A Esperança (Peetniss) escrita por The Deathly Mockingjay


Capítulo 8
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

Novo cap!



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Cá estou novamente ao meu lar, ou melhor, o mar de cinzas e morte que antes era meu lar. Logo após minha briga com Gale, corri para o Comando, demandando que me mandassem para o 12 novamente.

— Ninguém, além do 13 e o resto do 12, sabe do que aconteceu. Nós precisamos mostrar para toda Panem o que a Capital é capaz de fazer.

Plutarch sorriu abertamente, enquanto Coin parecia até satisfeita com a minha ideia e deu a ordem para partirmos assim que o sol nascesse. E assim foi. A ida não durou muito, mas foi o suficiente para Gale me puxar para uma conversa assim que pudéssemos retirar os cintos. Fomos para um canto em que não poderiam nos ouvir, mas poderiam nos ver muito bem. Surpreendentemente não houve gritos dessa vez.

— Eu queria me desculpar pelo o que disse antes. Andei pensando no que disse e cheguei a conclusão que você tem razão, afinal foi ele que me defendeu quando Thread açoitou na praça. – suas desculpas eram realmente sentidas, eu conseguia ver isso em seus olhos – eu só quero ter nossa amizade novamente, Catnip...

Eu quase chorei. Malditos hormônios.

— Eu também quero nossa amizade no jeito que era antes dos jogos, antes de tudo isso... Eu preciso de seu apoio, Gale. Eu não consigo lidar com tudo isso sozinha, principalmente sem o Peeta.

Eu sabia que Peeta era um assunto delicado entre nós, mas eu precisava ser sincera, como antes. Sua reação, no entanto, foi totalmente diferente do que eu pensava que seria.

— Eu Catnip, eu fui um babaca em deixa-la enfrentando tudo isso sozinho. Eu fui um amigo terrível. Espero que me perdoe e me dê mais uma chance.

— Ainda bem que você sabe – respondi sorrindo, mas palavras eram totalmente sinceras; ele foi um puta de um babaca – Mas eu te perdoo, Gale.

Ele sorriu de volta e até rimos um pouco. Ele perguntou como estava a gravidez e tivemos uma conversa leve e descontraída, como nos velhos tempos.

Quando aterrissamos, todo aquele choque ver a destruição causada por Snow pela primeira vez retornou e não pude evitar chorar. O bebê se mexeu muito ao sentir minha tristeza e inconscientemente passei minha mão pelo meu ventre até o bebê se acalmar. Pedi para que Cressida só me filmasse do busto para cima, minha barriga cresceu muito nas ultimas semanas, deixando claro de que estou grávida e eu não posso deixar a Capital saber do meu bebê.

Agora caminho em direção ao que antes era a padaria, a antiga casa de meu noivo. Cressida e seus insetos me filmam enquanto eu aponto para cada local e descrevo o que era antes do bombardeio até chegarmos à padaria. E então sou tomada pelas memórias de Peeta me entregando o pão, de Prim apontando para os bolos na vitrine e desejando que pudéssemos comprar um para seu aniversário, do Sr. Mellark me dando um cupcake disfarçado pelos pães que tinha me dado antes. Lembro-me de seu sorriso generoso e seu dedo indicador em sua boca, como se dizendo que era um segredo. "Nosso segredinho" ele sussurrou assim que ninguém pudesse nos ouvir. Tinha apenas 13 anos na época, no comecinho, logo quando os animais começaram a sair de suas tocas depois de um longo inverno e pela primeira vez em semanas consegui caçar mais de um esquilo num dia só.

— Aqui era a Padaria Mellark, o antigo lar do meu noivo, Peeta Mellark. Ele morava junto com sua família no apartamento acima da padaria. Ele, seus pais e seus dois irmãos mais velhos, Wyatt e Rye, todos mortos pelo bombardeio. Ali, havia um cercado com uns três porcos e duas galinhas; era perto da porta dos fundos, onde eu e Gale fazíamos nossas trocas, esquilos para eles e pão para nós. – digo apontando para cada local.

— Ali jazia uma macieira. Foi aqui que Peeta demostrou seu primeiro ato de generosidade – digo enquanto sorrio levemente de nossas lembranças juntos – Era um mês depois da morte do meu pai, o dinheiro que o governo havia nos dado já tinha acabado; estávamos morrendo de fome. Eu estava tentando vender umas roupas de bebê da Prim, mas não tive nenhuma sorte. Estava revirando a lata de lixo quando a Sr. Mellark apareceu aos gritos, ameaçando chamar os pacificadores, e como não queria mais problemas, sentei-me ao pé da árvore, quase desmaiando de fome. Foi quando Peeta apareceu. Tinha ouvido uns gritos e depois ele apareceu na morta dos fundos, sua mãe gritando para que jogasse os pães, que ele havia queimado, para os porcos. Assim que sua mãe saiu de vista, ele jogou os pães para mim. Dois pães parcialmente queimados, mas mais do que eu e minha família tinha comido em toda a semana. Essa foi a primeira vez que ele salvou minha vida e subsequentemente, a da minha família.

Todos ouvem atentamente minhas palavras enquanto Cressida e sua equipe me filma. Uma saudade avassaladora toma conta do meu ser e sinto algumas lágrimas caindo em minhas bochechas. Ah Peeta, como sinto sua falta...

Depois da visita aos escombros da padaria, apresento-lhes alguns outros lugares da área comercial até irmos ao que antes era o Edifício da Justiça, onde me voluntariei para pegar o lugar de minha irmãzinha no 74° Jogos Vorazes, onde minha vida mudou completamente.

Depois, fomos à estrada que dava acesso às minas e, consequentemente, à estação de trem do distrito. Há um mar de ossos e carne e decomposição, todos antes simples cidadãos do distrito 12, buscando rapidamente uma saída do horror do bombardeio. A voz de Cressida me desperta:

— Katniss, pode nos contar como aconteceu o bombardeio?

— Eu não posso falar, eu não estava aqui. Gale, no entanto, estava. – digo apontando para o meu suposto primo.

— Foi, Cressida... – ele respira fundo e começa a falar – Foi depois da Katniss ter explodido a arena; a transmissão terminou naquele momento e os pacificadores mandaram todos para suas casas. 30 minutos não haviam mais pacificadores em lugar nenhum e foi aí que percebi que tinha algo de errado. Reuni minha família e o máximo de pessoas o possível e os levei para a floresta. Foi aí que começou o bombardeio. Primeiro a Costura, bairro mais pobre onde eu morava com a minha família e onde Katniss morava com a família antes dos jogos. Tentei chamar as famílias da área comercial para a floresta conosco, mas muitos tinham medo da floresta e seguiram para a direção oposta, para a estrada aí o bombardeio na área comercial começou atingindo a grande maioria indo para a estrada...

Gale agora encara o chão. Assim como eu, ele não gosta que o vejam chorando, sendo vulnerável. Aproximo-me dele e tento o confortá-lo massageando seu braço.

— Você salvou muita gente, Gale, tenha orgulho disso.

— É... 931 pessoas de uma população de mais de 10.000... Se eu tivesse insistido mais para eles virem comigo eu teria salvado muito mais pessoas...

— Não foi sua culpa, Gale. Foi a Capital, foi Snow e nós vamos lutar por cada pessoa assassinada. – eu digo convicta.

—___________________________________________________________

A próxima parada foi a Vila dos Vitoriosos. Não durou muito tempo, visto que só estava ali para pegar algumas ervas para minha mãe. Estou vasculhando os armários da cozinha quando Gale aparece.

— O que foi? – pergunto enquanto ele me encara.

Então percebo que ele não está me encarando, e sim a mesa atrás de mim. A mesma mesa em que minha mãe o tratou depois de Thread tê-lo açoitado em praça pública meses atrás. Seus olhos demonstram algo que nunca o vi mostrar: medo.

— Desculpa, Katnisss – ele diz.

Encaro-o confusa.

— Eu devia ter pensado mais antes de ter falado aquelas coisas sobre Peeta, por ter me distanciado de você por causa de um ciúmes bobo...

— Está tudo bem, Gale, sério mesmo. – eu sorrio levemente e ele sorri de volta.

É bom ter meu velho amigo de volta.

Então Cressida aparece pedindo que fossemos à floresta, onde caçávamos e o caminho percorrido por Gale e as pessoas que ele tinha salvado do bombardeio até serem resgatados pelo distrito 13.

Foi uma longa caminhada; tive de parar umas três vezes por causa da gravidez, mas era bom estar de volta ao verde que chamava de lar. Algumas árvores ou outras pareciam ter sido afetadas pelo bombardeio, mas tirando a poeira e algumas árvores carbonizadas na Campina, a floresta ainda prospera. Pássaros ainda cantam, coelhos e esquilos ainda caminham em busca de frutas para comer, as plantas ainda cresciam, insetos ainda voam perto até demais de nós; Cressida até soltou um enorme grito ao ver as aranhas presentes aqui, Gale e eu demos uma grande gargalhada da expressão de puro pavor da diretora. Chegamos, então ao local onde eu e Gale costumávamos caçar. Foi puro nostálgico ver o tronco em que sentávamos para descansar ainda ali, só um pouco mais inchado depois das constantes chuvas pós-bombardeio.

Estamos aproveitando o sol da tarde, quando sinto alguém me cutucar. É Pollux, que aponta para alguma coisa a alguns metros da gente. É um tordo, uma arma que a Capital nunca quis criar; a mistura de Jabberjays com Mockingbirds que inspirou a nossa luta atualmente. Pollux faz uns movimentos com a mão que não entendo e é Castor que as traduz pra mim.

— Ele pergunta se é um Tordo.

Aceno positivamente com a cabeça e o avox sorri. Ele então procede com mais movimentos com as mãos, mas dessa vez eu entendo, ele me pede para cantar. Então, eu canto.

"Você, você
Vem pra árvore
Onde enforcaram um homem
Que dizem que matou três
Não mais estranho seria a gente se encontrar
A meia-noite na árvore forca

Você, você
Vem pra árvore
Onde o homem morto clamou
Pro seu amor fugir
Não mais estranho seria a gente se encontrar
A meia-noite na árvore forca

Você, você
Vem pra árvore
Onde mandei você fugir
Pra nós ficarmos livres
Não mais estranho seria a gente se encontrar
A meia-noite na árvore forca

Você, você
Vem pra árvore
Usar um colar de corda
E ao meu lado ficar
Não mais estranho seria a gente se encontrar
A meia-noite na árvore forca

Você, você
Vem pra árvore
Onde mandei você fugir
Pra nós ficarmos livres
Não mais estranho seria a gente se encontrar
A meia-noite na árvore forca

Você, você
Vem pra árvore
Usar um colar de corda
E ao meu lado ficar
Não mais estranho seria a gente se encontrar
A meia-noite na árvore forca"

Todos ficam em silêncio, até mesmos os pássaros param de cantar, enquanto canto a música que meu pai me apresentou quando era apenas uma criança. Logo depois os pássaros se juntam a mim, como um coral. Lembro-me de sua doce voz, tão linda que fazia os pássaros pararem de cantar e prestar a atenção só nele. Lembranças de mim e Prim brincando de fazer colares de corda para nós enquanto cantávamos essa música e minha mãe desesperada brigando com meu pai; éramos muito novas para entender o conteúdo da música e por isso mamãe nos proibiu de cantá-la.

—________________________________________________________

Depois de nossa ida ao 12 e o incrível material, palavras de Plutarch, que fizemos lá, o resto do dia foi relativamente normal: passear aleatoriamente pelo distrito, ter uma breve consulta com a Dr. Violet e o Dr. Aurelius e depois janta. A gravidez me deixa cada vez mais cansada e às vezes preciso cochilar até três vezes no mesmo dia, então aproveitei meu tempo livre pós janta e fui dormir.

Sou acordada por Prim logo após o jantar, dizendo que estou sendo chamada ao Comando. Ao chegar lá, deparo-me com o televisor ligado com o rosto magro e cheio de hematomas do meu noivo. Meu deus, o que fizeram com você? Passo a mão pela minha barriga, tentando acalmar os súbitos movimentos de meu bebê ao perceber meu desespero pela vida de seu pai.

Não presto atenção às suas palavras trocadas com Caeser Flickerman, somente o qual debilitado ele está (até mesmo pior do que algumas semanas atrás. Desespero-me desvio minha atenção para a mesa onde se encontra Coin, Plutarch, Fulvia, Gale, Boggs e Beetee.

— Vocês precisam ajudar ele! Ele está pior do que antes! Por favor, ajudem ele! – grito desesperadamente.

Ignorando meu desespero, Coin responde friamente:

— O soldado Latier conseguiu quebrar o código de defesa da Capital e responderemos à essa entrevista agora mesmo, enquanto ela está no ar, com o material de hoje no distrito 12. Solicitamos a sua presença para testemunhar esse marco histórico.

Beetee sussurra alguma coisa e aperta num botão. Agora, no televisor, onde antes aparecia somente o rosto de Peeta, aparece uma mistura de nossa filmagem com o rosto de Peeta.

— Katniss? Você está aí? – pergunta Peeta ao perceber que seu rosto não é o único a aparecer na televisão de toda Panem.

— Peeta! – sussurro.

Eu estou aqui sim, meu bem.

— Ele está vendo nossa filmagem – comenta Plutarch alegremente.

— Peeta, por favor continue. Você estava comentando sobre os ataques bárbaros à usina no distrito 5. – diz Caeser que parece ter ignorado completamente o que acabou de acontecer.

Peeta respira fundo e continua seu monólogo anti-guerra quando nossa filmagem entra novamente no ar, retirando o foco de Peeta e seu discurso. Eu consigo ver o desespero e a tristeza em seus olhos enquanto enfrenta o dilema entre saber o que está acontecendo ou continuar o que o mandaram. Sua atenção é novamente desviada quando entramos novamente no ar.

— Katniss, por favor, pare com isso, Katniss! – ele chora e meu coração se aperta ainda mais – Ninguém vai sobreviver, Katniss! Ninguém. Vão todos morrer. Todos no distrito 13, vocês estarão mortos ao amanhecer.

E então a transmissão desliga rapidamente após Peeta ser puxado para atrás e um jorro de sangue tornar a parede branca atrás dele em vermelho.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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