather, você só precisa descansar e ficar segura. Vou voltar ao trabalho. Tenha uma boa noite de sono!”

Sara estava com uma estranha sensação, inquieta e ansiosa sem saber exatamente por que. Na verdade ela sabia, era falta de estar com Grissom, de rir com ele, de falar apenas e olhar nos olhos azuis que a deixava tão bem. Ela precisava saber dele, então,  pegou seu telefone e ligou, aquilo a acalmaria, daria uma desculpa qualquer ou apenas diria que precisava saber se ele estava bem.

“Alo? Este é o telefone de Gilbert Grissom.”

Ela jogou o telefone sobre o sofá em uma reação ao choque de ouvir aquela voz feminina e não era Catherine. 

Sara se esticou para retomar o aparelho enquanto ouvia vários alôs do outro lado.

“Onde está Grissom?”

“Ele esqueceu o telefone no balcão, com certeza deve estar voltando para pegar …”

“Voltando pra onde  …?” - Que balcão? Era a casa de algum suspeito? Ou suspeita? O laboratório certamente não era, aquela voz parecia tão … sensual! - “Quem está falando?”

“Heather Kessler e esta é a casa dele!”

Ela emudeceu, estava com a sensação de estar sendo sugada em uma espiral sem fim. 

“Você quer que ele ligue de volta?”

“Não é preciso, obrigada! Nada importante … eu … falo com ele … depois!”

Ela desligou e soltou o telefone de novo, como se queimasse seus dedos, levando as mãos à boca, perplexa.

Como era aquilo? Ou o que era aquilo? Ela estava na casa dele? Sozinha? Era um hábito? Então eles tinham mesmo um relacionamento? 

“Meu Deus, como pude ser tão estúpida?”

Grissom se assustou quando bateu a mão em seu bolso e não sentiu o celular. Ele não conseguia se lembrar a última vez que esquecera seu telefone, e não era nada bom. Ele não era assim, aquela coisa toda de Heather havia lhe tirado do prumo, um pouco mais depois de descobrir que Sara estava completamente em sua cabeça.

Ele retomou as ruas que já tinha avançado rapidamente, deixou seu carro em frente à guarita e subiu correndo até seu andar,  abriu a porta feito louco, pegou seu telefone e desapareceu dali, Heather devia estar no banho, ou talvez até dormindo.

Sara se sentou no sofá e chorou.

Ele não tinha o direito, ou tinha?

Há uns dias atrás ele tinha bicado seus lábios mas ela procurou levar em conta que ele estava cansado, agradecido e ainda muito sonolento, tinha sido quase sem querer. E pelo bem deles, era melhor levar a coisa toda na brincadeira.

Eles não tinham falado sobre um deles resolver ter um relacionamento, não tinham falado sobre uma amizade quando havia sentimento, não tinham falado sobre o que estava se passando, só sabiam que estava acontecendo e era bom.

Bom para a sanidade, mas e agora? 

Ele tinha o direito de ter alguém, e era Heather!

Desde quando?

Como ela aceitava que ele passasse tanto tempo com ela?

Era tão doloroso imaginar os dois. Uma dor de perda.

“Céus … vou enlouquecer.”

Seu coração parecia se partir ao meio, ela engoliu alguns comprimidos e se deitou, mas cenas deles se deitando juntos, tomando café da manhã, sorrindo um para o outro, não a deixavam sequer fechar os olhos.

Desesperada ela resolveu dar uma volta na fria noite de Vegas. Sair sem rumo, dirigir devagar, já que ainda precisava de cuidado.

Ela voltaria ao laboratório somente três dias depois e como seria?

Como ele diria a ela sobre ter uma mulher? Mais uma vez ela pensou que talvez não fosse um caso antigo, e se fosse recente, e se algumas ligações que ele não havia atendido era por conta dela. 

Outro desespero a fez se sentir sufocar dentro do carro.

De repente, o telefone tocou, e era tão tarde, o que ele estava fazendo ligando para ela aquela hora.

“Sara?”

“Oi!”

Ela tentou disfarçar a voz chorosa.

“Eu esqueci meu telefone em casa, você me ligou? Vi sua chamada agora, quando fui ligar para Brass! Aconteceu alguma coisa?”

“Não!”

Ela estava diferente, estranha, ele a conhecia.

“Você estava dormindo … me perdoe … é que fiquei preocupado.”

“Está  … tudo bem …”

Ele ouviu uma buzina e estranhou.

“A tv está ligada?”

“Grissom ... podemos nos falar depois?” 

“O que há, querida?”

Ela fechou os olhos quando ouviu a maneira frequente com que estava a tratando.

Não sou sua querida, não posso ser … por favor, pare de me machucar!

Ela abriu o vidro para respirar melhor e o barulho da rua de novo se fez ouvir do outro lado da linha.

“Sara … fale comigo, por favor! Onde você está?”

Sem conseguir se segurar mais, ela soluçou dolorido, e ele estacou no meio do corredor.

“Pelo amor de Deus, me diz onde você está. Por que está chorando?”

Um novo soluço.

“ Ou você me diz ou vou rastrear seu telefone …”

“Desculpe, não se preocupe comigo!”

Ela desligou.

E ele quase enlouqueceu. 

De repente uma ideia apavorante tomou conta dele. E se … Heather atendera seu telefone … e se ela entendera tudo errado. Eles eram amigos, mas não tinham direito de terem outras pessoas,  eles se amavam!

Eles se amavam!

“Droga! Droga! Droga!”

A verdade caiu feito uma bomba sobre ele, tudo tinha que ser esclarecido. 

Ele ligou de novo e de novo e de novo e ela nunca atendeu.

Feito maluco, ele procurou por Catherine.

“Cath … eu preciso resolver algo urgente, agora!”

“O que foi?”

“Estarei no telefone!”

Grissom continuou ligando e o telefone estava desligado, ele estacionou em frente ao prédio dela e esperou. O carro dela não estava à vista.

Se fosse mais cedo ele jurou que ligaria para saber de Heather se Sara havia ligado, que se danasse o que ela pensaria. Perder sua melhor amiga, sua fonte de alegria, a mulher que amava por causa de um mal entendido seria um desastre.

Ele viu o carro dela se aproximar, depois esperou que ela abrisse o portão e entrou rapidamente logo atrás, antes que ele se fechasse.

“Sara!” - Ela se virou assustada em direção à voz, os olhos marejados, tentando a todo custo disfarçar. 

“O que está fazendo aqui, Grissom, a esta hora?”

“Precisamos conversar!”

“Não acho que precisamos …”

Ele segurou na mão dela e subiram juntos. Assim que a porta se fechou ele a levou até o sofá.

“Você me ligou … me conte o que queria?”

“Eu já disse, nada … apenas saber se estava tudo bem …”

“Heather atendeu?”

Sara olhou para ele, os olhos vermelhos, tristes.

“Sim …”

“Você pensou coisas?”

“Sim …”

Era só o que conseguia dizer.

“Sara … querida … há uma longa história para lhe contar, eu quero saber se está disposta e ouvir.”

“Por que acha que precisa me dar explicações?”

“Porque tenho uma razão!”

Ela suspirou, olhou para as mãos e mordeu o lábio como sempre fazia.

Deus, ele amava aquela mulher, como poderiam ser apenas amigos? A resposta era tão óbvia que ele não seria humano se não admitisse.

“O que ela estava fazendo em sua casa, Gris? Vocês … dois”

“Não e ...nunca!”

Então com minha paciência, ele contou todos os detalhes daquela noite, desde o telefonema, a proposta dela em ficar na casa dele, depois, o quanto ficara sem jeito de negar ajudá-la. Por fim, ele segurou em suas mãos e esperou que ela dissesse alguma coisa, qualquer coisa!

Ela estava no mais absoluto silêncio, não havia interrompido uma vez sequer. O medo de a qualquer momento ouvir qualquer sinal de que ele pudesse sentir algo pela dominatrix tinha a emudecido.

“Eu tenho uma pergunta … e estou com medo de sua resposta.”

“Vamos lá … me pergunte o que quiser!”

Ela sabia que não havia como esconder mais seus sentimentos, não seria mais a mesma coisa, ela temeu por perder tantas coisas boas, mas nada seria como antes, qualquer um poderia perceber. 

“Você sente algo por ela?”

“Não! Somos amigos.”

“Mas amigos … podem sentir algo ...”

“Não neste caso, amigos que são só amigos. Ela não é você , Sara!”

“Mas e se … ela sentir algo … afinal, ela pediu para ir para sua casa e … o que você disse?”

“Amigos que são só …”

“Não, depois …”

 “”Ela não é você e nunca vai ser .. e respondendo a próxima pergunta  … não há nada … Heather é uma pessoa que confia em poucos, acredite. Além do mais, não estaria interessado no que ela possa sentir por mim … eu já tenho outra amiga … bem na verdade … talvez você a conheça.”

Sara apertou os lábios e segurou um grande suspiro de alívio.

“Eu te amo Sara, e me chame de arrogante se quiser, mas eu sei que me ama também!”

Desta vez ela o abraçou, sentindo as batidas do coração dele.

Grissom segurou seu rosto entre as mãos e se aproximou.

Foi um beijo lento e quente. 

Ele sabia que seria assim.

Ela sabia que era muito mais do que havia imaginado.

Grissom entrou em sua casa sentindo que um peso enorme estava fora de suas costas. Deus … ele queria tanto ficar com Sara, queria que ela tivesse a mais absoluta certeza que havia aberto totalmente seu coração. Mas ele tinha que voltar ao laboratório, tantos problemas, Catherine o chamando a todo momento, e depois ele precisava resolver algumas outras coisas … 

Tinha sido tão difícil se despedir de sua boca, de suas mãos deslizando por ele todo. O gosto delicioso, o cheiro enlouquecedor. Ela tinha um jeito de ganhar sua atenção que era inacreditável. Ele sentia amor, excitação, uma loucura inexplicável que esquecia todo o resto. Mas todo o resto ainda estava lá e precisava dele. Havia uma promessa e ele precisava estar inteiro, não podia simplesmente estar com ela pela metade, quando havia um caos generalizado em seu trabalho e em sua casa.

“Bom dia, Gil.”

A cozinha tinha um cheiro de café, ela estava toda arrumada como se fosse a uma festa de gala, era sempre assim, ele nunca se acostumaria com algo do tipo, as comparações vieram aos montes, cada vez que a olhava.

“Teve uma boa noite de sono?”

“Dormi como um anjo. Não vi que voltou para pegar seu telefone. Alguém ligou para você, mas não quis deixar recado.”

“Eu já resolvi sobre o assunto.”

“Você parece cansado, mas há algo diferente em você!”

Ele lhe deu um meio sorriso, precisava de um banho e um pouco de descanso, mas antes tinha que resolver a situação dela.

“Heather, Brass e o chefe do anti-bombas liberaram a mansão.”

“Eu sei, ele me ligou e o agradeci imensamente, assim como devo fazer com sua generosidade. Você foi um grande amigo. Eu já chamei um táxi, deve estar chegando!”

“Sabe que pode contar comigo.”

Ela tocou seu rosto, os olhos dele estavam realmente diferentes.

“Você parece … feliz!”

“Sim …”

Ela tentou se aproximar dele, quase que instintivamente.

Grissom tocou a mão dela e a retirou de seu rosto, dando um pequeno passo para atrás.

“Isso nunca acontecerá … sinto muito, Heather.”

“Eu sei … esse brilho … tem um nome, eu suponho.”

“Sim …”

“Você a ama?”

“Completamente!”

Ele olhou para o teto do quarto dela e ao redor, ali também poderia receber uma nova pintura e quem sabe, uma pequena mudança.

Grissom sorriu. Ele estava no quarto dela, na cama dela e eles tinham feito amor com uma entrega que ele jamais imaginou ter com uma mulher. Foi estarrecedor, envolvente e intenso.

Ela estava dormindo com os cabelos espalhados no travesseiro, os lábios em um quase sorriso, ele sabia de sua felicidade, ele sabia de seu amor. Nunca se sentiu tão amado, tão desejado, tão completo.

Sua melhor amiga era uma amante afogueada e maravilhosa.

O lençol cobria parte de seu corpo, uma de suas pernas estava exposta para seu deleite, os seios desenhando uma silhueta perfeita no tecido de cetim. Ele podia sentir uma onda vindo feito um adolescente. Ela o fazia se sentir poderoso e era bom.

Seus gemidos vieram em suas lembranças recentes e ele achou o som mais lindo do mundo. Como o som de seu nome, como os cabelos cheirosos, como a curva de seu quadril, a perfeição de seus pés, ela toda era um presente que ele não sabia se merecia.

Foi uma entrega quase sobre humana, eles tiveram sessões de carinhos, de beijos em cada parte um do outro, tiveram sexo alucinante, em outro momento quase tântrico, massagem ora caliente, ora relaxante, depois tudo começava novamente. Eles riram, ele beijou cada lágrima de emoção dela,  experimentaram toda forma de amor que pudessem ter. Amantes no ápice de uma loucura, ou na calmaria de movimentos lentos e profundos. 

Ele viu quando ela esticou uma mão sobre o peito nú dele, sentindo a pele quente, os olhos fechados ainda.

“Você está aí?”

“Sim … e não vou a lugar algum.”

“Achei que tinha sido um sonho.”

“Não foi um sonho, foi a realização dele.”

Ele a abraçou e a apertou em seus braços, a envolvendo por completo, como um casulo, como um lugar que ele deveria ter estado há muito tempo antes. 

“Sara … Sara … Sara”

E foi assim entre gemidos e beijos quentes que ela despertou, foi assim que ela teve a certeza que seu melhor amigo, era seu maior amor, o único, o último. Aquele que você tem certeza que é para sempre. 

Um homem precisa de uma companhia

 

Fim 


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada a quem me acompanhou nessa jornada. Obrigada a quem comentou e obrigada também a quem não o fez, mas separou um tempo para estar aqui. Mil beijos



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