As Aventuras de Annabel escrita por wayamaya


Capítulo 4
Draco Malfoy


Notas iniciais do capítulo

olá, olá! como estão? espero que muito bem!
mais um capítulo para essa noite de sábado irraaaa
já chegamos a marca de 80 views na história e estou imensamente feliz com isso! vocês são demais!
leitores fantasmas, apareçam, podem comentar, eu não mordo, juro
só queria lembrar que a fanfic está sendo postada tanto aqui quanto no spirit e no wattpad! os links estão nas notas iniciais no índice da história. enfim, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/794460/chapter/4

— Annabel, acorda. — ouvi alguém dizer enquanto chacoalhava o meu braço.

— Mãe, foi a Dora, ela quebrou o relógio... — murmurei, encolhendo-me nas cobertas.

— Mãe? Anda, Annabel, temos que visitar o Hagrid. — as chacoalhadas aumentaram e enfim abri os olhos, encarando Hermione já pronta para deixar o quarto.

Cocei os olhos e sentei na cama, bocejando em sequência. Não sabia que horas havia conseguido dormir, mas demorou muito. Tentar esquecer o que vi e parar de supor teorias do que aconteceu foi o suficiente para atrapalhar qualquer tentativa de adormecer.

— Eu não consegui dormir muito bem. Pesadelo. — estiquei as pernas e com muito custo, levantei da cama.

— Depois, me conte o que sonhou. Estarei te esperando no Salão Principal para irmos, tudo bem? — disse Hermione, enrolando o cachecol no pescoço.

— Tudo bem. — sorri amigavelmente e finalizei, me preparando para ir ao banheiro.

Minutos depois, desci as escadas de mármore às pressas, cochilei por acidente durante o banho e eu detestava me atrasar. Os meus... Amigos estariam irritados pelo meu atraso? Se eu estivesse no lugar deles, provavelmente sim.

Próxima do Salão, mergulhada em devaneios sequer percebi a movimentação no corredor e acabei trombando em alguém. O impacto não foi tão estrondoso como aconteceu com Gina, mas fora o suficiente para ocasionar uma ligeira dor na lateral do braço. Girei a cabeça para me desculpar, mas fiquei sem fala ao notar em quem havia esbarrado.

— Olha por onde anda, sujeitinha. — proferiu grosseiramente o menino magro e cabelo liso loiro-platinado, penteado para trás ao estilo "boi lambeu", íris cinzentas e pele pálida. Acho que o conheço...

— Desculpe... — tentei dizer, mas ele já estava longe e acompanhado por dois garotos que mais pareciam armários e uma menina de cabelo curto escuro e franja.

Dei os ombros e corri Salão adentro até alcançar a ponta da mesa da Grifinória que estariam me esperando. Cumprimentei os presentes e torci as sobrancelhas ao notar a falta de um membro.

— Onde está, hã... O Harry? — perguntei, tentando não transparecer tanto interesse.

— Olívio Wood o acordou cedo para avisar que teria treino de quadribol. — justificou Rony, terminando o que havia no prato. Peguei uma torrada e comecei a devorá-la — Jorge e Fred disseram que querem muito ganhar a taça desse ano.

— Eu particularmente não gosto de quadribol, mas vamos ao treino, assim, quando terminar, podemos visitar Hagrid. — desabafou Hermione.

Satisfeita com aquele pequeno café da manhã, sinalizei que poderíamos ir e rumamos para o campo onde o tal treino ocorreria. Dora me falou algumas vezes do quão divertidas eram as partidas, eu assisti algumas e devo admitir que são empolgantes de certo modo. Nos organizamos nas altíssimas cabines onde ficam as arquibancadas e ao analisar o perímetro, constatei que poucos tinham disposição para ver treinos.

— Mione, admita de uma vez que quadribol é o melhor esporte do mundo. — disse Rony, empolgado.

— Já disse o que acho sobre isso. — murmurou Hermione, séria.

— Annabel, diga pra ela que quadribol é o melhor esporte já inventado. — encarei o ruivo e franzi o cenho.

— Não diria que é o melhor, mas é muito divertido. — dei os ombros ao responder.

— Viu, até a Annie concorda. — o Weasley sorriu vitorioso.

— Não foi isso o que ela disse, Ronald. — a sabe-tudo o corrigiu — Vejam, eles estão chegando.

Todos os olhares foram para os jogadores da Grifinória que caminhavam para o meio do enorme campo e não pude conter um sorriso quando fixei o olhar no portador de óculos redondos. Suspirei apaixonada e apoiei os braços no limite da cabine, apreciando a encantada visão, a discussão de Hermione e Rony parecia ter sumido ao menos por uma fração de segundos. Meu coração palpitava de forma estranha, como se uma carga enorme de energia houvesse sido distribuída pelo meu corpo. Imaginei a sensação de segurar sua mão e de ser a causadora de seus risos singelos, cenas representando esse momento invadiram minha mente e desejava que aquilo fosse real, bem, era real, mas apenas na minha mente.

Os jogadores começaram a praticar algumas táticas, mas meu olhar era exclusivo para Harry, o qual apostava corrida com os gêmeos ruivos. Franzi o cenho ao avistar um menininho, que provavelmente era do primeiro ano, tirar diversas fotos ininterruptamente. Observei  Olívio Wood, o garoto corpulento e capitão do time de quadribol, não gostar daquela sessão de fotos inesperada. Todavia, minha imaginação não tardou a fantasiar eu e Harry voando lado a lado com nossas vassouras pelo campo, e a forma que ele me encarava era tão... Tão... Fofa... O sol estava se pondo e as faixas rosa e alaranjada sumiam aos poucos pelo horizonte, enquanto assistíamos tudo no ar e eu me deleitava no prazer da sua companhia.

— Isso não me parece boa coisa, venham. — a voz de Hermione me trouxe de volta à realidade, juntamente com a mão de Rony segurando meu pulso para fora da cabine. De relance, avistei os jogadores da Sonserina discutindo com os da Grifinória. Granger estava certa, aquilo não era bom.

— O que está havendo? — perguntou Rony assim que nos aproximamos do tumulto.

Harry, que estava me encarando, comprimiu os lábios numa linha fina, quase em um sorriso. Tentei acenar para ele, mas o mesmo havia desviado o olhar naquele instante. Abaixei o braço e torci para que ninguém tenha visto aquele pequeno embaraço.

— E o que ele está fazendo aqui? — acrescentou o Weasley menor, tornando a olhar de maneira nada amigável o garoto que eu havia esbarrado mais cedo. Vendo-o com mais clareza, agora sei quem ele é... Droga...

— Sou o novo apanhador da Sonserina, Weasley. — gabou-se presunçoso — Estávamos admirando as vassouras que meu pai comprou para o nosso time. Não é algo que você entenderia, não é? — exibiu a vassoura, a qual estava em pé. Eu não sou especialista, mas aquelas eram de fato muito bonitas e aparentavam ser extremamente rápidas — Quem sabe o timezinho de vocês um dia possa comprar vassouras assim. Podiam fazer um leilão dessas Cleansweep 5. Um museu pagaria muito ouro por elas.

Os Sonserinos caíram em gargalhadas, como se aquela fosse a melhor piada do universo. Patéticos. Minhas sobrancelhas curvaram-se salientando minha insatisfação e meus punhos fecharam-se, um claro sinal de que estava ficando com muita, muita raiva.

— Pelo menos ninguém do time da Grifinória teve que pagar para entrar. — retrucou Hermione, áspera.

— É, eles entraram por puro talento. — acrescentei de maneira ríspida. Ao notar o que havia dito, minhas sobrancelhas relaxaram e abri os olhos em surpresa, engolindo em seco. 

A respiração do menino pareceu oscilar bruscamente.

— Não se intrometa onde ninguém te chamou, sujeitinha de sangue ruim. – ele xingou Hermione e seu olhar se dirigiu para mim — Ah, eu lembrei quem você é. Ninguém pediu sua opinião, lambe-bosta.

O tumulto foi instantâneo, o capitão do time da Sonserina impediu que Fred e Jorge atacassem o menino presunçoso, além de gritos advindos das jogadoras do time da nossa casa. Eu e Hermione trocamos olhares desanimados, ligeiramente tristes, por sabermos o significado daquelas ofensas. Meus olhos marejaram, mas cocei-os para não chorar em público, não daria esse gostinho àquele babaca.

— Isso não vai ficar assim. — esbravejou Rony rapidamente e puxou a varinha — Essa foi a última vez, Malfoy! — furioso, apontou a varinha quase próximo à face dito cujo. Oh, esse sobrenome somente confirmou o que sabia, contudo, não queria acreditar...

E um estrondo ressoou por todo o estádio seguido por feixe de luz emanado da ponta oposta da varinha de Rony, o lançando no ar por alguns metros até suas costas atingirem a grama. Hermione gritou o nome dele várias vezes indo ao seu encontro. A acompanhei logo depois.

— Você está bem? — perguntei ao me aproximar.

O ruivinho abriu a boca, parecendo que vomitaria, em vez disso, ele soltou um arroto demasiado e várias lesmas caíram de sua boca para a própria barriga. Gargalhadas do time adversário ecoaram por todo o estádio, uns se apoiavam na vassoura, outros, caíram no chão. O pessoal da Grifinória tornou a rodear Rony, o qual arrotava enormes lesmas em pouco intervalo de tempo. Era uma cena... Nojenta...

— A cabana de Hagrid é perto daqui, vamos levá-lo. — disse Harry e Hermione concordou imediatamente.

Apanhei a varinha de Rony jogada no chão ao mesmo tempo em que os amigos o levantavam, ajudando-o a caminhar.

— O que aconteceu? Que aconteceu? Que aconteceu? Ele está doente? Malfoy fez isso? Você pode curá-lo, não é, Harry? — o mesmo menininho que tirava fotos minutos atrás, perguntava frenética enquanto descia as arquibancadas. Rony dera outro arroto e mais lesmas caíram.

— Uh, pode manter ele parado? Vai dar uma ótima foto! — ele clicava sem parar na máquina, mirando no Weasley.

— Sai da frente, Colin! — disse Harry, irritado, carregando o amigo com a ajuda de Hermione.

O tal Colin abaixou a câmera e suspirou, derrotado. Mordi o lábio inferior comovida pela expressão no rosto do garotinho.

— Não é um bom momento, Colin. Harry, hã... Deve gostar de você. Dê um tempinho para ele. — proferi baixo, tentando o consolar. Acenei e corri para alcançar o trio.

Após atravessar os jardins, já nos aproximávamos da orla da floresta. A singela cabana já era visível e Rony continuava a expelir lesmas por todo o caminho, precisava prestar atenção para não pisotear uma ou outra. 

— Tudo ficará bem, Ron. — tranquilizou Hermione para confortá-lo.

— Você vai ficar bom logo. — disse, afagando as costas do ruivo desajeitadamente.

— Estamos quase chegando... — disse Harry.

E quando estávamos a vinte passos da casa de Hagrid, a porta inesperadamente se abriu, mas não pelo proprietário.

— É muito simples se souber o que estiver fazendo. — disse Gilderoy Lockhart, todo pomposo com suas vestimentas em tom lilás claro.

— Depressa, se escondam aqui. — sussurrou Harry, apressando os passos para trás de uma moita próxima.

Na pressa, pisei em uma das lesmas e esbarrei em Harry, fazendo com que nossos ombros se chocassem com uma ligeira violência.

— Perdão. — ri nervosa ao receber seu olhar atento.

— Sem problemas. — sussurrou e tornou a fitar Lockhart.

— Sabe onde me procurar. Aliás, vou lhe dar uma cópia autografada do meu novo livro. É uma surpresa você ainda não o ter. Enfim, entregarei hoje à noite, bom, adeus.

O bonitão prepotente iniciou a caminhada de volta para o castelo e notei que Harry tinha muita preocupação em ser visto pelo homem. 

— Tudo limpo. — murmurei, conferindo se Lockhart olhara para trás — Vamos.

Granger e Potter carregaram Weasley até a porta, onde bati apressada e um homem enorme abriu-a, inicialmente rabugento, mas a expressão suavizou ao ver quem era.

— Estava esperando que viessem me visitar, entrem, entrem, achei que era Lockhart vindo se gabar mais uma vez e... — ele encarou-me — Oh, amiga nova?

— Mais ou menos isso. — respondeu Hermione, sentando Rony em uma cadeira. Eu sou... Mais ou menos amiga deles? É assim que me consideram? Isso é... Demais!

— Era para ser um feitiço no Malfoy, mas não deu certo. — explicou Harry. O guarda-caça pareceu não se perturbar com as lesmas de Rony.

A cabana não era tão grande, a sala e o quarto quase compartilhavam o mesmo espaço, uma cama enorme estava ao canto e havia uma lareira acesa no outro.

— Eu sou Annabel Tonks... Mas me chamam de Annie... — comecei tímida — Já o vi vez ou outra no castelo. Sou segundista. É um prazer finalmente conhecê-lo. — sorri simplista e estendi a mão.

A enorme destra de Hagrid apertou a minha e sacudiu, sorrindo também.

— É um prazer conhecê-la. É irmã da Tonks? Ela é uma garota muito engraçada. — disse Hagrid, empolgado, e entregou a Rony uma grande bacia de cobre — Melhor pra fora do que pra dentro. Coloque todas para fora.

— Acho que não a nada a fazer agora exceto esperar que essa coisa passe. — disse Hermione, que observava o menino debruçado na bacia — Era um feitiço difícil de fazer até mesmo com uma boa varinha.

— Ainda mais em uma varinha quebrada. — disse, erguendo o objeto que pertencia ao ruivo e a depositando no bolso da capa do mesmo.

Hagrid, então, ocupou-se a preparar chá para todos nós e durante o processo, um grande cão fazia gracinhas para Harry, subindo no mesmo e tentando o lamber. Ri com a cena e, receosa, estendi a mão para fazer carinho no cachorro, o qual cheirou por segundos antes de jogar-se para cima de mim, ocasionando mais risadas.

— Canino estava ansioso por visitas. — disse Hagrid contente.

— O que Lockhart queria? — perguntou Harry, fazendo carinho no cão junto a mim.

— Queria me dar conselhos para manter o poço livre de algas. — resmungou Hagrid, retirando um galo quase depenado de cima da mesa e pousando nela o grande bule de chá. Essas penas... Eu as conheço... Elas seriam...? Não, não, não, estou pensando besteiras.

— Como se eu não soubesse como cuidar do poço. — continuou Hagrid — E ainda ficou se gabando de um espírito agourento que espantou. Se uma palavra do que ele disser for verdade, eu como uma chaleira!

Abafei a risada e Harry espantou-se pelo comentário do guarda-caça que colocou sua mão sobre a minha enquanto fazíamos carinho em Canino. Meu olhar foi de encontro ao dele e o mesmo retirou a destra sem hesitar, indiferente. Engoli em seco e abaixei a cabeça para disfarçar o rubor das bochechas.

— Acho que está sendo injusto. O Prof. Dumbledore achou que ele era o melhor candidato para a vaga...

— Ele era o único candidato. — afirmou Hagrid, oferecendo um prato de quadradinhos de chocolate — E não estou brincando. As pessoas não andam animadas para assumir a função de ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas. Estou começando a achar que essa função está amaldiçoada. Ultimamente, ninguém dura mais de um ano nela. Agora me contem, — Hagrid apontou para Rony, o qual tossia e continuava a arrotar lesmas do tamanho de pedras — Por que ele estava tentando azarar o Malfoy?

— Malfoy chamou Mione e Annabel de alguma coisa que deve ter sido muito ruim, porque ele ficou furioso. Todos ficaram, na verdade...

— Foi muito ruim. — Rony, rouco, manifestou-se, erguendo-se para perto da mesa — Chamou Mione de sangue ruim e Annie de lambe-bosta, Hagrid...

E o ruivo tornou a abaixar a cabeça para mais uma rodada de lesmas. Lembrar-me daquelas palavras fez os meus ombros encolherem e os olhos insistirem em marejar.

— Ele não fez isso! — rugiu Hagrid, indignado.

— Fez sim. — confirmou Hermione, ressentida.

— Eu não sei o que significa, mas percebi que era uma grosseria grande... — disse Harry.

— É praticamente a coisa mais ofensiva que ele podia dizer, Harry. — começou Hermione — Sangue ruim é o pior nome para um nascido-trouxa, que não tem pais bruxos, como eu.

— Sim... — Rony voltou a erguer a cabeça — Existem uns bruxos, como os da família do Malfoy, que se acham melhores que todo mundo, porque têm o que as pessoas chamam de "sangue puro". — deu um arroto e uma lesma caiu em sua mão, Ele a jogou à bacia e continuou — Digo, nós sabemos que essa bobagem não faz a menor diferença. Olha só o Neville, ele é puro-sangue e quase não consegue pôr um caldeirão em pé do lado certo.

— E ainda não inventaram um feitiço que a nossa Hermione não saiba fazer. — disse Hagrid orgulhoso, fazendo as bochechas de Hermione corar — Já lambe-bosta, significa traidor de sangue. É um tremendo insulto usado pelas famílias elitistas, como os Malfoy, para descrever os bruxos ou bruxas que se simpatizam ou se unem com os nascidos-trouxas ou trouxas.

— Já conhecia o Draco? Como ele sabe que você é mestiça? — perguntou Hermione e todos dirigiram o olhar a mim, esperando uma resposta.

— Bem, digamos que... Hã... Minha mãe era uma Black e... — cocei a garganta — Irmã da mãe do Draco...

— Não brinca! — Rony disse, erguendo-se outra vez, trêmulo.

— Você é prima do Malfoy? — perguntou Harry, espantado.

— Como ele teve coragem que xingar a própria prima? — bufou Hermione.

— Toda a família considera minha mãe traidora de sangue desde que casou com o meu pai, um nascido-trouxa. Desde então, todos nós somos vistos como traidores de sangue e "queimados" da família. — suspirei, coçando a nuca. Eles iriam se afastar de mim por agora estarem cientes do meu parentesco com aquele que tanto detestam?

— É uma coisa revoltante chamar alguém de sangue sujo ou traidor de sangue. É totalmente ridículo, hoje em dia, a maioria dos bruxos são mestiços. Se não tivéssemos casado com trouxas teríamos desaparecido da terra há muito tempo. — disse Hagrid. Rony abrira a boca para falar, mas tornou a desaparecer de vista — Não posso censurar Rony por querer azarar Draco. — ele tentou falar alto a fim de encobrir o barulho das lesmas que caíam — Mas talvez tenha sido melhor não ter dado certo. Lúcio Malfoy iria adorar providenciar sua expulsão.

— Ao menos não se meteu em apuros desta vez. — disse Hermione.

— Agora, Harry, — Hagrid chamou a atenção do menino de óculos, mudando de assunto — Tenho uma reclamação, ouvi dizer que andou distribuindo fotos autografadas, por que não ganhei nenhuma?

Harry fitou o guarda-caça aborrecido.

—Não fiz isso. — disse alterado — Se Lockhart continua a espalhar isso...

— Estou brincando. — o grandão riu e deu palmadinhas nas costas do menino — Sabia que não daria. Disse a Lockhart que não precisava fazer isso. Você é mais famoso que ele sem o menor esforço.

— Aposto que ele não gostou disso, não é? — Harry ergueu a cabeça e coçou o queixo.

— Provavelmente não. Então, eu disse que nunca tinha lido um livro dele e ele foi embora. Quer quadradinho de chocolates, Rony? Annabel quer também?

Rony apenas negou, balançando a mão.

— Aceito. — sorri e peguei um, colocando-o na boca. O que eu não esperava era que elas grudariam os dentes. Dora já comprou alguns desses para uma pegadinha de natal. Após tanto mastigar, livrei-me do doce.

— Venham ver o que andei plantando. — Hagrid convidou minutos depois que terminamos de beber o chá.

Orgulhoso, o grande homem apresentou sua pequena horta nos fundos da casa onde havia dúzias de abóboras enormes, as maiores que vi em toda a minha vida. Abri a boca, estupefata, deixando um murmúrio escapar.

— Lindas, não acham? — Hagrid indagou alegre — São para a Festa das Bruxas, até lá, já devem estar bem grandes.

— Elas ficarão imensas! — dei uma risada ao falar.

— O que está adicionando na terra? — perguntou Harry.

O olhar de Hagrid se dirigiu a mim, parecia estar me analisando, todavia, conferiu se estávamos realmente sozinhos, olhando ao redor.

— Eu, bem, tenho dado uma ajudinha, entendem... — apontou discretamente para um guarda-chuva colorido, encostado na parede dos fundos da casa. Franzi o cenho, sem entender, e somente após longos segundos, reparei que aquele objeto não era bem o que parecia, tive a forte impressão de que era uma velha varinha escondida ali dentro.

— Parece uma... Varinha? Você não pode ter uma? — perguntei.

— Não, muitos anos atrás, eu fui expulso de Hogwarts, no terceiro ano, e proibido de usar varinhas. — lamentou Hagrid.

— E por que foi expulso? — continuei a questionar.

Hagrid pigarreou alto pela pergunta e abaixou a cabeça, calando-se.

— Não é bom falarmos sobre isso. — disse somente. Mordi o lábio inferior por achar que havia ido longe demais, mas o grandão dera batidinhas amigáveis em meus ombros, tranquilizando-me.

— Está usando um feitiço de engordar nas abóboras? — perguntou Hermione, orgulhosa, mas ao mesmo tempo, desaprovando a atitude.

— Você fez um bom trabalho. — elogiei, sorrindo mais uma vez.

Rony se aproximou para contemplar as abóboras, deu uma risada abafada e mais lesmas cobriram o chão.

— Não, cuidado! — exclamou Hagrid, afastando Rony da plantação majestosa.

— Bem, nós temos que ir agora. Horário do almoço. — anunciou Hermione, encarando o relógio de pulso.

— Venham me visitar mais vezes, estarei aguardando. — o guarda-caça nos guiou para a entrada da cabana e todos acenaram, despedindo-nos.

Regressamos ao castelo e, desta vez, Rony não estava vomitando tanto quanto anteriormente. Mal havíamos chegado ao saguão quando passos firmes nos cercaram.

— Potter, Weasley, aí estão vocês. — a Prof. McGonagall dirigiu-se aos meninos — Irão cumprir suas detenções hoje à noite.

— O que faremos, professora? — inquiriu Rony, nervoso, comprimindo os lábios para conter um arroto.

— Weasley vai polir a prataria na sala de troféus do Sr. Filch, sem magia. — o ruivo contorceu o rosto nervosamente. Argo Filch era detestado por praticamente toda a escola, talvez por ser o zelador e reclamar das tantas bagunças dos alunos. Ou só porque detesta a vida mesmo — E Potter vai ajudar o Prof. Lockhart a responder às cartas dos fãs.

— Não... Professora, eu não posso ir com Rony para a sala de troféus? — perguntou Harry em súplica.

— Negativo. — respondeu severa, arqueando a sobrancelha — Lockhart fez questão que você fosse. Oito horas em ponto, os dois.

Ao delegar as tarefas, a diretora da casa da Grifinória retirou-se e continuamos nosso caminho ao Salão Principal em silêncio. Harry e Rony, cabisbaixo, apresentavam desânimo completo em suas feições, eu e Hermione estávamos logo atrás deles. O almoço fora silencioso. Vez ou outra alguém comentava algo, mas era superficial. Hermione havia se esquecido de perguntar sobre o “pesadelo” que me fez ficar acordada tanto tempo na noite passada e preferi deixar assim, Tom estava certo. Não posso contar a ninguém ou vão achar que estou louca. Os dois meninos sequer pareciam desfrutar do delicioso empadão que era o principal da refeição. Também, eu não os culpo por estarem assim. No lugar deles, a essa altura, estaria mergulhada em um mar de lágrimas salgadas e tempestuosas.

— Filch vai me fazer limpar lá a noite toda. — supôs Rony, deprimido — E sem magia, deve haver centenas de taças naquela sala! Não entendo nada de limpeza de trouxas.

— Eu trocaria com você numa boa. — disse Harry, desanimado — Treinei muito tempo com os Dursley. Agora, responder às cartas dos fãs de Lockhart... Vai ser um pesadelo estar com ele...

Hermione e eu nos entreolhamos e nada dissemos. Não havia como ver um ponto positivo naquelas punições. Todavia, a palavra Dursley me instigou a querer saber mais sobre o assunto. E perguntei a Harry. Passamos à tarde de sábado no salão comunal da Grifinória, conversando. Hermione e Rony também estavam conosco, o último se controlava para não deixar outra lesma escapar.

— É a família trouxa com que vivi durante a minha vida toda. — ele não parecia contente ao falar deles.

Ao contrário, contou-me as atrocidades que o faziam passar.

— Mas não tem outra pessoa com quem possa morar? É totalmente desumano o que fazem com você. — disse boquiaberta.

— Não tenho mais ninguém... — abaixou o olhar e suspirou.

Hesitante, vagarosamente apoiei a mão na lateral do braço do menino de cabelos desgrenhados.

— Eu sinto muito... — murmurei, fazendo-o fixar suas vívidas íris verdes em mim — Mas... Você não está mais sozinho agora...

Desenhei um singelo e delicado sorriso, a fim de confortá-lo, e para a minha surpresa, foi recíproco. Aquilo era como apreciar uma obra de arte...

— Obrigado. — disse, sorrindo e encarou o relógio de pulso, soltando um pesado suspiro — Está na hora. Até mais tarde ou... Até amanhã.

— Não entrem em encrenca sem a gente. — disse Rony, provavelmente tentando animar-se, mas isso passou provavelmente por pensar na prataria que estava a sua espera.

Assistimos os dois deixarem o recinto e Hermione e eu encaramos uma a outra.

— Quer estudar para as aulas da semana? — ofertou.

— Claro, seria legal. — acatei, rindo fraco.

As horas pareceram evaporar, sequer aparentava que estávamos estudando por tanto tempo. Hermione emprestou alguns livros extras que havia pegado na biblioteca e eu, emprestei os que eu havia ganhado de Dora. Pela primeira vez na vida, pude experimentar a sensação de ter outra amiga além de Dora e mamãe; Estava tão empolgada! Ao término, organizamos os livros e nos preparamos para dormir.

— Acha que Rony ficará bom logo? — perguntou Hermione, já na cama, pronta para cair no sono.

— Creio que sim, ele deve ter se livrado do restante das lesmas durante esse meio tempo em que esteve polindo as taças. — supus e, sentada na cama, meu olhar recaiu no meu amigo exclusivo.

O diário de Tom Riddle. Precisava contar sobre tudo o que havia ocorrido durante o dia.

— Já vai dormir? — perguntei.

— Sim, estou cansada. Não demore a apagar as luzes. — ordenou e acomodou-se entre as cobertas — Boa noite.

— Boa noite. — sorri.

Deixei o conforto da cama para sentar na cadeira e pegar o precioso caderno, o qual agora estava escondido dentro do meu antigo diário. Molhei a ponta da pena no tinteiro para começar a relatar os acontecimentos de hoje.

 

"Olá, Tom!"

 

"Olá, Annabel. Demorou a me procurar hoje."

 

"Tive um dia muito cheio. Preciso lhe contar algumas coisas. Acho até que... Talvez, tenha me aproximado mais de Harry."

 

"Interessante. Conte-me. Tudo."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

e aí? o que acharam?
só queria lembrar que a annie tem só doze anos, então as paixonites dessa fase geralmente não possui teor sexual e tal ~ressaltando, G E R A L M E N T E ~ pelo menos foi assim comigo. quem nunca teve esses amores platônicos com doze ou onze anos? dakfjkdsjhfa
eu devo confessar que estou bem triste com a notícia do ator que fazia o pantera negra. eu simplesmente adoro o personagem quanto a interpretação do cara, é devastador saber que alguém tão jovem se foi de maneira repentina. que o REI descanse em paz!
bem, tenham uma boa semana!
beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Aventuras de Annabel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.