My Work Here is Done escrita por Labi, MrsNobody


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Estamos a tentar inserir o máximo de clichês possíveis, ups



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Saeki ouvia o amigo e colega a reclamar enquanto petiscava batatas fritas. Haru estava como um louco a ler os seus próprios relatórios antigos e a rever evidências.

“Então estás-me a dizer que vais poder trabalhar naquela mansão grande?! Wow que sorte!”

“Que sorte?”, encarou-a, “O Kambe é irritante! Conduz como um louco e acha que as ruas de Tóquio são uma pista de Fórmula 1 privada!”

“Ah, não precisas de ser assim.”

“Claro que preciso! Ele acha que o dinheiro compra tudo.”

Ela fez um ‘humm’ pensativo e mordeu outra batata, “E não compra?”

Haru olhou para a amiga, que lhe sorria com a mesma delicadeza de sempre.

“Não.”, ele respondeu seriamente, e a mais velha piscou, “Eu sei que o dinheiro facilita muitas coisas… se não, tenho certeza de que muitos de nós nem estaríamos aqui. Mas eu acredito que as melhores coisas são gratuitas: a brisa refrescante de fim de tarde, o pôr-do-sol… o amor…”, ele aceitou uma das batatas dela e mordeu, “Eu ganho pouco, economizo tudo o que posso, mas sou feliz assim… não preciso de carros de luxo ou roupas caras para ser feliz.”.

Saeki ficou pensativa por um momento, “Mas um pôr-do-sol em Tóquio ou um pôr-do-sol numa praia paradisíaca nas Maldivas não seria, em essência, a mesma coisa? O Sr. Kambe pode encontrar conforto em dar uma volta de carro pela cidade à noite da mesma forma que tu o fazes com, sei lá, uma boa comida caseira.”, sorriu, “Não será só preconceito teu? Ou orgulho?” 

O rapaz piscou, “Orgulho meu?”

Ela assentiu, “O Sr. Kambe pode ter a mesma opinião que você, mas ele tem dinheiro que o permite escolher onde ele quer aproveitar cada uma dessas coisas ditas gratuitas”, Saeki sorriu, “Ele gostar de carros de luxo e usar roupas caras não quer dizer que ele não veja beleza nas mesmas coisas que você vê.”

Haru cruzou os braços, “Não. Nem penses que caio nessa, nem o tentes defender. Ele é um homem irritante e implicativo que usa o dinheiro para conseguir o que quer das pessoas.”

Saeki deu um longo suspiro, “Se tu dizes~”

Ela tinha um sorrisinho que fez o inspetor ficar desconfiado, mas sabia que o melhor era ignorar.

Olhou para o relógio e suspirou de novo. Estava adiantado cinco minutos, precisava de lhe mudar a pilha. Era bem antigo.

“Tenho de ir, o Kambe tem uma reunião agora no centro da cidade e acha que o Mascarado pode aparecer…”

“E vai aparecer?”

“Não. Ele disse-me que ia aparecer no jardim botânico. Fica noutro quarteirão. Mas eu não podia dizer isso ao Kambe.”, deu de ombros.

Quando viu o sorrisinho maldoso de Saeki, Haru percebeu que havia dito besteira.

“Own, Haru-chan quer se encontrar à sós com o seu crush Mascarado!”, ela colocou as mãos nas bochechas e mexeu os quadris de um lado para o outro, as bochechas coradas, “E no jardim botânico, onde as mais belas flores do Japão se encontram! É um encontro perfeito!”

Haru corou (de raiva, naturalmente, como sempre fazia quando o assunto era o criminoso) e bufou, “Não quero! Ele não é o meu crush! Saeki!”, resmungou, “Eu nem sei quem ele é e a-acima de tudo ele é criminoso! Crime! Eu sou polícia, lembras?”

Ela pousou a mão no peito de forma dramática, “Oh! Um romance proíbido! Tipo Romeu e Julieta!”

O mais jovem ergueu uma sobrancelha, “Não é nessa história onde todo mundo morre porque a comunicação não é o forte do personagens?”

Saeki emburrou e encarou-o, “Haru-chan, precisas de ser menos céptico com a vida. Além disso Shakespeare é demasiado sobrevalorizado.”, deu de ombros e olhou para o relógio, “Não devias estar a ir para o teu date?”

Haru se levantou, “Não é um encontro, já disse!”, resmungou e pegou sua jaqueta, “Mas sim, preciso ir.”.

“Até logo, Haru-chan~!”, acenou e o colega voltou a sorrir, acenando-lhe de volta.

 

 

O edifício da reunião era antigo e luxuoso no seu exterior. Tinha sido renovado fazia algum tempo e por dentro tinha um aspeto moderno e requintado. Haru estava mesmo a chegar à recepção quando Kambe chegou. O milionário não o notou de imediato, indo dizer algo à recepcionista.

Deu tempo para Haru notar alguns pormenores sobre o milionário: tinha uma postura excelente, nunca levantava a voz, as mãos estavam descontraídas no bolso. Só de análise corporal, Haru podia concluir que era um homem seguro de si próprio e confiante.

Irritante.

Kambe cruzou o seu olhar consigo mal se virou e aproximou-se dele, “Bom dia.”

O inspetor assentiu, as mãos dentro dos bolsos das calças, “Bom dia, Kambe. Alguma novidade?”

O bilionário balançou a cabeça, começando a caminhar enquanto era acompanhado por Haru, "Não. Ordenei que toda a mansão e arredores fosse minuciosamente examinados, mas não foi encontrado nada de estranho.", disse, e o inspetor suspirou. 

"Pedi para que os responsáveis pelos locais onde o Mascarado passou para que verificassem se deram falta de algo sem valor, mas a maioria nem lembra mais a data dos assaltos.", suspirou, "O dono do Museu, entretanto, disse que a lixeira do seu escritório é de outro modelo, mas como ele a detestava, achou que seu secretário só a havia substituído."

“Então o Inspetor acha que o Mascarado roubou o lixo?”

Haru deu de ombros, “Quem sabe? Ele é meio idiota, mesmo.”

Kambe sorriu de lado e apontou para a cafetaria perto da recepção, “Aceita café? Ainda não chegaram os restantes empresários.”

O policia olhou na direção da sala do coffee break e a sua carteira até doeu só de pensar o quanto devia custar um café e um bolo ali. Mas uma vez não era vez… 

“Pode ser. Preciso de café.”, resmungou e não viu o sorriso do milionário.

 

 

Depois da típica discussão ao pagar -porque Kambe insistiu que oferecia o pequeno-almoço e Haru não queria, mas no final o milionário ignorou-o - e de Haru ter notado como ele deixara uma gorjeta simpática à menina que os atendia, foram sentar-se nas mesas exteriores a aproveitar o sol matinal de inverno. Estava um bonito dia e ali tinham uma vista privilegiada para a cidade que o policia nunca tinha visto e se maravilhava.

Acontece que Kambe, por muito irritante e calado que fosse, até que não era uma pessoa difícil de se conversar já que a sua cultura geral extensa permitia que conseguisse abordar um pouco de qualquer tema e isso acalmou Haru. 

Talvez no fundo, bem lá no fundo, Saeki tivesse razão e ele fosse só uma pessoa normal.

Falavam sobre as notícias mais recentes dos crimes da máfia na cidade vizinha de Yokohama quando uma mulher se aproximou pelas costas de Haru.

“Daisuke. Procurei-te por toda a parte. Por que não atendes o telemóvel?”

O milionário emburrou, “Suzue. Não ouvi.”

Quando ela parou ao seu lado na mesa, Haru achou que ia ter um ataque de coração. Bem como nos desenhos animados quando o coração parece que salta fora do peito.

Era provavelmente umas das mulheres mais bonitas que tinha visto na vida.

Os cabelos pretos longos, muito direitos combinavam com a sua pele clara e, acima de tudo, tinha uns olhos azuis amendoados muito intensos e bonitos.

Haru quase que saltou da cadeira, “B-Bom dia senhora!”, já lhe puxou a outra cadeira para ela se sentar. Sequer notou o olhar de julgamento de Kambe.

Suzue pestanejou e olhou para Haru, depois para Kambe, de novo para Haru e sorriu abertamente, “Oh, bom dia! Muito obrigado.” , sentou-se e o policia fez o mesmo, agora muito direito. 

“O senhor deve ser o Inspetor Katou. O Daisuke falou-me muito de si.” , o sorrisinho aumentou.

Kambe franziu o cenho, a xícara próxima aos lábios, e Haru suspirou de leve, “Ah, eu imagino bem o que ele disse de mim…”, resmungou, mas sorriu quando Suzue riu, “Não, o senhor não faz ideia”.

A risada de Suzue era doce e delicada, e Kambe pigarreou ao perceber o sorriso idiota de Haru, “Inspetor, feche a boca, está a babar”.

O mais velho encarou-o de imediato e o sorriso caiu, sendo trocado por indignação. Kambe rolou os olhos e voltou a beber o seu café.

“Chato.” , Haru não conteve o comentário entre dentes e Suzue riu de novo. Ele claro, tornou a sua atenção para ela e sorriu outra vez. Que fazer? Era uma mulher bonita. Tinha o coração frágil para mulheres bonitas.

Suzue pousou a chavena na mesa e esticou-lhe a mão, “Não me apresentei, perdão. Kambe Suzue.”

Haru segurou a mão dela de imediato e pestanejou.

Espera-

“Oh. Vocês são casados?”

Suzue e Daisuke trocaram um olhar confuso, e o rapaz torceu o nariz, “Somos parentes!”, ele disse, e Suzue riu, “Sim, parentes.”

Katou ficou muito mais aliviado. Era injusto se alguém como Kambe fosse casado com uma mulher tão bonita. Agora que pensava bem e reparava, eles até que eram parecidos.

Sorriu abertamente, “Entendo!”

Daisuke não gostou nada daquela reação, e Suzue apenas riu internamente da desgraça dele, “Inspetor Katou, Daisuke me contou que vocês trabalham juntos agora no caso do Mascarado.”.

E já estava a sua manhã arruinada novamente mal ouvia falar naquele nome.

Cruzou os braços, “Não. Eu trabalho no caso. Estou só a vigiar a ver se o idiota do Mascarado não tenta roubar de novo algo da vossa família…”

“Idiota do Mascarado?”, ela sorriu divertida e Haru assentiu, “Sim. É o que ele é.”

Suzue riu, “Ah, isso é muito duro. Ele não é assim tão mau…”

“A Suzue-san por acaso não faz parte do Clube de Fãs… pois não?”

Ela fez-lhe um sinal de ‘shhh’ com o dedo em frente aos lábios, “É segredo~”

Haru suspirou, “Por favor, não seja. Ele é um lunático que anda a roubar diversos lugares!”

“Sim, um bonsai e uma lixeira”, Kambe implicou.

“Isso só prova a minha teoria de como ele é idiota!”

“Mas assim ele parece inofensivo. Grave seria se magoasse alguém, por exemplo. Por isso é que lhe acho graça. Faz-me pensar no Robin dos Bosques, ou do Zorro. Algo assim.”

Haru deu um longo suspiro e pousou o queixo na mão, “A administradora do fórum é minha colega de trabalho e ela passa a vida a dizer isso. Não entendo.”

Suzue sorriu, “Talvez estejamos certas?”

Ele balançou a cabeça, “Não, ele agrediu o Kambe, esqueceu?”

Os Kambe trocaram um olhar, e Suzue não conseguiu esconder um sorrisinho maldoso ao responder ao inspetor: “Oh, sim! O soco!”, ela colocou a mão direita sobre o peito e suspirou, dramática, “Sim, pobrezinho do Daisuke! Tive que limpar melhor o corte naquela noite, ele não sabe cuidar de si!”.

“Suzue.”, ele censurou num sibilo, bem como um gato irritado. Ela ignorou.

“Ele não gosta de ver sangue, ficou muito transtornado…”, suspirou e esticou a mão para fazer carinho na bochecha do moreno como se ele fosse algum tipo de criança.

Kambe só semicerrou os olhos e ficou em julgamento silencioso.

E Haru só desejava poder receber o mesmo carinho. Maldito Kambe sortudo.

Kambe se afastou de Suzue, que voltou a rir, e Haru bebeu seu café, observando-os. Suzue era gentil, embora implicasse com Kambe, e o inspetor suspirou de leve. Olhou para seu relógio de pulso e se levantou, “Eu preciso ir, tenho um compromisso em alguns minutos. Vou para sua casa após resolver isso”, garantiu.

O moreno concordou, “A reunião começa daqui a pouco, se não aconteceu nada até agora, também certamente que não acontecerá.”

Suzue assentiu, “Claro que não. Está tudo bem.”

Haru fez uma vénia educada a Suzue, “Foi um prazer conhecê-la. Até uma próxima.”

Suzue sorriu, lhe apertando a mão (o que fez Haru corar), “O prazer é todo meu, Katou-san”.

 

 

Dali da varanda dava para ver o inspetor a sair do edifício e a atravessar a rua em passos largos, de mãos nos bolso, para ir em direção ao jardim.

Kambe suspirou, pousando a sua chávena agora vazia e Suzue cruzou os braços, “Não era mais fácil marcares um encontro como uma pessoa normal?”

Ele encarou-a e franziu o sobrolho, “Não é um encontro. Só acho divertido implicar com ele.”

“Ah sim.” , ela atirou o cabelo pelo ombro e foi pousar as mãos na cintura, “Implicar. Agora é isso que lhe chamamos, hum? Daisuke, por favor.” , suspirou e abanou com a cabeça, “Ele vai ter de saber a verdade, eventualmente. Não é pior alongar o assunto?”

Daisuke deu de ombros, “Ele não vai ter de saber. O Mascarado vai desaparecer depois de conseguir os chips todos, só isso.”

Ela voltou a suspirar, “Eu entendo seus motivos e o ajudo no que for necessário… mas Katou-san me parece uma pessoa tão gentil e dedicada… Por que incomoda tanto ele?”.

“Porque ele é o responsável por investigar o caso.”, disse com um leve dar de ombros, “E é teimoso o suficiente para não largar. Não posso correr riscos.”

“E dançar com ele ajuda a resolver isso como?”

Kambe não gostou do tom de julgamento implicativo dela e bufou, “Isso foram danos colaterais.”

“Oh.”, ela sorriu, “Então temos danos colaterais?”

Kambe fez um sutil e infantil biquinho, e Suzue voltou a sorrir, “Você está apaixonado por ele!”

“Definitivamente não. Só estou flertando com ele para desestabilizá-lo”

“Uhum, e o beijo que você roubou dele no baile foi para isso?”, ao ver o rosto de espanto do primo, ela riu, “O que foi? Esqueceu que nossas câmeras de segurança tem função noturna? Eu vi tudinho quando fui apagar as imagens, Daisuke-chan~”

“Foi um mal entendido.”

“Que tipo de mal entendido?”

“O tipo de mal entendido que é mal entendido.”

Suzue riu alto, “Eu não acredito nisto. O meu priminho adorável finalmente se apaixonou!”

Kambe rolou os olhos, se levantando, “Não me apaixonei. E agora, com licença.”, ele disse, e Suzue sorriu: “Mande cumprimentos meus ao Katou-san~”

Um tanto irritado pelo abuso de Suzue, Kambe apenas lhe resmungou uma resposta torta entre dentes e rodou nos calcanhares para sair.

Ela, claro, achou tudo muito divertido.


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Notas finais do capítulo

Por motivo de idiotice, o Capítulo 5 encontra-se noutra ordem. Por favor volta ao índice *facepalm*



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