Formas de dizer eu te amo escrita por Dama Magno


Capítulo 3
Remendando uma roupa sua




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Nao sabia fazer muitas tarefas domésticas, mesmo que a maioria delas terminassem com um hematoma na perna ou no braço. Sua mãe a havia ensinado a cozinhar por pura necessidade, mas ainda não confiava nela com uma faca na mão sem supervisão. 

Ela era realmente boa em quase tudo que fazia com as mãos. Só havia uma coisa que era impossível: costurar. A garota era incapaz de remendar uma meia, não por causa ferimentos a si mesma, mas por pura falta de habilidade. Nunca conseguia colocar a linha na agulha e, nas ocasiões em que alguém fazia isso por ela, acabava com um embolado de linha e nós da peça de roupa.

Contudo, ela tinha um truque infalível. Uma técnica secreta que somente ela (e sua mãe) conheciam...

— O que você pensa que está fazendo? — Tobi perguntou. Nao gritou e se jogou para o lado quando notou a figura agachada ao lado dela, em uma das mãos segurava a manga do blazer da escola e na outra, um grampeador.

— Você quer me matar do coração?! — Ela indagou aos berros, sentindo o coração acelerado no peito.

— Não me diga que está tentando colocar isso de volta com grampos? — A expressão do garoto era séria, mas Nao o conhecia bem demais para notar o tom cômico na voz dele, como se estivesse se segurando para não rir.

— Nã-não é da sua conta! — respondeu gaguejando, levando as mãos para trás do corpo, tentando esconder os objetos enquanto sentia o rosto esquentar.

— Sinceramente, uma garota que não sabe costurar… — Tobi resmungou enquanto erguia seu corpo grande, mas ainda foi audível.

— E o que um garoto como você saberia alguma coisa sobre costura? — Ela questionou irritada, mas acabou se arrependendo quando o rapaz franziu o cenho e saiu da sala do clube batendo a porta.

Nao sabia que havia muitos tópicos sensíveis para o garoto e, mesmo que ela não tinha como saber quais eram, se sentiu culpada por acabar tocando em algo que o deixava chateado.

— Você não tinha como saber — lembrou a si mesma. Suspirando, colocou em seu colo as peças que estava tentando remendar.

Já estava com metade da manga no lugar quando a porta do clube tornou a abrir, dessa vez com força e fazendo um barulho alto ao bater na parede. Tobi, ainda com as sobrancelhas curvadas para baixo, pegou o blazer de Nao e começou a tirar os grampos com os dentes.

— O que você está fazendo?! — Ele grunhiu na direção dela como resposta e continuou a tirar os pequenos pedaços de metal, cuspindo-os no chão um a um.

Inicialmente, Nao imaginou que era apenas vingança por tê-lo chateado. Contudo, engoliu um som de surpresa quando o viu tirar linha e agulha de um pequeno estojo que estava no bolso da calça dele.

— Eu não sabia que você costurava… — comentou enquanto o admirava de perfil. Tobi permaneceu em silêncio, passando a agulha pelo tecido escuro, agora com uma expressão mais relaxada de concentração. 

Nao se sentou no banco da sala, imaginando que não receberia nenhuma resposta até o final do processo de remendo. Pegando uma das revistas que os garotos deixaram jogadas no chão, ela começou a folhear sem interesse. Até que o rapaz falou:

— Minha irmãzinha sempre rasgava as roupas quando saímos pra brincar no parque, eventualmente ficou mais fácil costurar na hora do que voltar para casa. — Ele respondeu.

A garota apenas emitiu um som de concordância, impactada pela expressão que encontrou no rosto dele. Nao já havia visto Tobi com uma expressão de orgulho sempre que fazia uma boa jogada, mas aquela que viu naquele momento era um tipo totalmente diferente de orgulho.


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