A Esperança (Peetniss) escrita por The Deathly Mockingjay


Capítulo 9
Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, meu computador resolver corromper o arquivo e demorou um tempo pra recupera-lo e terminar o cap



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— Ele está nos avisando! – diz Coin um tanto surpresa; ela se vira pra Fulvia – Mande todos para a Colmeia imediatamente.

Fulvia, então, corre em direção a saída para fazer sei lá o que. Eu ainda estou em choque. Primeiro, depois de semanas, temos uma nova entrevista anti-guerra com o Peeta e agora, esse mesmo Peeta nos avisa, nós, rebeldes, para nos protegermos. O sangue na parede...

Eles vão mata-lo. Eles vão matar o Peeta por ter nos ajudado. ELES VÃO MATAR O PEETA!

Rapidamente viro-me para Coin e falo:

— Eles vão mata-lo! Você precisa fazer alguma coisa!

Antes de me responder, ela olha rapidamente para uma espécie de relógio que acabei de perceber que usava.

— Nós estamos fazendo o máxi- eu a corto antes que ela continue.

Uma raiva sob em meu peito. Como ela ousa? Peeta pode estar morto agora mesmo depois de nos ajudar e ela ainda tem a pachorra de falar que não vão fazer nada?

— Poupe-me de suas desculpas, Coin. Peeta acabou de nos avisar de um possível bombardeio e foi punido ao vivo na TV! Ele pode estar morto agora mesmo! – exclamo.

Coin não muda sua feição fria e me responde com calma até demais.

— Não sei se você percebeu, Soldado Everdeen, mas fomos avisados de um bombardeio pela Capital que acabou de ser confirmado. Como presidente do meu distrito, é o meu dever de protege-los. Depois de cumprir meu dever para com o meu povo, lidarei com o nosso acordo, a não ser que queira causar a morte da maioria de um distrito, certo?

 

 

                                    ________________________________________________

 

 

Depois da minha discussão com Coin, fui levada à tal da Colmeia a força por Boggs e outro guarda. Chegando lá, descobri que a Colmeia não é nada mais que um bunker para acomodar todos os cidadãos do distrito com comida e água para mais de 2 anos. A Colmeia tem supreendentemente um formato parecido com as colmeias de abelha que encontrava na floresta do 12. Aqui é altamente organizado, mais organizado que o próprio 12; beliches são separados pela primeira letra do sobrenome familiar, ou seja, eu e minha família iremos dividir um beliche na ala E.

A descida para o 60° andar abaixo da terra foi extremamente conturbada; milhares de famílias desesperadas, com medo de perder seus parentes, gritando para ficarem juntos enquanto correm escadas abaixo com espessura para no máximo 4 pessoas andarem lado a lado. Dava para ouvir as bombas batendo na superfície e rachaduras se formando acima de nossas cabeças. Os gritos se intensificaram quando alguns dutos de água quebraram, caindo uma chuva intensa em nossas cabeças. A água foi tanta que acabei escorregando nas escadas e quase fui pisoteada até uma cidadã do 13 me ajudar a levantar e continuar o caminho abaixo.

Chegando lá foi nenhum alívio. Além da presente gritaria e desespero da população, não consegui avistar a minha família em nenhum canto. Nenhuma cabeça loira trançada presente foi avistada até eu ir para a enfermaria da Colmeia. Encontrei a minha mãe andando rapidamente com muitos suplementos medicinais em suas mãos, sua trança toda bagunçada girando para os dois lados enquanto corria.

— Mãe! – gritei.

Ela parou imediatamente, quase derrubando o monte em seus braços. Ela vira e sua expressão confusa se torna em alívio.

— Katniss! Que alivio! Eu sabia que estariam a salvo, mas mesmo assim é tão bom te ver bem – ela diz sorrindo.

— É um alívio te ver também, mamãe – disse igualmente aliviada – Onde está Prim?

Seu rosto retornou para a expressão de confusão.

— Ela não está com você? – minha mãe perguntou com uma voz meio trêmula.

Eu balanço minha cabeça negativamente. O alívio que senti ao ver minha mãe a salvo na Colmeia vira pó ao perceber que minha irmã não está em lugar nenhum. Antes que minha mãe pudesse falar alguma coisa, eu corro em direção à entrada, o caminho todo gritando por Prim. Não não não isso não pode estar acontecendo! Não, Prim não! Na adrenalina pura, eu devo ter percorrido metade da Colmeia gritando pela minha irmãzinha, mas nada de acha-la. Então um pensamento veio em minha cabeça: será que ela não chegou à Colmeia? Desespero-me ainda mais e grito cada vez mais alto, pensando que cada cabeça loira que minha visão capturava era ela.

Corro novamente para a entrada da Colmeia. Luzes vermelhas piscam e a voz calma de Coin pode ser ouvida pelas caixas de sons, avisando que as portas estavam prestes a fechar. Mas eu não me importo, eu preciso achar a minha irmãzinha. Grito seu nome cada vez mais e ela não aparece. Sinto minha voz ficar rouca a cada grito; minha visão embaça de lágrimas e a água vazada dos dutos quebrados não ajudam. Tomo uma decisão perigosa, mas é preciso. Começo a subir as escadas alagadas. Não me importo de ficar fora, eu preciso achar Prim.

— PRIIIIIIIIM! – grito e agora minha voz não existe mais, apenas um suspiro de tanto que usei minha garganta.

Eu só paro de subir quando sinto uma pontada em meu ventre e, como se fosse um botão, todos os meus músculos gritam de dor. A dor em meu ventre é tão grande que acabo por me sentar em um dos degraus molhados abaixo de mim. Não consigo mais me levantar de tanto que meu corpo dói. Ouço a voz de Coin ecoar pelas paredes o que seria a última vez antes das portas da Colmeia se fecharem; continuo a ouvir as bombas colidindo com os andares perto das superfícies, mas nada mais importa, nem mesmo Prim. Eu não sinto mais meu corpo, minha visão vai se esvaindo para uma imensidão escura enquanto meus ouvidos parecem sem encontrar de baixo d'água e a única coisa que ouço antes de desmaiar são gritos chamando por meu nome.

 

 

                     _______________________________________________________

 

 

Eu acordo com um sobressalto. Não estou no hospital ou no quarto no 13. Então me lembro dos últimos acontecimentos antes de desmaiar. O bebê! Prim! Estou prestes a levantar da cama quando percebo a minha mãe ao meu lado, impedindo-me de levantar.

— Katniss, não! Está fora de si? Você quase perdeu o bebê!

Eu não consigo falar nada, apenas olhar assustada para minha mãe. Ela, então, explica o que aconteceu.

— Quando você saiu a procura de Prim, Finnick te viu saindo da Colmeia e te seguiu, mas você estava atordoada demais para ouvir ele gritando por você. Quando você desmaiou, Prim apareceu e Finnick te carregou até aqui.

Eu tento falar algo, mas a loira me impede novamente.

— Não use muito sua voz, você irritou muito a sua garganta.

Como se não tivesse ouvido o que tinha acabado de dizer, pergunto a ela:

— Como está o bebê? Onde está Prim? – minha voz está muito rouca, mal consegui produzir algum som de minhas cordas vocais.

— O bebê está bem, mas você precisará ficar de repouso por algumas semanas e para evitar o máximo de esforço possível, terá de usar uma cadeira de rodas por um tempo. Prim está bem, não se preocupe.

Repouso? Cadeira de rodas? Como não percebi que aquilo poderia prejudicar meu bebê? Eu botei meu próprio filho em perigo, o mesmo bebê que jurei fazer de tudo parar proteger. Como pude ser tão estúpida a ponto disso? Só percebo que estou chorando quando sinto os braços de minha mãe me envolverem. Choro em seu peito como antes fazia quando criança, por que é isso que preciso agora, alguém para me envolver enquanto coloco para fora tudo que sinto. Antes eu odiaria qualquer coisa que me fizesse parecer vulnerável, mesmo que sejam emoções básicas humanas, mas hoje, tirando os hormônios da gravidez que realmente não ajudam em nada, eu não posso mais segurar a esse tipo de pensamento. Eu não sou mais a Katniss Everdeen que caçava para sustentar a sua família. Eu passei por dois Jogos Vorazes, sou a face de uma rebelião e, por cima de tudo, consegui me apaixonar e engravidar aos 17 anos de idade. Eu não sou mais a mesma e finalmente entendo que não posso mais fingir que consigo carregar o mundo em meus ombros; finalmente entendo que eu posso chorar e isso nunca me diminuirá ou me tornar fraca. Aprendi isso com Peeta depois do anúncio do Massacre Quaternário; ele chorava tanto e eu mal conseguia acalmá-lo e eu não entendia como ele, um adolescente de 17 anos que era abusado pela própria mãe, que passou por um Jogos Vorazes, conseguia ser tão forte e ao mesmo tempo desmoronar em meus braços. Ele sempre forte e chorar nunca o fará menos forte e o mesmo servia para mim.

Quando finalmente me acalmo, minha mãe se afasta do abraço, mas continuou a afagar meus cabelos. Seus olhos tão azuis me fitam com pena e eu odeio isso, odeio que pensem que sou uma pessoa para sentir pena. Então, ouço passos vindo em minha direção. Redireciono minha visão para onde os passos vem e acabo por encontrar minha irmãzinha em minha frente.

— Prim! – exclamo – onde você estava?!

— Eu voltei por Buttercup, Katniss – ela diz simplesmente.

— Buttercup? Você arriscou sua vida por aquele gato estúpido? Meu deus, Prim! – eu quase grito.

Prim não parece muito afetada por minha fala e simplesmente responde:

— Eu não podia deixa-lo lá, Katniss. Eu não podia deixa-lo de novo.

Minha raiva some assim que ouço as palavras saírem de sua boca. Eu a fito e me vejo em seu olhar. Eu a abraço fortemente, aliviada que ela está bem, mesmo que tenha voltado por aquele gato vagabundo.

— Eu te entendo, Prim, eu te entendo...

—_______________________________________________________

As horas se passam como dias na Colmeia. Depois de alguns exames, fui finalmente liberada da enfermaria. Botaram-me em uma cadeira de rodas e me levaram para onde seria o beliche em que dividiria com mamãe e Prim. Em situações normais, eu teria pego a cama de cima do beliche enquanto minha mãe dormiria com Prim na de baixo, mas depois de quase perder meu bebê, terei de usar a cama de baixo para evitar o máximo de esforço possível. Mesmo depois de horas após o início do bombardeio, as bombas não paravam. Parecia que Snow queria nos matar bem morto como não conseguiu fazer nas arenas.

Buttercup não conseguiu subir as escadas do beliche de tão gordo e velho e acabou por dormir aos meus pés. Fiquei extremamente tentada em chutar aquela bola de pelos horrenda, afinal foi culpa dele que me desesperei quando não encontrei Prim, mas não faria isso, não com Prim tão perto da gente.

Estava prestes a dormir de tanto tédio quando ouço um sussurro:

— Katniss?

Levanto-me lentamente e no meio da escuridão da Colmeia, encontro os olhos verdes de Finnick.

— Oi, Finnick. – digo com minha voz rouca.

— Voccê está bem? – ele pergunta ao se sentar aos meus pés, ao lado de Buttercup, que por sua vez, fica irritado e desce da cama.

— Estou melhor...

Não consigo ver seu rosto perfeitamente por causa da escuridão, mas percebo pelo tom de sua voz que ele está preocupado.

— Muito obrigada, Finnick. Se não posse por você, eu teria perdido meu bebê. – digo sinceramente.

Ele sorri levemente e dá um balanço leve de cabeça. Um silêncio se instala por alguns minutos até ser quebrado pelo ruivo à minha frente.

— Você sabia que Peeta me fez prometer que eu a protegeria, sabia? – ele diz como se estivesse falando algo tão casual quanto um café da manhã.

Eu o encaro confusa. Não é surpresa Peeta tentar me proteger de todas as formas possíveis, mas pedir para Finnick, um mero aliado em que não confiávamos, é total surpresa para mim. Ele parece entender a minha confusão por meio do breu e continua a falar.

— Ele tinha acabado de matar Brutus e tinha sofrido um corte grande na barriga. Ele mal conseguia se levantar e estava prestes a desmaiar. Foi quando percebemos que faltavam segundos para a meia noite e ele não pensou duas vezes em me puxar e dizer "Por favor, não a deixe sozinha. Prometa-me que ela pelo menos terá uma chance de viver. Prometa-me agora!".

Sinto minhas lágrimas embaçarem meus olhos. Eu nada falo, só baixo minha cabeça e choro em silêncio enquanto faço carinhos em meu ventre.

— Ele te ama muito e você também. Eu pensei que vocês dois eram apenas um teatrinho para a Capital, mas ao ver a sua reação quando o coração dele parou, eu percebi que aquilo não era nenhum teatro e... – ele para de falar quando sua voz começa a embargar.

— Desculpe-me, Katniss... Se eu tivesse voltado para busca-lo ou o trazido comigo, esse bebê teria uma chance de conhecer o pai. E Annie ela...

Eu apenas choro. Peeta pode estar morto agora mesmo por nos ajudar e provavelmente nem verei seu corpo por causa de Coin.

— Ele está nos manipulando com eles.

— Quem?

— Snow. Ele está usando Peeta para me punir e Annie para punir você. E Coin... Coin me tem nas mãos dela... Eu não aguento mais, Finnick. Como conseguirei viver com isso?

— Eu me arrasto para fora dos pesadelos e não há alívio em acordar. Mas é melhor não ceder. Leva dez vezes mais tempo para se recompor do que para desmoronar. 

 


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