Nobres Guardiões escrita por Last Mafagafo


Capítulo 2
Donna




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— Ela é mais pesada que imaginei - disse Crowley, enquanto uma Donna completamente bêbada se pendurava sobre seus ombros.

— Está um caos por aqui! Uma completa bagunça! Todos estes manequins de plástico andando por aí! É pior do que na época do Apocalipse! - disse Aziraphale, que tentava abrir a porta da sua loja com as chaves. 

Crowley já estava cansando se segurar Donna, quando Aziraphale finalmente abriu a porta. Os três entraram na lojinha e Aziraphale puxou sua poltrona favorita para que Crowley colocasse Donna sobre ela. A ruiva estava dormindo profundamente. E roncando também! Era insuportável ouvir todo aquele ronco! 

— Ah, isso me traz tantas lembranças! Lembra de quando nós a assistimos no berço quando ela era apenas um bebê? - perguntou Aziraphale, com orgulho e carinho pela sua afilhada.

— Ela era muito menos barulhenta e cheirava melhor também. Ela com certeza vai acordar de ressaca mais tarde - disse Crowley, colocando as mãos nos bolsos.

— Há certas coisas que não podem ser evitadas… Ou até podem, mas eu não quero que ela beba com tanta frequência - disse Aziraphale, pensando que não seria difícil para ele limpar o sistema de Donna do álcool. Mas numa segunda consideração, ele sabia que se ele resolvesse se envolver em algo tão trivial como aquilo, Donna teria mais um incentivo para beber em suas noitadas nos bares com as amigas - Ao menos ela está segura por aqui.

— Isso ela está - disse Crowley - Anjo, você acha que deveríamos fazer alguma coisa sobre os Autrons?

— Não. Eu ouvi do Zaniel que alguém tem cuidado de situações como essas na Terra. 

— É mesmo? E onde estava essa pessoa quando veio o Apocalipse? - perguntou Crowley, agarrando a garrafa de vinho que eles havia deixado depois da última bebedeira na manhã anterior.

— Foi em 1990, não é? Dizem que essa pessoa é um Senhor do Tempo, então na época ele deveria estar na Guerra.

— Ah! Agora entendi! São eles não são? Eu estava lá quando Ele criou Gallifrey. Foi  antes de toda aquela história de cair do céu e ir morar no inferno. Eu fiquei por lá por algum tempo, mas nunca gostei muito do estilo… Todo aquele vermelho e a cidade dentro da cúpula… Não tinha muita graça naquilo. E toda aquela gente arrogante andando pra lá e pra cá. Eles se chamam Senhores do Tempo, não existe nada mais pedante que isso! Foi quando eu pedi transferência para a Terra. Talvez seja por isso que eu caí, afinal de contas. 

— Não diga besteiras, você sabe porque você caiu. Se não estivesse andando com Lúcifer e seus amigos, isso não teria acontecido.

— Eu estava entediado! Como eu ia saber que eles iriam começar uma revolução contra… Ele! Se eu soubesse, nem iria! Era uma ideia estúpida desde o começo! Bom, que seja! Pelo menos lá em baixo nós temos música de verdade.

Os dois se olharam por um segundo, e o silêncio se estabeleceu entre eles. Com exceção do ronco de Donna, não havia um barulho na sala.

— Quem é Zaniel? - perguntou Crowley, tentando soar distante e desinteressado.

— Um amigo lá de cima - disse Aziraphale, que não havia percebido o quão Cowley estava irritado com ele.

— Ah… E você ainda fala com ele?

— Às vezes - ponderou o anjo - Mais para saber das novidades.

— Eu não acho uma boa ideia… Nós fomos expulsos dos dois lados, lembra? - perguntou Crowley, devolvendo a garrafa ao lugar.

— Eu não vejo nada de mais. Foi graças a ele que eu descobri sobre os Autrons a tempo de salvar Donna - disse Aziraphale, arrumando a almofada atrás da ruiva.

— E o Gabriel? Ele pode se irritar se descobrir que você ainda tem contato com os de cima - disse Crowley, determinado a afastar seu anjo daquele tal Zaniel.

— Não tem problema. Depois daquela nossa pequena artimanha, Gabriel não se atreveu mais a me incomodar. Ele nem apareceu mais na loja depois daquilo. 

Crowley se calou, chateado. Ele não tinha gostado nada daquela história.

— Crowley, você está com ciúmes?

— O que? Nãoooo! Que ideia ridícula, Anjo! Olha só, ela está acordando! - disse Crowley, tentando dispersar a atenção de si enquanto ele corava violentamente.

Aziraphale olhou de volta para Donna e, quase como um milagre, ela começou a abrir os olhos sonolentos. Sua cabeça deveria estar pesada, porque ela logo tornou a fechar os olhos de novo.

— Onde eu estou?

— A.Z. Fell e Associados. Antiquário e livros raros. Você estava dormindo na rua quando te encontrei. Você está melhor? - perguntou o anjo, realmente preocupado.

— Ah, sim… Apesar da dor de cabeça que está me matando - ela reclamou.

— Ah... - disse Aziraphale, segurando-se para não livrar Donna das dores com um milagre.

— Me desculpa te incomodar. Que constrangedor! Você deve estar me achando uma maluca! - ela riu.

— Não se preocupe comigo, querida. Agora talvez seja melhor voltar para casa. As ruas não são muito seguras - disse Aziraphale , ajudando-a a levantar. Donna mal conseguia enxergar as coisas, além de um embaçado surreal - Eu pedi um táxi para você. Não se preocupe, está tudo pago.

— Obrigada! Você não precisava.

— De forma alguma, querida. É um prazer ajudá-la - disse o anjo, com sinceridade. Ele gostava muito de Donna, e no fundo sabia que Crowley também gostava.

Aziraphale trouxe um táxi por milagre e ajudou Donna a entrar no carro. Ele fechou a porta e acompanhou Donna acenando para ele, até que ela desaparecesse a esquina. Depois ele voltou para a livraria, para encontrar Crowley na poltrona que antes havia sido ocupada por Donna.

— Tudo resolvido? - perguntou Crowley, levemente bêbado.

— Tudo certo. Donna Noble está na direção que deveria estar, de volta a Chiswick - disse Aziraphale.

 

***

 

— Você tem certeza que ela virou à esquerda? - perguntou Crowley, enquanto os dois conversavam no parque.

— É claro que eu tenho! Eu mesmo fui até a esquina, só para ter certeza que ela viraria para o lado certo. Eu não sou um amador… - disse Aziraphale, com certo orgulho - E com certeza farei de tudo para evitar um novo apocalipse.

— Bom, se você diz… Eu só não entendo porque Gabriel foi tão específico sobre virar à esquerda. Ou porque ele mandou você. Pensei que estávamos livres disso - disse Crowley, 

— Deve ser parte do Plano Inefável, eu não perguntei. Você sabe como é lá em cima. Além do mais, eu ainda sou o anjo da guarda da Donna para o resto da vida dela. Não tem como me substituir - sorriu Aziraphale, orgulhoso.

Crowley concordou, dando de ombros. Os dois ficaram em um silêncio confortável, observando o movimento do parque enquanto aproveitavam seu sorvete.

— Anjo, você sabe o que está acontecendo com as abelhas?

— Com o que?

— As abelhas. Parece que elas estão desaparecendo… Você já não vê tantas voando por aí nessa época do ano - disse Crowley.

— Não seja ridículo! É claro que as abelhas não estão desaparecendo. Deve ser período migratório - disse Aziraphale, que nunca havia pensado nas abelhas antes, mas depois de ouvir Crowley começava a acreditar que ele estivesse certo. Havia menos abelhas naquele ano, que nos anteriores. 

— Se você diz… - disse Crowley,  dando de ombros. Não era como se ele realmente se importasse.

 

***

 

— Onde está a Donna? - perguntou Aziraphale enquanto entrava no apartamento de Crowley, preocupado com toda a questão da invasão dos Cybermen. 

— Ah! Não se preocupa, Anjo! Donna está longe, lá na Espanha, fazendo mergulho - disse Crowley, completamente despreocupado, enquanto molhava suas plantas. 

— Sério? Mergulho não é muito o estilo dela, mas se você diz… Espera aí! Crowley, foi você, não foi? - perguntou Aziraphale, cruzando os braços.

— É… Boa ideia, não acha? O Kransor me disse que o pessoal de baixo estava tentando facilitar a vinda dos Cybermen daquele outro universo. Mas você sabe que não se pode acreditar na minha galera, não é? Mesmo assim, resolvi prevenir.

— Crowley, você é um gênio!

— Já ouvi essa antes, no reinado da Rainha Victória. Aliás, está lá em baixo. Velha ranzinza, vive reclamando que lá não é o lugar dela e blá...blá...blá... Faz tempo que não a vejo.

— Quer chá? - perguntou Aziraphale, entrando na cozinha. Ele havia  reservado uma gaveta especialmente para guardar seus chás na cozinha do Crowley.

— Você sabe que não gosto dessas coisas. Prefiro um café, mas sem frescuras. É só fazer um milagre, viu? - disse Crowley, fazendo surgir uma xícara de café fumegante em sua mão.

— Ah, mas assim se perde metade da graça! - disse o anjo, enchendo uma chaleira, enquanto o demônio revirava os olhos.


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Notas finais do capítulo

E é por isso que Donna vive perdendo toda a ação. Pronto, agora você sabe!



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